Deep Six - Novos Horizontes escrita por Gothic Princess


Capítulo 31
Capítulo XXXI - Grace & Malik


Notas iniciais do capítulo

Mais um, surpresa!!



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Pela segunda vez naquele mês, Grace estava sentada sob uma palmeira, aproveitando a pouca sombra que tinha no belo dia ensolarado na costa de Darwin. A cidade era linda, mas nada comparada às praias e paisagens que cercavam tudo. Sua ansiedade aos poucos diminuía conforme ela sentia a brisa refrescante e sentia o cheiro do oceano, mas ainda sentia uma vontade grande de dar umas três voltas no país só para tranquilizar sua mente. 

Toda vez que saíam juntas, era como se nenhum problema existisse. Era tudo tão bom, conversar com ela era fácil e divertido, podiam ficar horas falando e não sentiam o tempo passar. E com toda a situação dos membros fundadores do Deep Six indo para lugares diferentes, era bom ter alguém em quem pudesse confiar. 

Não demorou e ela avistou a figura da sua colega de equipe e amiga emergindo da água. Malik tinha sua armadura atlante verde e dourada cobrindo seu corpo, porém ela já removia algumas partes mais pesadas conforme se aproximava da loira. 

— Foi mal a demora, aquele navio deu mais trabalho do que eu imaginava — ela sorriu e pegou a bolsa de Grace para guardar as partes da armadura. 

As duas já haviam saído juntas algumas vezes, geralmente para terem uma folga do estresse da vida de heróis, mas porque tinham muito em comum e gostavam da companhia uma da outra. Pelo menos era o que Grace pensava, ela adorava estar com Malik, mesmo que fosse de forma platônica. Apesar de que, em momentos como esse, quando ela via o sorriso da atlante, ela desejasse que pudessem ter algo mais. 

— Não é como se eu pudesse julgar alguém por estar atrasada — Grace deu uma risada nervosa para tentar não pensar muito no assunto. — Trouxe aquela salada de frutas que você adorou, minha mãe caprichou nessa. 

Ela podia jurar que viu os olhos de Malik brilharem com o comentário, e a jovem esperou ansiosamente o pequeno pote de frutas que ela lhe entregou.

— Isso é tão gostoso! Não acredito que não temos isso em Atlantis — ela comeu como se fosse realmente algo feito pelos deuses.

— Ainda não consigo acreditar que um povo tão avançado não tem uma das melhores comidas da humanidade — Grace riu e jogou sua bolsa por cima do ombro, começando a andar na direção da calçada com Malik. 

—  A maioria das frutas que temos são venenosas, então não acho que quem tentou fazer algo parecido se deu bem — ela ofereceu um pouco à Grace, que aceitou. — Então, para onde vamos hoje?

— Pesquisei algumas cachoeiras legais para encontros e achei uma chamada Southern Rockhole, ela fica a umas três horas de carro daqui, mas eu posso levar a gente muito mais rápido — ela se virou para ver a reação da amiga, percebendo que a encarava com certa surpresa. — O que foi? Não gostou?

— Não, não! Eu adoro cachoeiras, mas não sabia que estávamos em um encontro, se soubesse teria me preparado melhor — Malik ficou pensativa por um momento. 

Grace esperava que ela estivesse distraída, assim não veria que o rosto dela estava completamente vermelho como um tomate. Sim, ela havia pesquisado por melhores pontos para encontros na Austrália, mas não deveria ter mencionado isso. 

— Hum, não é um encontro! Por que seria? A menos que você queira ir pra um encontro, mas aí eu te avisaria antes, sabe? Tipo, convidaria você, mas só se você quisesse, porque não é um encontro de verdade sem você querer — ela tentou parar por um segundo e respirar fundo, talvez assim não surtasse tanto. — Você quer ir em um encontro comigo?

Ela não sabia o motivo, porque Malik sempre havia sido mais do que gentil e amigável com ela, mas sentiu um certo desespero nos milissegundos que ela demorou a responder. Sendo uma velocista, mil e um cenários passaram por sua cabeça esperando uma rejeição. 

— Eu adoraria, Grace — ela respondeu, dando um sorriso que pareceu aliviado. — A verdade é que venho querendo te convidar há algum tempo, mas não sabia se você… 

— Gostava de garotas? — Grace completou, vendo-a assentir. — Eu gosto muito de garotas. Quero dizer, de você! Eu gosto muito de… Acho que vou parar de falar um pouco. 

Apesar do seu nervosismo, ela sentiu borboletas em seu estômago quando Malik se aproximou e pôs uma das mãos em seu ombro. Já haviam feito isso algumas vezes quando estavam em terra firme, assim conseguiam chegar nos lugares bem mais rápido. Grace a segurou em seu colo e sentiu ainda mais seu rosto queimar com a proximidade. 

— Não precisa ficar nervosa, eu também gosto muito de você — a atlante sorriu e se ajeitou nos braços da velocista. — Pronta?

Grace ficou alguns segundos pasma com o comentário. Como poderia não ficar nervosa quando a garota de quem ela era afim há meses disse que gostava dela? Ela estava ao ponto de soltar um grito de felicidade, mas se conteve e apenas assentiu. A viagem até a cachoeira durou cinco segundos, porque Malik poderia ficar enjoada ou incomodada com uma velocidade mais extrema, Ou talvez fosse porque Grace adoraria que elas ficassem abraçadas por mais tempo, mas ela não diria isso em voz alta.

O local era um paraíso natural, com a cachoeira fluindo entre duas pedras enormes com diversas plantas e árvores ao redor dela. A piscina abaixo possuía um brilho esverdeado encantador, e estava vazia nesse horário do dia, onde a maioria das pessoas ainda faziam a trilha para chegar ao parque. 

Assim que encontraram uma pedra alta o suficiente para deixarem suas coisas, Grace tirou sua camiseta para entrar com seu bikini, enquanto Malik só pulou para dentro da água como se mal pudesse esperar para voltar para ela. A velocista pulou logo atrás, e quase se arrependeu de ter sido tão afobada, porque estava congelando. Seu corpo imediatamente travou e ela pensou que, apesar do frio doloroso, era uma experiência divertida. 

Segundos depois, sentiu um jato de água atingir suas costas e empurrá-la para cima, onde encontrou Malik só com a cabeça para fora da água com um sorriso. 

— Ei, eu não estava me afogando — ela comentou, também sorrindo. 

— Nunca se sabe, não posso deixar nada acontecer com a nossa líder — Malik piscou e começou a boiar de costas, deixando a água levá-la pela piscina. 

Grace sentia que podia ficar ali para sempre, só a observando se mover como se estivesse voando sobre a água. Até se esqueceu do frio por alguns momentos, o que era algo novo. 

— Você sente muita falta disso, não é? — a velocista a acompanhou, nadando o melhor que pôde sem atrapalhar a atlante. 

— Um pouco, mas se o Scott conseguiu se acostumar, eu também consigo. As praias de Metrópolis não são tão ruins assim, posso dar uma volta por lá sempre que sentir muita saudade de casa — ela parou de boiar e quase colidiu com Grace em meio ao seu nado. — Prefiro muito mais estar aqui em terra firme. Em casa tudo o que eu podia fazer era seguir ordens dos meus pais e viver presa em uma vida que escolheram pra mim. 

Grace sabia parte da história dela, com seu casamento a princípio arranjado com Scott, porém depois que ambos decidiram não ter esse tipo de sentimento um pelo outro, seus pais a colocaram em outro casamento arranjado com um militar de Atlantis. A velocista sabia que ele não era uma pessoa boa no momento em que o conheceu em uma de suas visitas à cidade submersa, ficou mais do que feliz em saber que esse noivado havia terminado. 

— Pois é, aqui é bem melhor mesmo, afinal temos salada de frutas e gatos, e você adora essas coisas — Grace brincou, tentando esquecer sobre a existência de Atlas naquele momento. 

— E tem você também. 

— Eu? — a velocista engasgou com a água que acidentalmente entrou em sua boca e tossiu algumas vezes. 

Malik precisou ajudá-la a sair da água, a levantando como se não pesasse mais que uma maça, o que pode ou não ter deixando a Allen ainda mais corada. Ela só conseguia pensar no desastre que esse primeiro encontro seria se continuasse surtando. 

— Calma, respira — a mais velha tentava segurar a risada, pelo menos estava se divertindo com a situação. — Quer pular da cachoeira? 

Olhando para cima, Grace viu as dezenas de pedras que estavam no caminho e pensou que caso não quebrasse alguma coisa, pelo menos ficaria bem machucada. 

— Não acho que essa daqui foi feita pra isso, não quero virar uma panqueca. 

— Eu te pego, é só confiar em mim — Malik encorajou, segurando a mão dela para completar. — Vem, vou te mostrar. 

As duas escalaram a parte rochosa da cachoeira até o topo, que não era extremamente alto, porém o caminho da descida era cheio de pedras e árvores que poderiam atrapalhar a queda. 

Malik pegou impulso e deu um salto belíssimo sobre a cachoeira, dando uma cambalhota para trás e conseguindo alcançar exatamente a área mais funda da piscina. Antes que pudesse cair, uma bolha de água a engoliu e ela sumiu em questão de segundos, para emergir logo em seguida. 

— Sua vez! — ela gritou.

Grace tinha certeza absoluta de que não conseguiria ter metade da técnica e graça fazendo aquilo, mas não iria recusar agora. Pegou o mesmo impulso da atlante e saltou, usando parte dos seus poderes para ir mais longe. Acabou calculando mal a distância e quase foi parar em uma das árvores do lado oposto de onde saltou, porém foi pega a tempo pela bolha de água mágica. 

Ela se sentiu como se estivesse em um casulo, a água ali bem mais morna e agradável que a da cachoeira. A mesma bolha a ergueu para fora da água e a velocista puxou uma boa quantidade de ar, seu cabelo, agora mais curto, caindo completamente molhado sobre seu rosto. 

— Isso foi legal — ela comentou, dando uma risada, que se tornou um leve gritinho de surpresa quando foi puxada por um tentáculo de água e se viu cara a cara com Malik. 

A atlante passou a mão em seu rosto para tirar seu cabelo da frente e Grace, mais uma vez, sentiu todo o seu sangue subir para seu rosto. Sabia que estava da cor de um pimentão, porque suas bochechas queimavam e seus olhos estavam fixos nos azuis cristalinos de Malik. Seu coração começou a bater tão rápido contra o seu peito, de uma forma que ela pensou que estivesse correndo, era como se o tempo estivesse passando em câmera lenta ao seu redor e nada mais fosse importante. 

Mal conseguiu puxar o ar antes de afundar na água o mais rápido que pôde, fechando os olhos com força e tentando se manter calma. Quando os abriu, viu que a outra também estava submersa, havia dado mais espaço entre seus rostos, porém ainda a observava com curiosidade. 

Seu cérebro agiu no automático e tentou produzir alguma piada para disfarçar o nervosismo da situação, não parecendo perceber que ela estava debaixo d’água. Quando Grace ameaçou abrir a boca, Malik pôs o dedo indicador em seus lábios, indicando que não seria uma boa ideia, e deu uma risada sem som. 

Mesmo com a imagem embaçada pela água, ela ainda conseguia ver a figura de Malik com um sorriso genuíno no rosto, seus olhos cintilando levemente com os leves raios de sol acima delas, seu cabelo loiro flutuando ao seu redor. Só conseguia pensar no quão linda ela estava e em como adoraria beijá-la. 

Parecendo querer o mesmo, a atlante se aproximou mais uma vez, deixando que ela completasse o resto do caminho até seus rostos estarem a centímetros de distância, e Grace o fez. Aquele foi seu primeiro beijo, os lábios de Malik eram macios e quentes, mesmo debaixo da água fria. Ela segurou a cintura da velocista e a levou para cima, sabendo que logo o ar se faria necessário. 

Elas continuaram o beijo mesmo acima da água, ainda abraçadas, sem pressa. Quando se afastaram, Grace viu tanta ternura nos olhos de Malik que precisou beijá-la novamente. 

— Seu coração está batendo muito rápido — a atlante comentou quando se separaram novamente, seus lábios apenas parcialmente separados. — Devo me preocupar?

Grace deu uma risada genuína antes de responder:

— Eu só estou muito feliz!

E, pela primeira vez durante todas aquelas semanas em que ficou longe dos seus amigos, ela estava. 


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Notas finais do capítulo

Essas duas fofas!! Quero muito postar mais coisas delas, porque escrever esse capítulo me deu vida.

Por falar em vida, a fic do Stormwatch já foi postada por aqui e no Wattpad, caso queiram ler: https://fanfiction.com.br/historia/809793/Stormwatch/



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