Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 7
Plano em ação!




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...

— Quem era ao telefone? – Meu pai perguntou quando eu voltei depois de ter atendido a ligação do Alexy.

— Era um amigo.

— Que amigo? Aquele loiro? Como se chama mesmo?... Nathaniel, não é?

— Não, não era ele. Era o Alexy.

— Qual deles é o Alexy?

— Lembra os gêmeos? É um deles.

— Ah, lembro. Um de cabelos azuis e o outro de cabelos pretos. Eu percebi que eles eram bem próximos a você.

— São próximos de todo mundo, são super simpáticos. E são meus amigos.

— E qual dos dois é o Alexy?

— O de cabelos azuis.

— Ah, tá. E o que ele queria?

— Já disse, nós somos amigos, pai! Ele só queria conversar.

Minha mãe viu que meu pai não pararia o interrogatório tão rápido então se intrometeu. Mas, não ajudou muito.

— É difícil um rapaz procurar uma garota para conversar. Ainda mais essa hora da noite. – Disse ela sentando-se no braço do sofá.

— O Alexy é assim. Somos bem próximos.

— Próximos quanto? – Meu pai indagou.

— Muito próximos. Ele é meu melhor amigo, do mesmo jeito que a Rosalya é minha melhor amiga. Não faz muita diferença conversar com um ou com o outro.

— Esse sim é um rapaz diferente. – Minha mãe comentou. – E vocês são íntimos?

Eu sabia onde queriam chegar, então cortei logo.

— Depende do que você chama de íntimos.

— Ah, quero saber se ele gosta de você...

— Gostar ele gosta, mãe, mas não como estão pensando.

— Como assim?

— Ele é gay. Não gosta de garotas, a não ser como amigas. Entenderam agora?

Eles ficaram meio surpresos no primeiro momento, mas minha mãe logo fez um de seus comentários bem-humorados.

— É... Isso explica tudo. Sabe que eu sempre quis ter um amigo gay?

— Querida, o que... Deixa pra lá. – Meu pai ia falar algo, mas desistiu.

— Que é? É verdade! Eu tinha uma colega que tinha um GBF e...

— GBF? – Ele indagou.

— Sim! Um Gay Best Friend! Eles andavam pra todo lado juntos, ele comprava as roupas para ela, ela só andava na última moda. Todas ficavam com inveja dos modelitos dela.

— Fala sério, mãe! O Alexy é bem assim, ele adora dar voltas no shopping e ficar dando palpite na roupa dos outros. É ele quem veste o irmão, às vezes, os pais, e até pra mim ele já comprou uma roupa. Sabe aquele vestidinho rasgado, caído no ombro? Foi ele.

Foi divertido ficar falando sobre o Alexy com minha mãe. Ela falou sobre seu tempo de escola também e só paramos quando eu anunciei que estava com sono e fui dormir.

Antes de entrar no meu quarto, ainda pude ouvir meu pai desconfiado como sempre falando com ela. Deixei a porta entreaberta para ouvir.

— Você acha que esse garoto é só amigo dela mesmo?

— Ai, claro que é! Não a ouviu dizer que ele é gay? Não seja tão paranoico!

— Não sou paranoico, apenas quero proteger nossa filha.

— Querido, às vezes proteção demais afasta as pessoas que amamos.

— Eu sei, mas... Não posso evitar. Fico com receio de que ela se magoe. Eu te falei de quando conversei com o tal do Nathaniel, você tinha que ver o jeito como ele falava da Anna.

— Eu sei, você me disse. Era do mesmo jeito que você falava de mim quando começamos a sair.

— Era. Eu sei que posso parecer invasivo, mas só quero o bem dela.

— Meu amor, querer bem também é dar liberdade às vezes. A Anna está crescendo e não podemos cortar suas asas. Nossa menininha um dia vai voar e temos que confiar na pessoa que nós criamos.

— Está bem. Eu sei que nossa filha tem juízo e é uma garota responsável. Vou passar a depositar mais confiança nela.

— Sei que ela ficaria muito feliz de te ouvir falar assim.

Depois de ouvir essa conversa, fechei a porta do quarto. Minha mãe estava certa, ouvi-los falar assim realmente me deixou feliz, mas por outro lado, quando eu me lembrava da chantagem da Melody, eu ficava aflita outra vez.

...

...

No outro dia, na escola...

Eu entrava na escola ainda sem saber o que iria acontecer. Por um lado, estava receosa de que Nath ainda estivesse chateado comigo por eu ter sido tão fria com ele no dia anterior, por outro, estava ansiosa para que o Alexy me contasse seus planos.

Decidi procurar o Alexy primeiro para saber o que fazer, mas não o encontrei em lugar nenhum. Eu estava voltando, então, para o pátio, quando vi o Nath chegar... Para minha decepção, acompanhado pela Melody.

Fiquei sem chão ao vê-los chegarem juntos. O Nath passou por mim, me olhou de relance, mas nem me dirigiu a palavra. Era como se estivéssemos brigados e eu nem soubesse disso. Melody vinha andando ao seu lado, babando por ele como sempre. Imaginei que ela estivesse seguindo-o e por isso se encontraram pelo caminho. Mas, quando ela me viu, fez questão de pegar no braço do Nath como se fossem muito íntimos.

Minha única reação foi ficar vendo os dois passarem e não poder fazer nada. Melody me olhou como uma vitoriosa que desdenha da perdedora. E era como eu me sentia, um fracasso.

— Mas... O Nath não podia tê-la aceitado só porque eu não falei direito com ele ontem! – Foi o que pensei. – Ele não é um cara tão fraco assim... Pelo contrário, ele é forte, e ele me ama, ele disse isso!...

Dúvidas pairavam em minha cabeça e eu estava aflita, prestes a ir atrás deles quando ouvi alguém me chamar.

— Psiu! Anna!... – A voz vinha do jardim. Havia alguém atrás da estufa que me chamava baixinho e fazia sinal para eu ir até lá.

— Armin?... O que você está fazendo aqui no jardim? – Ele parecia estranho, mas eu não sabia dizer por quê.

— Shh! – Ele fez sinal de silêncio para mim e falou baixinho. – Vamos ao porão. Eu preciso te contar uma coisa e ninguém pode ouvir. Apenas confie em mim e me siga.

Ele saiu andando um pouco mais a frente e eu o segui. Ainda achava que havia algo estranho com ele, mas como ele havia pedido para eu ficar em silêncio não falei nada, a não ser quando percebi certa presença.

— Armin... – Sussurrei. – Acho que a Bia está nos seguindo.

Ele sussurrou de volta. – Eu sei, eu vi. Era o que eu queria. Essa intrometida vai ajudar nos nossos planos.

— Planos? Espera, você vai me falar dos planos do Alexy?

— Paciência. Você saberá.

Ao chegarmos ao porão ele pegou em minha mão antes de descermos as escadas e olhou para os lados como se procurasse ver se ninguém estava por perto. Mas, nós dois vimos claramente quando a Bia se escondeu atrás das escadas para nos espiar.

Para minha surpresa, o Armin pegou em minhas mãos e começou a falar:

— Eu preciso te falar sobre o que está havendo entre nós dois.

— S-Sobre o quê?

— É melhor irmos lá pra baixo. Aqui corremos o risco de alguém nos ouvir.

Ele me puxou pelo braço e entramos no porão. Ao fechar a porta, ele encostou a orelha para ouvir lá fora. Eu não estava entendendo nada.

— Armin! Pode me explicar o quê...

— Shh! – Me mandou calar de novo. – Deixa eu ouvir.

Também cheguei mais perto da porta e pudemos ouvir a Bia, que provavelmente estava bem perto da porta também, falando:

— Que droga! Não vai dar pra ouvir os dois lá dentro. Mas, já sei que está havendo algo entre eles. Para quem eu vou contar? Hum... Acho que a Ambre e as meninas não vão se importar com esses dois, então...

Vi que o Armin torcia dizendo baixinho: - Conta pra Melody! Conta pra Melody!

E a Bia falou consigo mesmo: - Já sei! Vou contar a Melody. Claro!... Ela tem autoridade para contar à diretora se pegar esses dois de namorico na escola... Hi, hi, hi... – Ouvimos quando ela saiu.

Ele abriu a porta só um pouquinho para se certificar de que ela tinha ido embora e então voltou para falar comigo.

— Armin, quer me explicar agora o que tá acontecendo? Por que você fez ela pensar que há algo entre nós?

Ele me olhou com um sorrisinho travesso e exclamou mudando um pouco a voz.

— Porque tudo isso faz parte do meu plano mirabolante!

 Fiquei pasma quando reconheci o...

— Alexy! É você?

— Miga, sua louca!... Claro que sou eu!

— M-Mas... Por que você está vestido igual ao Armin?

— Já disse, isso faz parte do meu plano.

— Não tô entendendo... E... Ainda estou impressionada! Vocês são iguaizinhos! É realmente difícil te reconhecer assim com o cabelo preto e as roupas do Armin.

— Eu sei, amore, somos gêmeos idênticos, a gente é que faz de tudo para não se parecer tanto. Mas, nós já tínhamos trocado de lugar outras vezes na nossa antiga escola.

— Sério? Assim como nos filmes e nas novelas?...

— Assim mesmo. Pode nos chamar de Paulina e Paola Bracho. – Ele deu uma gargalhada digna de uma vilã.

Tive que rir também. – Nossa!... E você é a gêmea má, né?

— Hum... Talvez. – Pôs um dedinho na boca fazendo charme.

— Como vocês fazem isso?

— Ah, é simples. A gente troca as roupas e eu passo um spray preto no cabelo. Já o Armin, quando ele precisa se vestir de mim, ele põe uma peruca azul que eu tenho igual ao meu cabelo.

— Por que você tem uma peruca azul igual ao seu cabelo?

— Ora, para os bad hair days, óbvio!

— Não acredito!... – Eu estava rindo, mas ainda estava pasma. Ele continuou me contando:

— Algumas vezes eu ia fazer prova de recuperação no lugar do Armin enquanto que ele tinha que ficar se passando por mim na aula para eu não levar falta. Nós temos nossos acordos faz tempo.

— E ninguém descobria?

— Não. Eu nunca mencionei que meu irmão e eu somos ótimos atores?

— Não, por essa eu não esperava...

— E você ainda não viu nada. Agora só me escuta direitinho, que eu vou te contar tudo que planejei. E não se preocupa, o Armin está de acordo e acho que até gostou do meu plano... Ele é estranho!... Enfim, ele vai guardar seu segredinho, tá?

— Eu sabia que podia contar com vocês. Agora me conta, o que você pensou em fazer?

Alexy é genial. Comprovei quando ele me contou todo seu plano.

...

...

Algum tempo depois...

Era a última aula que estava acabando. Eu esperava ansiosa pelo que estava prestes a acontecer.

Eu fiquei sentada junto da Violette. Na carteira ao lado, o Armin fake com o Kentin. Eu não pude deixar de ficar surpresa horas antes quando vi o Armin chegar vestido como o Alexy. Ele piscou para nós, mas tentou ficar distante o dia todo para ninguém perceber a troca. O Alexy, pelo contrário, ficou perto de mim o tempo todo para dar a entender a todos de que o “Armin” e eu estávamos bem mais próximos.

De volta à última aula, lá na frente, juntos, estavam o Nath e a Melody. Ela não havia desgrudado dele um só minuto durante o dia todo.

Em um dado momento, o “Armin” começou a chamar a Violette tentando ser bem discreto... Só que não.

— Ei, Vilô! Ei! Passa isso para a Anna. – Mostrou um papelzinho.

Violette sem entender nada pegou o papel para me entregar, mas, como quem estava nos dando a aula era a professora Delaney, que não deixa passar nada, ela viu.

— O que está havendo aí, senhor Armin?

— Hã? É... Nada não, prof. Eu só dei um recadinho para as meninas aqui...

— Isso é uma aula de ciências, não correio sentimental! Deixe-me ver isso. – Ela tomou o papel das mãos da Violette e leu em voz alta. – “Te vejo na biblioteca depois da aula”. Para qual das duas era esse recadinho, senhor Armin?

— É... E-Então...

Ela não o deixou falar e virou para nós duas.

— Era para você, Violeta?

Violette ficou toda vermelha na hora. – P-Para mim? N-Não, senhora!... E e-eu m-me chamo Violette...

— Então era para você, Anna?

— É... Bom... É que o Armin e eu... Nós...

— Não quero saber. Não preciso ouvir as historinhas amorosas de vocês. Apenas não quero mais esse tipo de recadinhos em minha aula, entenderam?

— Sim, professora. – Nós dois respondemos parecendo envergonhados, enquanto os outros olhavam para nós. Eu não pude deixar de reparar no olhar do Nath que permanecia sério, sem esboçar nenhuma reação. Já a Melody parecia gostar da situação. Eu quase podia saber o que ela estava pensando naquele momento, que meu relacionamento com o Nathaniel estava indo por água abaixo.

...

Após o término da aula, eu fui direto para a biblioteca como o combinado. O Alexy entrou lá em seguida.

— Oi! – Falamos bem baixinho e bem perto um do outro. – Está dando certo. Eu ouvi a Melody perguntar ao Nath se ele não está curioso para saber o que estava havendo entre você e eu.

— Sério? Que bruxa! Ela quer envenenar o Nath contra mim.

— Aquela lá se morder a língua morre, né? – Rimos.

— Alexy, tem certeza de que o Armin não vai ficar zangado de ser envolvido em toda essa história?

— Claro que não! Eu não te disse que ele até gostou quando eu contei sobre seu problema e falei que a gente precisava te ajudar. Ele topou na hora! Primeiro porque ele fica se achando um espião, um usurpador, ou sei lá o quê quando trocamos de lugar. Ele até nomeou o plano de Ação Especial Namorado Novo. E segundo, porque o Armin é doidinho mesmo, ele disse que adoraria levar a fama de pivô de separação de relacionamento.

— Vocês dois são demais mesmo. São os melhores amigos que eu poderia ter.

— Oh, obrigado!... Eu sei que sou maravilhoso.

— Vocês dois são. E agora o que vamos fazer? Esperamos?...

— Eles já devem estar a caminho. Por sorte o Armin viu a Peggy e a Bia vindo pra cá também para espiar, lógico. Ele inventou uma história e as despistou.

— Mas, elas acreditaram?

— Claro! Elas estão pensando que estão comigo, esqueceu?

— É mesmo. Bom, espero que seu plano dê certo...

— Vai dar, você vai ver... – Ele parou de falar quando vimos o Nath e a Melody entrando na biblioteca. – Eles chegaram. É agora! Pronta?

Respirei fundo e respondi. – Pronta.

Ele pôs as mãos de um modo que cobriu meu rosto e chegou mais perto.

De repente, ouvimos a voz do Nathaniel.

— O que está acontecendo aqui? – Ele indagou revoltado.

Nós nos separamos como se tivéssemos tomado um susto.

— Olha só, Nathaniel! Ela estava beijando o Armin! Eu não te disse que havia algo entre eles? – Melody falou como se estivesse contente por ver como o Nath havia ficado.

— Como pôde?... – Nath me olhou com raiva. Eu estava impressionada como ele podia atuar bem. Eu não podia deixar por menos.

— N-Nath... Eu posso explicar...

— Não quero ouvir nenhuma explicação!

Melody não tirava o sorriso vitorioso do rosto.

— Isso, Nathaniel. Não dê nenhuma chance para ela, ela não merece.

— Cala a boca, Melody! – Esbravejei. – A conversa é entre mim e o Nath.

— Não me calo não! O Nathaniel tem que ver que tipo de garota você é.

— E que tipo de garota eu sou, hein?

— Não vou falar porque isso não é lugar para usar certos termos baixos...

— Você não vai falar mal de mim! – Me aproximei dela muito brava, mas o “Armin” segurou em minha mão.

— Não faça nada que vá te prejudicar, não vale a pena. – Ele me segurou mais para que eu não perdesse o controle e continuasse atuando.

Mas, a Melody continuou destilando seu veneno.

— Você é rápida, hein? Há quanto tempo está ficando com o Armin e o Nathaniel ao mesmo tempo? Aliás, eles são os únicos ou tem mais algum na sua coleção?

Era demais para mim, mas eu precisava continuar forte e pôr a segunda metade do plano em ação. – Vem aqui, Melody! – Peguei-a pelo braço e puxei para o fundo da biblioteca.

— O que você quer? Me solta!

Soltei-a e falei: – Não está vendo que eu fiz o que você queria? Eu magoei o Nathaniel. Está satisfeita?

— Hum... Então é isso?... Tenho que admitir que você foi bem... Rápida. O que fez para o Armin te beijar? Seduziu ele também?

— Isso não é da sua conta. Eu fiz, não fiz? Agora vai me deixar em paz?

— Vou. E sabe por quê? Porque agora o Nathaniel não vai mais querer olhar na sua cara. Eu vou consolá-lo e o terei só para mim.

— Faça o que bem entender, mas antes você vai me dar todas as fotos que tirou de nós dois e acabar de vez com esse assunto.

Tudo estava dando certo, ela pegou o celular, mas quando eu achei que ia ganhar, ela começou a rir.

— Você acha que sou burra?

— Por quê?

— Eu não vou te dar essas fotos.

— O q-quê? Por que não? Eu fiz o que você queria.

— Fez... Agora. Mas, talvez você resolva voltar atrás depois. E essas fotos são a minha garantia de que você não vai voltar a se aproximar do Nathaniel.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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