Academia da Esperança escrita por Pedro Ivo


Capítulo 2
Capítulo 2 - Desespero


Notas iniciais do capítulo

Segundo capítulo da história, yey!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706412/chapter/2

Após o pronunciamento do diretor mascarado, todos os alunos foram para os seus respectivos dormitórios que eram indicados por placas ao lado das portas. Alan deitou-se na cama que estava ali disponível e passou a fitar o teto. Seria sua primeira noite ali, na Academia da Esperança. Não, essa instituição não merece receber o nome de “esperança”. E sim da “Academia do Desespero”. Muitos pensamentos começaram a passar pela sua cabeça naquele momento... Será que alguém ali teria coragem de matar um aos outros? Quem os colocou ali e o por quê?

— Me pergunto se Maria está bem... – O rapaz murmurou para si mesmo, cansado.

Ele não sabia ao certo o porque de estar tão preocupado com aquela garota que mal conhecia, mas de fato, estava. Então, Alan decidiu que o melhor a fazer naquele momento seria dormir para acordar disposto amanhã e tentar, junto com os outros colegas, descobrir alguma forma de escapar daquele pesadelo.

***

Alan acordou com o som daquela voz estridente e irritante em seus ouvidos. Procurou com os olhos de onde vinha e encontrou sua fonte: Bem no meio da parede, se encontrava uma TV Led que nesse momento, transmitia a imagem do mesmo mascarado de antes. Ele estava agora com roupas com estilo tropical e tomava um suquinho de maracujá.

— Bom dia, bom dia. O relógio já marca 7:00h da manhã, é hora de acordar pessoal! Hoje será um dia maravilhoso. O café da manhã já está servido no refeitório. Até mais.

A TV Led apagou-se, mergulhando o quarto no silêncio frio novamente. O rapaz ficou sentado ao pé da cama, lamentando por aquilo não ter sido mesmo apenas um pesadelo ruim. Deu um longo suspiro e levantou-se, indo em direção ao banheiro para tomar um bom banho gelado.

— Eu definitivamente não posso deixar o desespero me consumir... Nós iremos conseguir sair daqui. TEMOS que sair daqui.

Quando Alan chegou ao refeitório, todos já estavam presentes. O refeitório era um salão mediano, com três grandes mesas com lugares para seis pessoas. Na mesa do meio, se encontravam Maria, Brunna, Ana Maria, Bya Jackson e Samara. O restante dos alunos já tinham começado o café da manhã. O menino aproximou-se da única mesa disponível e sentou ao lado da única que conhecia, Maria.

— Bom dia, Maria... Conseguiu dormir bem? – Perguntou Alan, com um tom cansado na voz.

— Eu fiquei com medo... Eu queria que a manhã chegasse logo, para que eu ficasse perto de alguém... – Maria respondeu, sem olhar diretamente para Alan.

— Maria, custe o que custar iremos encontrar uma saída! É impossível alguém nos manter aqui para sempre. Vamos conseguir. – Alan tentou animar a amiga.

Maria levantou a cabeça e olhou diretamente em seus olhos. O rapaz pôde perceber o brilho tênue nos profundos e escuros olhos da jovem. Ambos deram um sorrisinho um para o outro, porém o momento de amizade foi interrompido com a voz de uma garota, um tanto alta, do outro lado da mesa.

— Como você espera conseguir nos tirar daqui, nerd? – Perguntou a garota, indiferente.

— O-o quê? Eu acho que não nos conhecemos... – Alan falou, constrangido.

— Eu sou Ana Maria, a fashionista nível super colegial.

Ana Maria era uma jovem alta com longos cabelos castanhos claros cacheados. Seus olhos eram da mesma cor de seus cabelos e sua pele era branca como neve. De certo, ela se vestia muito bem e possuía uma beleza de dar inveja.

— Oh... Agora eu lembro. Eu já suas fotos nas revistas de moda. – Maria comentou, surpresa.

— Voltando ao assunto. Como você acha que pode conseguir nos tirar daqui, garoto? Aquele mascarado já falou tudo para nós. Ou nos matamos, ou vamos viver aqui para todo o sempre. – Ana continuou falando, com a arrogância de sempre.

— Eu me chamo Alan e para sua informação, sempre tem alguma saída. É impossível que ninguém não note nossa presença no mundo exterior. – Alan rebateu, sentindo a ira percorrer seu corpo.

— Mas o diretor não parecia estar preocupado com isso, certo? Talvez estejamos no meio da... Amazônia? – Uma jovem corpulenta e ruiva intrometeu-se na conversa. – Hã, sou Brunna, a funkeira nível super colegial.

— Quê? O que você fazia antes de vir para cá? – Ana Maria perguntou, claramente confusa com o “talento” da gorda. – VOCÊ POR ACASO FICAVA CANTANDO AQUELE TIPO DE MÚSICA NA FAVELA E CRIOU UMA ESPÉCIE DE BONDE CRIMINOSO?!

— Eh... Como você sabe de tanta coisa sobre mim? – Brunna perguntou, surpresa.

— VOCÊ REALMENTE CRIOU UM BONDE CRIMINOSO? – Alan exaltou-se.

Pelos próximos minutos, eles ficaram conversando um com os outros. Pela primeira vez desde que tinham chegado ali, Alan sentiu um pouco de esperança. Naquele momento, não parecia que estavam confinados num lugar estranho e intimados a matar um aos outros. Estavam se divertindo conversando e se conhecendo.

— PARA TUDO! COMO VOCÊS PODEM ESTAR CONVERSANDO SEM A PRESENÇA DO SER MAIS MARAVILHOSO DAQUI? – Uma outra jovem gordinha se pronunciou naquela manhã. – Eu sou Bya Jackson, a dançarina nível super colegial. E exijo respeito.

— Bya Jackson? Que nome esquisito para uma garota que parece um mamão murcho. – Ana Maria alfinetou a jovem, com um sorriso sarcástico em seus lábios.

Uma explosão de risadas estourou na mesa. Todos riam, todos se divertiam. Os outros alunos pareciam estar gostando de se conhecer também. Até que... Aquela voz do desespero apareceu novamente.

— Pupupupu... Vejo que vocês estão se divertindo bastante aqui. – O mascarado começou a falar com uma voz calma e dócil, mas logo a substituiu por um tom irado. – EU ESTOU VOMITANDO COM TUDO ISSO! CADÊ O DESESPERO? CADÊ AS MORTES? VOCÊS SÃO MUITO IDIOTAS. EU QUERO TODOS VOCÊS NA QUADRA. A.G.O.R.A. Por favorzinho, hihihi.

A voz sumiu e as expressão de medo e desespero tomou lugar das até então de felicidade e diversão. Os alunos levantaram-se e caminharam para a quadra sem trocaram uma palavra um com o outro. Enquanto Alan andava pelos longos corredores da Academia, ele sentiu a pequena e quente mão de Maria se entrelaçar com a sua.

— Me desculpe, Alan... Mas eu estou com medo. O que será que ele vai fazer? – Perguntou Maria, claramente envergonhada com a situação.

— Hã... Ele provavelmente vai tentar nos intimidar de novo. Mas seremos fortes e não nos mataremos. Afinal, somos amigos, não é? – Alan sorriu para Maria e ficou feliz ao ver que a mesma retribuiu.

Quando chegaram na quadra, tiveram uma grande surpresa. O diretor não estava atrás de uma TV Led e sim estava lá em pessoa, em cima de um palco, esmurrando um peixe. Com certeza, era uma imagem estranha de se ver.

— EU ESTOU MUITO IRRITADO COM VOCÊS. JÁ SE PASSOU 1 DIA E NINGUÉM SE MATOU, NINGUÉM SE SUICIDOU, ISSO JOGA TODO O MEU TRABALHO NO LIXOOOOOOOOOOOOO!

— Ninguém vai se matar aqui, seu nojento. Pensei que já tivesse entendido isso. – Gabriel foi o primeiro a falar, não se intimidando com a presença do seu algoz.

— SEM MORTES? ISSO É UMA CALAMIDADE. EU DEMOREI TANTO PARA ORGANIZAR ESSE MARAVILHOSO JOGO... EU TINHA TANTOS PLANOS PARA VOCÊS! – O diretor deu um murro mais forte no peixe e virou-se para encarar os alunos. Porém, o peixe voltou com toda a força e o derrubou no chão. – Ugh... Eu claramente sou um fracassado.

Enquanto o mascarado chorava jogado no chão, os alunos continuavam imóveis. Não sabiam ao certo o que sentir... Era um sentimento de desespero mesclado com confusão. Será que ele apenas estava tirando sarro da cara deles? Porém, uma pessoa teve a coragem de quebrar o silencio e tomar a frente... Era a loira.

— QUE BOM QUE VOCÊ ESTÁ AQUI, ASSIM EU POSSO TE MATAR COM FACILIDADE. – Micaelly desafiou o diretor, mostrando um facão que havia pego do refeitório.

Alan sentiu Maria apertar sua mão com mais força. Todos ali ficaram tensos naquele exato momento. O que aquela doida estava pensando em fazer? Ela realmente acabou de sacar uma arma e desafiar o ser que os trancafiou ali dentro e que possivelmente tem o poder de os destruir com uma só palavra? Não era apenas Maria que estavam próximas de Alan... Ana Maria e Brunna também o seguravam, com medo.

— POR QUE VOCÊ QUER ME MATAR? EU SOU O SEU DIRETOR, VOCÊ NÃO PODE SIMPLESMENTE ME DESAFIAR. – Ele levantou-se rapidamente, irritado.

— VOCÊ AINDA PERGUNTA POR QUÊ QUERO METER A FACADA EM VOCÊ? VOCÊ NOS PRENDEU AQUI DENTRO SEU IDIOTA.

— Sua egoísta! Eu estou apenas concretizando um sonho de ser um diretor numa escola. Mas já que eu sou uma pessoa de princípios, eu vou aceitar seu desafio. Prepare-se!

O diretor deu um pulinho pomposo para fora do palco e saltitou em direção da jovem loira. O mascarado não trajava nenhuma arma, nenhum botão, absolutamente nada. Ao chegar próximo de Micaelly, foi derrubado no chão com um chute que a mesma o deferiu contra seu rosto.

— Hahahahaha! E agora? Você está bem de baixo dos meus sapatos... É melhor você nos tirar daqui agora, ou juro que te mato. – Micaelly o ameaçou, sorrindo.

— Hihihihihihi... Não sei porque você está rindo. Eu me esqueci de avisar a vocês: Uma das regras é que é completamente proibido de machucar o diretor. Então... LANÇAS DA MORTE, POR FAVOR, ME SALVEEEEEEEM! ESSA ALUNA MAL CRIADA ESTÁ DESRESPEITANDO AS REGRAS.

Todos ali escutaram um som “mudo”. Longas lanças negras saíram do chão como mágica e atravessaram a fina e macia carne do corpo de Micaelly. O quente e vermelho sangue jorrou para fora de seu corpo, agora morto. A gargalhada do diretor começou a ser escutada, enquanto o mesmo era banhado pela substancia quente e pegajosa que escorria da loira. Micaelly, a médica nível super colegial havia acabado de morrer na frente de seus colegas. Todos ali permaneceram imóveis e calados, assustados demais para fazer qualquer ação.

— Hihihihihih... Que isso sirva de lição. EU REALMENTE QUERO COMPLETAR ESSE JOGO... E IREI FAZER TUDO O QUE FOR POSSÍVEL. HAHAHAHAHAHA, HIHIHIHIHIHI, HUHUHUHUHU, HAHAHAHAHA.

Aquela escola, definitivamente, era a Escola do Desespero.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Academia da Esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.