Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 6
Chantagem




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...

Aquilo parecia surreal demais para parecer verdade. Melody estava me ameaçando! Finalmente tinha deixado sua máscara de boazinha cair e mostrado sua verdadeira face.

— Então você quer me chantagear. Posso saber como?

— Você ainda não entendeu ou o quê? Você pode até já ter ido pra cama com o Nathaniel, mas se pensa que vai tê-lo como um troféu está muito enganada. Ele não será seu namorado, ele será meu!

— Que insistência absurda! Pra sua informação, o Nath e eu já estamos juntos desde antes dos ateliês de arte. E ele já me pediu em namoro, tá bom? Portanto, vê se põe uma coisa na sua cabeça, ele não é seu. Não te pertence. E eu não vou me afastar dele só porque você resolveu dar uma de doida obsessiva e psicótica e me chantagear!

Ela me empurrou e eu caí sentada no banco do vestiário. – Você não vai só se afastar como vai terminar com ele.

— Mas você só pode estar louca mesmo! Eu nunca faria isso.

— Nem se eu fizer com que a Peggy publique essas fotos indiscretas de vocês na primeira página do jornal? Todo mundo vai ficar sabendo do seu casinho com nosso querido representante.

— Quê?! E o que você ganharia com isso?

— Bom... Eu não ganharia nada, mas e você? Perderia algo?

As ameaças dela estavam me amedrontando cada vez mais. – D-Do que está falando?

— Eu não sei por que, mas tenho a impressão de que seus pais não sabem do que você anda fazendo no apartamento de um rapaz solteiro, estou certa? – Ela balançou na frente dos meus olhos uma das fotos em que eu estava na varanda com o Nath. – Se essas fotos chegarem às mãos dos seus pais, o que eles vão pensar de você?

Fiquei muito nervosa com essa possibilidade, mas tinha que enfrenta-la. Consegui ser ligeira para pegar a foto das mãos dela e rasgar. Também comecei a rasgar as outras, mas estranhei por ela estar deixando.

— Pode rasgar todas. Acha que eu sou burra? Tenho cópias digitais. Posso reimprimi-las quando quiser, ou simplesmente enviar para quem eu quiser.

— Você não vai conseguir nada com isso!

— Será que não?

— Não estávamos fazendo nada demais!

— Não? Mas, as fotos dizem o contrário.

De fato, nas fotos parecia que estava acontecendo ou havia acontecido algo entre mim e o Nath. As poses eram bem comprometedoras. Não podia negar que se aquelas fotos chegassem às mãos do meu pai ele provavelmente pensaria o pior de mim.

Eu pesei os lados dessa história e de fato quem estava perdendo naquele momento era eu. Se eu não ligasse para as ameaças dela ela enviaria aquelas fotos direto para meus pais, ela tinha acesso aos contatos deles através do grêmio. Também tinha a Peggy que não titubearia nem por um segundo em publicar essas fotos caso chegassem às mãos dela. Eu não podia fazer nada. Pelo menos, não ainda.

— Vamos, eu não tenho todo tempo para perder com você. O que decidiu? Vai fazer o que eu quero ou eu posso espalhar essas fotos por aí e fazer sua reputação virar lixo?

Suspirei pesadamente cerrando os punhos pela revolta que eu estava sentindo.

— O que você quer que eu faça?

— Quero que termine com o Nathaniel. Dê um fora nele.

— Ele não vai aceitar tão fácil.

— Então você vai terminar com ele da pior maneira possível. Ele precisa se desiludir com você para não querer mais olhar na sua cara.

Tive que dar um murro no armário senão seria no meio da cara dela.

— Como posso fazer isso? Não tenho motivo pra terminar com ele! Ele vai sofrer! – Olhei para ela e tentei. – Você quer mesmo que ele sofra, Melody? Você que diz gostar tanto dele...

— Eu amo o Nathaniel!

— Não ama! – Esbravejei. – Quem ama não quer que o outro sofra.

— Se ele sofrer eu vou consolá-lo, por isso quero que você o magoe.

— E você acha que assim, facilmente, vai ganhar o coração dele?

— Eu farei de tudo para ganhar! Tudo!

Ela estava fora de si. Eu dei uns passos para sair dali sem dar-lhe mais importância, mas ela continuou com as chantagens.

— Não saia! Se você se atrever a contar alguma coisa para o Nath, eu espalho essas fotos por toda a cidade!

— Eu não tenho medo das suas ameaças. Faça o que quiser!

Saí. Mas, a verdade era que eu estava amedrontada.

Fui para fora da escola e o Nathaniel já estava lá. Ele veio em minha direção, mas a Melody havia conseguido me deixar tão nervosa que eu não conseguia prestar atenção nele. Tive medo de contar-lhe tudo e ela cumprir tudo que tinha dito.

— Eu estava te procurando, pensei que tivesse ido embora... Aconteceu alguma coisa?

— É... N-Não, não...

— Anna, eu te conheço bem. Você está nervosa.

— É... É que... – Pensei em contar, mas no mesmo instante recebi uma mensagem no celular. Quando olhei, a Melody havia me enviado uma das fotos.

— O que houve? – Nath me perguntou.

Olhei para dentro da escola e a vi me encarando com o celular na mão. Ela estava provando que podia mandar as fotos para quem quisesse, quando bem quisesse.

— Não houve nada, Nath. Não se preocupa.

— Como não vou me preocupar? Você não está bem.

— Eu... Só estou triste por... Por causa do Lysandre ainda. Eu fiquei pensando muito nele nesses dias e... E em como ele poderia recuperar a memória.

— Eu compreendo, também penso muito no Lysandre. Mas, não fique tão triste assim, senão vou acabar ficando com ciúme.

Sorri tentando disfarçar um pouco tudo que estava sentindo por dentro.

— Não há motivos para isso, você sabe.

— Eu sei. – Ele pegou em meu rosto. – E você sabe que eu te amo, né?

Senti uma pontada no peito.

— S-Sim.

— Não vai me dizer nada?

Ele esperava que eu dissesse o mesmo, que também o amo. Mas, eu vi que Melody continuava a nos vigiar, então tranquei as palavras dentro de mim.

— Eu... Eu... E-Eu estou muito cansada, Nath. Vou pra casa.

Notei que ele ficou decepcionado e aquilo partia meu coração.

— Tudo bem. Quer que eu te acompanhe?

— Não. Quero caminhar sozinha.

— Ok. Como quiser. Tchau.

Ele ficou chateado e foi embora. Eu queria correr atrás dele e gritar o quanto o amava, mas não era o momento certo. Reuni todas as minhas forças para voltar para casa sem desmoronar.

Ao chegar, por sorte não havia ninguém. Corri para meu quarto e desabei em lágrimas. Chorei de raiva, de frustração. Não queria acreditar no que estava acontecendo.

Eu não podia com aquilo sozinha. Precisava da ajuda de alguém, alguém que pensasse por fora do problema e me orientasse a uma solução. Logo pensei na Rosalya. Mas, não podia ser ela naquele momento a me ajudar como em tantos outros. Ela já estava passando por muita coisa apoiando o Leigh, o Lys e a família. Meus problemas eram pequenos perto dos deles.

Depois de muita dor de cabeça, pensei na única pessoa além da Rosa que sabia do meu relacionamento com o Nath...

— O Alexy! Claro! Talvez ele possa me ajudar!

Imediatamente liguei para ele e pedi:

— Alexy, podemos nos encontrar? Eu preciso muito falar com você.

— Tá, mas o que foi? Não gostei nada da sua voz.

— Prefiro te contar pessoalmente.

Combinamos de ir ao centro. Ele queria passear pelas lojas enquanto conversávamos.

...

Depois...

— Mas, que descarada! – Ele exclamou revoltado quando lhe contei o que a Melody estava fazendo comigo.

— Eu não sei o que fazer, Alexy. Me ajuda?

— Claro que te ajudo! Mas, me fala uma coisa... Não rolou nada mesmo entre você e o Nath lá no apê?

— Não! Eu já disse, nós... Nós ficamos namorando sim e... Faltou pouco para... Para termos algo mais íntimo, sabe, mas não chegamos a isso.

— Tá. Mas, essas fotos são mesmo tão comprometedoras? Digo, parece que estava rolando alguma coisa?...

— Olha. – Mostrei a que ela tinha me mandado no celular. – Essa é só uma das fotos que ela usou para me chantagear.

Era a foto do momento em que eu estava na varanda de costas para o Nath e ele abraçado a mim beijando meu pescoço.

— Oh! Nossa! É... Realmente parece que vocês iam transar.

— Alexy! Isso não aconteceu.

— Tá bom, eu acredito, amiga! Mas, para ser sincero, acho difícil os outros acreditarem que não houve nada se vissem isso.

— Eu sei, principalmente o meu pai. É disso que tenho medo, Alexy, que ela cumpra essa ameaça absurda e mande essas fotos para ele. Ele é muito desconfiado, não vai mais ter confiança nenhuma em mim.

— Calma, vamos dar um jeito.

— Como? Se meu pai ver isso é capaz de não me deixar sair mais de casa. Vai pensar que tudo o que o Nath contou para ele era mentira.

— O que o Nath contou a ele?

— É que eu estava de castigo por ter saído sem permissão para um jantar com o Nath, a Rosa e o Leigh.

— Hum... Um jantar entre casais?

— Mais ou menos. Eu ainda não estava namorando o Nath, mas havia confessado a Rosa que eu estava apaixonada por ele. Ela teve a ideia do jantar para nos aproximar mais.

— Deu certo, né? Eu sempre disse, a Rosa é a rainha dos planos mirabolantes.

— Ela é ótima, mas não podemos falar com ela sobre isso, ela já está passando por muita coisa nos últimos tempos.

— É, não deve estar sendo nada fácil para ela também.

— Pois é. Nessa noite do jantar meus pais tinham ido à casa da minha tia e eu fingi que não estava me sentindo bem para poder ficar em casa. Só que eu saí escondida e fui ao jantar. Acabou demorando mais do que eu pensava, e quando eu voltei para casa acompanhada do Nath, meus pais me pegaram.

— Xi! Imagino a bronca que te deram.

— Foi péssima. Meu pai expulsou o Nathaniel e depois me pôs de castigo. Eu só podia ir da escola pra casa. Fiquei morrendo de vergonha de falar com o Nath de novo, mas, para minha surpresa, ele se declarou naquele dia que você nos viu na biblioteca.

— Ah, que lindinha a história de vocês!... E como você saiu do castigo?

— No dia do acidente do Lysandre, quando estávamos todos do lado de fora da escola, meu pai quis conversar com o Nath. Ele pediu desculpas pelo comportamento do outro dia e o Nath contou como eu o ajudei com a história do pai dele.

— Ele contou tudo a seu pai?

— Contou. Contou como eu planejei dormir na casa dele para descobrir sobre as agressões, como denunciei o pai dele com a ajuda do Lys e até como o Castiel o aconselhou a pedir a emancipação.

— Nossa! Ele falou tudinho mesmo.

— Você tinha que ver como meu pai ficou orgulhoso de mim enquanto o Nath me elogiava e dizia que eu havia mudado a vida dele. Alexy, eu não quero perder esse orgulho. Não quero que percam toda a confiança em mim, que pensem que tudo não passou de uma mentira do Nathaniel para me livrar do castigo e ficarmos juntos.

— Calma! Não se preocupa, vamos pensar em algo para tirar a Melody do seu caminho.

— Eu já pensei muito, mas não sei como. Ela disse que se eu contasse tudo ao Nath ela mandaria as fotos para todos no mesmo instante.

— Hum... Temos que dar um jeito de tirar essas fotos dela.

— Ela tem cópias digitais, ela me disse!

— Tem que haver uma maneira!

— E enquanto procuramos essa maneira, o que eu faço?

— Por enquanto... Trate o Nath igual. Se a Melody reclamar, diga a ela que precisa de um tempo para encontrar um motivo para terminar com ele.

— Não sei se ela vai aceitar. Acredita que ela quer que eu o faça sofrer para ele poder consolá-lo!

— Só pode ser piada. Que garota mais insana! Viu? Por essas e outras que eu não gosto de mulher.

Só o Alexy para me fazer rir numa hora dessas.

Combinamos de pensarmos juntos numa solução. Ele me garantiu que ia ter uma boa ideia. Ele é ótimo, eu precisava confiar nele.

...

No resto do dia o Nath não me ligou nem me mandou mensagens. Provavelmente estava chateado por eu ter sido tão fria com ele na saída da escola. Além de triste com isso eu estava também muito nervosa. Cada vez que o celular de um dos meus pais tocava eu ficava tensa esperando se não seria a Melody cumprindo sua ameaça.

— Você está bem, filha? – Minha mãe perguntou.

— E-Estou. Por quê?

— Estou te achando nervosa hoje. Está preocupada com alguma coisa?

— Não... Quer dizer, sim. É por causa do Lysandre, o meu amigo que está no hospital. – Eu precisava desviar a atenção com outro assunto, mas não deixava de ser verdade, eu também pensava no Lysandre.

— Como ele está?

— Está fora de perigo, mas o estado ainda pode ser considerado grave, pois ele perdeu a memória.

— Puxa! Deve ser terrível se esquecer de todo mundo!

— Ele não esqueceu tudo. Ele perdeu só as memórias mais recentes, de alguns meses atrás. Ele reconheceu a mãe, o irmão, a minha amiga Rosalya que é namorada do irmão dele...

— Então ele reconheceu bastante gente.

— Mas, como eu disse, ele perdeu as memórias recentes. Por exemplo, ele sabia que conhecia a Rosalya, mas não lembrava que ela era a namorada do irmão.

— Que coisa!

— É complicado. Dos nossos colegas ele reconheceu apenas o Castiel que é o melhor amigo dele e o Nathaniel que é o representante do grêmio e provavelmente foi a primeira pessoa que ele conheceu na escola.

— E você ele reconheceu?

— Não. Infelizmente o Lysandre não lembra quem eu sou.

— E você está triste por isso, não é?

— Também. Q-Quer dizer, estou, por isso... E também ele não se lembra de mais ninguém que ele conheceu há menos de um ano, mais ou menos.

— Coitadinho. Deve ser bem difícil para todos.

— Pensando bem, acho que é mais difícil para ele saber que esqueceu os amigos do que para nós.

Estávamos assistindo TV após o jantar quando meu celular tocou. Atendi rápido, mas me tranquilizei ao ver que era o Alexy.

— Licença, vou atender no quarto.

...

— Oi, Alexy!

— Oi! Adivinha! Eu andei tendo umas ideias aqui e acho que sei como resolver seu probleminha com a Harmony.

— Com quem? Ah, a Melody...

Ele riu do outro lado.

— Ai, você e o Armin têm essa mania de trocar os nomes.

— Foi bom você mencionar o Armin. O plano inclui a participação dele.

— Que plano?

— O plano para tirar a Melodíade do seu caminho.

— Melodíade? Bom, deixa pra lá. Como assim o plano inclui o Armin? Você contou tudo pra ele?

— Mais ou menos. Você vai saber na hora certa.

— E quando será essa hora certa?

— Você saberá quando for. Apenas tenha paciência e confie em mim. Até amanhã.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...



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