Depois que Sara fora embora, Grissom ainda tentara conversar com a mãe sobre o que acontecera, mas era certo que eles acabariam brigando e não queria fazer esse show no aeroporto. Além do mais, sua mãe estava cansada e preferia pincela-la em casa.

Durante todo o percurso os dois não trocaram uma palavra. Grissom estava magoadíssimo com sua mãe, não acreditara no que ela fizera, mas era só chegar em casa que ela iria ter que responder o porquê de tanta arrogância com Sara. Logo sua mãe, professora de uma universidade para surdos e mudos que ela mesma ajudara a criar, um projeto lindo, vindo de uma mulher exemplar, piedosa e adorável com quem quer que fosse. Esperava mais de sua mãe.

O projeto que, junto com seu pai, ela criara tinha a inocência de uma criança, a experiência e a nobreza do coração puro de uma senhora. Afim de possibilitar a inclusão de alunos com deficiência auditiva na educação, no esporte e, enfim, na sociedade. Nada além do que deveria ser normal. Juntos eles criaram um legado lindíssimo, regado de humildade e perseverança.

Ao chegarem Grissom estacionou o carro em frente a porta e ajudou sua mãe a descer do carro. Por mais errada que estivesse continuava sendo sua mãe.

" Onde eu vou ficar, Gil? " - Ela perguntou-lhe como se nada demais tivesse acontecido.

" Mamãe sente que vamos ter uma longa conversa. " - Indicou-lhe o sofá. - " Que cena foi aquela, mamãe? "

" Gilbert, olhe bem como você fala com sua mãe. Não houve cena nenhuma. Eu simplesmente não fui com a cara daquela menina. "- Ela revirou os olhos, já cansada do assunto que ainda nem começara.

" Me desculpe, mas hoje a senhora foi mais do arrogante. Sara não tinha nenhuma obrigação de se comunicar com você como ela fez, e mesmo assim ainda a humilhou? Não foi isso que me ensinou, nem você nem papai, pelo contrário, me ensinaram a compreender e amar independente de cor, altura, idade ou mesmo se era deficiente ou não. "

" Aquela menina quer conquistar você. Ela quer subir no emprego te usando como apoio. Acorde, meu filho, você não tem idade para se aventurar em um romance bobo. "

" Mamãe, eu não vou admitir que fale assim da minha namorada na minha casa e na minha cara. Sara tem o coração puro. É uma menina mulher. Sim, ela é jovem, mas me ama e eu a amo com todo o meu coração. Por uma vez na vida eu estou feliz, eu estou amando uma mulher linda, simples e que me faz sentir realizado, jovem e completo. Sara me completa. Eu não me importo com a nossa idade. Ela não se importa. Somos felizes e é só isso que nós queremos ser. Não há motivos para ser contra o nosso relacionamento. "

Grissom não falava nada além da verdade e, ao contrário de como era de costume, tudo saia limpo, sem tremores na voz ou esquecimentos. Falava de seu amor por Sara como quem dá um bom dia a alguém. Era de seu cotidiano, fazia parte de si. Era isso. Até agora não havia notado, mas além de Sara ser sua namorada, ela era, com toda certeza, a mulher da sua vida. Dando conta disso ele completou:

" Mamãe, Sara é a mulher da minha vida. Tudo o que eu quero é que você nos aceite e a trate bem. Ela é uma mulher maravilhosa e me mostrou o lado bom da vida, me mostrou que eu sempre poderia melhorar, ela me fez melhorar. Alguém que fez isso ao seu filho deveria ter uma chance, não é? "

Sra. Beth escutara todo o discurso do filho completamente emocionada, Gilbert tinha mesmo mudado e, se era verdade o que ele dizia, e sabia que era, a bem feitora deveria ser aplaudida. Seu filho era um homem bom, sempre fora, mas agora Gil demonstrava um amor incalculável e estava, de certa forma, orgulhosa disso. Respondendo ao filho ela só balançara a cabeça afirmativamente.

" Está disposta a ir mais devagar com Sara? Acolherá-la bem? "

" Ah Gil, é claro que sim. Eu irei me redimir com sua namorada. Se você está feliz assim, eu deveria estar o dobro. "

Ele abraçou aquele corpo magro e frágil que sempre fora de personalidade forte e decidida e beijou, com alegria nos olhos, a testa de sua mãe.

" Então, para nos resolvermos, iremos convidá-la para um jantar aqui em casa. "