A mídia não se acalmou depois da ação de Sakura – eles agora insistiam no significado do que ela fizera e se os outros feiticeiros não iriam fazê-lo também. Enquanto eles não deixavam os feiticeiros em paz o coração de Sakura permanecia em pedaços.

Ela faltou uma semana inteira na Universidade – não queria sequer sair da cama. Shaoran conseguiu fazê-la se alimentar depois de dois dias de insistência e leva-la para tomar ar no jardim do templo depois de quatro dias insistindo para que ela se movesse. As coisas estavam péssimas! Nem com a ajuda de Tomoyo, Toya, Shaoran, Yukito, Fujikata ou qualquer outro amigo ou familiar estava sendo possível ajudar Sakura a voltar a sorrir. Ela chorava frequentemente, sempre se pegava procurando seu livro e seus guardiões e parecia ter perdido a vontade de fazer qualquer coisa – até de viver.

Eriol havia se enchido daquela situação quando Sakura e Tomoyo quase foram agredidas ao tentarem entrar na universidade. Shaoran havia conseguido convence-la a ir e Tomoyo ficaria responsável pela amiga durante a manhã e depois ele ficaria com ela. Quando as duas chegaram dezenas de repórteres e pessoas estavam na porta e foi uma confusão geral. Foi nesse dia que Eriol perdeu a paciência de vez!

— Seus loucos! Chega! – ele gritou e acabou deixando parte de sua magia fluir assustando todos – Ela sacrificou tudo que tinha por esta dimensão e pelas outras, pela paz, por um futuro e zelou por esta dimensão e aqueles que nela residem colocando os interesses de todos acima dos seus. Vocês não podem fazer isso com ela! O ato de abandonar sua magia foi para que esta situação desagradável parasse! E graças a isso ela despedaçou o próprio coração pensando em vocês e não nela! – ele estava nervoso e tentando conter ao máximo sua magia – Que tal vocês criarem juízo e consciência e pensarem um pouco no que ela está passando ou já passou por vocês?! – ele parou para respirar e vendo que nenhuma reação vinha se encheu de vez – Ignorância! – ele finalizou curto e grosso dando as costas a mídia e indo em direção a Tomoyo e Sakura.

Sakura queria ir embora depois daquilo, mas Shaoran não deixou.

— Você finalmente saiu do templo e vai acabar repetindo de ano se continuar assim ou pegando uma doença. Eu cuido de você, prometo. – ele foi calmo e sincero dando um leve beijo na testa de Sakura.

Ela acabou por aceitar ficar e Shaoran a levou para dentro da Universidade. Eriol ainda estava uma pilha de nervos e Tomoyo teve que acalma-lo.

— Está tudo bem amor. – ela tentou transmitir segurança e tranquilidade para acalmar Eriol e funcionou.

— Obrigado Tomoyo. Já estou melhor. – ele respirou fundo e abraçou de leve Tomoyo a levando para dentro da universidade e sendo seguido por Ruby e Spinel.

Tomoyo e Sakura tinham aula enquanto Eriol e Shaoran esperavam ambas no corredor do lado de fora de suas salas – e ainda bem que as estavam esperando. Ishira e seu grupo foram incomodar Sakura com o fato dela ser uma feiticeira e as coisas saíram dos eixos! Eriol teve que conter Tomoyo, Ruby, Spinel e a si mesmo enquanto Shaoran passava a maior bronca em Ishira – foi no meio disso que ela cometeu um grande erro! Ela acabou xingando Shaoran a menos de um metro de distância de Sakura. Sakura se encheu, avançou e deu um forte soco na cara de Ishira fazendo ela dar com as costas na parede.

— Mulher grossa, louca e sem noção! Se falar mal ou insultar, de novo, minha família, meus amigos, minhas cartas, meus guardiões, os outros feiticeiros dimensionais ou meu namorado eu te mato! Crie juízo e consciência maldita! – Sakura foi curta, grossa, objetiva e furiosa em suas palavras.

— Vamos para casa, Sakura. – Shaoran sabia que tinha que detê-la e colocou a mão em seu ombro e procurou falar com ela para tira-la do tranze de querer matar Ishira.

Para sorte de Ishira a tática de Shaoran funcionou e Sakura deu as costas para voltar ao templo com Shaoran. A moça ficou para trás de joelhos no chão enquanto Tomoyo guiava Eriol, Ruby e Spinel para junto de Sakura.

A reação de Sakura foi um bom sinal: demonstrava que ela ainda tinha vontade e força para lutar pelo que acreditava; mas também foi um sinal ruim: significava que ela estava perdendo a paciência e as coisas ficariam mais sérias a partir dali.

Com o tempo Eriol teve que se juntar a Yuuko para tomar conta da dimensão de Sakura e Shaoran ainda não tinha como ficar em casa – ele tentou voltar uma vez, mas Sakura começou a ficar em pânico quando pensou o que Eriol e Yuuko passariam para exercer sua função junto a deles e que nada precisava estar daquele jeito se tudo não tivesse acabado de maneira tão ruim e foi quando Yukito ligou para ele o fazendo voltar e fazer Sakura se acalmar novamente. A mãe de Shaoran estava preocupadíssima com o filho, Sakura, o fato de ninguém ser capaz de achar o chefe por trás daquela desgraça toda e de não haver como acalmar os ânimos das pessoas no mundo sobre a magia.

Levou muito tempo para Shaoran terminar de juntar os pedaços do coração de Sakura – sendo que a parte que sofria por sua ação estaria eternamente fragilizada e jamais seria reparada se seus guardiões e suas cartas não voltassem.

Em um dia na universidade, Sakura tomou um enorme susto quando um homem apareceu procurando a feiticeira das estrelas. Ela o estranhou muito! Queria lhe fazer um monte de perguntas e ela não deixou! Mandou ele ficar bem longe dela e não se atrever a importunar – o homem apenas se retirou com a bronca de Sakura.

Ela sabia que ele as vezes aparecia por perto dela para provocar e Shaoran já quase o havia matado. Ele era muito suspeito e os amigos estavam averiguando quem ele realmente era. Quanto mais longe iam mais perigosa a situação ficava! O homem podia ser um dos envolvidos naquela confusão toda e era nessas horas que detestavam estar certos.

Um dia que deveria ser normal se transformou em um pesadelo graças ao homem que preparou um ataque além da mais absurda imaginação de todos.