Entre vãos escrita por Miss Birth


Capítulo 20
Pelo futuro


Notas iniciais do capítulo

Que dó de vocês, gente! Desculpem a demora... Alguns imprevistos, sabem como é... Aproveitem o cap! :)



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Washington D.C., 1989.

—“É uma noite memorável, amigos. A S.H.I.E.L.D., desde sua fundação na década de 40 através do empenho de Margareth Carter, Howard Stark e Chester Phillips, já enfrentou diversas ameaças à segurança mundial e, felizmente, sobrepujou a todas elas com seu time dedicado de agentes. O comprometimento com a paz e a capacidade de tomar decisões acertadas mesmo sob extrema pressão, além de muitos outros atributos, fez com que um de vocês chegasse ao nível mais alto da hierarquia de comando, dando um novo rumo a esta organização. Deem boas-vindas ao novo diretor, Nicholas Joseph Fury.”, Alexander Pierce, o subsecretário de defesa dos Estados Unidos, anunciou em tom triunfante, arrancando aplausos da considerável multidão de agentes presente no salão de convenções do Triskelion, que passava pela fase final de sua construção.

Fury subiu ao palco sendo ovacionado, acenando respeitosamente para seus novos subordinados e apertando com firmeza a mão de Pierce, em seguida as de Howard e Carter.

—“Uma palavra: proteção.”, ele iniciou seu discurso. “O princípio básico no qual a S.H.I.E.L.D. foi fundada. Proteger os homens da maldade de outros homens, às vezes proteger um homem de si mesmo. Estender um braço para os oprimidos, evitar que uma dívida de guerra seja paga com as vidas de milhões – ou com a vida de um só. É essa crença que nos leva para frente há quarenta anos, seja por um homem ou por toda a humanidade. Todos são dignos de proteção. Estamos aqui para ser o escudo, custe o que custar. Espero contribuir para o crescimento desta organização e conto com todos vocês para isso. Obrigado. Me visitem no escritório quando quiserem.”

Após o fim das solenidades, uma bela festa seguiu durante a noite, com direito a boa música, boa comida e bebidas à vontade. A pista de dança improvisada no espaço estava cheia – sozinhos ou aos pares, as pessoas se divertiam ali. Esta foi a oportunidade perfeita para que Howard Stark chamasse o novo diretor para uma conversa em particular num canto qualquer do salão.

—“Diretor Fury, meus parabéns!”, ele saudou, abraçando-o.

—“Stark!”, Nick disse, retribuindo o gesto. “Muito obrigado, mas continuo sendo Nick para você. Onde está Maria?”

—“Deve estar batendo papo com a Peggy.”, ele respondeu. “Você sabe: coisas de mulheres.”

—“É claro.”, concordou. “Então, eu soube que Tony está em Nova Iorque. Ele já trabalha com você na companhia?”

—“Tony? Trabalhando? Só nos meus melhores sonhos.”, Howard falou, mostrando certo descontentamento com o assunto. “Anthony passa a maior parte do tempo trancado em seu laboratório.”

—“Isso é bom, não é? Quer dizer que ele está focado em alguma coisa.”, Fury comentou.

—“Substitua ‘focado’ por ‘ocupado’. E ‘alguma coisa’ por ‘garotas’.”, disse ele.

—“Como alguém que eu conheço.”, uma voz feminina interrompeu. “A fruta não cai longe do pé, Howard.”

Peggy se juntou aos dois na conversa trazendo Maria consigo, mesmo que a intenção inicial de Stark fosse discutir algo um tanto ‘secreto’.

—“Me admiro por ter se casado.”, ela continuou.

—“Pois é. Uma hora você se cansa da gandaia.”, ele retrucou. “Olá, meu bem. Está se divertindo?”

—“Mais do que vocês.”, Maria respondeu. “O que fazem aqui?”

—“Estava tentando falar a Nick sobre alguns itens que eu desejo manter sob sua custódia.”, Howard falou, sugerindo que pretendia conversar a sós com o diretor.

—“Oh, claro. Vou buscar um Martini. Vem comigo, Peggy.”

Ambas se retiraram novamente, saindo da vista deles após se perderem em meio à multidão.

—“Qual é a jogada da vez, Stark?”, Fury se apressou em perguntar.

—“Bem, eu estive vasculhando meu porão em Manhattan e encontrei umas coisas que gostaria de enviar para a base em Los Angeles.”, ele explicou.

—“Que tipo de coisas?”

—“Artigos pessoais de valor incalculável: projetos, souvenirs, alguns gibis...”

—“Quer que eu guarde suas quinquilharias?”, Nick indagou.

—“Não são quinquilharias.”, Howard retrucou. “Preciso mantê-las seguras até que seja possível usá-las plenamente.”

—“Está falando do projeto do reator Ark?”

—“Não é à toa que te escolheram como diretor. O espião mor desvenda um mistério outra vez.”, Howard brincou.

—“Detetives desvendam mistérios.”, Fury frisou.

—“Como quiser, Sherlock Fury.”

*****

Para Natasha, felizmente, trabalhar no setor jurídico da Stark não era um bicho de sete cabeças. Pessoas realmente interessantes compunham o quadro de funcionários da empresa; apesar do comportamento egocêntrico e narcisista do chefe, todos adoravam seus empregos bem remunerados e estáveis. Sem falar, é claro, no status social que isso gerava. Não era qualquer um que tinha a chance de ter o Homem de ferro como patrão.

Apesar de suas observações e rondas frequentes pelo edifício, Romanoff pouco conseguiu saber a respeito do objetivo de sua missão. Uma única coisa havia lhe prendido a atenção: desde que chegara ao escritório, quando inseriu um drive decodificador da S.H.I.E.L.D no computador principal do departamento, uma série de e-mails enviados do Laboratório de biomedicina para o servidor pessoal de Stark foram baixados, mas imediatamente excluídos durante a tentativa de acessá-los. Por que diabos ele estaria trocando informações com um biomédico se seu ramo de atividade envolvia robótica, física e outras ciências exatas?

Embora os detalhes finais da feira estivessem sendo resolvidos em Nova Iorque, a cidade que abrigaria o evento pelos próximos doze meses, a correria na sede em Los Angeles era muito grande.

A melhor alternativa para Natasha seria esperar passar o rebuliço da inauguração e arranjar uma desculpa para ir até a presidência para procurar alguma coisa relevante. Se isso não desse certo, percorreria o laboratório e rezaria para obter resultados.

Base da S.H.I.E.L.D, localização confidencial.

Depois de resolver algumas questões em seu encontro semanal com os membros do Conselho Mundial de Segurança, Fury embarcou para Los Angeles, onde acompanharia bem de perto o avançar de Natasha dentro da Stark. O disfarce estava perfeitamente intacto e tudo ocorria conforme o plano.

—“Alguma notícia da agente Romanoff, Coulson?”, ele perguntou. “Ou ela ainda está se acostumando a beber um cafezinho a cada quinze minutos enquanto bate papo com as colegas de trabalho?”

Coulson sorriu.

—“Natasha me liga nos intervalos. Ela me disse que servem um frango frito divino no refeitório da empresa.”

—“E o que mais?”

—“Bem”, ele continuou. “Ainda não surgiu nenhuma oportunidade de coletar as informações que lhe foram pedidas. Com o lançamento da feira em menos de dois dias, há muito o que fazer no Departamento de assuntos jurídicos.”

—“Tony Stark apareceu por lá?”

—“Segundo ela, nenhum sinal do presidente.”

—“Entendi. Mantenha-me informado sobre qualquer progresso.”, Fury ordenou.

—“Sim, senhor.”, Coulson assentiu.

—“Mais uma coisa, Phil. Preciso de ajuda para achar um velho pacote.”

*****

—“Tony? Tony!”, Pepper chamou, caminhando pela mansão apressadamente.

—“O senhor Stark está na oficina, srta. Potts. E pediu para não ser incomodado.”, Jarvis comunicou.

—“Obrigada, Jarvis.”, ela agradeceu, ignorando o pedido de Tony ao dar meia volta em direção à oficina.

Digitando sua senha de acesso no teclado holográfico da porta de entrada, Pepper entrou de uma só vez no espaço, encontrando Tony aparentemente bêbado e jogado no sofá.

—“Que bonito, hein!”, ela exclamou em volume suficientemente alto para acordá-lo. “Pra quem deveria estar se preparando para ir ao outro lado do país, você está muito atrasado, Tony.”

—“Eu o quê?”, Tony disse, desorientado. “Pedi para não ser incomodado.”

—“Você me contratou para ignorar seus caprichos, lembra? E para te colocar na linha quando bebesse fora de hora.”, Pepper retrucou, apanhando um copo vazio do chão e o levando até a pia da pequena cozinha que Tony mantinha ali.

—“Eu não estava bebendo, Potts.”, ele retrucou, levantando-se com certa dificuldade.

—“Ah, não?”, ela franziu o cenho, fitando-o com seriedade. “As evidências me mostram o contrário.”

—“Em primeiro lugar, eu só estou me sentindo um pouco cansado. Você sabe: excesso de trabalho. Segundo, o que tinha no copo era um suco à base de frutas. Terceiro, minhas malas já estão prontas. As suas estão?”

Pepper pareceu não ligar para o que ele falou e continuou:

—“Você não pode ficar agindo desse jeito, Tony. Todos estão contando com você amanhã e é melhor não decepcionar.”, ela disse.

—“Não vou, Pep.”, Tony se aproximou dela, pegando em suas mãos. “Não esqueça que minha fiel assistente estará ao meu lado para garantir o sucesso dessa próxima missão.”

—“Você sabe que eu não vou à Nova Iorque.”

—“Que teimosia, garota!”, ele reclamou. “Qual o problema agora? Vai me deixar na mão?”

—“Claro que não.”, ela respondeu. “Happy vai com você.”

—“Convenhamos que não pega bem o Happy fazendo nó na minha gravata.”, observou. “Além de que é a abertura do evento, Pepper! Trabalhamos meses por isso e você não vai estar lá? Isso não faz sentido!”

—“Tudo bem...”, ela se deu por vencida. “Eu vou, ok?”

—“Obrigado por cooperar.”, Tony agradeceu.

—“De nada. Agora vá buscar suas coisas e dê um jeito nesse visual.”

O trajeto aéreo para Nova Iorque fora tranquilo. Tanto que Tony, Pepper e Happy desembarcaram no hangar da sede no Queens, bem próximo a Flushing Meadows, cerca de uma hora antes do previsto. Um carro já estava à disposição e logo Happy os conduziu ao apartamento de Tony em um edifício de luxo em Midtown Manhattan.

—“Lar, doce lar.”, ele disse ao entrar.

—“Finalmente!”, Pepper comemorou, colocando sua bolsa no chão. “Preciso descansar um pouco antes do jantar.”

—“Vai sair pra jantar, srta. Potts?”, Tony perguntou, curioso. “Seu chefe lhe deu permissão para fazer isso durante o expediente?”

Pepper lançou-lhe um olhar fuzilante, sinalizando que ele estava esquecendo do compromisso de mais tarde.

—“Ué? O que foi agora?”, ele perguntou cinicamente. “Vai me dizer que eu vou nesse jantar também?”

—“A menos que você não seja mais Anthony Stark, está isento do baile de pré-inauguração.”, ela respondeu.

—“Infelizmente, neste caso, eu sou.”, retrucou.

—“Suas coisas já estão lá dentro, Tony.”, Happy avisou. “Que horas saíremos daqui?”

—“Às oito.”, Tony decidiu, jogando-se sobre uma grande poltrona que estava ali.

—“Olha só! Alguém se lembrou do horário.”, Potts falou, fazendo Happy sorrir.

—“Eu sempre lembro, Pepper.”, disse ele, retirando seus sapatos. “Mas como os eventos na maioria são meus, chego no momento em que considero ideal.”

—“Sei...”, Pepper também se sentou e Happy seguiu para o quarto onde ficaria. “Vou pedir o almoço, okay?”

—“Sim, faça isso.”, Tony concordou. “Que tal bebermos um uísque enquanto a comida não chega?”

Oito horas depois...

As quatro ruas que circundavam o quarteirão das Indústrias Stark no Queens estavam abarrotadas de carros e pessoas por todos os lados. O único modo de chegar à entrada do prédio seria enfrentando a imensa fila de limusines que aguardavam sua vez de estacionar em frente ao tapete vermelho estendido sobre a calçada, cujas laterais comportavam repórteres, paparazzi e suas câmeras.

Quando finalmente Happy parou o carro, Tony desceu de uma só vez e Pepper logo atrás dele. Uma chuva de flashes caiu sobre eles – Tony acenava de volta e sorria para as fotos enquanto a assistente caminhava a passos largos para o salão de recepções improvisado no hall de exposições da sede.

—“Vejam só! Que sorte a minha!”, Pepper virou-se ao ouvir uma voz conhecida. Era Justin Hammer se aproximando e exibindo seu jeito exótico de se comportar. “Srta. Potts!”

—“Ah... Olá, Hammer.”, ela cumprimentou, constrangida com toda aquela pompa.

—“Já disse que pode me chamar de Justin.”, retrucou ele, beijando-lhe a mão num gesto demorado.

—“Desculpe, é que não costumo agir com esse tipo de informalidade no trabalho.”, respondeu Pepper, puxando sua mão de volta.

—“Trabalho? Numa noite de festa para a companhia do Stark?”, Justin indagou. “Achei que seu chefe lhe dava espaço para ao menos beber um copo d’água.”

—“Ela pode beber o bar inteiro, se quiser, Hammer.”, Tony surgiu de repente, cortando o papo furado que Justin insistia em lançar sobre Pepper, que agradeceu mentalmente por ele ter aparecido naquele exato momento.

—“Anthony!”, ele saudou. “Achei que já estivesse por aí... Se preparando para o grande momento.”

—“E estava. Até sentir falta de Potts e vir até aqui para buscá-la das garras da concorrência.”, ele alfinetou, fazendo-a sorrir. “Caso não se importe...”

—“Ela é toda sua, Stark.”, Justin disse, sem-graça.

—“Não como eu gostaria...”, Tony sussurrou, pegando-a levemente pela cintura e andando em direção ao palco. “Vamos, Pepper.”

Certificando-se dos últimos detalhes antes de iniciar seu discurso, Tony se posicionou ao lado do mestre de cerimônias, que o anunciou para os milhares de convidados presentes na festa.

—“Obrigado, obrigado.”, ele agradeceu. “Espero que estejam à vontade e se divertindo bastante hoje. Vocês sabem quem eu sou e o que vim fazer aqui. Há vinte e seis anos, neste mesmo local, meu pai, Howard Stark, deu início a Expo Stark 74. Ele propôs algo revolucionário para a época. Seu projeto, chamado ‘Cidade do futuro’, tinha por objetivo reunir as mentes mais brilhantes da terra para encontrar soluções e proporcionar um futuro melhor para as novas gerações. Infelizmente, as guerras que enfrentamos pelas décadas seguintes adiaram essa maravilhosa ação, deixando-me com a enorme responsabilidade de usar meus recursos e minha capacidade lógica para pôr em prática o que aquelas pessoas deixaram em seus rascunhos, o que significava o trabalho de suas vidas. Sim, meus amigos, demorei um pouco para entender minha missão nessa vida. Estou pronto para reparar meus erros e assumir minhas ações. Então, é com grande prazer que inauguro, oficialmente, a Expo Stark 2010. Pelo futuro da humanidade.”


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Notas finais do capítulo

Fim dos eventos entre os filmes Homem de ferro e Homem de ferro 2.
Entraremos num novo tempo agora, queridos. Aguardem!



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