É com ele que eu estou escrita por Bia


Capítulo 7
007




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/697959/chapter/7

PDV Bella

Nós acabamos apenas tomando banho, pois a família dele estavam nos esperando para jantar. E após jantar, Edward me leva para os fundos da casa e nos deitamos na rede, sob a luz da lua.

— Posso te fazer um pedido? — ele diz em meio ao silêncio da noite que era interrompido pelo canto dos bichos.

— Você tem feito muitos pedidos. — digo rindo e olho para seu rosto. Ele parece meio sério. — Pode dizer...

— A Columbia University está abrindo processos seletivos e dentre os cursos oferecidos, está o de Fotografia. Tenta se inscrever, Bella.

Deixo de sorrir e me levanto. Ele se mexe e se senta na rede. Eu o encaro e digo:

— Eu já estou cursando direito, Edward. Porque eu ingressaria em outra área a essa altura do campeonato?

— Porque isso não é o que você realmente gosta de fazer. Nós só temos uma vida e decisões dessa magnitude devem ser tomadas principalmente por nós mesmos, Bella. Não quero te ver arrependida no futuro por uma má escolha. — ele diz ainda sentado na rede.

— E quem te garante que daqui a um tempo você ainda vai estar comigo pra me ver arrependida? E quem disse que vou me arrepender um dia? — digo me chateando.

— Tudo bem, tudo bem. — ele diz se levantando e com as mãos erguidas. — Me perdoe, não devia ter sugerido nada.

— Não, não devia. — falo e entro querendo ir dormir.

— Bella? Está tudo bem? — a mãe do Edward diz quando passo pela sala.

— Sim, vou me deitar. Estou me sentindo um pouco cansada.

— Tudo bem, querida. Boa noite.

— Boa noite. — respondo e subo indo direto pra cama.

–--*---*---

Acordo e não vejo Edward em canto nenhum do quarto. Suspiro e me levanto lembrando do quão boba fui com ele ontem a noite.

Quando desço, vejo Esme na cozinha preparando o café.

— Bom dia, a senhora realmente ama essa cozinha.

— Bom dia. Aah, se deixar fico aqui para sempre. — ela diz sorrindo.

— Hum, onde está o Edward? Acho que ele não dormiu lá no quarto. — digo envergonhada.

Ela para o que está fazendo e me encara franzindo o cenho.

— Bem que eu vi a luz do estúdio acesa, mas não achei que fosse ele. Deve ter dormido lá. — Esme diz me analisando e fico sem graça.

— Pode me dizer onde fica?

— No porão. A única porta no corredor.

— Vou lá ver ele. — quando estou quase me virando ela diz:

— Vocês brigaram? — fico vermelha igual a um tomate. — Desculpe querida, não quero te envergonhar. É que o Edward só desce lá quando está chateado com algo. E ontem quando vocês entraram parecia que havia acontecido algo.

Suspiro e me abro com ela.

— A culpa foi minha. Ele tentou me convencer a fazer algo que eu gosto e deixar de fazer o que faço pra agradar a uma pessoa que não me dá muita importância. Isso no que se refere a faculdade.

— Aah sim. — ela me olha parecendo se decidir de algo é então suspira vindo em minha direção. — Deixa eu te contar uma coisa... O Edward passou por uma situação parecida com a sua, mas só ele pra te contar direito o que houve, eu só posso te dizer que ele sabe como você se sente e se ele te falou isso, é porque quer o seu melhor. Porque ele quer te ver feliz. Tente conversar com ele.

Assinto com a cabeça e sorrio pra ela.

— Vou fazer isso agora. Posso levar o café dele?

— Claro que sim.

–--*---*---

Desço as escadas do porão tentando equilibrar a bandeja em minhas mãos.

Vejo Edward deitado num emaranhado de colchas, ponho a bandeja no chão perto dele e me sento no chão, ao seu lado.

Fico um tempo olhando aquele homem maravilhoso que estava em minha vida e passo a mão por seu cabelos.

Nossa, como eu amava acariciar o cabelo dele.

Ele se remexe e sorrio. Edward sempre acordava quando passava a mão por seus cabelos.

Abriu os olhos se espreguiçando e me encara.

— Bom dia baby! — sussurro e me inclino lhe dando um selinho.

— Bom dia. — ele diz com a voz rouca e me olha desconfiado.

— Convenci sua mãe a me deixar trazer o seu café. — digo e puxo a bandeja pra perto de nós.

Ele se senta e encosta na parede segurando a minha mão.

— Você está bem? — ele diz assim que olho em seus olhos.

— Me desculpe por ontem. Eu fiz tempestade num copo de água. Quer dizer, quando você sugeriu que eu fizesse outra coisa, eu senti como se eu estivesse traindo meu pai se mudasse o curso. Por isso fiquei tão brava com você. Me desculpe, Edward.

— Vem cá.

Fico no meio de suas pernas, e me encosto em seu peito. Ele me abraça e beija minha cabeça, e logo após puxa meu rosto para lhe encarar.

— Eu estive numa posição igual a sua um tempo. E quis fazer por você, o que fizeram por mim.

— Sua mãe me falou. — ele estreita os olhos.

— O que ela contou?

— Na verdade, quase nada. Apenas que você devia me contar, mas que você me entendia porque já esteve no meu lugar.

Ele suspira e pega um pedaço de bolo da bandeja, comendo.

— Você já comeu?

— Não.

— Come comigo, e te conto o que houve.

Pego uma torrada e ele dá um gole no copo de suco.

— Eu me esforçava muito para ser um jogador de basquete. Era o que todos meus amigos faziam na época. E por causa disso, durante todo meu ensino médio meu foco era estudar pra ser jogador de basquete. E eu era bom, Bella. Eu era muito bom. Uma vez fizemos uma visita ao hospital, para o currículo escolar e lembro que meus amigos só foram pra ganhar horas curricular. Mas quando eu cheguei lá, caramba, fiquei encantado. Eu via os enfermeiros pra lá e pra cá e via os médicos e cirurgiões passarem correndo quando havia um código azul. Em um dado momento, me separei da turma e acabei entrando em uma galeria, de onde podemos observar as cirurgias sendo feitas. E eu fiquei extasiado com aquele corpo aberto e o cirurgião operando o paciente. Tanto que grudei no vidro para poder ficar mais perto. Foi quando me viram e me levaram de volta para a supervisora da visita técnica.

Edward falava com um ar nostálgico e eu sorri, parecendo que eu estava lá a medida que ele contava.

— Eu tinha uma namorada na época. E ela, ela me viu com os olhos brilhando por estar no hospital. E me viu ficar fascinado por anatomia depois daquele dia. Eu passei a prestar mais atenção nas aulas de biologia e nunca faltava uma aula de laboratório. E quando chegou a época de inscrição na faculdade, ela estava comigo. Eu estava pra me inscrever na universidade que favorecia o esporte. Mas lembro dela segurar minha mão e me olhar nos olhos me fazendo ver que por mais que eu gostasse muito do basquete, a medicina era minha vocação. Era o que eu amava e que eu devia pensar em mim e no que eu gostava. E quem fosse realmente meu amigo, ficaria feliz por me ver fazendo o que eu amo. E quer saber, Bella? Eu não me arrependo de ter feito aquela inscrição pra poder ser um cirurgião.

Ele come outro pedaço de bolo me deixando pensar no que ele acabou de falar.

— E os seus amigos?

— Entenderam. Na verdade, só tem o Paul que agora joga basquete profissional. O Eleazar é dono de uma galeria e bom o Alec você conheceu ontem. Ele é policial. Cada um acabou fazendo o que realmente quis e somos muito bem felizes com a vida que temos. — ele me olha e sorrir — Entendo você querer fazer isso por seu pai. Mas precisa ver o que é bom pra você. Porque quem vai conviver com essa decisão pro resto da vida, é você Bella. Ele já está muito ocupado sentindo pena dele mesmo. E um dia, talvez ele veja a filha incrível que você é, e ele precisa ver que você está feliz com as escolhas que fez. E não infeliz por conta de uma decisão feita por ele. Ele iria se sentir pior por ver o rumo que sua vida tomou.

Mordo os lábios e respiro fundo​.

— Vou pensar sobre isso. Prometo.

— Só o que peço. — ele me dá outro selinho e terminamos o café.

–--*---*---

No final da tarde nós embarcamos de volta pra Nova York, deixando uma Esme chorosa que fez o Edward prometer visitá-la o mais breve possível.

Estavamos em um uber, que pegamos no aeroporto de NY indo pra casa.

— Vai dormir comigo? — Edward pergunta cheirando meu cabelo, já que estou deitada em seu ombro.

— Não, vou pro meu apê. Preciso organizar umas coisas da faculdade e dar uma ajeitada lá também. Faz muito tempo que não piso lá. — sussurro de olhos fechados.

— Se quiser, durmo com você.

— Não precisa, você tem que dormi bem pra pegar esse plantão de 48 horas que eu odeio. E o seu apartamento é mais confortável. Fica tranquilo.

— Fico confortável onde você estiver, Bella.

— Vou ficar bem. É sério.

Ao chegar no meu prédio, me despeço do Edward dizendo que eu consigo levar minha mala e o fiz prometer me avisar quando chegasse em casa.

–--*---*---

A segunda passou rápido e não vi o Edward, visto que ele estava de plantão. Basicamente fui pra faculdade, vi a Rose e o Emmett e falei com o Edward bem rapidinho pelo whatsapp.

Na terça eu estava na aula de direito penal, e o professor havia passado um caso em que teríamos que apresentar uma defesa para um acusado de estupro.

As pessoas apresentavam suas defesas e eu ainda não sabia o que dizer, até que chegou a minha vez.

– Isabella? - o professor perguntou me incentivando a falar.

— Ah, eu não consegui apresentar uma defesa, professor. Me desculpe! — digo sem graça.

— Desculpe? É isso que você vai dizer ao seu cliente? Desculpe, mas não sei como te defender? — engulo a seco morrendo de vergonha. — Quero conversar com você no final da aula senhorita Swan.

Assinto com a cabeça e me sento rapidamente.

Não consigo prestar atenção ao resto da aula, e pela primeira vez me sinto um peixe fora da água.

Assim que a acaba aquela tortura, vou falar com o professor.

— Queria conversar comigo?

— Sim.. Sente-se por favor.

Sem jeito me sento e ele me encara quando diz:

— O que você está fazendo aqui?

— Acho que não entendi, professor.

— Olha Isabella... — ele se endireita na cadeira — Você é uma garota muito inteligente. Eu vejo todo seu esforço nesse curso, vejo sua dedicação. Mas não vejo paixão, não vejo seus brilharem como dos outros estudantes ao defender um caso, não vejo você empolgada como os outros quando surge oportunidade de ir ver um julgamento no tribunal. Então eu te pergunto novamente, o que você está fazendo aqui?

Baixo o olhar lembrando do que Edward falou comigo.

— Não sei os motivos que te levou a escolher estudar direito, mas porque não procura fazer o que realmente gosta? É um conselho que te dou pra evitar uma vida infeliz fazendo o que não gosta.

–--*----*---

Chego em casa e me jogo na cama mandando uma mensagem no whatsapp para o Edward.

Amor, vc está ocupado? - (18:27)
Tô precisando conversar.-(18:45)

Suspiro e falo com a Rose.

Tô precisando de colo. - (18:47)

Jogo o celular pro lado e tento dormir um pouco. Acordo com batidas na porta.

Me levanto sonolenta e vejo Emmett.

— Cadê a sua chave, hein? — reclamo e volto pra cama.

— Que mau humor, viu? — ele diz me seguindo — A Rose me mandou vim na frente porque ela está lá na casa da mãe dela. Disse que você precisava de colo.

Me cubro toda e sinto Emmett sentar na cama.

— O que aconteceu?

— Emm, eu não sirvo pra ser advogada. — digo colocando a cabeça pra fora e o olhando.

Ele me encara e sei que ele não sabe o que dizer, então volto a cobrir a cabeça.

— E pra que você serve, Bells?

Saio de debaixo da cobertura e me sento ao lado dele.

— Eu não sei. Tô um pouquinho perdida aqui. — digo rindo e ele me acompanha.

— Não acho que esteja. Você sabe o que deve fazer. Só precisa ter coragem para admitir isso para si mesma.

O encaro de canto de olho surpresa.

— Realmente​ casar com uma psicóloga tem seus benefícios viu? — nós dois rimos e meu celular toca. — É o Edward.

— Aff, vou lá ver o que tem pra comer. Se tiver alguma coisa, né? Porque vou te contar viu Bella, não sei como você ainda ta de pé... — ele diz saindo do quarto e atendo o celular.

— Ooi meu bem.
— Oi linda. O que aconteceu? Acabei de sair de uma cirurgia, por isso demorei para responder.
— Está tudo bem, eu entendo. Não se preocupa, já passou.
— Estou saindo agora do hospital. Vou passar aí pra te ver, tudo bem? Aí conversamos sobre o que houve.
— Ta certo. Beijos.
— Beijos.

Eu me levanto e vou tomar um banho.

Quando chego na sala, vejo Emmett na porta pegando pizza com o entregador.

— A Rose ta chegando aí. — ele diz sentando no sofá enquanto pega uma fatia da pizza.

— O Edward também. — me junto a ele.

— Por isso a calça jeans né? Se arrumou logo.

— Para seu perturbado. — rimos e meu celular toca.

— Ta cotada hoje, hein?

— Alô. — atendi rindo de Emmett.

— Boa noite, gostaria de falar com a senhora Isabella Swan?

— É ela, quem gostaria? — franzo o cenho pela formalidade uma hora daquelas, 20:13 da noite.

— Aqui é a Ângela Webber, e falo do Hospital Geral. A senhorita é responsável pelo senhor Charlie Swan?

— Sim, o que aconteceu? — meu coração acelera e percebo Emmett parar de comer e me olhar atento.

— O senhor Charlie deu entrada hoje ás 19:00 aqui no hospital, passando mal. O quadro dele é estável. Seu nome estava como contato de emergência, e ligamos para informar do ocorrido.

— Certo, certo. Estou indo para aí agora.

— Tudo bem.

Desligo o celular e olho para Emmett.

— O que foi Bella? Você está pálida.

— Charlie está no hospital. Passou mal. Eu preciso ir lá, Emm. — digo indo pro quarto pegar minha bolsa com meus documentos.

— Caramba, Bells. Vamos que eu te levo. — ele diz quando volto pra sala.

— Não. Tu fica aqui esperando a Rose. Quando ela chegar vocês vão para lá. Vou pegar um Uber e tentar falar com o Edward.

— Tem certeza? Eu preciso ir com você. Não posso te deixar só. — Emmett fala me seguindo até a porta.

— Vou ficar bem, relaxa. — lhe dou um beijo na bochecha e saio correndo.

No térreo enquanto olho o aplicativo do Uber, me esbarro com o Edward.

— Hey, vai para onde com tanta pressa? — ele me segura pela cintura sorrindo.

— Charlie esta no hospital. Passou mal. Eu tô indo para lá. — só então percebo que minhas mãos estão tremendo.

Ele põe as suas por cima das minhas mãos e o olho.

— Calma, eu vou com você.

–--*---*---

— Esse é o quarto que ele está. — a enfermeira diz e eu agradeço a ela.

— Quer que eu entre com você? — Edward pergunta acariciando minhas costas.

— Acho que quero sim. Não sei qual vai ser a reação dele.

— Tudo bem. Vamos lá.

Entramos no quarto e logo vejo Charlie na maca, cheio de fios e olhando para o teto.

Assim que percebe a movimentação na porta, ele olha.

Me aproximo dele que nada diz, apenas me olha. Edward fica um pouco afastado.

– Oi pa...

– Não quero me chame assim. – ele diz me interrompendo.

– O que aconteceu? – pergunto franzindo o cenho, parando ao lado da maca dele.

– Eu não pedi para te ligarem e nem preciso da sua piedade garota.

– Não me importo, me ligaram dizendo que você quase entra em coma alcoólico. Você precisa parar de beber.

– Já falei que não quero sua misericórdia.

– Não é misericórdia. Você é meu pai e você precisa aceitar isso. – Digo já enraivecida desse assunto.

– Você deixou de ser minha filha no instante em que matou minha esposa. – Ele diz olhando no fundo dos meus olhos.

Já perdi a conta de quantas vezes ele havia me dito aquilo, mas ali foi diferente. Eu achava que as outras vezes era apenas o álcool falando. Mas ali, bem naquele momento, ele estava sóbrio. E não foi a bebida. Foi ele. Ele quis dizer aquilo.

Um silêncio pairou na sala e eu senti uma mão em meu ombro, era Edward.

– Amor ... – eu tiro sua mão do meu ombro e me aproximo de Charlie.

– Escute bem o que eu vou te dizer porque só vou falar uma vez. Eu não matei a minha mãe. Fatalidades acontecem. E não pense que você está a honrando com essa sua atitude estúpida. Pelo contrário, você a envergonha por desprezar a única coisa que ela deixou para você, que é a única pessoa que você tem nessa vida. Se eu não viesse hoje, quem estaria aqui por você? Exatamente. Ninguém. Eu cansei de estar aqui sempre que você precisar. Saiba que da próxima vez que me ligarem por você, eu vou desligar o telefone na cara da pessoa. E nem para reconhecer seu corpo para te enterrar eu vou vim. Agora sim, você está sozinho nesse mundo.

Eu me viro para ir embora, abro a porta do quarto e olho de volta, e vejo Charlie me olhar espantado.

– Ah, e não se preocupe, que a parti desse momento você não tem mais filha, Charlie.

E lhe dou as costas indo embora...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "É com ele que eu estou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.