Silêncio na Biblioteca! escrita por Lil Pound Cake


Capítulo 2
O pedido




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Saímos da escola e fomos até perto do parque para ter certeza que ninguém iria nos ver.

— Bom... Até amanhã. – Ele parou e pegou em minha mão para se despedir.

— Até amanhã.

— Queria te acompanhar até em casa, mas...

— Nath, eu também queria muito, mas não vai ser fácil falar com meu pai. E agora que estou de castigo, muito menos. Ele vira um perseguidor implacável quando me vê com algum rapaz e ele já me viu muitas vezes com você.

— Eu sei. Quando fomos ao pet shop, por exemplo...

— É. Teve também a corrida de orientação. Faz tempo, mas eles lembram que eu estava com você quando me perdi na floresta.

— Nos perdemos, hein? Não foi de propósito, embora pareça.

— Eu sei que não. Mas, não é só isso... Tem também uma... – Fiquei tímida para contar, mas acabei contando. – Tem uma foto sua que eu guardo na minha cômoda e minha mãe achou...

— Uma foto minha?

— Pois é. Faz tempo que eu tenho, foi a Rosalya que me deu depois que eu ajudei ela e o Leigh a se reconciliarem.

Nath sorriu meio perdido com as informações.

— Espera, como? Você pediu uma foto minha a Rosalya?...

— Não. Ela tinha algumas fotos que ela disse que tirava dos rapazes da escola sem que vocês vissem. Ela fazia isso há meses, o Castiel até tinha cabelo preto ainda.

— Ah, ela tinha fotos de todos? – Ele cruzou os braços. – Você ficou com uma foto do Castiel também, por acaso?

Olhei para ele sem acreditar na sua reação. – Ei! O que é isso? Não me diga que é ciúme...

Ele corou. – Quê? Imagina! Eu, com ciúmes do Castiel? Por favor...

Eu só podia rir. Peguei em seus braços e falei:

— Nath, Castiel e eu não temos nada a ver. Nunca me interessei por ele. E não peguei nenhuma outra foto, tá? Só a sua.

— Mesmo?

— Mesmo.

— Mas... Por quê? Ainda não entendi.

— Bom, a Rosalya tinha apenas três fotos, uma sua, uma do Castiel e uma do Lysandre. Como eu havia ajudado o Leigh a se reconciliar com ela, ela me deu um vestido como agradecimento e uma das fotos que ela me mandou escolher. Aí eu escolhi a sua.

— Eu lembro quando eles estavam brigados e o Leigh apareceu na escola. Fazia pouco tempo que você estudava lá. Espera, então... – Ele ruborizou. – Desde aquela época você gosta de mim?

O que eu poderia responder? Não havia resposta para aquilo, eu realmente não saberia dizer quando comecei a me apaixonar pelo Nath.

— E-Eu... Eu não sei, Nath. Eu só escolhi. Acho que... Desde que eu te vi, sei lá... Foi como se os outros garotos não tivessem importância. Ninguém tinha a mesma simpatia, a mesma beleza nem a mesma inteligência que você. Acho que... Talvez você faça meu tipo.

Ele riu e me abraçou. Acho que gostou do que eu disse.

— Então, vamos? – Ele pegou na minha mão. – Está ficando tarde e eu preciso dar a comida da Branca.

— Você vai me acompanhar?

— Vou. Se você não quiser que eu apareça na frente da sua casa, eu vou com você até o final do parque, pelo menos.

Soltei a mão dele. – Nath, acho melhor não. Mesmo não indo até minha casa meus pais podem me ver com você e eu não quero dar mais motivos para eles desconfiarem de mim, nem brigarem comigo de novo. – Definitivamente, tenho que deixar de ser tão medrosa.

— Eu sei, eu sei, eu entendo. Mas, isso não é justo.

— Eu também não acho justo, estou cansada, mas quero recuperar a confiança dos meus pais. Só assim vamos poder conversar abertamente.

— Eu compreendo. É que eu quero tanto ficar com você. – Ele pegou de novo em minhas mãos e fez uma carinha de gatinho sem dono que quase me ganhou, mas eu resisti.

— Oh... Eu também! Não sabe o quanto. Mas, teremos a oportunidade de ficarmos a sós de novo.

— Espero que sim. – Nath ficou pensativo sem soltar minha mão.

— O que foi?

— Nada, só estava pensando que... Bom, nós podemos criar as oportunidades.

— Como assim?

— Por exemplo... Você ainda não conheceu o meu apartamento.

—... Isso é um convite?

— É sim.

Nossa! Nathaniel estava me convidando para ir ao apartamento dele. Eu nem sei dizer quantas coisas vieram à minha cabeça e meu coração deu um salto.

— E-Eu...

— Eu acho que não fui muito sutil, não é? – Ele sorriu sem jeito.

— Não... Você só me pegou de surpresa.

— Mas... Você gostaria de ir?

— Eu gostaria muito, mas esqueceu do meu castigo? Não posso sair para outro lugar além da escola.

— Ah, é mesmo! Que pena! – Ele suspirou. – Bom, então, daremos um jeito de ficarmos a sós. Te vejo amanhã?

— Com certeza.

Nos beijamos mais uma vez, nos despedimos e cada um foi para sua casa.

Não sei por que, mas durante todo o caminho me senti observada. Eu andei mais rápido e cheguei em casa ofegante. Ainda bem que meus pais não haviam chegado ainda, eu queria ao máximo evitar perguntas.

A primeira coisa que fiz ao entrar em meu quarto foi olhar pela janela para ver se não tinha ninguém me seguindo. Não vi ninguém, mas mesmo assim eu estava com um mau pressentimento. Só que eu não ia deixar que isso fosse maior que a felicidade que eu estava sentindo. Me joguei na cama e tudo que eu havia acabado de viver com o Nath foi passando como um filme em minha cabeça. Eu sorria feito uma boba relembrando seus beijos e como tudo agora parecia mais leve, mais bonito. Nem o castigo, nem meu pai, nem a Melody, nem nada do que havia acontecido antes era importante. Saber que o Nath estava apaixonado por mim tanto quanto eu por ele me fazia ter uma nova perspectiva, me fazia sonhar e voar para longe.

Nessa mesma noite fui mais gentil em casa. Ajudei a pôr a mesa, a lavar a louça, arrumei meu quarto. Meus pais acharam que o motivo de eu estar tão prestativa era porque eu queria que eles aliviassem o castigo. A verdade era que eu estava tão contente que tinha disposição de sobra para fazer as coisas.

Antes de dormir, enviei uma mensagem de boa noite para o Nath. Alguns minutos depois recebi de volta uma mensagem com um gatinho me desejando boa noite. Morri de amores! Até esse dia eu não sabia o quanto eu adorava gatos! Principalmente, um gatinho loiro muito especial...

...

...

No dia seguinte...

Na escola, fiquei sabendo finalmente do que se tratava a reunião que perdemos. Haveria uma oficina de arte na escola com um professor australiano vindo especialmente para isso. Pelo jeito era importante. Consegui ficar no mesmo grupo que o Nath, mas, infelizmente, a Melody também conseguiu.

...

Horas mais tarde...

Estávamos tirando algumas fotos para a oficina de arte. Nosso grupo havia ficado com a fotografia e, no tema dos pecados capitais, ficamos com a inveja.

Esse tema instigou a Peggy, que também estava no grupo, a tirar umas fotos da Melody sem que ela soubesse, já que ela não parava de olhar para o Nath e para mim, claramente morrendo de inveja pela nossa “aparente” aproximação.

Antes de começarmos, Nath e eu combinamos de esconder nosso relacionamento por enquanto. Apenas Alexy ficou sabendo, e Rosalya porque o Alexy contou. Já tínhamos nossos próprios problemas para nos preocuparmos com a opinião dos outros, ainda mais com uma possível ceninha da Melody e a intromissão da Peggy.

Em certo momento, Peggy já tinha fotos suficientes para o que ela queria e nos dispensou. A diretora chamou o Nathaniel para ajudar com algo e eu saí do porão, onde se encontrava nosso ateliê, junto com a Melody.

— Eu acho que vou ver o que a diretoria quer com o Nathaniel. Talvez eu possa ajudar. – Ela disse. Claro que ela só queria perseguir o Nath como sempre. Eu não podia deixar.

— Melody, acho que se a diretora quisesse dois representantes ela teria te chamado, não?

— Não sei. Talvez. – Falou tentando controlar a raiva, pois sei que nesse momento ela ficou com ainda mais raiva de mim.

— Bom, eu vou lá pra fora, não temos mais nada que fazer aqui. – Claro que eu queria ficar esperando o Nath, mas ela não ia dar trégua. Eu precisava despistá-la.

— Vá. Eu vou ao grêmio de qualquer maneira.

Ela se dirigiu ao grêmio e eu tratei logo de mandar uma mensagem para o Nath torcendo para que ele visse.

“Melody tá indo”. – Foi tudo que consegui escrever antes que ela entrasse no grêmio.

Eu passei pelo corredor e fui para a porta. De lá pude ver quando ela saiu. Parecia procurar alguém. Sem dúvida, o Nath.

Fui ao portão, mais tranquila por ela não tê-lo encontrado, mas eu não via a hora de ele sair. De repente senti alguém me puxar em direção ao clube de jardinagem. Quando olhei...

— Alexy! O que é isso, vai me sequestrar?

— Vou!

— Hã?

— Tô brincando, sua boba! Mas, na verdade vou sim te levar para um lugar.

— Pra onde?

— Você vai ver.

— Mas...

— Nada de mas. Não quero mais uma palavra.

Alexy saiu me puxando para fora da escola em direção à lanchonete e eu ainda tentando argumentar.

— Alexy, eu queria ficar lá esperando o Nath...

— É por isso mesmo que estou te levando.

— Quê?

— Vem e você vai ver.

Chegamos à lanchonete, entramos e ele me mandou sentar.

— Por que você me trouxe até aqui?

Ele sentou na minha frente e me explicou.

— Saiba que foi o seu namorado que me pediu pra te trazer aqui.

— O Nath?

— Claro! A não ser que você tenha outro namorado?

— Claro que não! Aliás, eu nem sei se o Nathaniel já é meu namorado...

— Como não? Ele ainda não te fez o pedido? – Tive a impressão de que Alexy perguntava algo que já sabia.

— Não, ainda não...

— Espere e verás.

— Alexy, do que você tá falando?... – Antes que ele me falasse algo vi alguém adentrar a lanchonete e dar um belo sorriso assim que nos viu.

— Oi! Que bom que já chegaram! – Nath parou atrás do Alexy.

— Nath? O que tá acontecendo? – Perguntei. Eu não estava entendendo nada, mas ele me falou:

— Eu recebi sua mensagem. Achei engraçado você me avisar que a Melody estava indo atrás de mim. Eu não estava no grêmio, estava na sala dos professores e vi quando ela entrou lá. Assim que fiz o que a diretora queria eu vi o Alexy e pedi para ele te tirar da escola discretamente e te trazer para cá enquanto eu despistava a Melody.

— Ah! Então foi isso?...

— Sim. Hoje tivemos muito trabalho e eu só queria passar um momento tranquilo com você, a sós.

Alexy levantou. – Ok, entendi. Vou deixá-los enfim sós. – Puxou a cadeira. – Aqui, Nath, esquentei o lugar para você.

Nath se sentou. Alexy, então, pegou nos ombros dele e cochichou algo. Nath riu e falou:

— Não se preocupe, Alexy, eu pretendo fazer isso sim.

Fiquei curiosa. – Fazer o quê?

Alexy só me disse: - Amiga, aproveita! – E foi embora. Nath riu e contou:

— Ele disse que era para eu te pedir em namoro de uma vez por todas.

Meu coração disparou.

— E é claro que eu já ia fazer isso. – Ele pegou firme em minha mão e me olhou nos olhos. Com a voz suave e serena, começou:

— Anna... Eu gostaria de te dar um anel, mas não tenho nada a oferecer. Nada além do meu coração. E se você aceitá-lo, ele é todo seu. Aceita namorar comigo?

Ouvir aquelas palavras saindo de sua boca me fizeram estremecer. Meu coração acelerou cada vez mais e eu não pude conter as lágrimas que encheram meus olhos turvando minha visão daquele rosto lindo.

— Eu... Eu aceito. Eu aceito, claro que aceito. É o que eu mais quero!

Ele beijou minhas mãos e eu beijei as dele, chorando. Ele acariciou meu rosto enxugando minhas lágrimas.

— Não chora...

— É de felicidade, Nath.

Ele apertou minhas mãos e se curvou na mesa para me beijar.

— Sabe, Anna, eu também estou emocionado. Acho que mais que você. – Me beijou e se sentou de novo. Olhei para ele e vi uma lágrima rolar em seu rosto.

— Nath!... Você também está chorando? – Acariciei seu rosto. Ele parecia conter uma emoção muito grande, a qual desabafava aos poucos pela primeira vez.

— Anna, quando eu morava com minha família, na maior parte do tempo eu me sentia sozinho naquela casa enorme, quase vazia. Ambre e eu nunca tivemos nada em comum para conversar, e meus pais, você sabe. ... Desde que moro sozinho, no meu próprio apartamento, eu sou outro homem. Eu me sinto, finalmente, dono da minha própria vida. E você foi a grande responsável por isso.

— Só fiz o que era preciso, Nath. Eu precisava te ajudar. Mas, não se esqueça que eu não fiz tudo sozinha.

— Eu sei. Já admiti que a ajuda do Lysandre foi essencial e a dica do Castiel sobre eu pedir a emancipação também foi, surpreendentemente, eficaz para mim. Quem diria, né?

— Pois é! As surpresas vêm de onde menos se espera.

— Sim, eu aprendi isso com você. Você é minha maior surpresa. Sabe... Antes de você fazer tudo que fez por mim, eu não me sentia amado... Por ninguém. ... Mas... O amor é algo diferente, né?... É inesperado. Acredito que a gente encontra o amor quando e onde menos se espera. – As lágrimas rolavam em seu rosto enquanto ele me falava e eu não conseguia parar de olhar para ele e chorar junto.

— E agora? Como se sente?

— Agora? – Ele me olhou nos olhos, mordeu os lábios sorrindo, e disse o que eu menos esperava: - Agora eu estou te amando. Agora eu sei o que é sentir o amor que você já provou ter por mim. E quer saber? Eu também tenho por você. Não sei se é cedo pra te dizer isso, Anna, mas eu preciso falar... Eu te amo.

...


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Notas finais do capítulo

Continua...

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