Violetta - O Recomeço escrita por Clarinesinha


Capítulo 37
Capítulo 19 - O Plano começa a Ruir




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Em Buenos Aires, Angélica continua em casa. Há mais de dois dias que não tem notícias, ela não sabe se José já conseguiu reaver as meninas, ou se por um acaso do destino Gérmen conseguiu fugir.

Embora, para todos ela estivesse do lado de José, a verdade não era essa. José ameaçou-a, ele sabe do seu segredo. E tudo o que ela não quer é que Angeles, o seu anjinho, saiba um dia como é que ela surgiu no mundo.

Se ela perdoou Miguel? Sim. Angélica amava o marido, e depois a culpa também tinha sido dela. Ele queria ir atrás de Rosário, ele já não era feliz com ela. O casamento deles já estava no caminho do fim. Mas Angélica não via a sua vida sem Miguel, ele foi sempre o seu grande amor.

Aquele dia ficou sempre marcado na sua memória. Miguel chegou mais uma bêbedo a casa, Maria estava já a dormir. Quando o viu Angélica sabia que o melhor seria ir para o quarto e deixá-lo em paz, porém não foi isso que aconteceu.

— Onde vais?- pergunta Miguel.

— Para a cama. Estava à tua espera para conversar, mas já percebi que não estás num estado muito bom para esta conversa.

— "Não estou num estado bonito", quem será que me colocou assim?- Miguel chega-se perto...- Tu ameaças que me tiras a minha filha, e tens a lata de me dizer que eu não estou num estado bonito para conversar contigo?

— Larga-me Miguel, estás a magoar-me....

— Ainda bem. É mesmo para me magoar, para sentires um pouco do que eu estou a sentir.

— Eu só não quero perder-te, eu...

— Não me queres perder!? Quando é que vais acordar e perceber que tu já me perdeste...mas já que vou ter que ficar casado contigo mesmo, mais vale aproveitar certo..

E assim apareceu Angeles, dois meses depois daquela noite descobri a gravidez. O único a quem contei toda a verdade na altura foi ao meu pai. Eu precisei de desabafar com alguém, normalmente falaria com Milagros. Mas eu precisava de um mimo de pai ou de mãe, o senhor Nicolas sempre foi o nosso porto seguro. No mesmo dia em que falei tudo com o meu pai, contei ao Miguel sobre a gravidez.

Não posso dizer que ele a aceitou, porque não aconteceu. Passei a gravidez sozinha,nem às consultas ele vinha comigo, quem acabava sempre por vir comigo era Milagros, que me conhecia tão bem como o meu pai. Acabei por lhe contar, no entanto, sem me aperceber havia alguém a ouvir a nossa conversa.

Quando Angie nasceu, ela parecia um perfeito anjo. Loirinha de olhos verdes como o pai. Miguel quando a viu pela primeira vez, não esboçou qualquer sentimento. Maria, amou a irmã...foi amor à primeira vista. Quando finalmente saí do hospital com Angie, os dias tornaram-se mais alegres. Angeles Saramego Carrara, era o bebé mais calmo que algum já vi. E aos poucos até Miguel se foi derretendo com a nossa filha...e tornou-se uma super pai para as duas.

A nossa vida durante alguns anos foi perfeita, voltámos a ser uma família. Miguel parecia aquele homem por quem me apaixonei, e a quem sempre amei. Até que tudo muda de novo, e Angie é completamente colocada de parte por ele. Ela não se queixa, nem chora, fica apenas no seu canto enquanto vê o pai mimando a irmã ou saindo com ela para passear, deixando-a em casa. Apenas recebe um pouco de mimo, quando temos visitas, ou vamos a casa dos meus pais ou dos meus sogros.

Ela vai vivendo com as migalhas de amor que o pai lhe vai dando, sem nunca dizer nada. Apenas aceita o pouco que ele lhe dá. Um dia, sem aguentar mais ver aquela carinha triste da minha filha, decido enfrentar o Miguel. Maria nessa altura já estava casada com Gérmen, e a minha anjinha vivia triste pela casa.

"- Miguel. Precisamos de falar.

— O que é que queres agora?

— Eu não aguento mais ver a forma que tu tratas a nossa filha...não consigo mais.

— Eu trato Maria como sempre tratei, eu amo-a. Apesar de não concordar com a escolha dela, apesar de saber que aquele homem vai ser a desgraça dela...eu aceitei-o...por ela.

— Eu não estou a falar da Maria. Estou a falar de Angeles, ela também é tua filha, ela precisa de ti, tanto ou mais que Maria.

— Ela pode ter o meu sangue, pode até ter os meus genes...mas eu nunca a quis. E tu sabes disso. Tu sabes como "ela" aconteceu...foi um descuido teu...

— Como é que podes falar assim. Sim, ela não foi planeada. Ela foi concebida porque tu me...mas ela é NOSSA filha sim...

— Ela é tua filha. Eu só tenho Maria, e...

— E o quê? Diz-me...e o quê?

— Queres saber, eu não te ia contar, mas já não estou nem aí. Eu tenho duas filhas: Maria e a filha que tive com Rosário. Sim eu envolvi-me com a Rosário, a mulher daquele traste e mãe do meu genro. Tem piada não tem...Maria é casada com o próprio cunhado. Eu não sei dela, soube á pouco tempo que ela existe...e a única coisa que quero na vida é encontrar a minha filha.

— E Angeles? Ela...

— Ela não me é nada. Apenas tive o azar de ela ser gerada, tiveste-a porque quiseste...ela é TUA filha...

— Não podes estar a falar sério...tu amavas a Angie...tu...

— Chega de conversa. E podes dizer à tua filha que acabou as aulas de musica. Vou-me dedicar à procura da minha filha e à carreira de Maria.

— Não podes, a música é a única coisa que...

— Não quero saber, não vou pagar mais...a fonte secou.

— Miguel. Miguel...

Mas, não consegui fazer nada. Ele realmente deixou de pagar o Studio, fui falar com o António. Expliquei-lhe que eu e o Miguel estávamos a passar por um mau momento no casamento, que ele queria tirar Angie do Studio. E ele logo me tranquiliza, dizendo que a minha menina continuaria a estudar na sua escola com uma bolsa escolar.

Os anos foram passando, e o nascimento de Violetta foi o momento mais feliz para mim e para Angie. Nessa altura o meu casamento com Miguel era apenas de fachada para o mundo. Apenas morávamos na mesma casa, eu vivia para Angie e ele ficava cada vez mais afastado de nós. Eu sabia que a minha filha sofria com a atitude do pai, afinal ela era uma criança que não percebia por é que o pai não lhe dava um abraço, um beijo...um mimo.

Maria assim que teve Violetta, decidiu para com a sua carreira. Ela amava o que fazia, mas ela queria dedicar-se à filha, à família que começara a construir com Gérmen. Eu claro que eu a apoiei. Depois de sermos mães, nada mais importa. A nossa vida dá um giro de 360º graus, tudo anda à volta dos nossos filhos.

Claro que a terceira guerra se gerou entre Miguel e Gérmen, Miguel acusou o nosso genro de colocar a ideia de desistir da sua carreira na cabeça de Maria. Para ele Gérmen queria Maria em casa com a filha como a dona de casa perfeita. Gérmen acusava Miguel de querer mandar na vida de Maria, que ela era casada e mãe de família e se ela queria terminar a sua carreira em prole da filha ele a apoiaria, mas que se ela quisesse continuar ele também não se oporia.

Maria acabou por fazer um acordo com o pai: ela faria os últimos três concertos, como forma de se despedir do seu público. Depois terminaria a sua carreira e iria dedicar-se à sua família. Miguel acabou por concordar, se bem que contrariado, porém por Maria ele fazia tudo. Os concertos foram marcados: No Teatro Colon, no Libertado General San Martin e por fim no El Circulo. Angie vivia em casa da irmã, dizia que queria estar com Maria, pois iria ter saudades dela durante aquele mês que ela estaria fora.

Hoje, penso que talvez ela pressentisse que iria ficar sem a irmã. O acidente foi a caminho de Rosário, a família toda estava avisada e iria vê-la: os avós, os tios, os primos...porém nunca chegaram a ouvi-la. Maria teve morte imediata, ela ia no carro com o segurança e o motorista. Ela ia no banco de trás, estava a falar com Gérmen...quando de repente o caro começou a ganhar velocidade. Maria percebeu que poderia não sobreviver e despediu-se de Gérmen...

Soubemos mais tarde que os freios do carro tinham sido cortados. Nunca conseguimos saber quem os cortou. O Miguel que estava já no teatro a terminar os últimos pormenores do espectáculo foi o primeiro a saber do acidente. Ficámos sem saber de nada durante horas, todos tentávamos ligar para o Miguel, ou para Maria...mas nenhum dos dois nos atendia. Foi o Roberto que nos ligou para nos informar do que tinha acontecido.

O meu mundo ruiu naquele segundo...foram dias difíceis. Mas eu tinha Angie, e tinha que me manter forte para a ajudar. E tinha a Violetta, ela precisava de nós. Ou pelo menos eu achava que tinha, porque Gérmen decidiu fugir com a minha neta, dois dias depois do funeral, fui com Angie ver a minha neta, e a casa estava fechada. Não havia ninguém...

O Miguel, vivia bêbedo ou então na rua procurando pela neta. Todo o dinheiro que ele tinha era para pagar os investigadores, pensava eu que para tentar encontrar a nossa neta. Mas não, ele andava era à procura da filha desaparecida, da filha dele com Rosário. Não aguentei mais, e desisti de o chamar à razão, pedi ajuda ao meu pai e juntos tentámos nós encontrar-los. Angie foi crescendo, e também ela nos foi ajudando. Ela sentia saudades da sobrinha, e da irmã.

No dia em que Miguel morreu, eu não estava em casa. Quem o encontrou no chão do escritório foi Angie. Ela estava em choque quando cheguei a casa...a polícia disse-me que o Miguel tinha tido algum tipo de ataque cardíaco...ainda não sabiam bem como. Liguei à minha cunhada e ao meu cunhado que era médico a pedir ajuda. Angie não estava bem, continuava quieta, sem dizer uma palavra. Quando Roberto e Cristina chegaram, tratámos de tudo o que tínhamos a tratar em relação ao enterro. 

Foram meses complicados, mas graças a Pablo e a António, Angie conseguiu superar aos poucos. Nunca mais falámos sobre aquele dia, era como se ambas estivéssemos a fingir que nunca tinha acontecido. Depois de ter a certeza que ela ficaria bem sozinha, decidi rumar por esse mundo à procura de Violetta.

Hoje estou presa nesta casa. Bem não presa literalmente, mas presa por um segredo que pensei nesta altura fosse comigo para o túmulo. Pensar em contar tudo para Angie, parte-me o coração. Não existe no mundo nada que machuque mais uma mãe, que saber que pode ferir o filho.

— Angélica!? Está bem?

— Sim Ramalho, estou...apenas pensando...

— Espero que pense mesmo muito bem. Porque...

— Olga.- sei o que Olga irá falar, e no fundo ela tem razão. Que tipo de mãe faz o que eu estou a fazer à filha. Eu estou a retirar-lhe a filha dos braços...ou estou a compactuar com isso.

— Tudo bem Ramalho, ela não deixa de ter razão. Afinal que tipo de mãe eu sou...

— Angélica, não diga isso. Eu sei que deve haver uma boa razão para...

— Uma boa razão? Ramalho...uma boa razão...não existe uma boa razão para uma mãe fazer o que ela está a fazer. Eu nem quero pensar no que a minha...as minhas Chiquitinhas vão passar longe dos pais, sim porque Angie é a mãe que sempre faltou a Violetta.

— Olga. Espaço pessoal, por favor...podias ir fazer um chá...acho que estamos todos a precisar...

— Não. A Olga tem razão...- de repente o meu telemóvel toca, e quando vejo quem é percebo no que me meti...

"- Angélica, como estás?"

"- Bem. Quer dizer...já estás de volta? Vens com as meninas?"

"- Estás assim com tanta vontade de as ter perto? Ou será que..."

"- Não, quer dizer...sim...eu só perguntei...porque já faz dois dias que não me davas notícias e..."

"- Angélica. Vou te fazer uma pergunta, e espero para bem da tua filha que eu goste da resposta. Tu sabes onde está Angeles? Tu sabes do Gérmen?"

"- O quê? Mas tu foste buscar as meninas, não foste...elas estavam com o Gérmen não estavam?"

"- Não me respondestes, tu sabes onde eles estão, não sabes?"

"- Não. Eu não sei. Desde aquele dia que não consigo falar com Angie, o número só dá desligado. E em relação ao Gérmen eu pensei que ele estava em Sevilha, com a Vilu e a Clara. Mas..."

"- Espero que não me estejas a enganar, porque eu juro...que se eu souber que me estás a mentir...Angeles vai saber como veio ao mundo." 

"- Tu não podes fazer isso, eu fiz tudo o que me pediste...tu não podes contar-lhe...não podes..."

Mas depois disto só ouço o clic da chamada a ser desligada...eu não consigo continuar com isto. Não posso...Angie vai sofrer se tudo for revelado, porém, afastar Vilu e Clara dela também a fará sofrer. Ás vezes é mais fácil retirar o adesivo rapidamente, em vez de prolongar o momento.

Eu só não sei como corrigir o que fiz. Olho para Ramalho...ele pode-me ajudar. Sim ele é o braço direito do Gérmen. Ele pode-me ajudar...vou contar-lhes tudo. Sim à Olga também, afinal ela é da família.

— Ramalho, preciso da tua ajuda. Preciso de corrigir tudo o que fiz, preciso de fazer isto pela Angie e pelas meninas. Não posso deixar o José ganhar, não posso.

— Angélica...

— Eu vou contar-vos tudo o que se passou. Vou contar-vos o que José sabe, e como me convenceu a entrar nisto com ele.

E assim conto aos dois tudo o que se passou no passado. Desde o meu namoro com Miguel, os ciúmes de José, a guerra entre eles, o nascimento de Maria, a traição de Miguel, a ameaça que fiz a Miguel para ele não me deixar e finalmente como Angie foi concebida. Não me arrependo nunca, de ter continuado com a gravidez, amo Angeles desde o primeiro momento que soube dela. Se tenho medo da reação dela? Tenho, muito.

— A Angie...ela foi...o Senhor Miguel...eu estou...sem palavras.

— Eu não queria que a Angie soubesse nunca de tudo isto, por isso cedi à ameaça do José. Mas eu não aguento mais...só de pensar em como vai ser viver com ele. A Vilu já é adulta, mas Clara...ela não vai perceber...

— Sabe que o José vai fazer de tudo para que Clara veja Gérmen e Angie como...

— Monstros, como os pais que a abandonaram? Sei. Por isso quero a tua ajuda, preciso redimir-me. Preciso ir ao Juiz e contar tudo o que José é capaz de fazer para ter as meninas.

— E nós vamos ajudar.- diz Olga, levantando-se...- O Ramalho vai ajudar...não vais?

— Sim eu vou ajudar, claro que sim Olga. Para começar, Angélica vamos sair desta casa. Não podemos continuar aqui, porque assim que o José perceber o que estamos a fazer ele vai querer vingar-se.

Depois de me ajudar a arrumar algumas das minhas roupas, saímos os três. Decidimos ir em carros separados, desta forma os seguranças de José não ficariam desconfiados. Fomos para uma pequena Residencial, pelo menos até conseguirmos arranjar alguma casa. Depois de instalados, Ramalho falou para um advogado, seu conhecido. Contou por alto o que se passava, e marcou um jantar num restaurante perto da residencial.

Assim que nos encontrámos, contei tudo de novo ao Advogado. O Doutor Henrique Perez logo me prometeu a sua ajuda, ele iria amanhã mesmo ao tribunal ver o que se podia fazer. Não sei o que vai acontecer, não sei o que o José vai fazer quando perceber o que eu estou a fazer. Não sei como contar tudo a Angie, apenas sei que não posso mais esconder tudo isto, por mais que a vá magoar, por mais que me vá fazer sofrer por fazer a minha filha sofrer, não posso continuar nas mãos de José.

Mas onde será que está Angie? Preciso de encontrar Angie, ela precisa de saber da sua história por mim, e não por mais ninguém.

Gérmen, sabe que ir ter com Angie é o melhor a fazer. Rosário nunca poderia fazer uma viagem de horas, mesmo com num jato privado e com todas as condições necessárias era demasiado arriscado. Mas, estava a consumi-lo não conseguir ir vê-la nem que fosse por um segundo.

E embora ele tenha tido que iria para Rosário, o seu coração estava dividido. Angie estava rodeada por pessoas que a iriam defender fosse do que fosse. E a mãe...ele podia não a ver nunca mais...pega no telemóvel e decide ligar para quem lhe pode acalmar o coração. Ela é a única que lhe poderá dar uma luz, mas infelizmente o telemóvel está desligado. Lembra-se então de um outro numero e liga...toca...e ele espera ansioso...

"- Estou..."— alguém muito sonolento diz...

"- Lu, desculpa. Sei que aí ainda é madrugada aí, mas eu preciso falar com a Angie..."

"- Gérmen!? Aconteceu alguma coisa? Sabes que a Angie não pode..."

"- Eu só quero falar com ela...eu não dormi nada esta noite. Eu preciso ouvir a voz dela...e eu não aguento mais..."— o telemóvel fica silencioso...

"- Gérmen, tu tens ideia das horas que são aqui? São 02h00 da manhã..."

"- Eu sei...por favor Lu...eu preciso de ouvir a voz dela..."

"- Tudo bem, vou acordá-la. Mas cuidado com o que dizes..."— ouço barulho, acho que ela está a ir acordar o meu amor, a minha esposa...- "Angie...Angie...Ei! Desculpa, mas existe um ser irritante aqui no telemóvel que quer falar contigo..."

"- O quê? Quem...?"— percebo que ela acorda meio confusa, mas Ludmila também não facilita...

"- Um ser irritante chamado Gérmen Castillo quer falar contigo..."— ouve-se uma pequena gargalhada, e sei que é da minha mulher...-" Agora sei de onde Vilu herdou a impulsividade..."

"- Angie...amor..."— digo ansioso por ouvir a sua voz...

"- Gérmen. Está tudo bem? Diz-me que não aconteceu nada, por favor...diz-me..."

"- Está tudo bem. O meu pai soube que estamos em Sevilha, mas a Luzia ajudou-nos. Estamos escondidos, mas estamos bem e estamos todos juntos. Amor, como estás? Os Bebés?"

"- Eu estou bem...eu tive um pesadelo, eu acho que pressenti que vocês estavam em risco. enervei-me e comecei a sangrar...depois eu não me lembro de mais nada eu acho que desmaiei. Mas agora estamos bem, nós os três..."

"- Já soubeste da minha mãe?..."

"- Sim, o Tio Roberto veio falar comigo antes de ir para casa. Gérmen, eu vou perceber se tu quiseres ficar por aí...mas eu tenho medo que ele acabe por te encontrar...e leve..."

" Eu não sei o que fazer Angie. Por um lado eu quero estar contigo, com as nossas filhas, os nossos bebés, mas..."

"- Mas não queres deixar a tua mãe...Gérmen, eu percebo-te. Fui eu que quis vir para Buenos Aires para falar com a minha mãe. E mesmo depois de saber o que ela está a fazer eu não a consigo odiar, ela é minha mãe..."

"- Angie...eu não quero que as meninas fiquem aqui, ele sabe que elas estão em Sevilha. E aí eu sei que o Tio, não vai deixar o meu pai chegar perto...então eu pensei..."

"- Vais mandar as meninas, mas tu vais ficar. É isso não é?"

"- Desculpa amor, mas eu não consigo deixar a minha mãe, eu estou com medo de a perder, eu estou com medo de estar muito longe se o pior acontecer..."

"- Gérmen, eu até te entendo. Juro que entendo..."

"- Mas..."

"- Mas um lado meu quer que tu venhas para perto de mim..."— ouço um soluçar, e sei que ela está a chorar...- "Eu vou perceber se tu quiseres ficar, promete-me só uma coisa...por favor."

"- Qualquer coisa...diz..."

"- Não te arrisques, ele via estar à tua espera no hospital. Fica, mas não vás ao hospital, por favor...sei que o que te estou a pedir é algo quase cruel...mas..."

"- Mesmo que eu quisesse, a Luzia nunca me iria permitir. Era bem capaz de me prender a uma parede nos calabouços desta casa..."— começamos os dois a rir.

"- Como está a Luzia? E a Tati...?"

"- A Tati está um pouco em baixo, ontem estive a falar com a Luzia. Ela enfrentou o meu pai, depois que ele agrediu a minha mãe...ela viu tudo..."

"- Mas ele não lhe fez mal, pois não..."

"- Só porque a Luzia e o Luís chegaram nesse momento, ele estava pronto para bater nela também..."

"- Meu Deus. A Tati é uma criança, como é que ele pode pensar em...Gérmen, nós podemos deixá-lo levar a Clara ou a Vilu, não podemos..."

"- E não vamos, por isso elas vão ter contigo. Eu sei que aí elas vão estar protegidas. O Tio Rob, vai-me ligar durante o dia de hoje. Mas tenho uma notícia que sei que te vai fazer feliz..."

"- Qual?"

"- A nossa irmã está grávida...vamos ser pais e tios..."

"- A Lúzia está grávida...vamos ter os nossos bebés quase com a mesma idade...vai ser bom depois de tudo passar podermos estar todos juntos..."

"- Sim, eu espero que sim. Até porque já os convidei para ir a Buenos Aires..."— ficamos em silêncio durante uns segundos, pensando num futuro que não sabemos quando será...- "Angie, eu amo-te, nunca te esqueças disso. E tudo vai passar, eu prometo que estaremos todos juntos mais cedo do que pensas."

"- Também te amo, muito. Mas não me faças promessas que não sabes se poderás cumprir..."

"- Eu vou cumprir, eu juro Angie. Tudo vai passar...eu sei que vai."

E depois de mais uns segundo em silêncio acabamos por desligar a chamada. Eu sei que prometi algo que talvez seja difícil de concretizar, mas quem sabe...Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas podemos simplesmente olhar para a frente e ser otimistas. O futuro, na verdade, só depende de nós.

Quando penso em tudo o que quero no meu futuro, ela está lá. Angie, o amor mais improvável, aquela que seria talvez proibida por ser irmã da minha primeira esposa...porém, ninguém consegue mandar no coração. E o nosso amor nasceu assim de repente, e tornou-se algo tão importante como respirar.

Ouvir de Angie, que apesar de me querer perto, abdicava disso para eu ficar junto da minha mãe. Fez-me ver que ela é a mulher da minha vida, aquela com quem quero passar o resto da minha vida. Maria foi o meu primeiro amor, foi um amor de adolescência, de juventude que virou um amor maduro. Fomos felizes, tivemos Violetta que é o fruto do nosso amor.

Angeles, veio numa altura que eu tinha fechado o meu coração para o amor. Achei que nunca mais poderia amar como amei Maria, e só em pensar que perderia sofrer de novo o que sofri com a sua morte, fizeram-me criar uma muralha à volta do meu coração, aliás à volta de mim e de Violetta, ela era a única coisa que ainda me mantinha à tona da imensidão de escuridão em que eu me encontrava, Vilu era a minha luz ao fundo do túnel.

Mas o modo como Angie me enfrentava, que tratava de Vilu, fascinou-me. E de repente surgiu este sentimento, demasiado grande para passar despercebido. Se o evitei? Sim, com todas as minhas forças, mas não consegui controlar. Quando soube quem era a verdadeira Angie, o meu mundo de novo ruiu, eu não poderia amar a irmã de Maria...era errado...era a coisa mais certa que eu senti um dia, porém proibido.

Lutámos os dois contra o sentimento que se apoderou de nós. Mas eu já vos disse, ninguém consegue lutar com o coração. E por fim, com a ajuda de Vilu, finalmente assumimos perante um milhão de pessoas o que sentíamos. A viagem que fizemos a Sevilha foi como dizem os mais novos "um abre olhos" e aquela frase na escola onde andei há tantos anos atrás fez-me pensar no que eu estava perdendo por: medo e inseguridade.

"Todos os propósitos do teu caminho, são um passo rumo ao teu destino."


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