Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 7
Capítulo 7 – Por trás dos muros de Arkham




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Capítulo 7 – Por trás dos muros de Arkham

— Harley, querida! – Ele chamou com um grande sorriso malvado – Hoje é o dia!!

— É hoje?! – Ela perguntou empolgada enquanto terminava de vestir seu uniforme.

— Hoje é o dia que vamos nos divertir com o Batsy!!

Os dois emitiram uma longa gargalhada juntos enquanto pegavam suas armas e se dirigiam ao andar debaixo. O Coringa deu ordens a seus homens, que saíram antes deles para cortar a energia de Gotham até que amanhecesse. Os dois entraram no carro vermelho do Coringa e deixaram a casa, dirigindo em alta velocidade e rindo.

Quando chegaram ao centro de Gotham já havia outros motoristas horrorizados com a velocidade do carro vermelho e pouco tempo depois o Batman aparecia dirigindo atrás deles. Riram ainda mais e viraram numa esquina de repente, fazendo o morcego quase perdê-los de vista e assim que as luzes se apagaram entraram na contra mão em outra via, rindo mais do que nunca, ouvindo gritos de desespero e carros batendo uns nos outros e nos lugares em volta. Finalmente pegaram uma rua vazia e sabiam que o único carro que podia estar dirigindo atrás deles era o Batmóvel.

— E AÍ, BATSY??!!! VOCÊ ENXERGA NO ESCURO?!! COMO VAI SEU SONAR?! – O Coringa gritou pelo vidro aberto.

— BATSY, BATSY, BATSY!! – Arlequina gritava enquanto os dois morriam de rir.

A perseguição durou quase uma hora até sentirem algo se prender à parte de trás do carro.

— Dirige aqui, amorzinho!

Arlequina emitiu um grito de alegria quando numa manobra louca os dois trocaram de lugar nos bancos o mais rápido que podiam, fazendo o carro perder o controle por alguns metros. Mas logo Harley dirigia de maneira tão louca quanto o Coringa enquanto ele abria a janela e atirava na direção do Batman.

— Já chega! O morcego vai vir pra cima de nós agora!

— Tá bom!

Ela apertou um botão, fazendo a parte da estrutura traseira do carro se desprender e voar na direção do Batmóvel. Apesar da falta de luz elétrica, a luz da lua os permitiu ver quando o carro preto perdeu o controle ao quase ser atingido pela peça solta do outro e ficou preso na parede proteção do viaduto por onde passavam. Os dois foram embora morrendo de rir, e apesar do terror ter acabado, Gotham ainda ficaria sem luz até o amanhecer.

— Fica pra próxima, palhaço – o Batman disse a si mesmo enquanto ouvia o carro vermelho se afastar.

******

— Eles estão a sua espera.

— Em que estado se encontram?

— Os dois estão nas celas de segurança máxima quietos... Um fica nos olhando de forma bem incômoda, o outro só ri e fica nos contando piadas sem pé nem cabeça.

— E o outro?

— Compareceu à visita da condicional como sempre e exige saber porque o fizemos esperar.

— Falarei com ele primeiro – ela respondeu se encaminhando para a direção de Arkham.

Ao entrar encontrou o diretor da prisão e Floyd sentados a sua espera.

— Bom dia – ela disse ao se sentar na outra cadeira.

— Bom dia... – Floyd respondeu – Eu nunca imaginei que isso aqui seria um momento de nos reunirmos pra falar com Deus – ele disse ao diretor.

Amanda Waller lhe lançou um olhar irritado e Floyd juntou todas as suas forças para não rir.

— Desculpe, não consegui me conter.

— Seu senso de humor é irrelevante nesta conversa. Eu o chamei aqui para propor um acordo.

— Lá vem...

— Dessa vez não queremos que aja como um suicida, ao menos não é essa a intenção. Você é o que mais tem chances de sair ileso já que pode atacar de grandes distâncias. Você nunca errou um tiro na vida além do que devia ter matado Arlequina. Vou ignorar aquela falha e pôr minha fé novamente em suas habilidades. Se aceitar pode ter seu tempo de condicional diminuído direto para a liberdade.

Enquanto Waller folheava alguns papéis Floyd se esforçou novamente para ficar sério ao lembrar do tiro que havia errado de propósito para não matar a amiga.

— Qual é o ser do além que tá tentando dominar o mundo dessa vez?

— É um ser desse mundo, mas mandá-lo para o além é nossa meta – Ela disse ao mostrar uma ficha criminal imensa do Coringa.

Floyd finalmente ficou sério de verdade. Também não ia com a cara do Coringa, nem gostava das atrocidades que ele cometia, mas sabia que sua morte seria a ruína para o coração de Arlequina. E muito provavelmente ela morreria junto.

— Esse palhaço – ela disse com desprezo – Já bateu o recorde de crueldades entre todos os que já prendemos. Entre elas, deixar crianças órfãs, matar a esposa do comissário Gordon, violentar e aleijar sua filha, além de tê-la feito se matar no futuro. Ele já matou o dono de uma boate diante dos olhos do público, ainda que também fosse um criminoso, já cometeu torturas, sequestros e incontáveis assassinatos. E não vamos esquecer que seduziu e sequestrou uma ex-psiquiatra desta unidade prisional fazendo-a enlouquecer até virar Arlequina, e ainda a levou embora daqui após a missão suicida, sem contar ter deixado um dos nossos guardas morto próximo à saída antes de partir com sua rainha. Isso é só pra resumir bastante. Se checar toda a ficha criminal dele, tenho certeza que vai querer acabar com ele. Você tem uma filha que acabou de fazer doze anos, pense nas crianças que não tem mais pais por causa do palhaço.

Floyd a olhou tentando se conter para não dizer poucas e boas.

— Como é que é? Ele pode ser o pior criminoso que Gotham já teve, mas você quer usar minha filha como chantagem agora? Quer que eu viole as regras da condicional? Qual é o próximo passo? Vou levar uma surra e vão enfiar outro chip no meu pescoço? Eu fiz uma promessa pra minha filha! Eu prometi a ela que eu ia voltar sem matar ninguém, que eu ia ser o pai presente que ela sempre quis e precisou. E é assim que vai ser. Se quer matar o palhaço, chame o Batman.

— Não é tão simples assim... E se o Batman tivesse que matar o palhaço, já teria feito há muito tempo.

— E a Arlequina?

— Pretendemos recuperá-la. Mas não fará falta se ela morrer junto.

O silêncio tomou conta da sala por alguns instantes.

— Vai me prender novo ou me explodir agora que recusei? Quer deixar mais uma criança sem pai?

— Não. Você está dispensado. Isso foi uma proposta e não uma ordem. Mas lembre que não está autorizado a dizer uma só palavra disso a ninguém, nem em seus pensamentos, e se disser, em algum momento nós saberemos. Ate a próxima visita.

Floyd se levantou e se despediu do diretor com um aceno de cabeça, sendo guiado até a saída por um dos funcionários da prisão, e com um sentimento perturbador o incomodando. Não diria nada a ninguém. O Coringa merecia pagar por todas as suas atrocidades, e apesar de ser obrigado a admitir que Harley era cúmplice em várias delas, o Coringa era louco e perverso, Harley era uma marionete em suas mãos. Ela também tinha crimes em suas costas, e devia pagar por eles, mas a morte simplesmente por estar unida ao palhaço era um destino que parecia cruel além da conta para aquela palhacinha louca. Se avisasse a ela as consequências para todos seriam desastrosas, ele tinha certeza, seria o primeiro suspeito, além do risco de gerar uma verdadeira guerra em Gotham. Não podia arriscar Zoe e sua liberdade, só contar com a sorte da amiga sair viva.

******

— Onde estão os outros dois?

— Será levada até lá agora mesmo, senhorita Waller – o diretor falou.

A mulher caminhou junto aos guardas por entre os mais distantes corredores e as entradas mais obscuras de Gotham até chegar a duas celas fortemente reforçadas, bem como todas as celas dos membros do antigo Esquadrão Suicida.

— Espantalho... Charada... – Ela chamou.

Logo os guardas traziam os dois homens presos em camisas de força para se sentarem na mesa em frente à Waller e aos guardas.

— O que é que se coloca na mesa, corta-se, recorta-se e não se come? – Charada perguntou com uma risada.

Waller o encarou, mas não respondeu, e fitou o outro.

— É bom que já tenha ideia do motivo pelo qual foram convocados. Se não tiverem medos como o que recusou.

— Não há não pra ter medo além do próprio medo – o Espantalho finalmente falou.

— É isso mesmo que eu esperava ouvir. Vamos aos negócios.


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Notas finais do capítulo

Para detalhes da morte do guarda recomendo a leitura da minha one shot "Fugindo de Arkham".