Pov. Gumi

— Não me digam que é sério! — Falei indignada.

— É sério — Falou Rin, Luka assentiu.

— Suas vacas, — Reviro meus olhos. — Poxa, é o fim da primeira semana de aula, temos que fazer alguma coisa! Vocês vão quebrar essa longa tradição dos primórdios de nossos ancestrais?

— Gumi, — Falou Luka. — Nós só fizemos isso ano passado...

— Mesmo assim, por que não fazemos disso uma tradição? Aí podíamos passar para nossos filhos, e aí para os filhos dos nossos filhos, e então para os filhos dos filhos de nossos filhos e também para os filhos... — fui interrompida.

— Chega! — Exclama Lily.

— Mas por que vocês não vão? — pergunto, direcionando meu olhar para Luka.

— Vou estudar. Se eu quiser me mudar para a casa da Uni, vou ter que me esforçar para tirar dez em todas as provas.

— Luka-chan — Fala Rin — Por que você não tenta colar, igual a pessoas normais?

 — Sabe o que significa, não sabe? — Pergunto — É uma coisa mágica, criada por duendes sorridentes que vivem em cogumelos. É usada para facilitar a vida de estudantes desde 1548. Se não me engano, foi testado em sereias.

Elas olharam para mim com uma cara confusa.

— E você, Rin? — Ignoro a expressão delas.

— É que eu vou sair...

— O que? Com quem? Conta tudo! — Digo abrindo o maior sorriso que conseguia.

 Chegava a ser medonho.

Mas, mesmo com uma cara de psicopata, ainda sim consigo ser fofinha! Poucas pessoas tem essa habilidade! Mais um motivo para todo mundo me amar!

— Lembra do Yuuma? Meu ex-namorado? É que ele apareceu lá em casa ontem à noite, e nós combinamos de sair...

— Você não está animada com isso, não é? — percebe Luka.

 — Nem com isso, nem com nada...

— Por quê? — Pergunta Lily.

— É que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo... O Yuuma, o Len que é cada vez mais idiota comigo, e ainda tem um amigo virtual meu...

— Deixe eu adivinhar: Você está saindo com o tal do Yuuma, mas também está gostando desse “amigo”.

— É... Espera, — Responde — O que? Não!  — Ela fica quieta fitando o chão por um tempo — Será?

Rin ficou mais distante. Pobre Loira. Foi abduzida por alienígenas dentro de sua própria mente.

— Mas e você, Lily? — digo — Ainda não respondeu se vai ou não.

— Olha, não tenho nada para fazer hoje.

— Eba! Você vai lá em casa! — Exclamo.

— Você perguntou se eu quero ir? — Sorriu de canto.

— Não me importo — Respondo — Você vai de qualquer jeito. Nem que eu tenha que contratar o Richard.

— Richard? — Pergunta Luka.

— É — Repondo. — Acha que Rin é a única que tem amigos para trocar nudes?

Pisco com um olho só.  Ela sorri,  e mostra o dedo do meio pra mim. Nossa amizade é linda, não, isso não foi ironia.

— Bom, gente, eu vou indo. — Falou. —  Não estou nada afim de ver o Len. Ah, se virem ele, digam que eu já fui, tá?

Assenti.

— Vou mandar uma mensagem para minha mãe dizendo que vou dormir na sua casa, ok?

— Faça isso. Não estou querendo incomodar Richard.

Lily riu. Luka franziu a testa sorrindo.

Depois de um tempo, Luka também foi embora. Nunca vi ninguém para ter cara de cu igual a mãe dela.

Nesse meio tempo, Eu e Lily ficamos conversando, até que a cópia de Rin chegou.

— Ei, Gumi! —Len me chamou — Você viu a Rin por aí?

— Numa hora dessas? — Digo, em meu tom de voz normal, como se estivesse falando sério. — Deve estar em Hogwarts, ou se não no Acampamento meio-sangue!

Ele franziu a testa. Estava morrendo de rir por dentro. Lily me deu uma cotovelada. Vadia.

— Não liga pra ela, — Disse — Gumi quis dizer que a sua irmã já foi pra casa...

— Ah tá bom... — Disse meio... Triste? — Valeu... — Saiu em seguida.

 Ouvi uma buzina, minha mãe havia chegado.

— Mãe! — digo — Essa é Lily, ela vai dormir lá em casa hoje.

— Oi Lily! Tudo bem? — perguntou minha mãe.

— Oi senhora Megpoid, tudo e você?

— Por favor, não me chame de “senhora”, me faz parecer velha — Sussurrou a última parte. — Mas Gumi, por que não chamou as outras meninas também? Estou com saudades delas!

— Aqueles projetos de vadias me trocaram por garotos e por estudar, acredita?  Justo eu que sou uma amiga M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A!

— Oi? Estamos falando da mesma Gumi? — Brincou Lily.

— Sim, — falo — Estamos falando da única e perfeita — Pausa dramática — Gumi Megpoid!

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Estávamos sentadas na minha cama, conversando. Quando uma pergunta que eu tinha curiosidade há um tempo, tomou minha fala.

— Lily, eu posso te fazer uma pergunta?

— Mais uma, além dessa? — Ela sorriu — Claro.

— Eu li numa revista que você foi expulsa do seu último colégio, o que você fez?

— Hum... Tá, eu fiquei com raiva de um professor que me deu uma nota baixa na prova, só por que o respondi mal. Daí, posso dizer que descontei no carro dele.

Eu ri.

— Só por isso? Na nossa escola a gente já se vingou de forma pior!

— Como aquela escola tem fama tem status de ser uma das melhores do país? Nem ter aula direito a gente tem.

— A Rin e a Luka dizem que um pouco antes de eu começar a estudar lá, era muito rígido. Se você tirasse UMA nota vermelha, tinha que ficar lá até às cinco e meia da tarde recuperando. Sério. Mas aí, quando o filho da diretora assumiu, a escola ficou como está hoje.

— Ah, entendi. Mas e aí? O que a gente vai fazer? — perguntou.

— Tem um shopping aqui perto, dava para, sei lá, ir ao cinema?

Então decidimos fazer isso.

— Documento com foto, por favor — Falou uma moça que estava realizando a compra dos ingressos.

Olha! Achei alguém com mais cara de cu que a mãe da Luka!

— Sério, tia? Minha foto está horrível — choraminguei.

— Documento com foto, ou paga inteira.

A moça revirou seus olhos. Seus cabelos eram ruivos e seus olhos verdes, ela podia ser uma pessoa muito bonita, se não fosse por aquela cara “meus pais me obrigaram a trabalhar aqui, por que eu não quis fazer o ensino médio.”

Estava pegando minha carteirinha de estudante, quando a deixei cair. Fui pegar, mas Lily foi mais rápida.

— Por que disse que está feia?  — Me entregou — Você tão linda que faz a minha parecer uma batata!

Eu rio.

— Uma batata fofa! — Fico na ponta dos pés e aperto as bochechas dela. Era impressão minha ou ela tinha corado?

QUE FUSÃO DE TOMATE + PIMENTÃO + BATATA LINDA!!!!

Nem ter poderes de uma fada ia ser tão legal quanto aquilo. OK, não sei, acho que empata...

Saímos da fila de ingressos e fomos para a de comida. Cinema sem pipoca não é cinema, sinto muito.

Uma eternidade depois, nós finalmente fomos até os lugares enumerados para vermos o filme, que era uma comédia romântica daqueles bem clichês: “A nerd e o popular”, sabe? Aquele que eles se conhecem e se apaixonam a primeira vista, só que o garoto tem namorada (Loira, sempre loira), o popular percebe que a nerd tímida é "perfeita", eles ficam, ele tira a virgindade dela, mas no dia seguinte ele trai ela com aquela loira "por ser homem e não resistir a seus instintos" ela fica brava, mas depois de dois dias o perdoa, se casam vão morar em um castelo de açúcar e tem uma filha chamada Clerbeostina.

Minha pipoca estava mais interessante. Ás vezes eu penso, a pipoca é feita de milho, certo? Gostar de pipoca me torna uma galinha?

Peguei mais uma pipoca amanteigada.

"Manteiga, manteiga, eu gosto de manteiga" - cantarolei na minha cabeça, uma musica de minha própria autoria.

Ok, isso está muito chato.

Tentei ocupar minha mente com algum pensamento, mas nada vinha. Peguei outra pipoca.

Nossas mãos acabaram se tocando. Eu e Lily rimos, e ficamos nos encarando intensamente.

Poderia dizer que isso era outro clichê, só faltava a gente se beijar, mas não era isso, somos duas garotas, e digamos que eu prefira bananas

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Ficamos andando um pouco no shopping até que ficou tarde e voltamos para minha casa.

Estávamos nós duas esparramadas em cima do sofá da sala comendo doces e ouvindo música no volume máximo, sem se preocupar com meus pais, até por que eles saíram para um jantar romântico, ou algo assim.

— Verdade ou desafio, Lily?  — Pergunto tentado achar algo para fazermos.

— Verdade. — ela responde.

— Hum... Qual dos garotos da classe você achou mais bonitos?

— O Mikuo é bem bonitinho... Mas, não acho que ele faça meu tipo.

— E por que não? — Pergunto, sim sou curiosa.

— Digamos que eu prefira garotas...

— Você é lésbica? — Pergunto sorrindo, sem maldade, sem entusiasmo, sem nada, apenas curiosidade.

— É... — Ficou de costas para mim, como se não quisesse olhar nos meus olhos para falar. — Por que, você tem algo contra?

— Claro que não! Acho que todos os meus amigos são maravilhosos do jeito que são! Sem mudar nada!

— Mas e se eu, supostamente falando, quisesse ser mais do que sua amiga...?

Espera... Lily estava se declarando para mim? Tentava achar uma resposta para a pergunta dela, foi quando percebi que estávamos em uma "distância perigosa". Suas mãos seguiram até meu queixo, onde segurou por alguns segundos. Já podia sentir o cheiro de seu hálito: morango, por conta dos doces que havíamos comido. Meu coração estava acelerado, era como se eu quisesse acabar de vez com esses centímetros entre nossas bocas, mas ao mesmo tempo não tivesse coragem o suficiente para fazer isso. Aí percebi que não existia mais aquele espaço entre nossos lábios, e que estes haviam sido selados em um simples selinho.

Fechei meus olhos e aproveitei  o momento. A passagem para língua foi meu pedido, que logo foi concedida. Então começamos uma batalha por espaço. Minhas mãos desceram até sua cintura, onde segurei durante todo o beijo.

Isso aconteceu várias vezes naquela noite. Lily é minha amiga, mas eu acho que não há problema nenhum e ser algo mais. Não mesmo.

Acho que... Eu gosto dela.

Não.

Gosto mesmo dela

Só não sei por que tive a impressão de termos sido observadas durante aquilo..