Outside Plans escrita por Sany


Capítulo 4
Capitulo 03.


Notas iniciais do capítulo

Boa noite...



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Evitar Peeta Mellark acabou sendo mais fácil do que eu pensei que seria naquela manhã quando saí do apartamento dele em direção à casa da minha mãe. Talvez eu tenha me precipitado pegando primeiro voo naquela manhã, antes mesmo de me despedir da minha irmã que, partiria para lua de mel naquela tarde. Ainda assim, meu contato com o loiro depois do acontecido foi quase nulo após o casamento. Por sorte consegui um trabalho que ocupava grande parte do meu tempo e não pude ir a Twelve Valley no verão, nem nas comemorações daquele ano. E, por mais que detestasse ter que passar o dia de ação de graça e o natal longe da minha irmã, principalmente por ter descoberto que seria tia outra vez em meados de outubro, acabei me sentindo aliviada em não encontrar o loiro.

Quando Rose fez quatro aninhos na primavera seguinte fui rapidamente a festinha dela e evitei ao máximo o loiro que, por sorte não veio até mim mantendo uma distância considerável entre nós. Ainda assim, não quis abusar da sorte e logo após os parabéns me despedi de todos rumo ao aeroporto usando a desculpa do trabalho.

Claro que, após o nascimento da minha sobrinha em maio daquele ano, pouco mais de um mês depois das bodas de papel da Prim e do Luca - também treze meses após aquela noite no apartamento do loiro - não tive como fugir dele ao encontra-lo no corredor do hospital onde fui visitar a mais nova integrante da família. Nos olhamos por um tempo quando nos vimos e agradeci muito por ele estar com Rose naquele momento, nunca fiquei tão feliz em ouvir sobre princesas e bonecas na minha vida. Claro que, Prim que já estava me cobrando uma visita descente como ela mesmo dizia aproveitou a ocasião para deixar marcado minha presença no feriado seguinte. Então sem outra escolha acabei indo passar o feriado de quatro de julho na minha cidade natal acabando com o que restava da minha sorte.

Diferente de mim Prim sempre adorou pequenas e grandes comemorações. Minha irmã sempre gostou de ter pessoas queridas ao redor e mesmo com um bebê de quase dois meses em casa ela fez questão de preparar um churrasco para comemorar após o desfile que acontecia todo ano na cidade. Twelve Valley era uma cidade pequena e um tanto rural ainda sim como todo o país ficava realmente festiva no dia da Independência. Tenho que admitir que apesar de tudo a cidade ficava ótima nessa época do ano. Havia o show perto do lago sempre com cantores locais, o desfile no centro da cidade e claro, as apresentações das escolas e como aquele ano Rose havia entrado no primário ela fez minha irmã chorar enquanto via a pequena no palco do colégio.

Durante as festividades eu realmente havia conseguido me manter afastada do loiro que estava junto aos irmãos e sobrinhos quase que o tempo todo, mas quando todos se dirigiram para casa da minha irmã as coisas ficaram um pouco mais complicadas. A casa que Prim estava morando não era pequena ainda sim todos estavam reunidos no jardim do fundo onde Luca estava tentando manter a churrasqueira funcionando e como o espaço não era muito grande meu olhar se encontrou com o azul dos olhos dele diversas vezes durante as últimas horas.

— Rose estava tão linda hoje. –  era incrível como Prim tinha um brilho nos olhos quando falava das filhas – Espero que Luca tenha conseguido alguma foto boa, mas confesso que não acredito que tenham muitas. Como fotógrafo meu marido é um excelente administrador. – brincou enquanto pegava uma travessa na geladeira e colocava em cima do balcão da cozinha.

— Você parece feliz. – comentei me recostando no armário feliz por estar longe do loiro.

— Como nunca estive antes. – quando soube da gravidez inesperada dela aos dezessete anos pensei diversas coisas, incluído que minha irmã acabaria como nossa mãe lamentando as coisas que não poderia fazer, porém Prim desde o início surpreendeu a todos principalmente com a decisão de ter o bebê a assumi-lo sozinha já que, ela nunca nos contou quem era o pai biológico da Rose, e isso gerou muitas discussões na época – Aliás tenho algo que queria muito mostrar a você, vem comigo – ela me arrastou para o andar de cima em direção ao quarto do casal e foi em direção a uma gaveta dentro do armário tirando de lá uma pasta de documentos. Ela separou um deles e me estendeu em seguida. Olhei rapidamente o papel em minhas mãos e vi que era o registro de nascimento da minha sobrinha.

— É a documentação da Rose, o que tem demais?

— Olhe direito. – olhei novamente e assim que comecei a ler o nome da minha sobrinha notei que ao invés do sobrenome Everdeen que esteve lá pelos últimos quatro anos, estava Everdeen-Mellark. Corri meus olhos rapidamente para a filiação e onde antes estava pai desconhecido pude ler o nome completo do Luca. – O Luca agora é pai dela! Não que não fosse antes, mas agora ele é de todas as formas legais, ele a adotou.

— Que bom Prim!

— Foi um processo longo, mas ele fez questão disso e eu não poderia estar mais feliz com isso. Entramos com o processo assim que nos casamos, mas existe todo um processo legal a se seguir e essa semana enfim fomos ao cartório para emitir a nova certidão de nascimento dela. Ela está tão feliz, Katniss. Está louca para aprender a escrever o novo nome com o sobrenome do papai.

Quando Prim contou estar namorando o irmão do melhor amigo fiquei realmente apreensiva, eu não o conhecia e minha opinião sobre Peeta não era das melhores, ainda sim logo que fui apresentada a ele o moreno conquistou um pouco mais da minha confiança já que estava claro o quanto ele gostava da minha irmã e o carinho que tinha pela minha sobrinha. Quando as coisas começaram a ficar mais sérias não me preocupei tanto, quando achei que me preocuparia e não foi nenhuma surpresa saber que Rose havia começado a chamá-lo de pai algumas semanas após o casamento.

— Fico muito feliz por vocês, Luca é um bom homem.

— Ele é sim. – devolvi o registro para ela e sentei ao seu lado na cama. – Ah! Eu queria aproveitar e dizer o quanto estou orgulhosa de você, por ter conseguido seu diploma e agora o seu tão sonhado emprego.

— Obrigada. – talvez aquelas fossem palavras simples, ainda sim senti uma grande felicidade ao ouvi-las, principalmente considerando que para nossos pais eu ter conseguido me formar com excelentes notas, em uma excelente universidade sendo bolsista não tinha sido tão importante quando imaginei que seria já que, meu pai estava sempre ocupado demais e minha mãe considerava meu diploma universitário o mínimo a se esperar de mim. Segundo ela não tinha feito mais do que a minha obrigação.

— Já disse para o Luca que assim que a Lily estiver um pouco maior irei a Chicago sozinha para podemos comemorar de maneira adequada sua formatura. 

— Eu vou adorar.

— Mudando de assunto, quando você vai me contar sobre você e o Peeta? – ela me pegou totalmente de surpresa e acabei engasgando com a minha própria saliva. – Calma Katniss. – ela riu.

— Não tenho nada para contar.

— Mas é claro que tem, vamos lá. Vocês não estão mais se alfinetando cada vez que se encontram desde o dia do meu casamento, aliás quase não se falam e isso é no mínimo estranho, considerando que vocês sempre fizeram isso desde que éramos adolescentes e evoluíram as implicâncias de infância.

— Só estou evitando intrigas com seu cunhado, nada de mais. – ela me olhou descrente e senti um desconforto enorme com aquela conversa.

— Não caio nessa Katniss, além do mais Peeta me contou... – naquele momento como que com um timbre perfeito o loiro bateu levemente na porta aberta entrando em seguida.

— Prim, a Annie acabou de ligar dizendo que não vai poder vir agora e que vai direto para o lago mais tarde e o Luca esta procurando a espátula de... – senti uma raiva realmente grande por ele ter contado sobre o que aconteceu para minha irmã e sem pensar o interrompi de maneira pouco educada me levantando e avançando em sua direção.

— Como você pôde? – ele me olhou sem dizer nada. – Como você pôde contar a ela Mellark? Será que é tão difícil para você dormir com uma mulher e não sair por aí contando.

— Vocês dormiram juntos! – Prim sorria de orelha a orelha quando olhei novamente em sua direção e estranhei sua reação surpresa.

— Você não sabia? – ela meneou a cabeça negativamente.

— Eu não contei nada Everdeen, mas você acabou de contar.

— Eu sabia, sabia que algo tinha acontecido aquele dia, sabia que havia algo errado na atitude de vocês. – ela se levantou indo até o amigo. – E você não me disse nada seu loiro sem consideração, sou sua melhor amiga. – ela bateu de leve no ombro dele se virando em minha direção. – E você é minha irmã, devia ter me contado antes.

— Prim... – eu não sabia o que dizer naquele momento.

— Vocês estão se evitando. – ela afirmou e naquele momento odiei a atitude da minha irmã mais nova que olhava atentamente em nossa direção. – Aposto que não conversaram sobre o que aconteceu. – ela nos conhecia bem demais.

— Amor você sabe onde está aquela espátula de churrasco que compramos no verão? – Luca apareceu na porta e parou vendo o clima que tinha se formado no quarto. – Aconteceu alguma coisa?

 - Não querido, está tudo bem. – Prim se adiantou até o marido – Vamos lá, eu vou pegar a espátula para você. – ela segurou a mão dele e o puxou para fora do quarto se virando em nossa direção. – E vocês, conversem e depois conversamos melhor. – ela sorriu antes de fechar a porta e nos deixar sozinhos.

O silêncio que ficou no quarto foi extremamente constrangedor, Mellark colocou as mãos no bolso da calça e caminhou até próximo a janela e ficou um tempo olhando a rua.

— Prim disse que queria falar comigo sobre a noite do casamento, disse que tinha contado a ela o que aconteceu bem na hora que você entrou no quarto e eu pensei que você tinha dito a ela. – justifiquei minha atitude e ele se virou em minha direção.

— Prim tem o dom de conseguir informações quando tem interesse no assunto, ela é ótima nisso. – realmente minha irmã teria sido uma excelente detive – Não sei que tipo de pessoa você acha que eu sou Everdeen, mas acho que está havendo um enorme engano no seu conceito em relação a mim.

— Vocês são amigos e eu não pensei direito.

— Claudius Templesmith nos viu sair juntos naquela noite, então eu disse a Prim que sua mãe tinha saído da festa sem você, que estava sem chave e que esperou no meu apartamento o dia amanhecer. Eu não sou o tipo de homem que sai por aí contando que dormi com uma mulher.

— Eu sinto muito se pensei errado sobre você. – se desculpar nunca foi algo fácil para mim, ainda sim achei que devia fazê-lo naquele momento. – Mas a situação não estava fácil de lidar depois daquela noite eu não sabia como agir depois de...

— Sair sorrateiramente do meu apartamento sem deixar um único bilhete e depois fugir de mim como se eu fosse algum tipo de maníaco?

— Eu não fugi de você. – neguei mesmo tendo de fato evitado ele durante o último ano.

— Não? O que fez então Everdeen? Acordei aquele dia e não havia um único rastro seu e depois você me evitou como se eu fosse um perigo para você.

— Aquela noite não deveria ter acontecido. – falei um tom mais alto do que normalmente usava e vi ele erguer a cabeça e olhar para o teto por um instante antes de respirar fundo. – Eu estava bêbada. Estávamos bêbados.

— Não. –  ele meneou a cabeça de forma negativa e olhou diretamente em meus olhos. – Não jogue a culpa na bebida, porque ambos estávamos sóbrios o suficiente. Eu sabia exatamente o que estava fazendo e acredite posso ter defeitos Everdeen, mas não sou o tipo de homem que se aproveita de uma mulher alcoolizada.

— Não quis dizer isso. – em nenhum momento quis sugerir que ele tinha se aproveitado de mim, até porque eu sabia que aquela seria uma acusação grave – Não estou dizendo que, não foi consensual Mellark. Não estou acusando você.

— O que você quer dizer então?

— Que foi um erro enorme, algo que não deveria ter acontecido. Talvez o pior erro das nossas vidas. Estava consciente e me lembro perfeitamente de tudo o que aconteceu incluindo que eu mesma insisti para continuarmos. Me deixei levar pelo desejo do momento e sinto muito. Foi por isso que saí rapidamente naquela manhã. Aquela noite foi um erro enorme que devíamos esquecer. – falei determinada, embora não tivesse certeza de que poderia realmente esquecer o que tinha acontecido – Sempre vamos nos encontrar já que a Prim e as meninas sempre serão um elo entre nós e, eu odiaria que as coisas ficassem estranhas afinal, por mais que nunca tenhamos gostado um do outro sempre conseguimos conviver e você é o cunhado da Prim. – o olhar dele sobre mim foi frio e não gostei da sensação que tive com ele.

— Uau! Estou impressionado sabia.  Mas não se preocupe Everdeen, não vamos mais falar sobre aquela noite. Quer fingir que ela não aconteceu? Ótimo, considere que o maior erro da sua vida nunca aconteceu. Porque para mim a partir de agora não ouve nada, então não precisa evitar vir a cidade por isso. Se me der licença, vou ajudar meu irmão com a churrasqueira. – ele saiu sem olhar para trás e me senti péssima por aquela situação.

Por mais que quisesse ir embora, por mais que quisesse não ver mais Peeta Mellark, eu precisei ficar e algumas horas depois quando fomos todos ao lago ver a queima de fogos. Nossos olhos não se encontraram nenhuma vez.


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Notas finais do capítulo

É isso, a Prim jogou o verde e colheu o maduro kkk e a Katniss como sempre consegue o improvável.
Espero que vocês tenham gostado.
Uma ótima semana para todos.
Beijos