Cebola permanecia inquieto em seu novo aposento, pensando sobre a suposta ameaça que acabara de receber... Inundando a sua mente de falsas esperanças e medos irracionais.Aquela proposta por mais convincente e tentadora que fosse ainda permanecia aterradora para a cobaia que agora tinha nada mais nada menos que decidir o futuro da sua amiga.

Era realmente muito assustador tomar uma decisão como aquelas em que qualquer deslize poderia causar um grande impacto,sem contar que Cebola não tinha ideia do que pretendiam fazer com Magali ou aonde ela poderia estar naquele momento.Aquele laboratório era gigantesco e com certeza escondia segredos muito mais horripilantes do que sua imaginação permitiria inventar ou pensar.

—Eu preciso sair daqui…-O mesmo observava apreenssivo as ondas baterem violentamente a alguns metros abaixo da janela do seu quarto,aquela paisagem lhe dava um pingo de esperança e muitas ideias de fuga.Porém antes que sua mente começasse a bolar uma estratégia,a porta do aposento fora aberta...Interrompendo os planos da cobaia.

—Sua guia já venho aqui?-Um guarda extremamente sério adentrou no local, interrogando Cebola.

—Sim... Porque?

—Já está ciente da nossa proposta não é?

—Sim.

—E você vai aceitar?

—Não.-Cebola respondeu imediatamente sem pensar duas vezes.

—É uma pena...Mas tudo bem,farei você mudar de ideia mais rápido do que imagina...Agora me acompanhe.-O homem praticamente puxou a cobaia para fora do quarto,lhe conduzindo a força pelos corredores imundos do laboratório.

—PRA ONDE ESTÁ ME LEVANDO?!-Cebola rangeu os dentes enquanto tentava se soltar do guarda.

O agente nada respondeu e continuou o seu trajeto, ignorando todos os gritos da cobaia até chegar no local desejado.

Cebola por sua vez paralisou ao se deparar com o novo cenário a sua frente.Uma sala gigantesca repleta de computadores que se espalhavam em inúmeras fileiras enquanto incontáveis funcionários transitavam carregando papéis e documentos .Porém o que mais chamava a atenção era um enorme cilindro azulado que iluminava grande parte da sala e se encontrava no centro de todos aqueles aparelhos.

—O que é aquilo?-Cebola perguntou ao funcionário que estava ao seu lado.

—Se eu fosse você iria ver de perto…-O agente quase empurrou Cebola para dentro da sala.

Já a cobaia não pensou duas vezes e começou a percorrer o caminho em meio a inúmeros funcionários e computadores,indo em direção a aquela estranha estrutura.A cada passo que dava poderia sentir os olhares desconfiados lhe cercando,analisando cada movimento que realizava.

 Assim que chegou a centímetros de distância do grande cilindro azulado,hesitou.Cebola se sentia desconfortável (mesmo sem saber o porquê) não se sintia nada bem enquanto observava uma espessa fumaça branca cobrindo a maior parte do líquido azul.

—Esta com medo?-O agente se pôs ao lado da cobaia se dirigindo com um tom sarcástico em sua voz.

—Porque eu estaria?-Cebola tentou parecer o mais corajoso possível(mesmo sentindo calafrios lhe percorrerem a espinha).

O funcionário deu uma risada como se não tivesse acreditado em nenhuma palavra que a cobaia disse.-Se é tão corajoso assim...sugiro que aperte esse botão.-O homem apontou para um botão vermelho ao lado daquela estrutura.Cebola por sua vez estendeu a mão para pressionar o botão,mas a afastou rapidamente.

—O que vai acontecer se eu apertar?

—Você só vai saber se tentar.

A cobaia se encontrou num beco sem saída, não havia outra opção a não ser aquela...Dito e feito,Cebola pressionou o botão e esperou que o pior acontecesse.Depois de alguns segundos a fumaça branca começou a se dissipar dentro do cilindro,revelando o que havia lá dentro.

Os longos cabelos negros cobriam o rosto pálido de uma mulher que se encontrava encolhida e presa por fios,a mesma parecia estar dormindo enquanto flutuava dentro daquele enorme cilindro.

—Ma-magali….-Cebola a reconheceu imediatamente e começou a bater na estrutura de vidro numa tentativa fracassada de liberta-la.O mesmo sentia o seu sangue ferver, principalmente quando viu alguns hematomas no rosto da amiga.-O QUE VOCÊS FIZERAM COM ELA?!!-O rapaz gritava enfurecido ainda socando e batendo no cilindro.

—Você é quem deveria se perguntar...O que foi que você fez com a sua amiguinha?-Derrepente aquela mulher que havia visitado Cebola anteriormente,se encontrava encostada ao lado da estrutura encarando a cobaia com um sorriso sádico.

—É isso que acontece quando se nega uma proposta.-O agente cruzou os braços e encarou Cebola,também com o mesmo semblante.

—C-Como vocês puderam fazer isso com ela?!-Cebola ainda sem tirar os olhos da estrutura continuava batendo no vidro sem ao menos acreditar no que estava acontecendo... Enquanto isso ambos os agentes encaravam a cobaia que agora começara a chorar copiosamente em frente ao cilindro,ainda batendo cada vez mais no vidro.

Porém quando todos menos esperavam,a cobaia dentro da estrutura acordou e começou a se debater...assustando não só os agentes que estavam ali,mas a todos os funcionários que estavam em volta.Cebola até tentou se comunicar com a amiga,mas foi rapidamente imobilizado e arrastado para fora da sala.

—ME SOLTEM!!ME SOLTEM!!-Cebola tentou resistir a qualquer custo,enquanto gritava desesperadamente.

—RÁPIDO!!TIREM-O DAQUI!!-A agente gritava com os guardas que estavam “carregando” o garoto para fora do local.No entanto Cebola conseguiu escapar dos guardas e voltou correndo até a estrutura cilíndrica (que estava sendo cercada por inúmeros funcionários,que pareciam estar mais nervosos que o próprio Cebola...como se algo tivesse saído errado).

Antes de ser imobilizado novamente,o garoto pôde ver a amiga lhe encarando com os olhos arregalados enquanto se afogava,mas aquele momento não durou muito já que parecia que mais alguns agentes tinham adentrado na estrutura e tirado Magali de lá às pressas.

—O QUE VÃO FAZER COM ELA?!!-Cebola berrava tentando arrancar alguma informação dos guardas que lhe arrastavam pelos corredores do laboratório.-VOCÊS TEM QUE ME DIZER!!!

—CALA BOCA PIRRALHO!!-Um dos guardas repreendeu a cobaia e em seguida lhe desferindo um soco no rosto...porém mesmo depois da agressão,Cebola continuou resistindo.

—SOLTEM ELA!!-O mesmo gritava ainda mais alto, enquanto o sangue escorria pela sua boca.

—VOCÊ NÃO É NINGUÉM PRA NOS DAR ORDENS!!-Outro guarda desferiu mais um soco no nariz da cobaia e completou a agressão com um chute no estômago do garoto,fazendo-o soltar um grunhido de dor.

—Por favor…-Cebola tentou se defender,mas aquela dor insuportável começou a tomar conta do seu corpo,enfraquecendo-o.Já os guardas sem dó ou piedade fizeram questão de empurrar a cobaia no chão,lhe dando mais chutes e pontapés com sorrisos cruéis estampados em suas faces.-Não machuquem ela…por favor!

—Devia ter pensado nisso antes de tentar escapar seu moleque!!-Um dos guardas respondeu enquanto desferia mais chutes na cobaia.

—Já chega!-Outro funcionário adentrou no corredor Interrompendo a ação dos colegas.-Ele está com o chip...se qualquer dano for causado podem se considerar homens mortos!

—Mas ele nos desobedeceu,senhor.-Os dois guardas logo se afastaram do garoto(que por sua vez se encontrava encolhido no chão).

—Não importa! Não podem feri-lo dessa forma...se forem puni-lo pelo menos mudem o método ou senão serei obrigado a contar para chefe sobre a má conduta de vocês.

—Sim senhor.-Os dois guardas trataram de erguer a cobaia do chão.-Se não vamos poder puni-lo,o que podemos fazer?

—Apagem ele.

Cebola não teve nem tempo de tentar escapar ou ao menos pedir ajuda, já era tarde demais quando aquela agulha perfurou mais uma vez sua nuca e o fez "dormir profundamente".