Questões do Coração escrita por Maga Milla


Capítulo 3
Expectativas Desmedidas


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas, voltei com mais um capítulo!
Espero que vocês gostem deste também, enfim, boa leitura ♡



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Em algum momento da madrugada, acordei com a presença reconfortante de Scorpius em nossa cama. Sonolenta, passei minhas mãos sobre seus braços fortes, descendo pelos seus ombros, para suas costas nuas, sua pele cheirava a sua loção pois barba, pelo banho que tomou assim que chegou do hospital como sempre fazia.

“Oi.” Ele sussurrou com a voz abafada.
“Não te ouvi chegar...que horas são?” Pergunto esperando que seja de madrugada e não 7 horas, o horário que as crianças costumavam acordar naturalmente.
“Pouco mais de três horas.”
“Você voltou mais tarde que o normal.” Constatei rapidamente, erguendo levemente o corpo, apoiando-me pelos meu antebraço para olhar em seus olhos acinzentados.

“Uhum.” Scorpius diz baixo, de forma indiferente e distraída, demonstrando seu total desinteresse na conversa. No entanto, quando senti seus olhos me olharem de forma intensa, cheios de preocupações e ansiedade, senti-me genuinamente curiosa.

“O que aconteceu para terem ter chamado durante o meu aniversário, Scorpius?” Perguntei tentando soar natural e pouco preocupada, mesmo tendo consciência que ele já havia notado a breve ansiedade e curiosidade que havia se abatido em mim.
Scorpius odiava minha curiosidade, simplesmente porque achava que era antiético conversa sobre seus pacientes, mesmo comigo – sua mulher. Não que isso pudesse impedir de ele vez ou outra me forneça informações, principalmente quando os casos são complicados demais e, de alguma maneira ele não consegue evitar envolver-se emocionalmente com a situação.
“Foi algum ataque a mestiços?” Insisti depois de alguns minutos em total silêncio.

“Não, Rosie.” Falou tão pacientemente que acabou por entregar sua completa falta dela. “Foi um acidente, uma queimadura.” Ele sustentou seu olhar por algum tempo em meus olhos antes de adicionar: “um acidente em uma festa do pijama, uma criança de cinco anos.”

Mordi meus lábios, impedindo de qualquer expressão surpresa pudesse escapar por eles, enquanto sentia o peso daquela situação.
Vi nitidamente no deus olhos o porque de tanto aquilo lhe atingir, qualquer pessoa, a partir do momento que tem filhos e vê algo assim acontecer, sente-se subitamente sufocado com o pensamento; “e se fosse meu filho?” afinal, acidentes acontecem o tempo inteiro.

Antes que pudesse reformular uma outra pergunta, Scorpius já estava fazendo um breve relato de toda situação e eu sabia, que ele estava apenas esperando por esse momento para partilhar comigo toda sua preocupação e indignação.
Um garotinho de 5 anos estava brincando em volta de uma fogueira – feira para aquece los na noite fria de Londres – e de alguma maneira caiu na fogueira e queimou parte esquerda do seu rosto e o braço direito.

O timbre de voz tentava mostrar desinteresse e pouca preocupação, como se apenas estivesse fazendo um relatório para seus supervisores, mas tenho total consciência que trata-se apenas de uma encenação – muito bem ensaiada, por sinal.
Sei que ele perderá boas horas de sono repensando toda a situação, como sempre fazia quando casos deste tipo surgiam, e ele provavelmente ficará alguns bons dias fixado somente naquela situação, ignorando completamente o mundo ao seu redor.

A medicina é uma amante ciumenta, penso, em uma expressão que ouvi de uma das mulheres dos amigos de Scorpius, que pouco depois trocou seu marido por um defensor bruxo. Naquele dia jurei que nunca seria uma daquelas mulheres neuróticas que odiariam o trabalho do marido.
Jurei que sempre tentaria ver a nobreza do trabalho dele, mesmo que isso significasse tê-lo que dividir muito mais do que o natural, de me sentir sozinha em algumas noites e vê-lo sempre envolvido em casos complicados que lhe consome de forma absoluta.

“É muito grave, quer dizer, o quanto a magia pode ajudá-lo?” Perguntei a Scorpius.
“Poderia ser pior.” respondeu. “Nunca se sabe com precisão o quanto a magia pode ser absoluta nesses casos, claro que temos muitas alternativas trouxas, mas também não é 100% na maioria das vezes.”

Assenti, me virando para encarar o teto, procurando por um lado positivo naquela tragédia, sei que Scorpius pode parecer frio e otimista para seus pacientes e até para seus supervisores, mas aqui, em nossa cama, no nosso quarto, sei que cabe a mim, tentar minimizar o máximo todas suas preocupações.
Por isto, mesmo ele mostrando auto confiança e mostrando-se praticamente impenetrável, tento;

“Seus olhos foram afetados?” pergunto depois de mais alguns minutos, lembrando-me que aquilo poderia tornar tudo ainda mais complexo e quase irreparável.
Ele virou-se para mim, me encarando fixamente, percorrendo pelo meu rosto lentamente, aquele incríveis olhos cinzentos que sempre me roubavam o fôlego quando me encaravam com tanta benevolência e admiração, sabia que ele estava ansioso para o momento que pudéssemos simplesmente tornar o ambiente mas leve, com um assunto menos assustador.

“Não fique assim tão preocupado...” Resmunguei correndo os dedos para os seus fios acinzentados, soltando um leve sorriso ao vê-lo fechar os olhos diante do carinho. “Ele tem um médico até que bom, sabe.” Murmurei próximo aos seus lábios, enquanto sua mão repousava em minha cintura e sussurrou:
“Sim, ele tem.” Ele sorriu antes de cobrir meus lábios de forma urgente. “Ainda posso tornar seu aniversário especial, amor.” Ele murmurou, enquanto traçava beijos lentos pelo meu pescoço, me arrancando um sorriso em incentivo.

De manhã, logo depois que Scorpius saiu para levar as crianças para escola, depois de passarmos por um longo show de Aria, sobre suas exigências e preferências para o seu café da manhã, estava finalmente sozinha para tentar organizar um pouco a bagunça de brinquedos espalhados por toda minha sala de estar, me sentindo repentinamente vazia e deprimida por estar completamente sozinha naquela casa imensa.
Portanto, quando meu celular tocou, atendi rapidamente, sentindo o alívio de obter uma companhia mesmo sendo via celular, ainda mais quando vi o número de Dominique aparecer no identificador de chamadas.

“Pode me dizer o que está fazendo acordada essa hora da madrugada?” Atendi, caçoando minha prima favorita que abominava acordar antes das 11.

“Estou indo correr, comecei um exercício físico para tentar eliminar alguns quilinhos.”
“Ah, claro, como você precisasse disso, Domi.” Dominique era dona de um belo corpo escultural.
“Preciso sim, mas enfim, me conte como foi a noite?”
“Boa.”
“Boa? Ah, vamos Rose, seja mais específica, o que ganhou de aniversário dele?”

Dominique tinha verdadeira adoração por Scorpius, já que claramente ele parecia ser um completo cavalheiro pelos olhos completamente iludidos de Domi, claro que isto, se resumia ao fato dela ter uma extensa lista de babacas em seus relacionamentos fracassados.

Toda vez que tento mostrar para minha melhor amiga que não é bem assim, que minha vida não e um roteiro de comédia romântica e, que nas maiorias das vezes morro de inveja da sua agenda social ativa, de seus encontros picantes e de sua absoluta e maravilhosa liberdade, o tipo de liberdade que ninguém dar valor, até que se tenha filhos. E não importa o quanto eu argumente, ela sempre ignora completamente minhas frustrações.

“ROSE.” Dominique chamou com certa urgência, me despertando de minhas divagações.
“Desculpe Domi, onde nos estávamos?”
“Falando sobre sua noite com Scorpius.” disse Dominique, cheia de malícia na voz, esperando um relatório completo de uma noite romântica e praticamente inviável à bastante tempo entre Scorpius e eu.
Relatei brevemente os acontecimentos do jantar de comemoração e do caso repentino que lhe tirou de lá, fazendo-a murchar rapidamente.

“Ele não trocou de plantão?” Ela insistiu menos animada.
“Ele esqueceu.”
“Poxa, que chato!” resmungou. “Sinto muito, Rose.”
“Pois é.
“E o presente?” uma pontada de animação tornou a surgir em sua voz.
“Ele me deu um colar bonito.” Respondi rapidamente, enquanto terminava de ajuntar os brinquedos.
“Hmm... nada de flores? Chocolates? Lingerie sexy?” Ri da indignação explícita em sua voz, sentando-me no sofá.

“Não. Apenas o colar e tivemos um final de noite agradável, nada de lingeries picantes, ou coisas incríveis, apenas uma noite juntos.” Expliquei calmamente para minha prima. “E você?” Me lembrei do encontro que ela havia tido depôs de sair às pressas do encontro.
“Nada, a seca contínua.” Respondeu.
“Hmm... o que aconteceu?”
“Levei um bolo.”
“Que coisa chata.” Disse, perguntando-me que homem seria capaz de dar um bolo em Dominique.

“Acho que estou ficando velha, Rose.” Anunciou. “Preciso realmente, realmente sossegar um pouco.” Soltei uma gargalhada em seguida, sem conseguir conter a imagem de uma Dominique comportava em minha mente. “Logo você encontra alguém que seja bom o suficiente para você.”

“Não sei não Rose, acho que você pegou o último que havia sobrado.”
Ela riu, enquanto parecia estar saindo pra rua.
“Preciso ir, conversamos depois.”


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Notas finais do capítulo

Capítulo meio parado, mais preciso explorar os sentimentos de Rose e, como vocês viram aqui, eles são confusos... ao mesmo tempo que ela admira Scorpius pela profissão, e tbm sente-se sozinha por conta da mesma, por ela exigir demais dele, enfim, é uma situação onde preciso mostrar todos os lados, para que entendam mais na frente todos os acontecimentos!
Não esqueçam de comentar e até o próximo ;)



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