Let me know escrita por Miss Fuck You


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é bem curtinho, mas espero que vocês gostem dele.

https://www.youtube.com/watch?v=Cmhca-ROWwQ



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Observei a gota escorrer pelo copo plástico até chegar à mesa, eu provavelmente nunca mais voltaria aquela cafeteria. Percebi que eu estava calada a muito tempo, Yoongi ainda estava sentado na minha frente, ele me olhava de um jeito ansioso, talvez esperando alguma reação minha, talvez estivesse preocupado que eu fizesse algum tipo de escândalo. Não pude deixar de sorrir imaginando o que ele poderia fazer caso eu resolvesse fazer isso.

—Certo. – respondo ainda sorrindo. – Não é como se fossemos adolescentes… sabemos bem que amores começam e acabam… - divago, meus olhos ainda estão no copo de suco na minha frente, mas arranjo forças para o olhar nos olhos. – Vamos terminar. – ainda estou sorrindo, ainda estou aguentando firme, ele ainda está calado, ainda me olhando fixamente. – Eu preciso encontrar meu irmão agora. – digo olhando para o meu celular. – Acho que nos vemos por aí. Tchau Suga! – me despeço já me levantando, sem olhar para o seu rosto pego todas as minhas coisas e saio da cafeteria.

Percebi quando já estava lá fora que tinha deixado meu suco em cima da mesa, soltando um suspiro pego meu celular, eu de verdade precisava saber como meu irmão estava, ele tinha ido para o seu curso e saído com alguns amigos pra um lugar que ele não conhecia, eu sabia que eles o levariam de volta, mas ainda sim estava preocupada.

Nem se quer precisei enviar a mensagem, enquanto caminhava escutei o mesmo me chamando. Ele estava com dois garotos que pareciam ser coreanos. Ele me explicou que seus amigos do curso não puderam sair hoje, mas que acabou encontrando seus amigos da escola.

—O que você está fazendo aqui? Trabalho? – ele estava melhorando bastante no coreano.

—Sim… Já acabei por hoje, estava indo pra casa. Para onde vocês vão agora? – perguntei olhando para os três.

—Só… andar por aí. – Gustavo fala antes dos outros. Aí tem! Deve estar aprontando alguma coisa. O olhei de forma desconfiada, mas deixei passar, fazia muito tempo que ele não conversava com pessoas da sua idade, que não fazia nenhuma arte.

—Okay. Me avise se precisar de ajuda pra voltar pra casa.

—Aly… você é mais perdida do que eu nessa cidade. – ele diz de forma séria, mas depois começa a rir, o que faz com que os dois amigos dele também deem risada, pelo jeito ele já andou comentando de mim e a minha falta de senso de direção.

—Pode deixar que a gente leva ele até em casa Noona. – um deles me diz, antes eu ficaria chocada com alguém me chamando de noona, achava que só mulheres velhas eram chamadas assim, mas já estava até me acostumando com isso.

—Obrigada crianças. – sorrio para eles.

Eles decidem ficar comigo até meu ônibus chegar. Os dois estavam tímidos no começo, mas logo foram se soltando e contando histórias do Gustavo na primeira semana de aulas, mesmo envergonhado com as histórias, Gustavo estava rindo junto, o que me fez muito feliz, já fazia um longo tempo que eu não o via rindo tanto e tão sinceramente.

Quando eu cheguei em casa, tirei meus sapatos calmamente, guardei delicadamente meus equipamentos em seu devido lugar na sala, fui até meu quarto, tranquei a porta atrás de mim e só então me permiti sentir toda a dor, toda a raiva, toda a magoa.

Eu merecia mais do que um simples vamos terminar. Ele simplesmente sentou na minha frente, pediu o seu estúpido café e ficou longos e penosos minutos apenas calado e me assistindo desesperadamente tentar mudar o clima e falar sobre coisas aleatórias, bobas e alegres. Ele ficou apenas me assistindo me fazer de idiota e só disse para terminarmos.

Deus! Como eu sou estúpida!

Perco as forças das minhas pernas e escorrego até o chão, abraço meus joelhos e deixo as lágrimas tomarem seu caminho para fora de mim, assim como o grito que rompe e fere a minha garganta.

—VOCÊ É UM GRANDE BABACA MIN YOONGI! – grito com todas as minhas forças e volto a chorar.

Eu fui sincera quando disse que amores acabam e terminam, eu não era mais uma adolescente, eu sabia que terminar um namoro não era o fim do mundo, eu sabia que me apaixonaria novamente por outra pessoas, que essa dor logo passaria.

Mas inferno! Aquilo estava doendo mais do que eu esperava.

*******

Eu me pergunto porque estou me torturando desse jeito? Porque estou olhando para as suas fotos?

Certo… eu tinha um prazo a cumprir e as suas fotos eram as únicas que faltavam.

Vamos ser forte Alysson! Você consegue fazer isso! Seja uma profissional, você está na última foto. Pode ter desabado e chorado vendo outras fotos, mas essa é a última. Você vai conseguir terminar essa última foto sem chorar, então vai salvar todo o trabalho e ir entregar esse arquivo na empresa em que ele trabalha.

Porque eu não posso enviar por email? Suspiro para mim mesma. Eu teria de ir a uma reunião… ele estaria lá.

Já se passaram duas semanas! Você precisa superar isso!

Deu um tapa na mesa e acabo assustando o Gustavo que estava sentado no sofá mexendo no celular, ele solta um palavrão e deixa cair o celular. Eu se quer o repreendo por falar um palavrão, estou muito focada em me preparar mentalmente para o ver.

Eu preciso trocar de roupa… e tomar um banho, eu realmente preciso de um banho… e levar o cabelo. Me levanto determinada e vou em direção ao banheiro, como quem caminha para um missão de vida ou morte.

Talvez eu tenha soltado algumas lágrimas durante o banho, mas isso pode ter sido por culpa do shampoo. De toalha, paro em frente ao meu guarda roupa e olho as minhas roupas, preciso de algo que mostre que estive bem durante essas duas semanas, mas não algo que mostre desespero.

—Definitivamente mostra desespero. – falo pesarosa para o meu reflexo, eu havia vestido aquele vestido estúpido branco e rendado. Qual era o meu problema, eu iria casar ou o quê?

Olhei a hora, estava quase na hora da reunião, não dava mais tempo de trocar de roupa, pego a minha bolsa com o netobook e o cartão de memória com as fotos já tratadas, minha carteira, fico parada um momento tentando me lembrar se peguei tudo o que preciso. Olhei para meus pés… sapatos que funcionem com esse estúpido vestido.

Meio desesperada procuro em meio aos meus sapatos algo que sirva, acabo achando uma bota de cano baixo, bege e com salto. Isso traz um sorriso para o meu rosto e até um pouco do gostinho de vingança. Pode ser infantil, mas eu sinto como uma vingança, tenho quase a mesma altura que o Yoongi, o que me fez evitar saltos por todo o tempo que estivemos juntos.

Dentro do táxi não sei o que fazer com minhas mãos, elas estão suando e meu coração está disparado. Minha situação só piora quando chego na empresa, mas quando entro na sala de reuniões, nenhum dos meninos do bangtan está lá. Me sinto um pouco decepciona e um pouco aliviada. Foi melhor assim.

A reunião termina, eles conversa sobre futuros projetos, para o seu comeback, querem que eu faça as fotos. O mais delicadamente que consigo rejeito a proposta, digo que estou muito ocupada e que infelizmente não poderei me comprometer com eles. Eles parecem decepcionados, mas não insistem no assunto.

Eu consegui sobreviver a essa reunião, consegui olhar para as fotos em que ele aparece, eu consegui. É o que estou pensando estupidamente quando praticamente esbarro em cima dos meninos, bom… em cima de Jin pra ser mais precisa, ele me segura antes que eu caia de cara no chão.

—Obrigada. – o agradeço sorrindo, ele dá um sorriso fraco em resposta.

Meu olhos se movem por conta própria e pare até onde ele está em pé, me encarando surpreso, eu quase não o reconheço, meu sorriso morre quando me dou conta do seu estado, se antes pensava que ele era magro… não era nada comparado com o quão magro ele estava agora, além de olheiras enorme e escuras e uma barba grande e desleixada. Eu devo o ter encarado por muito tempo, ele desvia seus olhos e parece incomodado com meu olhar, Jimin passa um braço por seu ombro e começa a andar com ele. Sinto meus olhos arderem, o que aconteceu com ele? Tenho de morder minha língua para não perguntar, eu apenas continuo o olhando se afastar de cabeça baixa junto de Jimin.

—Desculpa. Eu… eu tenho de ir. – digo para os outros tentando ao máximo esconder as lágrimas que escaparam de mim.

Praticamente corro para fora da empresa. Aqui estava eu desesperada tentando parecer bem e feliz enquanto ele estava naquele estado. Tão estúpida! Tão idiota!

Me sinto pior do que lixo, na minha mente fica se repetindo a imagem dele naquele estado. O que aconteceu com ele? O que poderia ter acontecido para ele ficar naquele estado? Eu deveria ligar para ele? Deveria voltar e perguntar como ele está? Ou simplesmente deveria ir embora e fingir que não vi nada?

Não. Eu nunca conseguiria fazer isso. Não é só porque terminamos que eu não me importo mais com o que acontece com ele. Pego o meu celular e aperto em seu nome, o celular apenas chama, mas ninguém atende. Fico parada na frente da empresa, indecisa sobre o que fazer, será que ele estava com seu celular e simplesmente decidiu me ignorar? Será que ele não queria me ver? Afinal foi ele quem terminou. Ele pode não querer me ver… muito menos contar os seus problemas.

Respiro fundo e tento me acalmar, tentaria ligar outra vez, se ele quisesse falar comigo ele atenderia. Estico meu braço quando vejo um táxi se aproximando, depois de falar meu endereço me deixo afundar no banco e as lágrimas voltam com mais força.

Algumas horas depois eu liguei, mas ele não atendeu, na verdade ninguém do bangtan me atendeu. Então era isso, ele não queria me ver ou falar comigo e definitivamente ele não queria que eu soubesse de seus problemas.

Inferno! Aquilo doeu pra caralho.

Deixando de lado toda a questão de namoro e término… pensei que talvez pudéssemos ser amigos. Não terminamos de forma horrível a ponto dele não querer falar comigo e fazer com que todos os seus amigos não falassem comigo também.

Engoli, mas o caroço ainda continuava na minha garganta.

Eu não só havia perdido o namoro, como também as pessoas que chegaram mais próximas de serem meus amigos em anos.

Uma meia risada e soluço e escapa de mim, e novamente eu estou desabando. Não é um choro bonito, é um choro alto, cheio de soluço e dor, meu coração estava se partindo mais ainda, eu não sabia que era possível se quebrar ainda mais.


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