Academia da Esperança escrita por Pedro Ivo


Capítulo 1
Capítulo 1 - Academia da Esperança


Notas iniciais do capítulo

APROVEITEM!



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Era uma segunda-feira particularmente quente em Recife. A cidade estava agitada com turistas aproveitando as praias paradisíacas, avenidas lotadas de carros e alunos de toda a região metropolitana caminhando para mais um dia – fatigante – de aula.

Construída de frente ao mar, estava a Academia da Esperança, o colégio mais famoso e conhecido no Brasil – e talvez no mundo - . Apenas os alunos que demonstrem aptidões em certas áreas podem ingressar na academia. E tudo é válido: Desde a habilidade em desenhar até a habilidade de manipular as pessoas. Porém, existia um anexo nessa escola conhecida como Curso Reserva, onde os alunos que não possuem nenhuma aptidão pagam para estudarem na prestigiada academia. Alan era um desses alunos.

— Finalmente... Eu irei ingressar na Academia da Esperança. – Parado em frente ao prédio principal, lá estava o jovem rapaz que tanto sonhara com esse momento.

Alan era um menino um tanto pequeno, com pele clara e cabelos castanhos e lisos. Trajava o uniforme comum dos alunos reservas – os alunos principais podiam ir com a roupa que quisessem – que consistia num terno preto simples e sapatos sociais. Em seu braço direito, estava uma bolsa carteiro abarrotada de livros.

— Sei que não tenho nenhum talento... Mas tem pessoas que descobriram os seus na minha idade, certo? – Alan murmurava para si mesmo, tentando se encorajar.

O rapaz suspirou e quando deu o primeiro passo em direção ao colégio, uma menina esbarrou nele. Ela era mais alta e possuía longos cabelos cacheados. Alan percebeu que as bochechas dela tinham ficado avermelhadas de vergonha.

— M-me desculpe! Eu sou muito desastrada... – A jovem começou a se desculpar, morta de vergonha.

— Não precisa se desculpar! Eu que estava no mundo da lua mesmo... E então, qual é o seu nome? – Alan deu um sorrisinho amigável. Ele de alguma maneira se sentia bem perto da jovem.

— E-eu me chamo Maria... Sou a caloura desse ano na Academia da Esperança. – Maria respondeu, agora sorrindo.

Maria tinha a pele branca e olhos escuros, porém gentis e cheios de bondade. Ela vestia um vestido preto de bolinhas brancas básico e uma sapatilha da mesma cor. Em sua mão esquerda, levava uma bolsa rosa cheia de chaveiros de bichinhos fofos.

— Oh... Você deve ser do grupo principal, certo? – Perguntou Alan, percebendo suas roupas.

— Sim!! Meu talento em desenho fez com que a Academia da Esperança me oferecesse uma vaga aqui. Estou tão feliiiiiz! – Maria agora falava com um tom empolgado e feliz, nem parecia ser a mesma garota de minutos atrás.

Alan sentiu uma pontada em seu peito. Era um sentimento estranho e horrível... Inveja, talvez? É fato que ele sempre almejou e ainda almeja entrar no grupo principal e ser conhecido por todos. Ser amigo dos adolescentes que possuem talentos legais e importantes e além do mais... Ser alguém nesse mundo gigantesco. Sua cabeça era invadida pelos mais diversos pensamentos até que voltou a realidade, ao sentir o toque quente da mão de Maria em seu ombro.

— Ei ei, você quer almoçar comigo hoje? – Maria perguntou, alegre.

— ... – Alan a observou por alguns segundos, desconfortável. – Eu sou do grupo reserva, você com certeza irá almoçar com os do grupo principal também, não é?

— Eh? O que importa você ser do grupo reserva? Não importa se você tem talento ou não. O que importa é o que você deseja fazer de bom para o mundo no futuro.

— Ah, você sabe que isso não é verdade! Você tá falando isso porque é gentil e dócil... Mas todos sabem que um ninguém como eu poderá competir num mundo onde existem adolescentes com talentos tão incríveis como o seu. Muito provavelmente tu será a arquiteta mais conhecida do estado... SE NÃO DO PAÍS! – O rosto de Alan ficou rubro de angustia e talvez, um pouco de raiva. Ele estava cansado de ouvir de todos que ele poderia competir de igual para igual com todos eles.

A garota simplesmente o observou bem no fundo dos olhos. Ela não parecia nem um pouco afetada com a explosão de raiva que Alan teve. O rapaz então percebeu a serenidade em que Maria se encontrava e caiu em si.

— M-maria, me desculpe! Eu não queria... – Ele sentiu as lágrimas em seus olhos.

— Alan... Você tem a maior coisa que nenhum de nós tem. A liberdade... Como você mesmo disse, eu provavelmente terei que ser uma arquiteta no futuro. Se eu quisesse seguir a carreira de professora de matemática por exemplo, talvez eu não conseguiria... Afinal, o mundo me conhece pelo meu talento em desenho, não é? Já você é totalmente mutável! Você pode ser o que quiser e como quiser. Não precisa se prender a um talento ou qualquer coisa assim. Você é livre!

O sinal tocou, sinalizando que deveriam ir para a aula. Então ele viu Maria se afastando aos poucos com um sorriso no rosto. Ele se sentia zonzo... Tudo ao seu redor começou a ficar embaçado e negro. Ele tentava se segurar em algo mas não tinha nada para se segurar, parece que tudo estava sumindo ao seu redor.

Tudo sumiu.

***

Era uma sala de aula. Tinha umas quatro fileiras com seis carteiras cada. Mas não havia nenhum material em cima de qualquer uma dessas. Não havia ninguém naquela sala, exceto por... Alan. Ele acordou sentado na ultima carteira da segunda fileira da sala de aula. Ele não se lembrava de como teria chegado até aí ou que sala de aula era essa.

Imediatamente, ele levantou-se e começou a analisar a sala em que estava. Percebeu que as janelas estavam com espessas placas de ferro que não permitiam que se pudesse ver o que estava acontecendo do lado de fora. Ele tentou, inutilmente, retira-las. No quadro negro apenas uma coisa estava escrita: “Aulas suspensas”. Tudo aquilo estava tão estranho.... Sua cabeça girava de dor. Até que ele decidiu sair dali.

Ao sair do cômodo, ele se deparou com um longo corredor, escuro e cheio de portas. Porém, o rapaz pôde ouvir conversas vindas do que parecia ser uma quadra interna. Ele correu o mais rápido que pode até lá e se deparou com 15 estudantes, tão assustados e confusos como ele.

— QUE INFERNO NÓS ESTAMOS? NÃO LEMBRO DE TER VINDO PARA ESSA ESCOLA. – Um garoto branco com sardas no rosto gritava, irado.

— Eu lembro que eu estava indo para a Academia da Esperança... Mas isso aqui não parece com uma escola! Né? – Uma garota um tanto gordinha comentava.

— Ai adorei estarmos aqui. Muito excitante, não é Amaro? – Uma menina baixa e gorda gritava na sala, tentando se agarrar num rapaz bonito ao seu lado.

— Quer me deixar em paz por um só segundo?! Precisamos sair dessa bosta. – “Amaro” empurrou a garota gorda para longe, já caminhando para longe.

Alan se aproximava dos jovens sem entender nada e sem saber quem eram eles. Até que sentiu alguém segurar sua mão. Era Maria.

— Maria?! O que você está fazendo aqui? Aliás, onde nós estamos? – Alan começou a fazer perguntas para Maria... Porém parecia que ela estava na mesma situação.

— Me desculpe... Eu não sei onde estamos. Eu simplesmente acordei numa sala de aula e vim para cá... Eu também não sei quem é essa gente. Estou grata por ter pelo menos um que eu conheço. – Falou Maria, com um sorrisinho no rosto.

— S-sim... Eu estou m-

Uma garota de cabelos loiros irrompeu no ginásio, chamando a atenção de todos. Ela trajava uma camisa preta junto com uma saia vermelha e uma bota da mesma cor da camisa. Seus olhos castanhos claros analisavam cada face ali.

— Ei, idiotas... Algum de vocês sabem onde uma pessoa maravilhosa como eu está? Eu estou ficando um tanto assustada. – Ela falou com arrogância, rindo logo depois.

— A mocinha pode dizer o seu nome antes ao menos? – O garoto de sardas perguntou, tão arrogante quanto.

— Eu sou Micaelly, a médica nível super colegial. Ou seja, eu tenho grandes talentos em medicina. Hohohoho! E você?

— Eu sou Gabriel, o programador nível super colegial. E devo dizer que nenhum de nós sabemos como viemos parar aqui.

— Hihihi... Não precisam se preocupar, eu irei explicar tudo para vocês.

Todos os jovens ali presentes viraram-se para ver a voz que vinha de uma tela ao centro da quadra. Uma pessoa – não era possível identificar se era homem ou mulher – escondida por trás uma de máscara estava lá, vigiando todos eles. Parecia estar se divertindo com o desespero dos alunos.

— Prazer, eu sou o novo líder que irá guiar vocês durante esse delicioso ano letivo! Isso não é divertido? – O mascarado começou a rir, observando a face indignada dos que estavam ali.

— O quê?! Você fumou maconha por acaso? Como assim você vai nos guiar durante o “ano letivo”? – Micaelly gritava, raivosa.

— Meh... Vocês irão viver aqui sua loira dissimulada. Esse é o mundo de vocês agora, podem se preparar para ver a mesma cara insuportável de vocês mesmos todos os dias... PELO RESTO DA VIDA. NYEHEHEHEHEHE.

— É impossível você nos prender aqui para sempre. A polícia e os outros órgãos governamentais irão nos procurar.

Samara, uma jovem com aspecto sério surgiu entre os 15 jovens. Ela trajava roupas sociais e seus olhos fuzilavam a tela mais a frente. Por um segundo, ela deu uma rápida olhadela em Alan e Maria. O rapaz sentiu o olhar penetrante da garota.

— NYEHEHEHEHE! Sabe o que é, Samara... Isso é impossível já que... Opa! EU ia revelando um segredo, hihihih. Bem, vou começar a passar as regras para os jovens que querem sair dessa linda escola e viverem suas vidinhas inúteis lá fora. – O mascarado falou, tomando um gole de vinho pela abertura da máscara.

— Então, meus queridos. A regra é simples: Vocês precisam matar uns aos outros e o que sobreviver pode sair da escola. Ah, sempre vai ter um julgamento após o assassinato, para descobrir quem é o assassino. Se não descobrirem quem é o assassino, todos morrem e ele sobrevive. Se descobrirem, apenas o assassino morre e todos vocês continuam com o jogo. Divertido não é? Nyehehehe.

— I-isso é impossível! Você não pode nos obrigar a fazer isso. – Maria pronunciou-se, assustada.

— Verdade... Então preparem-se para viver suas vidas entediantes aqui, adeus.

A tela apagou-se. Alan, Maria e nem ninguém ali conseguiam entender porque aquilo estavam acontecendo com eles. Justamente com eles. Por um momento, o desespero espalhou-se.


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