Muito Além de Mim escrita por Mi Freire


Capítulo 24
Grandes revelações.




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Eu estava me saindo muito bem. Me sentindo um pouco melhor a cada dia. Com um passo de cada vez. Até porque agora eu tinha um novo motivo especial para prosseguir firme e forte. Ainda era pequeninho dentro de mim, mas só de pensar nele, eu já tinha vários e novos motivos para sorrir.

Tirei o dia para dar alguns telefones. Liguei para o pessoal da Austrália, eu quis falar com todos e saber de tudo. Falei por mais tempo com a Sydney, eu sentia muita falta dela. Mas não cheguei a contar a ninguém que estava esperando um bebê.

À tarde, depois do almoço, escrevi um pouco no quarto. Só parei quando Isabeli chegou, insistindo para que fosse brincar com ela de bonecas. Eu tinha ficado muito boa nisso.

No comecinho da noite, fiquei lá fora, admirando o céu estrelado. Catarina se juntou a mim e ficamos conversando um pouco até o jantar. Ela me falou mais sobre seus sonhos vontades e eu compartilhe com ela minhas inseguranças e medos e resolvi dividir minha difícil história com a minha família.

Por falar na minha família, ainda não tinha entrado em contato com meus avós. Fazia mais de seis meses que eu não falava com eles. Isso não me preocupada e nem perturbava. Sentia que minha vida era muito melhor assim, longe deles.

Eles com certeza também não sentiam minha falta.

A maluca da minha mãe nunca mais entrou em contato pedindo desesperadamente que eu deixasse tudo para voltar a viver com ela e para gente se resolver de uma vez por todas. Na certa, ela voltou ao mundo perdido em que ela vivia antes de ser internada tantas e tantas vezes.

Mas essa é uma das minhas ultimas preocupações agora.

Pensei muito se deveria procurar um especialista para relatar sobre meus pesadelos durante o sono, mas não cheguei a fazer isso, pensando que talvez eles fossem embora quando eu tivesse cem por cento bem e superasse essa fase ruim.

Só que isso não aconteceu. Algumas vezes eles eram muito frequentes, outras vezes nem davam as caras. Mas essa noite aconteceu e foi bem difícil me manter controlada.

— Calma, Nikolina. Calma. Você está bem. Eu estou aqui.

Era a voz do Max.

— Você não precisa me chamar pelo meu nome de verdade. Sabe, eu prefino, Nina... Se você não se importar.

Ele de um sorrisinho.

— Nina é muito sem graça. Eu gosto de Nikolina.

— Mas eu não!

— Ei, calma. Nossa. Pelo visto, então, você já está melhor. O pesadelo passou e já pode voltar a dormir.

Ele voltou para o quarto e eu fiquei sozinha. Levou um tempinho, mas eu consegui voltar a dormir, mas não por muito tempo. E mais uma vez fui acordada das trevas por Max.

— Quer sabe? Eu vou ficar aqui algumas noites. Isso de levantar da cama, atravessar o corredor para chegar aqui é exaustivo.

— Você não precisa fazer isso...

— Mas eu vou. – Ele saiu e voltou com um colchão. — Não se preocupe. Eu vou ficar bem aqui.

Resolvi não discutir, se ele queria ficar... Que ficasse. Não ia fazer diferença. Os pesadelos iam continuar voltando. Só se eu dormisse, o que parecia impossível aquela noite.

— Eu nunca mais ouvi a sua amiguinha.

— Do que você está falando?

— Sua namorada. Sua parceira de sexo.

— Eu não tenho namorada.

— Mas admite ter uma parceira de sexo?

— Porque você não volta a dormir, hein?

— Não consigo!

— Então, por favor, vá fazer qualquer outra coisa. Mas não queira falar comigo com quem ando transando ou não.

— Então são muitas?

— Nikolina...

— Qual é o problema com elas, hein?

Ele acendeu o abajur.

— Como assim?

— Porque elas aceitam isso? Entram e saem daqui como se fossem criminosas. Nunca aparecem a luz do dia...

— Deve ser porque algumas mulheres não querem ou não precisam de um relacionamento sério só para transar e se divertir um pouco.

— Então tudo isso se resume ao prazer?

— É, claro! Todos precisam disso de vez em quando.

— Você não parece ter precisado muito ultimamente.

— Pelo amor de Deus, Nikolina! Desde quando você se preocupa ou se interessa por minha vida sexual?

— Me desculpe... Eu só fiquei curiosa...

— Com a minha vida sexual?

— Não... Sobre você. Eu não sei quase nada sobre você.

— Nem eu de você. Melhor assim.

— Então tá...

Apaguei o abajur e voltei a tentar dormir.

Ele, o Max, realmente apareceu todas as noites com seu colchão e colocou ao lado da minha cama. E como eu já disse anteriormente, nem todas as noites eu tinha pesadelos. Mas mesmo assim ele parecia disposto a ficar aqui, como se sua simples presença desafiasse os pesadelos voltarem a aparecer.

Ele só dormia o tempo todo... Não sei de que forma me protegeria se algo ruim acontecesse. Não que eu precisasse de proteção, pois não era nenhuma donzela em perigo. Só não entendia muito bem a insistência em ficar. Ele nem se quer queria conversar... Falar mais sobre ele... Perguntar de mim.

Assim ficava difícil acreditar em todas as coisas boas, admiráveis e gentis que Andrew me falou sobre ele.

De manhã, fui a cidade com Célia e eu ajudei com a vendas das flores, aproveitei também para comprar umas coisinhas para mim... Principalmente sutiãs maiores.

— Isa, vem cá. – Chamei-a em meu quarto quando ela chegou da escola bem mais tarde. — Comprei algo pra você.

Tinha comprado para ela um caderninho de colorir e umas canetinhas cheias de glitter.

— Obrigada, Tia Nina! – Ela me abraçou, satisfeita.

Puxei ela quando ela fez que ia sair.

— Espera. Deixa eu te perguntar algo, mas não conte a ninguém, por favor. Será um segredo nosso.

Eu me sentia mal por estar prestes a usá-la dessa forma, mas eu não tinha muitas possibilidades.

— O que o seu Tio Max faz da vida, hein?

— Ué, como assim?

— Ele trabalha ou algo assim?

— Ah, é. Ele trabalha algumas vezes no escritório. Uma vez ele me contou que era algo a ver com uma tal de Publicidade. E eu fiquei confusa, porque nunca vi essa mulher aqui em casa.

Eu ri.

— Publicidade não é o nome de uma pessoa, Isa. É o nome de uma profissão bem legal por sinal. Mas tá... E o que mais?

— Ele desenha algumas vezes. Você já viu o caderninho dele? Ele não deixa quase ninguém ver. Mas eu já peguei uma vez escondido e puxa vida... São desenhos muito bons! Eu só sei fazer pessoas de palitinhos... Um horror!

— Você é uma graça, menina. Bom, muito obrigada pelas informações. Você é uma boa agente secreta.

Ela sorriu, orgulhosa. Mas eu duvido muito que soubesse o que é ser um Agente Secreto.

**

Célia bateu antes de entrar.

— Comprei uma coisinha para o bebê.

Ela me entregou uma espécie de mini pijaminha com o fundo branco e todo estampado de bichinhos da fazenda.

A coisa mais fofa do mundo!

— Obrigada, Célia. É perfeito!

O primeiro presentinho do bebê. Acho que estava na hora de eu pensar mais sobre isso. Começar a comprar algumas coisas, o essencial. 

Deixei a roupinha ali e desci para o jantar.

Eu estava lendo um livro antes de ir dormir, quando Max apareceu com seu colchão. Eu ia dizer que estava farta da presença dele ali todas as noites. Não era necessário. Mas deixei essa discussão para lá e fui no banheiro escovar os dentes antes de me deitar.

— Quando você ia me dizer que estava grávida? – Ele soltou essa logo assim que voltei para o quarto.

— O quê? – Fiquei surpresa, então olhei para a mão dele e vi que estava segurando a roupinha que ganhei. — Como ousar falar assim comigo nesse tom e mexer nas minhas coisas sem permissão? Você nem fala de você, mal fala comigo e ainda espera que eu saia falando tudo sobre mim como se isso fizesse alguma diferença para você?!

— Faz toda diferença!

— Não! Não faz.

— Esse filho é do meu irmão!

— E daí? Ele está morto agora!

Gritar isso tão friamente chocou a nós dois.

— Vou ficar no meu quarto essa noite.

— Isso. Vá! E não volte nunca mais.

Ele se foi, mas de nenhuma forma me senti mais aliviada e muito pelo contrário, ele ter se sentido ofendido por eu não ter compartilhado com ele que ele seria tio, me deixou muito mal pelo resto da noite e mais uma vez não consegui dormir.

Max não falou comigo nenhuma vez durante todo o dia seguinte. Ele nem se quer me olhou. Eu não deveria me sentir tão incomodada com isso se já era algo tão natural dele. Ele era assim mesmo: falava quando bem entendia e virava a cara quase sempre. Um jeito difícil de entender e lidar.

Pela primeira vez que cheguei aqui, choveu a noite. Uma chuva forte, mas nada muito assustador. Fazia um bom tempo em que eu superei meu medo bobo por tempestades.

Me faz sorrir só de lembrar como o Andrew me ajudou a superar meus medos... Eu aprendi a nadar por causa dele!

Alguém bateu a porta.

— Oi. Posso entrar? – Era o Max.

Eu não disse nada, só virei a cara, mas ele entrou mesmo assim.

— Olha, Nikolina, me desculpe por ontem. Não era como se eu tivesse bisbilhotando suas coisas de propósito. A roupinha estava ali e eu não pude me conter.

— Certo. Tudo bem. Eu errei também. Não deveria ter escondido algo assim de você. Você merecia saber. - Falei olhando pra ele.

— Sim... Mas no momento certo. Quando você estivesse preparada. Se você escondeu, foi porque tinha motivos.

— Eu só estava com medo...

— Amanhã cedo quero te mostrar um lugar muito especial, para compensar o que houve entre nós. Topa?

— Claro. – Sorri. — Só não me acorde muito cedo.

— Pode deixar. – Ele sorriu também. — Você quer que eu fiquei aqui essa noite? Porque se quiser, tudo bem...

— Não precisa. Obrigada.

Fiquei ansiosa para conhecer o tal lugar misterioso. Até fui dormir logo para o tempo passar depressa.

Max estava usando uma camiseta listrada em tons neutros, jeans surrado e as mesmas botas. O cabelo ele prendeu num coque o que dava um charme todo especial.

Nunca fui muito fã de homens de cabelo grande e barba, por não ser muito comum. Mas admito que o Max fica bonito assim, não consigo imaginar ele de outra forma.

— Vamos lá. Pronta?

— Pronta.

Ao que parecia, o tal lugar ficava além da mata. Nós entramos entre as árvores e caminhamos por uma trilha cheia de pedras, troncos, galhos e folhas caídas. Andamos assim por cerca de dez minutos, até que demos de cara com um lago cercado por uma bela vegetação.

— Esse era o lugar preferido do Andrew para brincar por motivos óbvios: a água. Ele sempre foi apaixonado por água. Ele gostava de brincar aqui de explorador, nadador... Fingia que era um grande peixe ou um tubarão. Se deixasse, ele ficava aqui o dia inteiro e até dormia. Mas minha mãe nunca deixava a gente ficar por muito tempo sozinhos, com medo de acabássemos nos perdendo ou nos afogando no lago.

Sorri ao imaginar os dois pequenos: Andrew com seu topetinho cheio de gel com um sorriso largo o tempo todo e Max com seu cabelinho comprido e bagunçado de braços cruzados e emburrado.

— Você parece cansada. – Ele me direcionou até uma grande pedra. — Senta aqui e descanse um pouco.

Ele se sentou no chão, ao lado e olhou para o lago com um olhar nostálgico, recordando as memorias com o irmão.

— Você quer saber algo interessante e engraçado sobre mim? Bom, então vamos lá. – Ele me olhou de relance. — Desde que eu me lembre, Catarina vive aqui com a gente, sob o mesmo teto. Quando pequeno, por volta dos meus nove anos, descobri que tinha uma paixãozinha por ela, mas eu não era o único. Andrew também era apaixonado por Catarina.

— Jura? – Fiquei impressionada. — Não teria como ser diferente. Ela é um doce de pessoa... É claro que vocês se apaixonaram por ela. Mas e aí, quem ganhou nessa?

— Nós dois saímos perdendo. Ela não estava nem aí para nós... Nem pensava nessas coisas. Só queria brincar, correr, pular. E nós dois, bobocas, disputando a atenção dela o tempo todo, brigando por isso, nos provocando. Foi uma fase bem difícil. Eu fiquei muito chateado, quando algum tempo depois, Catarina chamou Andrew para se seu acompanhante no baile que ia ter de formatura no nosso colégio.

Ele deu uma pausa e sorriu.

— Andrew já tinha deixado de gostar dela há muito tempo, cansado de brigar comigo por isso. Ele já tinha conhecido várias outras garotas no colégio e da cidade. Mas eu não... Eu era muito vidrado nela e nem sabia direito como lidar com isso. Sempre fui muito ruim em expressar meus sentimentos. Por isso, fiquei tão chateado. Virei um bicho depois disso. Tive ódio dele e de todos por muito tempo.

— Mas você disse que os dois tinham perdido.

— Sim, porque nem mesmo aquele dia rolou algo entre os dois. Nunca rolou. Ela só tinha uma certeza preferência por ele, porque Andrew sempre foi melhor que eu... Mais comunicativo, mais simpático, bonzinho, gentil e amoroso.

— E você sempre foi durão, fechado, rebelde...

— Exatamente. Principalmente depois disso. Eu não sabia que não tinha acontecido nada entre eles. Eu imaginei que sim. Fiquei muito revoltado com a traição dos dois. Ela não sabia que eu gostava dela, mas ele sabia e sempre soube. Eu fiquei de mal com o mundo, dei muito trabalho para minha mãe.

Eu ri.

— E como você descobriu a verdade?

— Eu resolvi confrontá-la certa vez. E foi quando ela me disse a verdade e disse também que só não tinha me convidado para ser seu par, porque ela tinha certo medo de mim e do meu jeito fechado e ranzinza. Foi só eu dizer que não fazia por mal e que não conseguia evitar, que nós criamos um laço especial desde então. Na época, ela me ajudou com outras garotas e eu acabei superando ela, principalmente quando ela engravidou de um cara mais velho. Hoje somos como irmãos. Nem consigo olhar para ela e vê-la de outra forma.

— Acho incrível a relação de vocês. Principalmente de você com a filha dela, a Isabela. É bonito de ver. Quando você tiver filhos, com certeza será um ótimo pai.

Sua expressão mudou de repente.

— Não leve a mal, mas eu não quero me casar, muito menos ter filhos. Nunca. E nem me diga que é bobeira, que um dia vou mudar de ideia porque não vai acontecer.

— Nossa. Uau. Tudo bem, então. Isso quer dizer que você evita ter relacionamentos sérios? Você nunca se apaixonou?

— Paixão é uma palavra forte e um sentimento imenso. Nunca senti algo que fosse tão grandioso. Eu tive alguns relacionamentos sim, mas só duraram alguns meses.

— Estar apaixonado é uma coisa louca, mas você não sabe o que estar perdendo, Max. Acredite em mim.

— Eu prefiro assim. Se apaixonar é bom no primeiro instante, mas depois vem as dificuldades, as brigas, as perdas e é aí que o bicho pega. Eu prefiro evitar esse tipo de coisa.

Ele tirou o maço do bolso e colocou um cigarro na boca. Eu ia ignorar esse fato, já que estávamos indo tão bem. Mas aí lembrei que a situação mudou, agora eu tinha um bebê.

— Você poderia não fumar perto de mim?

— Porque?

— Por causa do bebê. Você sabe.

Ele atirou o cigarro longe sem nem olhar para mim.

— Bem lembrado.

**

Eu estava ajudando Isabeli com a lição de casa na cozinha, quando chegou uma visita. Pelo que eu sabia, eu e ela éramos as únicas em casa. Eu não sabia do Max, mas sabia que Célia e Catarina tinham ido ao mercado na cidade.

— Vovô! – Isabeli correu na direção do senhor que tinha acabado de aparecer em nossa frente.

Eu posso estar ficando louca, mas esse homem é a cara do Andrew, só que numa versão muito mais velha e grisalha.

— Oi, docinho de coco. Como você está?

— Um pouco ocupada. Terminando a lição de casa.

— Ah, então não perca tempo comigo e termine sua lição.

Ela voltou a se sentar.

— Oi, eu sou o Fausto e você é...?

Ele me estendeu a mão.

— Nina.

— É a Nina, vô. Namorada do Tio Andrew!

— Ah... Oh! Nina, que prazer.

Apertei a mão dele e tentei sorrir. Tinha ouvido falar muito sobre ele, mas de um jeito confuso. O pai que deixou a família, mas que estava sempre por aqui para mostrar que de alguma forma permanecia ali para o que precisassem.

Parecia confuso para mim.

— Pai? – Max apareceu. — Estava trabalhando quando ouvi sua voz.

— Oi, Max. Vim fazer visitinha. Onde está o resto do pessoal? Tem bolo? Vim aqui numa vontade de comer bolo.

— A mamãe fez bolo de milho, vô.

— Deixa que eu pego. – Resolvi me levantar e fazer algo, não para impressionar, mas por fazer e ajudar.

Cortei um pedaço, coloquei no pratinho e dei a ele.

— Obrigado.

— Mamãe e Catarina foram a cidade fazer umas compras. – Max explicou e se sentou junto com o pai. — Mas elas já devem estar de volta. Saíram faz um tempão já.

Mas Fausto não parecia estar prestando atenção em nada do que o filho dizia, nem mesmo interessado em seu pedaço de bolo. Ele estava olhando fixamente para a minha barriga.

Por um momento, eu quase me esqueci de que ela já estava começando a dar as caras e as pessoas perceberiam.

— Você está...?

— Grávida. Sim.

— Nós não sabemos o que é. – Isabeli voltou a falar sem parar. — Nina não quer saber se é menino ou menina ainda. Será surpresa.

Antes que eu pudesse me explicar, as meninas voltaram da cidade e os homens foram ajudar com as sacolas.

Subi para o meu quarto, não estava me sentindo muito à vontade. Não queria ter que explicar ao Fausto que o bebê era mesmo do filho morto dele e que foi concebido antes de tudo acontecer. E sim, eu teria essa criança sem um pai.

Simples assim. Fácil assim.

Ainda bem que ele foi embora logo depois do jantar. Eu optei por comer aqui no quarto e ninguém me importunou quanto a isso. Max apareceu de surpresa no meio da noite com seu colchão e colocou ali ao lado no lugar de sempre.

— Você parece um cão de guarda.

— É quase isso. Não me sinto à vontade em ter que te deixar sozinha sabendo que você carrega o filho do meu irmão.

— Eu pensei que você fugisse desse tipo de responsabilidade.

— Parece que algumas coisas mudam, não é mesmo?

— Com certeza, sim.

A chuva começou do lado de fora.

— Chove muito aqui pela noite nessa época do ano. - Explicou ele.

— Tudo bem. Já não sinto mais medo.

— Medo? De chuva?

— Eu tinha medo de tempestades.

— Mas é só uma chuvinha!

— Ah, e eu tinha medo de mar também.

— E você foi namorar logo o meu irmão!

— Pois é e justamente por causa dele eu não tenho mais medo e eu até aprendi a nadar... Ele me ensinou.

— Poderíamos ir nadar no rio amanhã.

— Ah, sei não. Parece perigoso.

— Que nada! Nós brincávamos lá o tempo todo, lembra? Ou será que na verdade você não superou esse seu medo...

Ele estava me provocando?

Eu não ia permitir isso.

— Tudo bem. Você venceu. Vamos nadar amanhã.


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