Loving Can Hurt escrita por Rafaela, SweetAngel


Capítulo 56
Lua de Mel - Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Muito decepcionada pela quantidade de comentários pela quantidade de leitores :(
Gente, vai ter a terceira temporada da fic!! Ainda não sei se vou postar aqui, por causa da falta de apoio! Mas depois venho com mais informações!
Enfim, boa leitura!



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POV Percy

Cheguei no aeroporto com Annabeth e um funcionário veio ajudar com as malas.

—Certo —parei de frente para minha esposa (isso mesmo, ESPOSA). —Antes que aquelas vozes estraguem a surpresa falando: última chamada para tal lugar —afinei a voz, fazendo Annabeth rir. —Eu vou te contar para onde vamos na nossa primeira viagem.

—Primeira? —Annabeth ergueu as sobrancelhas e eu sorri. Peguei minha carteira, tirando de lá duas passagens. Estendi uma para Annie. —Não brinca!? —ela me olhou de boca aberta.

—Barcelona, Espanha —confirmei.

—Percy... Isso é... —Annabeth olhava maravilhada para a passagem, como se fosse um tesouro.

—Relaxa, loira —passei meu braço envolta do seu pescoço. —Tem muito mais depois disso.

(...)

O avião decolou às seis horas da manhã. Nunca gostei muito de pegar aviões. Quando fomos para Califórnia, mal reparei que estava no ar por causa da falação das crianças. Mas agora era só eu e Annabeth, com tudo mais calmo, eu notava sim que estava muito acima da terra firme.

Comecei a ficar um pouco nervoso e Annabeth logo percebeu.

—Tá com medo? —ela sorriu, me olhando.

—Eu não.

—Sua mão está suando —Annabeth riu, segurando minha mão.

—Vai rindo, Chase —tentava não olhar para as nuvens, mas era meio impossível, já que eu sentava na janela.

—Que bonitinho —Annabeth apertou minha bochecha.

São doze horas de viagem para Barcelona e tudo ocorreu bem nas primeiras cinco horas. Eu e Annie ficamos assistindo filmes e ela acabou dormindo encostada no meu ombro. Também tentei dormir, mas não conseguia nem fechar os olhos. Nunca achei que eu teria medo de andar em avião, ainda mais que fiz isso tranquilamente para ir no meu casamento. Mas de alguma forma, eu estava com um pressentimento ruim. E foi só pensar...

A merda começou com seis horas de voo. Bem quando eu ia começar a cochilar, senti o avião sacudir levemente. Abri meus olhos e olhei para os lados. Os passageiros que estavam acordados pareciam não ter sentido. Pensei que era minha imaginação, até o avião balançar de verdade. Quem estava dormindo acordou, inclusive Annabeth. Ela estava com uma careta, provavelmente enjoada.

—O que foi? —ela me olhou, provavelmente minha cara de pânico estava bem visível.

Não precisei responder, o piloto falou bem na hora.

—Senhores passageiros, estamos passando por uma turbulência —notei que ele estava com a voz um pouco trêmula. —Fiquem nos assentos e certifiquem que os cintos estão bem colocados.

O avião balançou novamente, derrubando algumas bebidas e comidas no colo das pessoas. Seria engraçado se eu não estivesse tão apavorado.

—É normal, Percy —Annabeth me disse tentando me acalmar, mas era nítido que ela também estava assustada.

E assim foi o resto da viagem. Por uns vinte minutos o avião estabilizava, o que permitia Annabeth correr para o banheiro vomitar (e juro que até eu estava enojado), mas depois as turbulências voltavam. A cada aviso do piloto eu sentia que ele também estava tão apavorado quanto todos os passageiros.

—Quando pedi para que você me levasse para as estrelas, não era bem desse jeito que eu imaginava —Annie sorriu, me fazendo rir e esquecer que a qualquer momento o avião poderia resolver despencar do céu. —Eu não tenho nem mais nada pra vomitar —Annabeth disse acariciando a barriga e se escorando na poltrona.

—Você, anh... Quer um chips? —estendi um pacotinho de batatas pra ela.

—Pra eu vomitar daqui dez minutos? Não, obrigada —ela fechou os olhos suspirando. Me senti mal por não poder a ajudar.

(...)

Nossa nada maravilhosa viagem de avião para a Europa terminou e eu nunca fiquei tão feliz de poder tocar o chão. Desembarcamos às seis horas da tarde e eu não sentia minhas pernas.

—Nada de aviões por um tempo —falei completamente aliviado e Annabeth concordou.

Pegamos um táxi para nosso hotel. A cidade já estava toda enfeitada para o natal, mesmo que faltasse ainda duas semanas. Qualquer pessoa ficaria fascinada por aquele lugar, a visão era completamente maravilhosa. E bem, a que eu tinha era melhor ainda. Ver os olhos de Annabeth brilhando ao passarmos pelo centro, não tinha preço.

—Nossa, olha essas ruas, Percy —Annabeth se virou para mim animada e logo voltou a observar a cidade. —Elas têm dimensões de 20 a 60 metros! Foram planejadas seguindo os princípios da orientação solar, largura, perfis transversais, tipo de pavimentação... —ela gesticulava. — Tudo deveria interagir entre si, as paisagens, praças e quadras... Elas deveriam ser harmônicas para a cidade e isso só foi possível com a análise de cortes e com a relação da casa com a quadra.

—Plano Cerdá, não é? —falei, também olhando as ruas em que passávamos.

Annabeth me olhou com as sobrancelhas franzidas e escondendo um sorriso.

—Como você sabe?

—Esqueceu que eu fiz engenharia naval? Tá que o foco é na construção de navios, mas é engenharia.

—Você pesquisou antes de virmos —Annabeth sorriu, não acreditando que eu sabia sobre isso.

E bem, ela estava certa (como sempre). Eu pesquisei sobre as cidades que eu escolhi para viajar com Annabeth, principalmente para a agradar e não ficar boiando como sempre acontece quando ela fala milhões de curiosidade sobre tudo.

Chegamos em nosso hotel e a recepcionista nos disse que mais tarde haveria às dez horas um festival de jazz no salão. Annabeth e eu decidimos ficar por lá mesmo e deixar para explorar a cidade quando fosse de manhã. Demoramos um tempo no quarto (se é que vocês me entendem) e ficamos bebendo champanhe na banheira até dar nove horas.

Peguei na minha mala uma camisa social azul escuro e uma calça preta. Fui no banheiro me arrumar, passar um perfume, tentar pentear meu cabelo que sempre se rebelava e eu acabava desistindo, como sempre.

Quando voltei para o quarto, Annabeth estava usando um vestido salmão de mangas curtas, com a estampa preenchida por pequenos xadrezes. Um pequeno cinto preto prendia o vestido em sua cintura, fazendo ele descer solto até o joelho. Ela usava uma luva preta que chegava até o antebraço e um sapato de salto que deixava tudo mais elegante. Era com certeza um vestido retrô. Seus cabelos estavam soltos e caiam pelo seus ombros.

Resumo: perfeita.

        

—Desculpe, camponesa —sorri indo até ela. —Mas seu rebanho não está aqui.

—Achei que nunca ia usar isso —Annie sorriu, se olhando no espelho.

—Você está linda —beijei seu pescoço, a abraçando por trás e pousando minha mão em sua barriga, a acariciando.

Annabeth fez uma cara pensativa olhando para mim.

—Falta algo...

—Seu cajado? —brinquei e levei um tapa no braço.

—Já sei —Annabeth foi até a sua mala e começou a procurar algo. Ela se virou para mim e estendeu um suspensório.

—Sério? —fiz uma careta. —Meu avô que usava disso.

—É uma noite de jazz, Cabeça de Alga. Vai estar todo mundo assim.

—Por que você carrega isso? —perguntei, colocando o suspensório que me faria parecer um senhor de sessenta anos, só que bem conservado.

—Sou uma garota prevenida.

—Fala isso pro nosso filho —eu ri e Annabeth me acompanhou.

(...)

E ela estava certa sobre todo mundo se vestir daquela maneira. Quando descemos de volta para a recepção e fomos até o salão, e eu me senti como se estivesse na década de 30. Casais estavam sentados nas mesas, as mulheres com um mesmo estilo do vestido de Annabeth e os homens com camisas e coletes, outros um suspensório.

O salão estava todo decorado com o tema de Jazz. Vários lustres que desciam do teto e iluminavam o local. No fundo, havia um palco onde uma banda estava, com seus saxofones, piano, trompete, contrabaixo, guitarra, clarinete, dentre outros instrumentos, tocavam uma música animada e uma mulher, vestida com um vestido branco cantava I Got a Woman de Ray Charles. Casais dançavam na pista de dança enfrente ao palco e atrás deles (na nossa frente, no caso), estavam as mesas. Segurei a mão de Annabeth e a levei até uma mesa. Logo fomos servidos por um garçom. Fizemos nosso pedido, passei meu braço atrás do pescoço de Annie e ficamos observando o show.

        

Depois de um tempo, entrou os animadores. Pessoas vestidas como reais dançarinos de jazz passavam entre as mesas. Uma mulher segurou a mão direita de Annabeth, fazendo cara de espanto com a aliança e fingindo estar sendo cegada pelo brilho do diamante. Nós rimos e logo se aproximou um homem e entregou uma flor para a minha esposa.

—Ele vai ter que se esforçar mais —falei pegando meu copo de refrigerante. — Faltam ainda noventa e cinco flores para ele me superar.

—Convencido —Annabeth sorriu e me beijou.

Depois de jantarmos, as músicas foram ficando mais lentas. Me levantei e estendi a mão para Annabeth.

—Me dá a honra? —sorri.

Ela aceitou e a levei até a pista. Juntei nossos corpos quando começou a tocar Killing Me Softly With Her Song, de Perry Como.

—Está feliz, senhora Jackson? —encostei nossas testas enquanto dançávamos bem lentamente, quase parados.

—Extremamente, absurdamente e completamente feliz, senhor Jackson —ela sorriu e me beijou.

Dançamos com nossas testas coladas mais um pouco, até que senti Annabeth ficar um pouco tensa.

—O que foi? —a olhei.

—Não é nada —ela deu um sorriso forçado para mim.

—Conheço você, não mente pra mim.

—É que... São muitas coisas para lidar —ela me olhou. Seus olhos cinzas pareciam nuvens intensas de tempestade, como se estivessem em movimento sem parar.

—Tipo...

—Hayden? Ela pode estar grávida de você.

—Eu nem estava lembrando disso —fiquei um pouco inquieto.

—E tem o Nathan... —Annabeth suspirou e encostou sua cabeça em meu peito. —Eu quero tanto que esse bebê seja seu, Percy... Eu sei se vou suportar se ele não...

—A gente precisa mesmo falar disso? —a interrompi. —É a nossa lua de mel, Annie. Só nós dois, sem preocupações. Pode ser?

—Vou tentar —ela sorriu, completamente sem graça.

—Prometo que vou falar com Hayden quando voltarmos e... Sobre Nathan, esse bebê vai ser meu filho, de qualquer jeito, ok? —sorri, tentando ser o mais positivo possível.

Os olhos de Annabeth se encheram de lágrimas e ela voltou a se apoiar em meu peito enquanto dançávamos. Achei melhor ela não responder. Eu vou amar essa criança de qualquer maneira, mas... Se ela não for minha, não sei se vou conseguir disfarçar a decepção que vou sentir. Tentei afastar esse pensamento. O bebê vai ser meu, eu sinto isso.

(...)

Annabeth me acordou às sete horas e eu levantei resmungando.

—Nenhum ser humano decente acorda com essa disposição —fui sonolento para o banheiro, enquanto Annabeth já estava toda preparada.

Um guia turístico, chamado Pablo, nos esperava no saguão e bem, ele só foi necessário para nos direcionar, já que Annabeth sabia de tudo, até Pablo prestava atenção quando ela falava. Andamos por onde o homem nos levava, rimos de senhoras que jogavam migalhas para pombos no Park Guell, mas depois eram perseguidas pelos mesmos. Tiramos fotos no Castelo de Montjuic, no Museu Nacional de Arte da Catalunha e na Casa Batlló. Já era noite quando voltamos para o hotel.

        

Como combinamos, nada de aviões, decidimos fazer nossas viagens de trem. E a Chase... Quer dizer, a Jackson, se animou mais do que eu. Depois de fazermos o check-out e pegarmos nossas malas, fomos até a estação.

—Quero voltar mais vezes pra cá. Barcelona é realmente uma obra de arte. — ela segurava meu braço, enquanto andávamos. —Para onde agora?

—O que é uma lua de mel sem passar pela cidade do amor? —sorri.

—Paris!? —Annabeth arregalou os olhos. —Você vai falir a gente.

—Algum problema?

—Nenhum —ela riu.

Embarcamos às oito horas e a viagem duraria nove. E sério, era bem melhor ir de trem. Tínhamos um pequeno quarto para nós e toda a privacidade do mundo. A nossa cabine possuía uma enorme janela de vidro, atrás da nossa cama, que nos permitia ver o caminho à medida que íamos passando. O inverno estava começando a chegar e as árvores e a grama estavam com leves camadas de neve. E melhor, nada de turbulências.

Eu estava sentado no sofá que ficava na lateral da nossa cabine, apreciando a vista. Annabeth sentou-se do meu lado depois de arrumar sua necessaire na escrivaninha. Bem sutilmente, ela se aproximou do meu pescoço e o beijou. Meu corpo se arrepiou por inteiro e eu fechei os olhos, suspirando. Não demorou muito para que eu a levasse pra cama.

Como eu digo isso... Anh, eu estava por cima de Annabeth, fazendo meu trabalho, por assim dizer. Abri meus olhos, para a olhar e não pude deixar de sorrir ao ver o rosto dela. Céus, eu amo essa mulher. Ergui minha cabeça por um breve instante, já que ficar a olhando me animava ainda mais e eu não estava afim de acabar aquilo ainda.

Quando fiz isso, vi uma figura correndo pela floresta acompanhando o trem... Aquilo era um leão? Franzi as sobrancelhas. Juro por tudo que seja lá o que fosse aquilo, olhou para mim e adentrou a floresta, saindo do meu campo de visão.

—Percy? —Annabeth abriu os olhos e me chamou ofegante, quando eu apenas parei de fazer qualquer movimento. —Tá tudo bem?

—Eu acho que vi um leão —me sentei na cama, um pouco atordoado e Annabeth fez o mesmo, se cobrindo com lençol. Ela olhou pela janela.

—Um leão? —Annie franziu a testa.

—É... —minha cabeça ficou um pouco zonza.

—Percy, acho que não deve ter leões por aqui —ela sorriu. —E mesmo se tivesse, ele não conseguiria acompanhar a velocidade do trem.

—Acho que você está certa —olhei novamente para as árvores. —Devo ter imaginado.

—Então —ela engatinhou até mim, mordendo o lábio. —Onde paramos?

Sorri e segurei seu rosto, beijando sua boca e mordendo de leve seu lábio.

(...)

Chegamos em Paris às seis da manhã, guardamos nossas malas o mais rápido possível no hotel e fomos explorar a cidade. Annabeth e eu estávamos impressionados com a beleza daquele lugar.

O primeiro lugar que visitamos foi a Catedral de Notre-Dame. Fora dela, havia várias tendas com luzes de natal vendiam souvenirs. Tudo já indicava que o natal estava chegando. De uma árvore completamente decorada, que estava em uma parte mais elevada no meio das tendas, partiam vários cordões com lâmpadas que faziam um grande círculo ao seu redor. Aquilo a noite deveria ser magnifico. Por mais que Paris fosse considerada a cidade luz, no natal isso com certeza triplicava. Muitas pessoas passavam entre as tendas, cantores cantavam músicas natalinas, que proporcionava um ambiente mais aconchegante.

Annabeth e eu andávamos e comprávamos presentes para nossos amigos e familiares. Pegamos dois chocolates quentes e continuamos olhando as tendas.

—Olha —Annabeth me mostrou duas toucas vermelhas feitas de croché, que estavam em exposição. —Pro bebê de Thalia e Calipso.

—Aproximem-se, crianças —uma senhora nos chamou de dentro da tenda.

Ela estava sentada junta com outras duas senhoras e elas pareciam ser trigêmeas. Tinham o rosto pálido e enrugado, cabelos prateados preso atrás com um lenço branco, braços ossudos e vestiam com um tecido que parecia de algodão, mas estava desgastado.

Achamos que seria falta de educação ignorar e fizemos o que ela pediu. As três estavam sentadas em cadeiras de balançar, ao redor de um tear e tricotavam algo que seria uma meia, eu acho.

Boun jour —Annabeth sorriu e pegou as toucas. —Qual o preço, senhora?

—Ah o preço... —a do meio balançou a cabeça, olhando para a meia que tricotava.

—O preço será alto —a do lado direito nos olhou triste.

—Anh... —franzi a testa, achando aquilo muito esquisito. —Bem, acho melhor irmos. —segurei os ombros de Annie.

—Você está grávida, criança? —a senhora do lado esquerdo perguntou, com os olhos fixos em minha esposa.

—Como a senhora sabe? —Annabeth perguntou.

—Sei de muitas coisas... —ela suspirou, sem parar de tecer. —Boa sorte, querida. Leve as toucas como presentes, que você seja forte em sua jornada.

Ela cortou o fio. Annabeth passou a mão na barriga, como se tivesse sentido algo.

—Como assim seja forte? —minha esposa se apoiou no balcão. Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas conheço Annabeth, ela odeia não entender algo, principalmente vindo de pessoas que ela não conhecia.

—Tudo tem seu tempo, minha querida —a senhora do meio sorriu, mostrando que tinha apenas uns quatro dentes bons, os outros eram podres. —E você, meu rapaz... —ela me olhou.

—Não sei não... —a da direita me observava com curiosidade. —Video exitium —ela disse em uma língua que eu não conhecia. Latim, talvez?

Video redemptio —a da esquerda respondeu, negando com a cabeça.

—Video o quê? —as olhei e elas sorriram.

—Tudo tem seu tempo —as três falaram juntas. Céus, aquilo me deu calafrios.

Segurei a mão de Annabeth e a tirei dali, andando em direção a Catedral.

—Isso é enorme —falei quando entramos, tentando tirar meus pensamentos daquelas senhoras estranhas.

—É proposital —Annie começou a tirar fotos, mas parecia tão distraída quanto eu. —O proposito deles era unir o mundo terreno ao mundo divino. Segundo eles, quanto mais alto o templo, mais perto de Deus o homem está.

—Certo, porque o reino de Deus com certeza fica encima de um prédio —sorri, querendo melhorar o clima.

—Por isso eles inventaram o teto côncavo, em forma de ogivas, arcos diagonais que reforçam a arcada gótica, permitindo assim, a elevação do edifício —ela me mostrava, apontando para cima. —Também tem os vitrais —Annabeth olhou para grandes janelas de vidro. —Eles queriam passar algo natural e abundante, por isso criaram os vitrais.

Como alguém podia saber tanta coisa?

Ficamos dois dias em Paris, fomos no Museu do Louvre e no Arcodo Triunfo (o qual Annabeth quase chorou quando o viu) no primeiro dia. Nos egundo, fomos a um concerto majestoso de natal, visitamos a Torre Eiffel e patinamos em uma pista que ficava no primeiro nível do monumento. Eu já estava cansado, mas Annie insistiu que fossemos andar de barco depois da janta no Rio Senna, o que de fato restaurou minhas energias.

É, Paris é bem romântica.

Levei Annabeth para a estação e comprei nossas passagens.

—Para onde agora, capitão? —ela sorriu.

—Itália, Veneza.

—Como você planejou tudo isso? —ela me olhou, comum sorriso radiante.

—Tive alguns conselhos —a beijei.

Pegamos um trem para Veneza, na Itália, às dez horas. Tentei pensar o menos possível sobre o desagradável encontro com as três senhoras, mas sempre quando eu fechava os olhos, elas vinham em minha mente. 

E para melhorar, tive umpesadelo.

Eu era criança... Tinha uns quatro anos no máximo. E o mais ridículo, era que eu pescava com meu pai. Eu nunca cheguei a pescar com ele, nunca nem tive essa vontade. 

—Não me decepcione —ele sorriu para mim.

Tinha a aparência de sempre, cabelos pretos, uma barba preta bem aparada, um bronzeado profundo e olhos verdes-mar, como os meus. Marcas de expressões cercavam seus olhos, indicando que era alguém que sorria muito.

—Mas eu não consigo, papai —o pequeno eu, disse. Olhava frustrado para as águas e joguei minha vara de pescar no chão.

—Ainda não... Não é tempo —Poseidon disse pensativo.

—Tudo tem seu tempo —escutei a voz das senhoras.

 Me virei e elas estavam sentadas em suas cadeiras de balanço atrás de mim. As três sorriam, me observando. Corri até meu pai, mas ele já não estava mais lá.

—Tudo tem seu tempo —as senhoras voltaram a falar, freneticamente, se aproximando. —Tudo tem seu tempo, Percy, tudo tem seu tempo, tudo tem seu tempo, Percy... 

Me encolhi, fechando os olhos e colocando as mãos nos meus ouvidos, mas era como se a voz delas retumbassem dentro da minha cabeça.

—Percy! —Annabeth me sacudia.

Me sentei rapidamente, minha cabeça doía e eu estava suado.

—O que... —a olhei. 

—Você estava tremendo —ela colocou a mão na minha testa. —E está quente... 

—Eu tive um pesadelo... —sorri, tentando a tranquilizar. —Vou tomar um banho, ok?

—Vá depressa, daqui a pouco vamos pegar os ônibus —ela me deu um beijo rápido.

(...)

Depois de dez horas de viagem e dois ônibus, chegamos em Veneza. Tudo que eu havia visto em fotos, lido em livros (na verdade, o queAnnabeth me mostrou nos livros), nada era comparado com a sensação de estar pessoalmente naquela cidade. O ônibus não podia entrar, então todas as pessoas foram levadas a uma balsa chamada Vaporetto. Eu e Annabeth ficamos na proa, olhando Veneza que aparecia aos poucos. Passamos com o barco por baixo de uma ponte.

—Se chama Ponte Rialto —Annabeth me abraçou, completamente fascinada pela obra e logo começou a me contar detalhes de sua construção. As pessoas ao nosso redor se aproximavam, para escutar a loira falar sobre a cidade, como se fosse uma guia. 

Ficamos em Veneza por dois dias e não sei porque, mas gostei mais de lá do que das outras cidades. Nesse período, subimos na Torre do Campanário (fiquei um pouquinho com medo de estar em um lugar alto depois do episódio do avião, mas a vista valia a pena), visitamos o Palácio Ducale, depois passamos pela Ponte dos Suspiros.

        

—Ai amor —uma garota que estava em nosso Vaporetto, sentada com um homem que parecia entediado, praticamente gritou. —Tão romântico, não é? Ponte dos Suspiros... —ela olhava apaixonada para o rapaz.

—Unhum —ele parecia estar quase dormindo.

—Aqui não tem nada de romântico —Annabeth cochichou para mim. —Essa ponte ligava um palácio a uma prisão. Caso os réus fossem condenados, eles atravessavam essa ponte. Era o último suspiro de liberdade.

—Como você consegue saber tudo isso? —a olhei impressionado.

—Estava escrito em uma placa ali atrás —ela sorriu.

(...)

Depois de dormimos no hotel, levantamos e fomos para a estação às cinco horas.

—Bem, temos falta só mais dois lugares —falei com Annabeth, enquanto ela bebia um cappuccino.

—E qual é agora? —ela perguntou animada.

—Roma. 

—Roma? —Annabeth ergueu as sobrancelhas, sorrindo.

—Achei que você iria gostar de uma arquitetura mais antiga. Gostou?

—Que pergunta, Percy! —ela segurou minha mão. —Vamos logo.


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Notas finais do capítulo

Então?? O que acharam?? COMENTEM!!
Até o próximo!!



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