Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 8
Revelação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/709575/chapter/8

Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. Depois de tudo que fizemos, isso não podia terminar assim.

— Você é doida! Não vê que isso não vai adiantar de nada? Mesmo que você vá consolar o Nathaniel, fazer o que for com ele, ele nunca vai gostar de você como você quer.

Melody cerrou os punhos com raiva.

— Eu vou fazer até o impossível para ele ficar comigo.

— Não vai conseguir! Mesmo que eu não olhe mais na cara do Nathaniel, mesmo que eu ficasse com todos os rapazes daqui, ele ainda assim continuaria pensando em mim. Sabe por que, Melody? Porque ele me ama.

— Não é verdade...

— É verdade sim, e você sabe. O Nathaniel me ama, me ama como nunca vai amar você. E você odeia isso, não é? A verdade dói... Mas, ainda assim é a verdade.

— Grrr... Eu te odeio! – Ela jogou o celular em minha direção, mas eu consegui desviar. O aparelho caiu no chão e quebrou. Isso a fez ficar ainda com mais raiva e eu, assustada.

— Você está ficando louca! – Gritei.

Os rapazes foram até onde estávamos.

— O que foi isso?

Melody não se importou com a presença deles e foi com tudo em minha direção, me empurrando contra uma das estantes. Bati as costas com força, tanto que a estante balançou como se fosse cair, derrubando alguns livros.

Nathaniel segurou-a com força pelos braços antes que ela fizesse algo mais.

— Melody! Para com isso! – Falou alto e sério, segurando-a.

— Nathaniel... E-eu não queria fazer nada, mas... Ela... Ela me tirou do sério, ela é a culpada de tudo...

Todos nós pudemos ver naquela hora o quanto a Melody estava ficando perturbada com aquela obsessão pelo Nath.

Eu estava sentada no chão por causa da dor nas costas pela pancada, o Nath olhou para mim e eu vi que ele estava preocupado:

— Está tudo bem com você?

Eu queria abraça-lo, mas seria colocar tudo que tínhamos planejado por água abaixo. Então, fingi que estava tudo bem e lhe respondi:

— Estou bem, Nathaniel. Tire-a daqui.

— Tem certeza?...

— Sim, vá com ela. Por favor. – Olhei-o nos olhos para ele saber que poderia continuar que eu ficaria bem. Ele fez sinal de que tinha entendido e saiu com ela.

— Vem, Melody. Você vem comigo. – Saiu puxando-a pelo braço.

Alguns outros alunos estavam chegando, se perguntando o que estaria acontecendo. Nenhum de nós deu importância. O Nath saiu levando a Melody que parecia engolir o choro. Já eu, repirei fundo antes de me levantar do chão com a ajuda do Alexy.

— Essa garota endoidou de vez, gente! – Ele comentou.

Eu cheguei a uma conclusão que falei para ele. – Isso não é mais só ciúmes, Alexy... Eu vi ódio nos olhos dela, ela está completamente obcecada pela ideia de ter o Nathaniel. Eu acho que agora ela já não consegue mais se controlar e pode ser capaz de qualquer coisa!... – Não consegui segurar a vontade de chorar. – O q-que eu vou fazer?...

— Ei, calma!... – Ele me abraçou. – Olha pra mim... – Ele enxugou minhas lágrimas. – Você é minha melhor amiga e o Nath é um cara muito legal, não vou deixar vocês dois nas mãos da maluca da Melody. Vamos encontrar um jeito, você vai ver.

— Que jeito?

— Bom, ainda temos o plano B.

— Que plano B?

— Vamos para um lugar mais discreto e eu te conto.

Íamos sair quando o Armin apareceu.

— E aí, gente? O que houve aqui? Eu estava com a Peggy quando vimos o Nathaniel saindo com aquela que não se pode dizer o nome...

Alexy o interrompeu. – Armin, é a Melody não lorde Voldemort!

— Só tentei ser engraçado. Tudo bem, o que houve, hein? Deu certo?

— Não muito, mas eu vou conversar sobre o plano B com a Anna. Quer vir?

— Não! Esqueceu que hoje eu sou você e você sou eu? Se estiverem pensando que ela está ficando comigo e eu for de você com vocês vai ficar estranho, porque vão pensar que você, no caso eu, está se metendo no caso dela comigo, no caso você.

Nós ficamos olhando para ele meio confusos.

— É... Armin, a única coisa que eu entendi do que você disse foi o “Não”. Então, eu vou com ela... – Alexy pegou na minha mão, mas antes de irmos ele ainda virou para o irmão e comentou: - Espero que esteja gostando de passar o dia sendo eu.

— Pior que estou. Estou descobrindo as vantagens de ser gay.

Nós dois viramos de novo meio pasmos.

— Como é que é, Armin? – Alexy indagou.

— É sério! Por que você nunca me disse que as garotas te contavam tantos segredos sobre elas, hein? Elas confiam em você, te pedem conselhos... Eu estou adorando isso! Ah, a propósito, as meninas vão ao shopping com você sábado à tarde.

— O quê?!

— É. A Peggy, a Íris e a Priya estão pensando em comprar umas roupas novas e querem sua opinião, a Bia vai de intrometida mesmo. Ah, mas se você quiser eu posso me vestir de você de novo e ir no seu lugar...

Alexy me olhou antes de voltar ao irmão, pôr as mãos na cintura e perguntar desconfiado:

— E posso saber por que você quer ir ao shopping no meu lugar, Armin? Você nunca quer ir lá.

— Ah... Por nada... Só por... Ah, pura curiosidade...

— Sei... Elas disseram que vão passar na loja de lingerie, não foi?

—... Como adivinhou?

— Armin!

— Que é?

— Não vou falar nada agora, conversamos em casa. E quanto a você, continue fingindo ser eu, mas não combine nada com ninguém sem me perguntar antes, ok? A não ser que o Kentin queira sair com você, aí pode.

— O Kentin?... Ei! Alexy!

Alexy deu seu sorrisinho travesso e pegou de novo na minha mão para sairmos da escola.

...

...

Fomos até a lanchonete, atentos se ninguém estava nos seguindo. Comprovando que não havia nenhum conhecido por perto, o Alexy foi logo me contando sobre o tal plano B.

— Eu não te contei porque se o plano A desse certo não seria necessário. Bom, em parte deu, porque ela está pensando que o Nath foi traído por você. Agora, já que a gente não conseguiu as fotos do modo mais fácil, é hora do Nath agir. Eu combinei tudo com ele antes, tanto a ceninha que ele tinha que fazer quando nos encontrasse juntos na biblioteca, quanto o que ele teria de fazer caso a Melody não te desse as fotos.

— E o que é que ele vai fazer?

...

...

...

(narração em 3ª pessoa)

— Entra, Melody. – Nathaniel a levou para o grêmio depois te tirá-la da bilioteca. – O que você estava pensando que ia fazer?

— E-Eu não sei, Nathaniel, eu... – Melody voltou a si e começou a se fazer de vítima. – Eu fiquei com muita raiva ao ver o que ela fez com você. Sabe o que ela me disse? Que tinha te traído mesmo e que faria de novo. Que ela nunca te amou de verdade... – Ela levantou e pegou no rosto dele. – Ela nunca te amou como eu te amo, Nathaniel.

Ela tirou as mãos dela de seu rosto vagarosamente e fingiu que ela não havia acabado de dizer o que disse.

— O que mais ela te falou?

— Que... Que poderia ficar com todos os rapazes daqui do colégio e mesmo assim você ainda ia continuar babando por ela, porque ela pode ter todos vocês nas mãos quando bem quiser.

Nathaniel a encarava sentindo nojo por como ela podia mentir tão friamente. Então, decidiu jogar.

— E-Ela disse mesmo tudo isso? – Falou de costas fazendo uma voz triste.

— Falou, Nathaniel. Ela não tem moral, é uma... Uma vadia fácil!

— Não fale assim dela! – Ele não resistiu a defendê-la.

— Você ainda a defende, Nathaniel? Mesmo depois de tê-la visto beijando outro na sua frente?

— Eu... – Suspirou para continuar no personagem. – Eu nem sei por que faço isso. Eu me sinto traído...

— Você foi traído, Nathaniel. Mas, não fique triste... – Ela o abraçou por trás. – Eu estou aqui. Estou aqui com você e eu nunca te trairia.

—... Está falando sério, Melody?

— Estou, Nath. Sempre falei sério quando disse que gosto de você... Não! Gosto não! Eu te amo, eu te quero!

— Eu estou cansado de sofrer, Melody. Tem certeza que você nunca me trairia?

— Absoluta.

— Então, me esclareça uma coisa. – Soltou-se dela e a encarou. – Como você sabia do meu relacionamento com a Anna se nós estávamos guardando segredo?

Por essa pergunta ela não esperava. Sentou novamente pensando em uma resposta válida, mas o loiro não a deu tempo de pensar.

— Por acaso, você nos seguiu? Foi isso, Melody?

— É... F-Foi... Mas... – Ela avançou para cima dele. – Eu só fiz isso para o seu bem. Ela não é a mulher certa pra você, Nathaniel, eu não podia deixar...

— Você nos espionou, Melody! Você me espionou... Sabendo que eu não gosto de ser vigiado.

— Eu... Eu... – Ela, desesperada, se ajoelhou aos pés dele. – Me perdoa, Nathaniel! Me perdoa! Eu não queria te seguir, não queria te espionar, mas você não me dava chance. E-Eu só queria ficar pertinho de você, saber o que você faz, te ver sempre... Nathaniel, eu te amo tanto, eu te adoro, eu queria que você soubesse, que se apaixonasse por mim também. Me perdoa, por favor!

Nathaniel já estava assustado com o modo como ela o idolatrava. Estava ali ajoelhada aos seus pés, chorando, pedindo perdão como se disso dependesse sua vida. Naquele momento, ela só parecia alguém que havia perdido o juízo.

— M-Melody... Melody, levanta! – Ela a puxou pelos braços para levantá-la. – Para com isso. Para de chorar.

— S-Só se você me perdoar, Nathaniel.

— Eu te perdoo, está bem? Te perdoo. Está melhor agora?

— S-Sério, Nath?... Oh, Nathaniel!... – Ela o abraçou como se ele fosse sua fonte de energia.

— Melody... Eu já te perdoei, me solta. – Tirou os braços dela de volta de seu pescoço. – Mas, me olha nos olhos. Eu ainda não te perdoei completamente.

— Não? Por quê? O que eu tenho que fazer para você me perdoar? Eu faço qualquer coisa...

— Não tem que fazer nada, apenas ser sincera comigo. Você disse que não me trairia, não foi?

— Sim, Nathaniel. Eu jamais te trairia, eu sempre serei sincera com você.

— Então, me responda com a verdade. Você fez alguma coisa mais do que me seguir?

— C-Como assim?

— Você só me seguiu ou fez algo mais? Tirou fotos minhas, me filmou?...

—... Não. – Ela baixou o olhar.

— Melody...

— Está bem... Eu tirei fotos suas sim.

— Eu as quero.

— Mas, por quê?

— Você disse que seria sincera comigo, não disse? Então me prove. Me entregue todas as fotos que tirou de mim. Eu não gosto disso e não dei permissão para que me fotografasse. Além do mais, Melody, você sabe muito bem que isso é invasão de privacidade e eu não vou tolerar esse tipo de coisa de ninguém.

Ela pegou o celular e tirou o cartão de memória.

— Aqui só tem fotos suas. Pode ficar com ele.

Nathaniel guardou o cartão.

— Tem mais?

— Bom... Tem.

— Onde?

— Eu preciso mesmo entregar tudo, Nath?

Ele respirou fundo se mantendo no personagem. Pegou nos ombros dela e falou firme: - Você quer ter uma chance comigo, Melody?

— Eu? Quero! É o que eu mais quero!

— Então me entregue tudo que tem sobre mim, por favor. Diga-me... Para quê precisa ter fotos e coisas minhas se... Se eu estiver com você?

Com essas palavras ela estava convencida de que havia chegado, finalmente, sua grande chance com o Nathaniel.

—Oh, Nathaniel... Tudo que tenho sobre você está na minha casa. Venha comigo e eu te dou tudo que você pedir.

Mais uma vez Nathaniel respirou fundo tomando coragem. Tinha que ser um ótimo ator para permanecer conforme o planejado.

— Vamos então.

Melody se pôs a sorrir descontrolada como se fosse o dia mais feliz da sua vida.

Ambos saíram da escola e foram até a casa dela.

(fim da narração em 3ª pessoa)

...

...

...

Enquanto isso...

Eu, após saber o que Nathaniel faria para recuperar as fotos, decidi acabar com o mal pela raiz. Era hora de perder o medo da desconfiança dos meus pais e confiar mais em mim mesma.

— Pai, mãe... Tenho uma coisa para contar. – Falei ao chegar em casa.

— Você está séria. Parece importante. – Minha mãe comentou.

— É algo grave? – Meu pai indagou.

— Não, não, não é nada grave, nem ruim... Pelo contrário, é uma coisa muito boa. E quero que vocês saibam.

— O que houve, filha?

— Mãe... Pai... – Pensei e procurei as palavras, mas ser direta era o melhor caminho. – Lembram-se do Nathaniel?

— Claro que sim, não é o representante do grêmio da escola?

— Sim, pai. É ele.

— O que tem ele?

—... Ele me pediu em namoro.

Meus pais se entreolharam, mas estranhamente não pareciam tão surpresos.

— Eu já imaginava que isso aconteceria. – Mamãe comentou.

— Como assim vocês já imaginavam? – Estranhei a reação calma deles.

Meu pai suspirou e falou: - Naquele dia em que falei com ele... Percebi que ele sentia algo por você. Algo verdadeiro. ... Ele não te olhava como outros garotos dessa idade olham para as meninas, era como se ele... Se ele gostasse mesmo de você. ... Quando ele te olhava, era como eu quando conheci sua mãe.

Isso me emocionou. Era muito bom saber que meu pai havia percebido os sentimentos do Nathaniel para comigo.

— Então... Vocês dão permissão para que eu o namore?

Meu pai olhou para minha mãe que disse: - Nós achamos que ele gosta mesmo de você. Mas, e você? O que você sente por ele?

— Eu?... – Eu falei o que estava no meu coração. – Eu gosto muito dele também, mãe. Eu... Eu sinto uma coisa quando estou com ele... Que eu não sei nem explicar. Só sei que é como se meu mundo ficasse mais colorido, mais alegre, mais cheio de...

— Amor?

Parei e olhei para minha mãe. Como ela sabia? Como disse exatamente a palavra que eu estava querendo expressar?

— É. Amor. Acha que é isso que sinto, mãe?

— É muito cedo para dizer, filha. Mas, se tem uma coisa que todo mundo sabe é que o que não tem explicação, geralmente é chamado um sentimento inexplicável.

Meu pai continuou:

— Por mais difícil que seja para mim, admitir que você cresceu... Eu não posso negar isso, minha filha. Você está se tornando uma mulher. Eu gostaria muito de parar o tempo para que você fosse para sempre a minha menininha, mas eu não posso... Ninguém pode. Então, já que não posso parar o tempo, espero que você faça o melhor que pode com ele. O tempo é precioso e cada coisa acontece quando tem que acontecer. ... Aquele garoto me contou que você apareceu na vida dele quando ele mais precisava, ou seja, no momento certo. Então, quem sabe, esse não é o momento certo de ele aparecer na sua vida?

Eu estava emocionada e feliz demais pela atitude deles.

— Você acha, pai? Acha mesmo isso? Eu... Estava com medo da sua reação...

— Eu já falei, Anna, difícil para mim é e sempre será. Mas, é como sua mãe diz... Nós te criamos da melhor maneira possível e agora chegou a hora de confiarmos na nossa obra. E nós confiamos em você, minha filha.

— Oh, papai... Mãe... ... Obrigada! Muito obrigada! – Abracei os dois muito forte, agradecida por ter pais tão bons para mim.

Meus medos e angústias haviam ido embora e havia chegado a hora de eu agir a favor do meu amor pelo Nathaniel.

...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Silêncio na Biblioteca!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.