Contra o Tempo escrita por LohRo


Capítulo 4
Culpa




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—De acordo com o sinal do GPS estamos próximos, Jim!

Grissom estava apavorado com o que iria encontrar.

“E se ela estiver muito machucada ...”

“E se não a encontrarmos lá ...”

“E se ele cumpriu sua ameaça ...”

Ele esfregou as mãos no rosto, angustiado. Qualquer das opções lhe doía profundamente.

“Deus, Sara ... o que foi que eu fiz com você, querida ?”

—Gil, você está bem ?

—Eu só quero que ela esteja bem, Jim. E nada mais! - Quando viu um carro parado mais à frente, seu corpo recebeu uma carga de adrenalina. _É o carro dela!

Brass mal havia encostado a viatura quando ele saltou.

—Gil ? Droga! Esse idiota nem mesmo está armado!

—Sara ? - Ele gritou seu nome, ansioso por qualquer sinal dela que lhe desse um sopro de vida.

A porta estava aberta e quando viu o interior do veículo vazio, o ar pareceu lhe faltar.

Algo brilhava no volante e ele não se conteve, tocou na substância úmida no instante em que Jim se juntava a ele.

—Sem luvas ? O que pensa que está fazendo ?

Ele pouco se importou. Pegou seu celular iluminando o que tinha nos dedos.

—Sangue!

—Não faça mais nada, precisamos de reforços! -

Jim pegou o rádio da polícia e viu quando Grissom engoliu em seco ao encontrar o celular dela caído no assoalho, com a chamada entre seus aparelhos ainda ativa. Trinta e três minutos e cinquenta e dois segundos, mais precisamente.

—Aqui é o capitão James Brass, estou ao noroeste da interestadual, o carro da CSI Sara Sidle foi encontrado abandonado na pista, envie outras unidades em reforço.

—Entendido, capitão. Viaturas já estão a caminho. Qual a suspeita ?

Os dois homens trocaram olhares que diziam a mesma coisa.

—Sequestro!

Grissom fechou os olhos no instante em que sentiu uma fisgada em seu coração.

“Ele a pegou.”

“Deus, ela não.”

A culpa era sua!

~♥~

Peter se aproximou mais da cama e ela visivelmente tremeu.

—Você é sempre tão difícil de domar ? Até que foi divertido! - Ele riu com malícia, olhando para uma Sara ofegante, porém imóvel.

Suas palavras fizeram com que duas lágrimas escapassem de seus olhos castanhos, já sentindo o torpor em seu corpo.

Quando em sua vida imaginou que um dia seria uma vítima ?

Não fazia ideia de que lugar era aquele.

Assim que o carro havia parado, ele lhe arrastou para fora do veículo. Apenas os vultos que seus olhos vendados conseguiam capturar, não fora de grande valia.

Ela havia sido jogada na cama sem nenhum cuidado, suas mãos foram soltas e sua visão devolvida.

Ela entendeu suas ações quando viu ele tirar algo do bolso de sua jaqueta escura.

Ele queria olhar dentro de seus olhos enquanto lutasse, se defendendo do que lhe aguardava.

E ela havia feito aquilo. Revidaria contra suas investidas, até onde suportasse.

Porém, toda aquela resistência, bem mais do que ele provavelmente esperava, o deixou enfurecido.

Ela fora castigada com um ataque violento, via o prazer em seus olhos enquanto ele lhe batia. Seu corpo ganhou vários hematomas, havia um pequeno corte em seu lábio superior, inchando-o ligeiramente.

Ela não iria ingerir nada que viesse daquele monstro, mas a pequena garrafa de bebida prateada contendo o líquido amargo foi empurrada em sua boca contra a sua vontade. O gosto horrível ainda permanecia nela.

—Gostou deste lugar ? Costumo vir aqui de vez em quando, é como se fosse minha segunda casa. Está abandonado há anos, mas fiz alguns reparos. Tenho paz aqui!

—Por que não acaba logo ... com isso ? - Ela sussurrou, tentando mudar seu corpo de posição, mas era como se não tivesse mais nenhum controle sobre ele. _Não vou lhe dar o gosto de me ouvir implorar!

—E a diversão, onde fica ?

—Você é doente!

—Talvez tenha razão! Não acho que Melissa se importava muito com isso.

—Você ... comete abusos contra mulheres, gosta de ... de dominá-las com violência ... para ter essa sensação de poder. - Sua voz falhava mais e mais, ela não estava bem. Seus sentidos pareciam longe, muito longe.

—Esse é o ponto ... - Ele admitiu.

Sara se mexeu e conseguiu ficar meio sentada, piscando um pouco mais demorado. Ela tinha certeza que o que havia ingerido, seja lá o que fosse, era potente e lhe apagaria a qualquer momento.

Tinha medo do que ele faria à ela enquanto estivesse desacordada, mas o fato era que quase se via desejando a inconsciência.

Seu corpo estava bastante dolorido e sua cabeça ainda latejava pela pancada contra o volante. O sangue havia impregnado em seu couro cabeludo na região de sua têmpora esquerda.

—Matou sua mulher com frieza. Nem por um segundo, pensou em sua filha ? No que iria acontecer com ela ?

—Sempre desconfiei se Louise era realmente minha.

Ela suspirou, lutando para se manter acordada, mas estava cada vez mais difícil.

—Por que ? Algo tão bom e puro não poderia vir de um monstro como você ?

—Não me provoque, Sara! É inteligente o bastante para saber disso ...

Ela se calou.

—Acha que já estão à sua procura ?

Sara notou sua ansiedade, mas preferiu não lhe fazer perguntas.

Pensando no que ele dissera, ela se lembrou de que falava com Grissom quando tudo acontecera. Será que ele ouvira ? Teria percebido que algo estava errado ?

Seus pensamentos foram interrompidos pelas divagações de seu sequestrador. Seu tom de voz era descontraído como se fosse um bate papo entre amigos. Ele não parecia ser o mesmo homem agressivo de minutos atrás. Era uma pessoa volátil e perigosa.

—Não se passou nem mesmo uma hora inteira e olhe só, já quero que o jogo comece logo! Preciso ser paciente. - Ele brincou, se auto repreendendo.

Desta vez ela não se conteve. Do que aquele homem estava falando ?

—Jogo ?

—Huhum ... - Peter riu, completando em seguida. _E temos mais um competidor!

Sua confusão fez com que ele sorrisse mais abertamente.

—Grissom! Este é o nome do seu supervisor, não é ? Será que ele se importa o bastante com você ?

Os olhos castanhos se arregalaram.

—Ele me pareceu furioso com você durante aquele interrogatório entediante, mas eu percebi uma certa preocupação também quando te ameacei!

Sara balançou a cabeça negativamente, sem conseguir proferir nenhum som. Enquanto ele continuou.

—De qualquer forma, estou disposto a deixá-lo participar, mas lhe darei uma opção de escolha. Cabe a ele decidir se quer ou não!

Peter olhou em seu relógio de marca e estralou seu pescoço.

O barulho dos ossos parecia ecoar no pequeno cômodo e ela se encolheu.

Ele gostou do resultado. Estava brincando com o medo dela.

—Me dê o número dele, Sara. Comprei um descartável apenas para isso.

Ela balançou a cabeça, negando com veemência.

—Oh ... você me fez gastar dinheiro à toa. - Ele fingiu estar ressentido, um sorriso cínico brincava em seus lábios. _Não esperava a sua ajuda de qualquer maneira. Ainda bem que sei onde encontrá-lo, não é mesmo ?

Peter ajeitou sua jaqueta, sem desviar os olhos doentios de Sara.

—Me parece tão abatida, Sara. Descanse um pouco, vai precisar de suas energias!

Sua risada maquiavélica reverberou no quarto quando ele saiu.

Seu corpo escorregou na cama, seus sentidos estavam sumindo e ela não conseguia mais pensar com clareza.

“O que ele pretende fazer ?”

“Você está sozinha, Sara! Grissom nunca se arriscaria por você ...”

Ainda assim seu amor por ele falou mais alto.

“Talvez seja melhor, ao menos ele estará seguro ...”

Ela reprimiu um soluço.

“Eu só queria ter a chance de dizer adeus ...”


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