Steve foi o primeiro a chegar no apartamento de Jane na manhã seguinte.

—Eu venho trazendo presentes. –ele falou mostrando a caixa.

—Isso é croissant de chocolate? –Darcy perguntou com os olhos brilhando.

—Sim.

—Eu te amo, Steve! –ela declarou tirando a caixa das mãos dele levando para a mesa.

O Capitão sentiu seu rosto ficar vermelho. Fazia menos de uma semana que conhecia Darcy e ela ja agia como se eles fossem amigos de infância.

—Onde está a senhorita Pevensie? –ele quis saber.

—No quarto. –Darcy falou, ainda arrumando as coisas na mesa pro café da manhã –Ela e Jane tiveram que se sacudir para arrumar roupas para ela. A gente fez um esforço conjunto.

Steve achava o jeito que Darcy falava muito curioso.

—Ah, Capitão! –Thor apareceu, usando jeans e uma camiseta, totalmente a vontade nas roupas dali –Como está nessa manhã?

—Bem, e você? Algum problema aqui? –ele perguntou.

—Nenhum. –Thor assegurou –Tudo está em perfeita ordem. A Rainha ainda está se adaptando, como era de se esperar. O choque foi muito grande para ela. Você deve entender perfeitamente.

—Mais do que eu gostaria. –Steve admitiu.

—Capitão.

Steve virou-se na hora com o som doce da voz dela. Ela estava usando uma saia floral com uma camisa azul. Era óbvio que nada era dela, os tamanhos todos errados, mas ela ainda era uma das mulheres mais belas que Steve já vira.

—Senhorita Pevensie. –ele cumprimentou.

—Por favor, Capitão, me chame de Susan. –ela pediu com um sorriso gentil.

—Entã, por favor, me chame de Steve.

—Cara, vocês de antigamente são formais demais. –Darcy comentou –Sue, vem ver o que o Steve trouxe.

Susan foi para perto de Darcy.

—Bom dia, Steve. –Jane sorriu para o homem.

—Bom dia, doutora Foster. –ele sorriu para ela –Pronta para ir para Nova York?

—Mais pronta que isso eu não vou ficar. –ela deu de ombros –E a proposta de Stark foi muito boa.

—Darcy e o doutor Selvig estão indo com você? –ele quis saber.

—Sim. Foi um pouco mais difícil convencer Erik, mas ele também aceitou no fim. –a cientista explicou –Eu me preocupo com ele, não quero deixa-lo sozinho.

—Você está certa. –Steve falou.

—Steve! –Darcy chamou –Você quer café ou chá?

Eles estavam comendo quando Tony apareceu com Bruce.

—Tio Tony chegou, crianças! –ele declarou –E com presentes para Vossa Majestade.

Susan arqueou a sobrancelha, mas não disse nada.

—Aqui está. –ele sacou um cartão de crédio e balançou para Susan.

—O que é isso? –ela perguntou desconfiada.

—Um cartão de crédito, Majestade. –Tony falou –Você precisa comprar coisas, você compra coisas com ele.

—Meu deus! –Darcy exclamou –Isso é um American Express Platinum?

—É. Você não achou que eu ia dar meu Amex Centurion pra ela né?

—Você tem um Centurion? –Darcy perguntou chocada.

—Claro que eu tenho. –Tony revirou os olhos –Leva a Princesa Merida pra fazer compras e pega alguma coisa pra você também.

Steve segurou a vontade de bufar. Tony só estava querendo de exibir a essa altura.

—Eu não entendi para que isso serve exatamente, mas eu realmente preciso de coisas. –Susan aceitou o cartão –Obrigada, senhor Stark.

—Me chame de Tony, querida. –ele falou –O que tem pra comer?

Bruce parecia exausto só de estar ali.

—Tudo bem, Bruce? –Steve quis saber.

—Tudo. Eu só queria poder voltar para Nova York. –ele falou –As coisas aqui em Londres ficaram bem tensas depois do que aconteceu ontem.

—É, eu sei. Nós vamos voltar logo.

—Picolé, você vai levar a Rainha pra fazer compras? –Tony estava querendo saber.

—Eu vou. –Natasha declarou de trás de Steve e Bruce, fazendo os dois pularem.

—De onde você saiu? –Tony perguntou surpreso.

Natasha revirou os olhos e não respondeu.

—Eu e Clint podemos levar Susan para comprar roupas. –ela falou –Nós estamos checando Londres de qualquer jeito, para ver se há mais algum sinal de atividade suspeita.

Steve estava a um passo de responder quando Susan cortou-o.

—Perfeito. –ela falou com calma –Darcy também quer vir.

—Sem problemas.

Steve não tinha certeza de que queria deixar as duas sozinhas, mas também não tinha certeza se jogar Clint e Darcy na mistura ia ajudar em algo...

XxX

—Eu sei que você não gosta de mim. E, pra deixar claro, é mútuo.

Natasha virou para a garota que estava ao seu lado e arqueou a sobrancelha, mas os olhos de Susan ainda estavam nos sapatos que ela experimentava.

Louboutins.

—Quem disse que eu não gosto de você? –Natasha perguntou.

—Por favor. –ela revirou os belos olhos –Não vamos começar com a falsidades. Eu quero esses. –terminou mostrando o salto.

—Não é uma questão de gostar. –a russa falou sinceramente –Eu não confio em você e ainda não acredito na sua história. Eu não confio em você perto do meu time.

Os olhos de Susan foram parar nos da outra mulher.

—Eu não tenho nada contra vocês, Natasha. –ela falou com um suspiro –Eu não tenho planos, intenções. Caso você não tenha percebido, eu não tenho nada que a caridade alheia não me tenha dado no momento.

—Você tem um arco. –Natasha apontou sem um pingo de piedade –E você tem a cara de uma princesa. Você é um problema.

—Então esse é meu mal? –Susan perguntou, mais divertida do que irritada –Ser bonita?

—Seu mal é saber que você é bonita. –Natasha falou –Você acha que eu não percebo que seu jeito muda quando fala com um dos rapazes?

Susan deu de ombros.

—Sua insinuação é bem rude, senhorita Romanoff. –ela falou com calma –Mesmo porque... Se alguém aqui entende de joguinhos deve ser você mesma. Você tem esse... Jeito.

Ah essa menina era esperta. E tinha uma língua... Relutantemente, Natasha estava começando a considere-la um pouquinho melhor.

Bem pouquinho.

—Eu ainda não confio em você. –Natasha indicou.

—Eu não disse que confiava em você. –Susan lembrou.

—Ei, as garras não estão de fora ai, né? –Darcy perguntou se aproximando das duas, carregando sacolas.

—Não mais. –Susan falou sinceramente.

—Serve. –a garota sorriu –Você ja escolheu um sapato?

—Escolhi alguns.

—Cara, você vai detonar o cartão do Stark...

—Ele me deu de presente. –foi a resposta dela.

XxX

Steve não queria dizer em voz alta, mas estava preocupado com a demora de Natasha e os demais.

Jane não parecia nada preocupada com a ausência de Darcy, então ele ia deduzir que era normal levar tanto tempo para fazer compras, mas mesmo assim.

Susan não estava acostumada com o mundo de hoje. Ela podia estar cansada, confusa, tentando esconder o que sentia.

E Steve podia dizer, sem medo de soar falso, que sabia exatamente o que ela estava sentindo. Sabia o que era acordar num mundo que não conhecia, apenas com a ideia de que perdera todas as pessoas que um dia foram importante para ele.

Então, era natural estar preocupado com ela. Susan era uma alma perdida no mesmo mar que ele.

Não tinha nada a ver com os olhos dela. Ou a boca.

Aliás, era justamente por isso que estava bem quieto no momento. Natasha insistira muito que a garota era bonita demais e tinha noção disso. A russa estava convencida que Susan estava usando de sua beleza para enrolar todos eles.

Steve não achava que era isso, porém sabia que se falasse a respeito seria o que todos iam pensar. Então escolhera ficar em silêncio.

Mas ainda estava checando a porta a cada dois minutos.

Até ela se abrir.

Darcy foi a primeira a entrar, carregando algumas sacolas, com Clint logo atrás de si.

—Eu nunca tinha entrado numa Chanel, na minha vida! –ela falou animada –Eu acho que nunca mais vou ser a mesma.

—Eu preferia estar numa missão no Pólo Norte do que fazer outra marotona de compras dessa. –Clint resmungou –Sua garota tem bom gosto. –falou para Steve –Caro, mas bom.

Steve estava para abrir a boca e dizer que Susan não era “sua garota” quando ela mesma entrou no apartamento.

Uau.

Ela realmente tinha bom gosto.

Estava usando um peplum verde esmeralda e tinha a boca pintada de vermelho. Ela parecia um estrela, saída direto de uma tela de cinema.

—Nossa. Você está incrível, Susan. –Jane falou se aproximando.

—Ela massacrou o cartão do Stark sem piedade. –Darcy comentou rindo –Eu achei ótimo.

—Ele não me disse qual era o limite. –a garota deu de ombros.

Jane foi perguntar a Darcy o que ela tinha comprado e Natasha foi falar com Clint, deixando Steve sozinho com ela.

Ele sempre fora um idiota na frente de mulheres bonitas. Não sabia o que dizer, como agir, sentia-se como um adolescente.

—Você está... –ele começou –O vestido é... Seu batom também...

Susan tinha um sorriso divertido e parecia estar tentando não rir.

—Obrigada, Steve. –ela falou por fim, apiedando-se dele.

—Como você está hoje? –ele perguntou sincero.

—Melhor. –ela falou num suspiro –Mas mesmo assim...

—Não exatamente bem. –ele terminou por ela.

—Sim. –ela deu um pequeno sorriso triste para ele –Eu espero que isso não soe cruel e egoísta, mas... Eu estou contente em ter alguem que sabe exatamente como eu me sinto.

—Eu penso o mesmo. –ele admitiu –As coisas no mundo de hoje são... Complicadas, confusas... Ter alguem tão... Antiquado quanto eu, pode ser a melhor coisa que ja me aconteceu.

Susan deu outro sorriso leve. Ela era ridiculamente bonita. Steve mal podia imaginar quão linda ela seria com um sorriso radiante.

—De todas as pessoas que podiam ter me encontrado naquele dia, Steve, eu agradeço que tenha sido você. –ela falou por fim.

Ele sentiu aquele frio na barriga e amaldiçoou-se pela milésima vez por estar agindo como um adolescente.

Mesmo assim, queria estar perto dela, para poder ajuda-la. Infelizmente Natasha iria leva-la embora na manhã seguinte.

Steve só queria saber se algum dia voltaria a ve-la.

Esperava que sim e temia que não.