Now escrita por Marshimellow ambulante


Capítulo 6
VI – Mar


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha! Sim, mais um capítulo pra vocês, eu espero que não me matem ou matem a Kat...
Enfim, boa leitura!



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O final de semana passou voando e logo o domingo chegou. Amanhã as aulas retornam e isso ja me deixa com preguiça, acho que minha fase nerd e comportada já está indo embora.

O cinema ocorreu até que bem. Eu e o Mellark não trocamos palavras, olhares e se desse, nem mesmo teríamos respirado o mesmo ar. Clove ficou com medo na metade do segundo filme. Eu fiquei sufocada somente de tá assistindo eles presos dentro daquele estreitos túneis cheios de ossos e tudo mais...

Quando terminou, vim para casa, comi e dormir. Agora nesse momento, eu acabei de acordar e não faço nada que não seja fitar o teto a cinco minutos. Em meio ao teto branco, quatro estrelas coloridas ganham destaque.

Você é muito careta Everdeen – diz e faz uma careta que me faz rir brevemente.

— Eu? Ja se olhou Trash? Você é um pé no meu saco – falo e olho para o céu – Lembro que na casa dos meus avós dava para ver as estrelas tão perto que parecia que podia tocá-las.

— Você gosta muito de estrelas, moreninha.

— Meu pai disse que meu nome era para ser Luna, por conta da lua, mas Katniss o conquistou.

— Ele nem é criativo com nomes né?

— É ele era.Às vezes eu olho para as estrelas e penso que ele está me olhando. É loucura, eu sei, mas é reconfortante.

— Não é loucura, é saudades.

Pare Katniss, apenas para! Não vale a pena lembrar do que ja se foi, não vale a pena se machucar mais ainda...

Por que tinha que ir? Por que tinham que me deixar?

São perguntas, que não terei a resposta. São questionamentos que faço antes de repousar a cabeça no traveceiro para depois fechar os olhos torcendo para não ter pesadelos. Às vezes me pergunto se o melhor seria esquecer, guardá-los em um lugar da minha memória e nunca mais mexer. Porém sei que me sentiria culpada por esquecer de tudo que passamos, dos momentos felizes, dos seus rostos e do som das suas vozes.

— Florzinha, vamos levantar - chama vovô abrindo a porta - Você já está acordada. No que pensa tanto, florzinha?

— Em nada - minto não querendo preocupa-lo novamente, mas sei que falhei, pois vejo sua expressão meio triste, meio preocupada.

— Não deve se machucar tanto, está tudo bem agora.

— Não estava pensando nisso.

— Claro que estava, sua boca nega, seus olhos gritam a verdade.

— Você me conhece tão bem, vovô. É impressionante.

— Venha comer, fiz panquecas, há mel e cobertura de chocolate. Prometo que sua avó não vai saber - diz e eu riu.

— Chocolate?- pergunto me sentando na cama.

— Chocolate - confirma rindo.

Me levanto e calço meus chinelos de joaninha. Lado a lado com vovô, caminho até a mesa da cozinha, onde um prato com quatro panquecas quentinha e cheirosas repousam. Também há café e duas garrafas de calda, mel e chocolate.

Sento e coloco um pouco de café em minha xícara e na fe vovô. Puxo outro prato colocando uma panqueca, um garfo e calda de chocolate, colocando por cima da torrada.

— Lembro de quando era pequenininha, que esperava sua mãe e Sara sair para poder comer panqueca com chocolate - comenta Stefan enquanto colocada mel sobre sua panqueca.

— Somente o senhor deixava, era minha única chance - conto

— Não sei qual era o problema da sua mãe não deixar que você coma doce. Toda criança come doces - fala

— Clara tinha ou melhor, tem medo de muitas coisas.

— Ainda é sua mãe florzinha, querendo ou não. Não importa o desentendimento que tiverem, ainda possuem o mesmo sangue.

— É, não podemos escolher de quem nascemos.

— Não diga isso menina, está apenas magoada. Clara também sofre, mesmo que pareça não sofrer.

— Ela deveria virar atriz então, sabe disfarçar muito bem.

— É apenas uma fase, querida. Logo tudo se arruma.

— Espero...

— Agora, mudando de assunto, ja fez amizades?

— Não - respondo e bebo mais um gole de café, forte - Apenas colegas.

— Pensei que havia ficado amiga dos meninos Mellark.

— Apenas colegas vovô, precisa haver confiança em uma amizade e isso eu ainda não tenho com eles.

— Mas se tornaram amigos, tenho certeza, assim como eram quando pequenos.

— Éramos amigos quando pequenos?

— Sim, brincavam juntos. Não se desgrudavam, principalmente você e Peeta, eram como unha e carne. Sara dizia que vocês iriam namorar quando ficassem maior, mas vocês se mudaram uns meses depois.

— Não me lembro disso.

— Você era pequena demais, florzinha. Devia ter uns cinco ou seis anos, no máximo.

— Falando nisso, onde ela está?

— Saiu com Michelle e Belinda, foram no centro.

— Ah.

Terminamos de comer conversando sobre assuntos aleatórios. Fazia tempo que não conversavam com vovô, percebi que sentia falta de momentos como esse.

Depois da conversa, vovô foi resolver alguns assuntos do trabalho, enquanto eu saí de casa para finalmente olhar a bendita praia. Como era perto, resolvi ir a pé mesmo.

Algumas pessoas caminhavam no meio da rua e outras apenas estavam indo para algum compromisso. Porém são poucos, afinal mesmo que seja fim de semana, ainda é duas horas da tarde. Sim, eu acordei tarde mesmo.

Realmente a praia não era tão longe, apenas umas nove quadras depois da casa dos meus avós e como sempre gostei de andar, não foi tão ruim. Era um pouco revigorante sentir a brisa tocando seu rosto e ver a imensidão azulado a sua frente.

Quando pequena, eu tentava a todo custo ver o fim do mar. Procurava de alguma maneira o lugar em que ele se acabava, mas era completamente inútil, já que não há como ver.

Me sento na areia, sem me importar com alguns olhares curiosos em minha direção. Eu até entendo, afinal sou a única que veste roupas normais em meio a uma praia em uma tarde de sábado. E fico olhando o horizonte, em busca de algo melhor na minha vida, algo que me faça realmente sorrir e querer apagar o passado de uma vez por todas. Algo que me tire o ar por alguns segundos. Algo que balance o chão que tenta me manter firme.

Mas ainda não há esse algo. Não ainda.

Deito, aproveitando a pequena sobra da árvore ao meu lado. Sentindo a areia tocando minhas mãos e o calor do sol invadindo minha pele. Fecho os olhos, aproveitando o sol, a areia, a brisa e o mar.

Lembro o quanto Trash amava o mar. Como surfista, ele conhecia os melhores lugares para pegar uma boa onda, quando o mar estava furiosos, se era uma boa hora para surfar. Eu sempre gostei de vê-lo surfando, tanto que ia a todos os campeonatos regionais que ele participou, torcendo como uma louca por ele sobre as ondas. Ele deveria estar aqui, comigo, segurando sua prancha, enquanto contava mais uma aventura louca que fez os novos amigos das madrugadas.

— Será que você teria vindo comigo?- pergunto para o nada, sabendo eda mais uma pergunta adicionada a lista de respostas que nunca virão.

Me levanto e caminho em direção ao mar. Entro com roupas mesmo, sem me importar se vai molhar ou se o mar estava com ondas forte naquela tarde. A água está fria, sinto quando a gélida água entra em contatos com meu pé. Um passo de cada vez, casa vez mais para o fundo. Sinto, a água tocando meu queixo, fazendo como se fosse um suave carinho.

Quando estou completamente dentro da água, abro os olhos. A visão turva não me permite ver muitas coisas, apenas uma azul esverdeado e algumas pequenas ondas.

Não tarda até sentir os pulmões pedirem ar, o coração batendo mais rápido, bombeando cada vez mais sangue. A garganta ardendo, os pulmões esquentando. A vista querendo apagar... Logo é substituída pela claridade do dia, a respiração ofegante e dolorida e o frio ao sentir o vento tocar a pele.

Vou caminhando de volta para a areia com um pouco de dificuldade. Minhas roupas parecem pensar mais do que nunca, meu short nem se fala, encharcado deve estar pensando meio quilo. A blusa colada demais no corpo, está me dando uma pequena raiva, por tentar deixa-la mais solta, mas sem sucesso. Pego meus chinelos e caminho de volta para casa.

Na rua, algumas pessoas me olham curiosas, acredito ser pelo meu estado. Sem ligar para os olhares, continuo andando, mesmo que eu ainda sinta muito frio e chegue a tremer os dentes.

Paro em frente à entrada do condomínio, esperando o segurança abrir o portão. Quando me vê, sua expressão muda de neutra para curiosa e até mesmo preocupada.

— Ei Everdeen, acho melhor ir direto para um banho quente quando chegar - fala abrindo o portão - Você está se tremendo menina.

— Boa tarde para você também, Hernandes - digo ignorando seu concelho.

— Boa tarde, probleminha. Sua avó vai ficar brava - diz e eu riu.

Hernandes foi um dos primeiros com quem conversei fora meus avós e a família Mellark. Ele não queria me deixar entrar depois do primeiro dia de aula, porque não sabia quem eu queria. Então, irritada, eu tive que soletrar meu nome para que ele procura-se nos arquivos de cada morador. Desde então, depois das respostas sarcásticas que dei, ele me chama de probleminha.

Vou andando devagar até a casa dos meus avós, na verdade eu vou m arrastando até lá. Ja consigo até mesmo ouvir o sermão de Dona Sara sobre meu estado.

— Ei, louca - ouço uma voz meio grossa e rouca atrás de mim.

— Vai pra merda - digo sem olhar quem é, mostrando o dedo do meio.

— Além de maluca é mal educada - fala o Mellark parando na minha frente.

— Ah, é você... - digo sem entusiasmo nenhum da voz, afinal é apenas o Mellark chato.

— Por que tá toda molhada? Parece que tava tentando se afogar - diz rindo sozinho, mas logo para e me encara - Você não tentou se matar não né?

— Não, de qualquer forma, não é da sua conta - respondo.

— Sara vai matar você.

— Já tô acostumada.

— Ei, Katniss, para! Você está tremendo de frio - disse me puxando pelo braço.

— Já estou perto de casa - comento tentando voltar a andar, mas Peeta ainda segura meu braço.

— Toma, coloca isso - diz tirando a blusa e me entregando.

Apesar de chato, seu peitoral faz qualquer uma babar. Para de pensar nisso, droga!

— Vou ter que colocar em você?

— Obrigada - digo vestindo por cima da minha molhada e tirando ela por baixo em seguida.

— Vem, vamos pra minha casa - fala me puxando.

— Quem disse que eu vou pra sua casa?

— Sua avó vai te matar se te ver molhada assim, você pode usar meu banheiro para tomar um banho quente e alguma roupa minha. Isso não vai te matar Everdeen.

Não, Peeta, uma das únicas coisas que pode me matar....sou eu mesma.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Deixem nos comentários o que acharam do capítulo. Por favor não me matem.
Beijos e ate o próximo :)



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