Contra o Tempo escrita por LohRo


Capítulo 5
Presente


Notas iniciais do capítulo

Primeiramente, agradeço de coração por cada review que venho recebendo. São eles que me motivam a continuar, porque embora a fic já esteja pronta, confesso que frequentemente o desânimo me ronda. Mas tento seguir em frente...
Segundo, a partir do próximo capítulo vocês vão entender do porquê a fic ter este nome, e mais adiante o conteúdo dos capítulos reafirmarão isso. Vocês não têm ideia do que eu aprontei nessa fic.
Boa leitura!



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Grissom não podia se dar ao luxo de desperdiçar um segundo sequer. Todo o seu tempo seria gasto na busca incessante para trazê-la de volta.

Nada e nem ninguém tiraria aquilo de sua cabeça, tiraria a culpa que carregava em seu coração.

Sentado no banco dos réus, ele se tornara seu próprio juiz lhe condenando à sentença máxima ... o risco de uma vida inteira sem ela.

Não havia punição maior que essa.

Ele merecia ser punido. Mas ela não.

Coisas ruins não deviam acontecer à pessoas de coração puro. Não era certo, não era justo!

Ele prometeu a si mesmo que faria qualquer coisa para que ela voltasse para ‘ele’.

Sara Sidle havia se tornado sua prioridade há exatas vinte e sete horas. As piores de sua vida.

Naquele momento o laboratório era sua primeira casa. Não havia passado nem perto de seu apartamento.

Ele repetia para si mesmo pela milésima vez que tudo ficaria bem, mesmo não estando.

Ele precisava dela. Precisava de uma segunda chance, outra vez.

Ela já havia lhe dado tantas e ele fora insensível o bastante para rejeitar todas elas. Assim como rejeitou um amor tão puro e verdadeiro. Ela lhe deu seu coração de bom grado e ele o despedaçou, sem arrependimentos.

Pelo menos, até agora.

Foi preciso ele sentir a dor da perda desde o primeiro minuto de seu desaparecimento, para que enxergasse que de nada adiantaria ter uma carreira brilhante, se ele não a tinha mais.

Se ele não recebesse mais aquele olhar de admiração que ela tinha por ele, apesar de tudo.

Se ele não ouvisse mais aquelas risadas gostosa quando alguém dizia algo completamente sem sentido.

Ele reprimiu um soluço de desespero.

Duas noites e um dia inteiro sem qualquer notícia dela.

Ele exigiu que os três turnos do laboratório estivessem naquele caso, e ainda assim as coisas não pareciam fluir.

Sabia como e quando aconteceu. Sabia o motivo e o responsável e ainda assim se sentia impotente. Nada daquilo lhe diria onde Sara estava.

As buscas eram infundadas, nenhum contato foi feito.

A espera estava o matando.

Não era uma pessoa forte como todos pensavam. Não quando o assunto era a mulher que não fazia ideia do quanto era amada por ele e que agora corria o risco de nunca saber.

“Me perdoe, Sara ... por todas as dores que eu lhe causei ...”

Grissom se afastou de sua mesa e de todos os papéis que estavam sobre ela.

A vida inteira do homem que brincava com o seu ponto fraco, estava diante dele. De repente se sentiu sufocado naquela sala.

Sua enxaqueca piorava a cada segundo, mas vinha ignorando a dor. O torpor dos remédios lhe tiraria a concentração e ele precisava se manter focado.

Ele recebeu alguns olhares enquanto andava pelos corredores.

Será que silenciosamente o culpavam ?

Era de se esperar que um bom supervisor seja capaz de proteger sua equipe.

Teve ímpetos de dizer à todos eles que só estavam perdendo tempo ao invés de insinuarem o que ele já sabia.

Ninguém mais do que ele próprio conseguiria puni-lo com tamanha intensidade.

Assim que ganhou as portas para fora do prédio, ele suspirou profundamente. O ar da noite fazia bem para sua alma inquieta.

O céu negro, quase não se via estrelas.

Uma única lágrima deslizou por seu rosto e ele orou fervorosamente para que ela estivesse bem, onde quer que esteja.

~♥~

Peter segurou firme em seu braço e a levantou da cama sem nenhum cuidado.

—Pare ... - Ela não entendia o que havia feito para despertar sua ira. Estivera em silêncio o tempo todo. Até mesmo seus gemidos de dor em seu corpo, ela conseguiu reprimir. _Eu não fiz nada! - Ela tentava se liberar do aperto rude que lhe machucava, mas se viu sendo empurrada com o corpo dele até sentir a barreira da parede pressionar suas costas.

—Grissom não se importa com você, Sara ... ninguém se importa!

Os olhos castanhos se umedeceram, ela não disse uma palavra sequer, apenas olhava dentro daqueles olhos sombrios.

Seus corpos estavam colados, seu estômago vazio começou a embrulhar com o cheiro enjoativo daquele perfume sendo transferido para suas próprias roupas.

De alguma forma, ela sentia ser cada vez mais pressionada contra a parede.

Ele era um homem grande e toda aquela pressão em seu corpo frágil estava sendo dolorida. Suas costelas machucadas era o que mais lhe incomodava, tinha a impressão que seriam esmagadas a qualquer momento.

Sabia que era proposital, pensou em revidar, mas mal conseguia respirar, quanto mais se mexer.

Ela só queria se ver livre daquela posição, entre respirações curtas e irregulares, resolveu quebrar o silêncio, sentindo que se não fizesse isso, aquela tortura nunca chegaria ao fim.

—Não perca seu tempo ... em esperar por ele ... acabe logo com isso ...

—Você pode fazer melhor que isso, Sara! Admita, dói não ser importante para alguém ... eu sei o que é isso ...

—Eu não me importo se sabe ou não, eu não me importo com nada que venha de você!

Ela mal teve tempo de reagir quando foi empurrada na direção da cama, se livrando por muito pouco de uma queda dura contra o chão.

Peter se aproximou, tirando a mesma garrafa prateada de sua jaqueta.

—Hora de se acalmar, Sara. O jogo vai começar, querida ... e eu preciso de você bem calminha.

Aquele sorriso cínico lhe deu náuseas.

Ela ainda teve forças para lutar e conseguiu derramar metade do líquido na cama, o deixando enfurecido.

Ela gemeu baixinho ao ser dominada e acabou se dando por vencida quando o restante desceu por sua garganta.

Peter passou a mão nos cabelos, arrumando-os, depois ajeitou suas roupas e se sentou na cama, bem próximo de sua cintura, como se nada tivesse acontecido.

—Grissom gosta de receber presentes ? Acha que ele ficaria feliz com um enviado por mim ? - Sua voz parecia tão calma e profunda, ele era mesmo uma pessoa volátil.

Sara se mexeu segurando em suas costelas, sem deixar de encará-lo.

Que tipo de presente viria de alguém como ele ?

~♥~

Grissom se olhou no espelho do banheiro e suspirou.

Ele estava péssimo. A aparência cansada, as linhas de expressão mais acentuadas, manchas escuras formando uma sombra em seus olhos.

Ele tirou seu óculos, colocando-o sobre a pia de mármore e esfregou os olhos com força, eles ardiam por tamanho esforço. Abriu a torneira, deixou que suas mãos acumulassem água e se inclinou para jogar em seu rosto. Em seguida, se enxugou com o papel toalha.

A equipe toda estava na sala que escolheram para cuidar do ‘caso Sara’, e ele decidiu que precisava se afastar por alguns segundos.

Olhou em seu relógio por mais uma vez, a quarta dos últimos minutos.

Vinte e nove horas e onze minutos haviam se passado, e eles ainda não estavam mais perto de Sara do que quando começaram.

Se ele tivesse o poder de parar o tempo, assim seria.

Uma última olhada no espelho e ele decidiu que precisava se juntar aos demais, novamente.

Passando pela recepção, ele não esperava ouvir seu nome ser pronunciado.

—Dr. Grissom ?

—Sim, Judy. - Sua voz parecia oca, sem emoção.

—Chegou esta encomenda, e é para o senhor.

Ele franziu o cenho e se aproximou, não esperava nada do tipo e muito menos tinha tempo para aquilo.

Procurou pelo remente ao redor da pequena caixa, mas não havia nada que informasse, apenas seu nome se destacava em letras garrafais.

—Quem deixou isso ?

A moça parecia sem jeito.

—Bem, eu deixei a recepção, mas foi questão de minutos e quando voltei, ela já estava aqui.

Ele sentiu uma sensação estranha e sem dizer mais nada, andou apressadamente pelos corredores até que estivesse na privacidade de sua sala.

Colocou a caixa sobre a mesa e em segundos, rasgou o papel decorado.

Assim que tirou a tampa e seus olhos pousaram no conteúdo, seu coração falhou uma batida. Ele levou uma mão à boca sem acreditar.


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