Loving Can Hurt escrita por Rafaela, SweetAngel


Capítulo 57
Lua de Mel - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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P.O.V Annabeth

Chegamos em Roma às nove horas da manhã. Levamos nossas malas a um pequeno hotel, que mais parecia um chalé. O frio de Dezembro fazia que aquele lugar fosse aconchegante, com uma lareira e mesinhas que eram servidas por garçonetes agasalhadas.

Eu não queria mais esperar para ver a cidade. Assim que acabamos de comer, o primeiro lugar que eu queria visitar era o Coliseu. E bem, eu me arrependi.

Quer dizer, o Coliseu era lindo. Sua forma elíptica e sua fachada composta por imensos arcos impressionaria qualquer um, ainda mais uma arquiteta como eu. Mas... Eu me sentia estranha, como se não devesse estar ali. Olhei para Percy, ele ficou quieto o caminho inteiro e tinha a mesma expressão que eu.

—Bem... —sorri, tentando nos animar. Não tinha motivos para estarmos nos sentindo mal em um lugar tão bonito. —Vamos entrar?

Percy assentiu e assim fizemos. Por dentro, o Coliseu era mais incrível ainda. Possuía três pisos, feitos de pedra e mármore. A arena, onde antigamente era um cenário de lutas entre gladiadores e animais selvagens, era imensa. Eu sabia que ali embaixo existia um nível subterrâneo, com celas e jaulas que tinham acesso direto a arena.

As arquibancadas estavam um pouco conservadas também, ali caberia umas oitenta mil pessoas em seu melhor estado. Também havia várias rampas, que facilitavam a visualização dos espetáculos. Olhei para o centro da arena, que com as ruinas, parecia um grande labirinto. Um calafrio percorreu meu corpo e eu balancei a cabeça, tentando afastar essa sensação.

—Anh... —Percy não parecia melhor que eu. Estava com as sobrancelhas franzidas enquanto observava o lugar. —Nenhuma curiosidade?

—Antigamente a arena era coberta com piso de madeira e areia, para absorver o sangue dos combatentes —falei.

—Me sinto bem melhor —ele fez uma careta.

Demos mais uma volta pelo lugar, mas céus... Eu queria sair dali o mais rápido possível.

—Achei que eu ia gostar mais daqui —segurei a mão de Percy, olhando para trás. Por que eu estou com uma sensação que algo me seguia?

—Também ficou desconfortável? —ele me olhou.

—Estranho, né? —tentei não pensar muito no que eu sentia. —O Palatino é aqui na frente, talvez seja mais agradável que o Coliseu.

Assim fizemos, e eu estava certa, com certeza era mais agradável que o Coliseu, mas continuava me sentindo estranha.

Aquele lugar era enorme e majestoso. É claro, ele estava em ruinas, mas dava para se ter uma ideia de como aqui era em seus tempos de glória. O primeiro monumento se chamava Aqua Claudia, um grande aqueduto, que com certeza funcionava como uma rede de distribuição para toda a cidade na época. Subimos mais um pouco, e chegamos no Stadium, o Jardim dos Imperadores. Um calafrio de novo me percorreu. Olhei para Percy, ele parecia zonzo, olhando aquele lugar.

—É uma boa hora para falar alguma coisa —ele me olhou. —Aqui também ocorriam massacres?

—Não sei bem... —falei, enquanto andávamos por lá. —Aqui tinha jogos e corridas de cavalos.

—Jogos... —Percy repetiu, parecia mais atordoado que eu.

—Quem sugeriu que viéssemos a Roma? —perguntei, tentando melhorar o clima.

—Jason, Frank e Hazel disseram que íamos gostar.

—Bem, acho que eles se enganaram —sorri, um pouco nervosa.

Por que eu me sentia tão mal? Algo dentro de mim falava para eu sair daquele lugar o mais rápido possível.

Continuamos a visita, e chegamos no local onde costumava ser o Palácio de Dominicano. Estava completamente destruído, com gramas que cresciam no chão e nas paredes que restaram. Ficamos perto de um grupo, onde o guia contava histórias para um grupo de turistas.

—Aproximem-se, aproximem-se—ele gesticulou com as mãos, chamando os visitantes. —Então, este lugar foi o local onde Rômulo e Remo foram amamentados pela loba, Lupa, na caverna chamada Lupercal. —alguns turistas riram. Era bem estranho mesmo imaginar uma loba amamentando duas crianças. —Mas é claro, isso é tudo mitologia —o guia sorriu animado. —Alguns historiadores afirmam que aqui também viveram gregos, imigrantes de Arcádia, antes mesmo da colonização da Magna Grécia.

Seguimos o grupo até outra área do palácio.

—Aqui era chamado de Domus Flavia, onde acontecia cerimônias oficiais, reuniões politicas e etc. Também funcionava como um santuário para os deuses, então, se alguém aqui quer ficar rico ou ter vida eterna, fiquem à vontade para pedir os deuses —ele riu com os turistas.

—O que é aquilo? —Percy perguntou (o que me deixou bem surpresa), apontando para uma escada, que estava interditada e levava para os andares abaixo. Seu rosto parecia desconfortável ao observar aquilo.

—Aquilo, meu jovem —o guia se aproximou de nós. —São tuneis subterrâneos, construído por Nero, para ligar o Palácio Palatino a Domus Flavia. E vai por mim, ninguém em sã consciência desejaria descer ali embaixo. —ele deu tapinhas no ombro de Percy.

Pela primeira vez, eu não senti vontade de saber o porquê.

Seguimos o grupo e passamos o dia inteiro no Palatino, aquele lugar era imenso. Visitamos a Casa de Augusto, que me surpreendeu com pinturas completamente conservadas. Poderia ficar meses descrevendo todos os lugares que vimos, como o Fórum Romano, Templo de Antônio e Faustina, o Templo de Júlio César, a Casa das Virgens Vestais, a Basílica Giulia, e vários outros lugares. Mas o que não deixava de me atormentar era a terrível sensação de que eu, absolutamente, não deveria estar ali.

Percy e eu voltamos para nosso hotel-chalé no anoitecer, completamente desanimados, como se nossas energias estivessem sido roubadas.

—Eu não gosto de Roma —ele se deitou na cama.

—Não entendo, Percy —me deitei ao seu lado. —Era para eu amar aqui. As obras são de tirar o folego, mas não consigo não me sentir... Irritada.

Percy sorriu, se apoiou com um dos braços e se virou para mim.

—Que tal a gente encurtar nossa estadia? —ele colocou a mão por dentro da minha blusa, acariciando minha barriga.

—E para onde vamos? —segurei para não rir, aquilo fazia cócegas.

—O que você acha? —Percy sorriu. Ah que ódio o sorriso desse homem... Me faz querer me jogar nele.

—Grécia —respondi imediatamente. Na verdade, não era o que eu achava, era o que eu queria.

Não demoramos muito em sair do hotel, já que nem chegamos a desfazer as malas. Corremos igual duas crianças pelo aeroporto, de mãos dadas e rindo, com medo de não conseguir pegar o último avião. Não havia trem para a Grécia e bem, estávamos tão animados que esquecemos nosso trauma no último voo.

Decolamos e não demorou muito para as turbulências começassem. Achei que eu fosse ser a que mais ficaria enjoada, mas altura com certeza era um problema que Percy adquiriu. Ele estava pior que eu.

—Nós vamos morrer —ele olhava pela janela, enquanto sacudíamos.

—Tá tudo... —pulei no banco —bem...

Não estava tudo bem, é claro. Mas a viagem durou apenas cinco horas e aterrissamos, sã e salvos. Nunca vi alguém mais feliz do que meu marido quando pisou em terra firme.

—Graças a Deus —se ele pudesse, com certeza abraçaria o chão.

Chegamos em Estana, a capital da Grécia. Sempre achei esse nome curioso e engraçado. Depois de deixar nossas malas no hotel, nem perdemos tempo dentro dele. Pagamos um guia, que levava turistas para conhecer a cidade, para podermos ir com ele. Entramos em um micro-ônibus e fomos para a Acrópole.

Quase chorei em ver aquele lugar, era magnifico. O que eu senti em Roma? Nada parecido com aqui. Me sentia bem, melhor do que bem, me sentia restaurada. Percy parecia tão maravilhado quanto eu, fiquei mais feliz ainda em o ver assim.

A Acrópole era sobe uma colina rochosa e abriga importantes obras, como o Panternon e o Erection.

—A cultura, a história e essas incríveis obras, fazem Estana ser uma das principais e mais maravilhosas cidades da Grécia —o guia andava, nos mostrando.

—Ue, a capital da Grécia não é Estana? —Percy me olhou confuso.

—Mas é —respondi.

—Então porque ele tá falando que a capital é Tebas?

Segurei para não rir, mas Percy falava sério.

—Ele falou Estana, amor —franzi as sobrancelhas.

Percy não respondeu, parecia confuso.

Continuamos a visitar o lugar. O Partenon foi a parte que eu mais gostei da Acrópole. Não sei o porquê, mas senti um orgulho ao entrar nele. Era com certeza a obra mais linda que eu já vira. Oito colunas na fachada da frente e atrás, além das dezessete de cada lado, sustentava o lugar.

—É tudo no estilo da ordem dória —comentei com Percy, fascinada.

—Vou fingir que entendi —ele sorriu.

—É um estilo de arquitetura —expliquei.

Depois de dar algumas voltas e tirar muitas fotos, voltamos para o centro e fomos até o museu da Acrópole. Ele era completamente rico e imenso, repleto de esculturas. Passei por uma que era o busto de Alexandre Magno, tive que impedir Percy de fazer alguma palhaçada com aquilo, tipo enfiar os dedos no nariz quebrado da escultura.

Chegamos a um grande salão onde havia doze esculturas, uma do lado da outra. As três do meio eram maiores que as outras, e completamente detalhadas.

A que me chamou atenção era de uma mulher, ao lado de uma das três grandes. Ela com certeza era uma guerreira, em uma de suas mãos estava uma pequena escultura de uma mulher e com a outra mão, empunhava uma lança, e um escudo repousava no chão ao seu lado. No seu capacete havia imagens de grifos e esfinges. Era maravilhosa, eu pensava. Irradiava poder, de alguma forma.

Percebi que Percy estava do meu lado, olhando uma escultura maior, de um homem barbado com uma coroa, segurando um tridente. Ondas de mármore o cercavam deixando apenas um peitoral sarado a vista.

—Esse cara devia gostar muito de malhar —Percy brincou, passando o braço por trás do meu pescoço.

Voltei para a escultura a minha frente. Nos pés, havia uma plaquinha de metal que sinalizava quem era ela.

Estana — deusa da civilização, da sabedoria, da estratégia  em batalha, das artes, da justiça e da habilidade .

Sidpeoon  deus do mar, dos terremotos, das tempestades e dos cavalos. Protetor das águas e auxiliar dos marinheiros.

Franzi as sobrancelhas, sentia que aquilo estava errado. Mas eu não tive tempo para pensar muito nisso. Uma voz tirou toda a minha paz.

—Ora, ora —escutei a voz da minha mãe atrás de mim.

Pensei que estava ficando louca. Me virei lentamente e lá estava Atena. Meu coração disparou. 

Ela continuava a mesma, cabelos pretos compridos, presos para trás em um rabo de cavalo. Seus olhos eram cinzas tempestuosos, iguais aos meus. Me sentia muito mal em ver o quanto me parecia com ela. Minha mãe usava um vestido branco elegante e um salto preto.

—É bom ver você, minha filha —ela sorriu para mim.

—O que... —tentei falar, mas eu parecia ter perdido a voz. 

O bom era que meu marido tinha isso de sobra.

—Você deveria estar presa —Percy franziu as sobrancelhas e disse diretamente.

—Não é bom ver você, Jackson —minha mãe o olhou ríspida e suspirou. —Mas sim, talvez eu devesse estar presa. Contudo, tenho tarefas mais importantes.

Eu estava chocada demais para comentar algo. Me sentia horrível por estar vendo Atena, mas ao mesmo tempo estava emocionada com a presença dela. Isso é normal?

—Tarefas? —Percy respondeu. —Tipo o quê? Matar mais pessoas?

—Ainda com isso na cabeça, rapaz? —ela o olhou perplexa. —Vocês mort...

—Querida —outra mulher se aproximava agora, interrompendo Atena. Eu estava prestes a desmaiar, com certeza minha pressão caiu. Hera parou do lado de minha mãe. Seu cabelo prateado estava trançado e caia pelo seu ombro. Ela usava um vestido com estampa de penas de pavão, o que deixava ela mais assustadora do que eu me lembrava de Thalia contando. —Foco, por favor.

—Você está certa —Atena revirou os olhos. Minha mãe se aproximou de meu marido, quase ficando com os narizes colados.

Percy estava com raiva, isso era nítido. Ele não se afastou e encarou minha mãe. Senti que os dois queriam se matar, mas eu estava muito em choque para interferir se algo acontecesse.

Pensei que Atena ia o estapear, mas ela apenas cheirou o ar perto de Percy e se afastou, voltando a ficar do lado de Hera.

—Realmente, ele estava certo. Está aumentando —ela comentou com a amiga, se é assim que eu poderia chamar a relação das duas.

—Então chegou a hora —Hera parecia descontente, porém ansiosa.

—Querida —Atena se virou para mim. —Você, por acaso, encontrou três senhoras? Elas gostam de tricotar.

—S-Sim —respondi aflita, mesmo não querendo.

—E o que ela disse?

—Algo sobre tudo ter seu tempo —Percy respondeu com pressa. —Como você sabe disso?

Atena suspirou e olhou para Hera.

—Ainda não.

—Ótimo, mais trabalho para nós —Hera reclamou e deu as costas, saindo do salão.

Atena voltou a olhar para mim.

—Preciso ir agora —ela segurou minha mão. Não sei porque eu deixei e também não sei porque fiquei com vontade de chorar.

Então o olhar de minha mãe mudou quando ela me tocou. Atena soltou a minha mão e se afastou um pouco, parecia chocada e emocionada ao mesmo tempo.

—V-Você... —ela quase gaguejou. —Você está grávida?

—Como sabe? —franzi as sobrancelhas, voltando para a realidade.

Minha mãe ficou um tempo me olhando, parecia abalada. Mas então ela recuperou a postura e tomou fôlego.

—Cuide bem dela. —Atena encarou Percy, que continuava a olhando com raiva. —Não é um pedido.

—Como se você se importasse —ele revirou os olhos.

Atena o ignorou e chegou perto de mim, tocando meu rosto e depois, colocou a mão sobre minha barriga. Eu não sei porque eu estava permitindo que ela se aproximasse tanto de mim.

—Você tem a minha benção, querida —ela sorriu. —Terá forças, você e essa linda menina aqui dentro. Não importa o que as Moiras tenham determinado.

—M-Menina? —a olhei assustada.

Atena piscou para mim e lançou um olhar duro para Percy antes de sair da sala.

—Que merda foi essa? —Percy se virou para mim.

Menina? —o olhei com lágrimas nos olhos, colocando a mão em minha barriga. —Eu tenho apenas um mês... Não tem como saber...

—Ela deve estar supondo, Annie —Percy segurou minha mão, percebendo o quanto eu estava assustada.

—Mas... O que ela está fazendo solta? Nós vimos nossos pais sendo presos há sete anos... Eles... Eles matavam pessoas —comecei a chorar e Percy me abraçou.

—Tá tudo bem, por favor se acalme. Elas devem ter pagado a fiança ou algo do tipo —ele acariciou minha cabeça.

Pedi para que Percy me levasse para o hotel. Eu não estava mais com vontade de ver nada na cidade naquele dia.

Tomei um banho, tentando me acalmar. Menina, eu pensava. Meu bebê é uma menina!? Meu coração se acelerava apenas de pensar nisso. Atena disse com tanta certeza que era difícil duvidar... Saí do banheiro, controlando minhas emoções.

Vi Percy na varanda do nosso quarto, debruçado no parapeito. Estava tão distraído em seus pensamentos que não me viu chegando.

—Ei —me escorei ao seu lado.

—Oi —ele me olhou, com um sorriso fraco.

—Pensando sobre o museu?

—Sobre muitas coisas, para falar a verdade —ele suspirou. —Desde que chegamos na Europa, eu me sinto estranho, estou vendo e escutando coisas que não fazem sentido.

—Tipo o leão perseguindo nosso trem?

—Isso —ele se virou para mim. —E agora sua mãe e Hera aparecem. E bem... Foi estranho minha sogra me cheirar.

Não consegui não rir com esse comentário.

—Senhoras completamente assustadoras tricotando, minha mãe dizendo que eu terei forças e que nosso bebê...

—É menina —ele sorriu, me completando. —Espero que ela esteja certa.

—Não pensamos em um nome ainda para esse caso...

—Eu sim —Percy acariciou minha barriga, a olhando. —Tem um nome, que por sinal é grego. É uma joia preciosa, sabe? De cor azul —ele escondeu um sorriso. —Representa sabedoria, fidelidade e razão. Acho que combina com a gente...

—Safira —sorri, sabia do que ele estava falando.

—Gostou? —ele ergueu os olhos para mim.

—É perfeito —o abracei.

Percy sorriu, com aquele sorriso que sempre me tira o fôlego e me beijou. Por um momento, só nos dois existia para mim, como se o mundo e seus problemas sumissem. E céus, era o que eu mais queria.

 


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Notas finais do capítulo

Não se esqueçam de comentar e favoritar a fic!
Até o próximo!



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