A Redenção do Tordo escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 9
09. De volta ao Distrito 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/696420/chapter/9

 

Por Peeta

— Você está decidido mesmo a retornar ao Distrito 12, hein, rapaz? — Dr. Aurelius observa, sorrindo. — Já que é assim, diga à Srta. Everdeen que não vou poder ficar fingindo para sempre que estou tratando dela. Em algum momento, ela tem que atender o telefone. Aliás, vocês dois devem fazer isso, mas acho que não preciso me preocupar em lembrá-lo de falar comigo toda semana e sempre que precisar.

— Darei o aviso. Espero que ela me dê ouvidos — suspiro.

O médico faz algumas anotações em um receituário e me estende a mão direita, que aperto com firmeza.

— Você está de alta oficialmente! Aqui estão anotados os medicamentos que você deve usar e a dosagem. — Ele me estende o papel.

— Obrigado por não desistir de mim, Dr. Aurelius. Nem da Katniss! — agradeço comovido e saio de seu consultório.

De volta ao meu quarto, encontro a Dra. Ceres e Maximus, ambos segurando uma grande quantidade de embalagens de remédios.

— Peeta, aqui estão os seus medicamentos. Você vai levar também um novo estoque para Katniss. — A Dra. Ceres aponta para diferentes pacotes. — Incluí também novos cremes restauradores e pomadas regenerativas para melhorar o aspecto da pele de vocês.

— Eu agradeço, Dra. Ceres, mas minha mala é tão pequena. Não cabe isso tudo nela — digo e, mal acabo de falar, escuto a voz melodiosa de Effie atrás de mim:

— Já providenciei tudo, Sr. Peeta Mellark. Pensei em cada detalhe. — Eu me viro e me deparo com ela, vestida em roupas e acessórios de uma infinidade de tons de rosa, inclusive uma peruca.

— Você não vai a lugar nenhum sem a sua escolta, especialmente nesse grande, grande, grande dia em que você teve alta hospitalar! — Effie enfatiza.

— Você abandonou o seu visual mais natural! — constato.

— Ah, meu querido, aquela não era a verdadeira Effie, você não concorda? Embora não descarte a possibilidade de assumir minhas madeixas em algumas ocasiões, se for conveniente — desabafa ela.

— Se você está feliz assim, também estou feliz por você. É isso o que importa — afirmo e dou um beijo em sua bochecha.

— E qual é o visual que Haymitch prefere? — Max a provoca.

— O Haymitch gosta... — Effie começa a responder distraída, quando percebe que está se entregando. — Ora! Desconheço as preferências daquele senhor!

Depois, ela disfarça, indo pegar uma grande mala de rodinhas que havia deixado perto da porta.

— Trouxe uma valise de tamanho adequado. Vamos arranjar tudo aqui dentro! — Ela se prontifica a guardar o que devo levar.

Enquanto isso, Max e a Dra. Ceres se despedem de mim pela última vez:

— Bom retorno, Peeta. Não suma — pede Max.

— Você não vai se livrar de mim tão facilmente — garanto.

— Quero que você saiba que estarei aqui, torcendo por você, e sempre à disposição para ajudá-lo no que for preciso — assegura a Dra. Ceres e seus olhos começam a lacrimejar, como os meus.

— Não tenho palavras para agradecer tudo o que fizeram por mim! — Eu os abraço com carinho.

Os dois irmãos se vão e começo a ajudar a Effie na arrumação da minha bagagem. Ela me mostra um embrulho bem colorido e uma caixa de chocolates:

— Este aqui é um presentinho para o Haymitch e este outro é para Katniss. É muito difícil saber o que agrada a ela, então estou mandando bombons!

— Assim não há como errar! E para o Haymitch? Posso saber o que é? — Eu me intrometo.

— Uma foto nossa, num belo porta-retratos — sussurra minha antiga escolta, olhando para os lados.

— Afinal, o que está acontecendo entre vocês? — pergunto sem cerimônias.

— Pelo visto, não dá mais para esconder... Mas não espalhe a notícia, Peeta! — implora. — Depois da rebelião, nós nos aproximamos, de um jeito diferente. Você entende?

— Entendo e fico muito contente por vocês. Só não compreendo a razão desse mistério todo!

— Ainda é segredo, devido aos traumas do passado do Haymitch. É complicado pra ele derrubar certas barreiras, especialmente o medo da perda, porém um dia a gente supera esse obstáculo — afirma Effie esperançosa. — Tenho que reconhecer que só você e Katniss conseguiram essa proeza tão depressa... Conquistar o coração daquele cabeça dura!

— Confesso que, depois que perdi meus pais, você e o Haymitch são as pessoas que preenchem um pouco esse vazio. Seria perfeito tê-los por perto, juntos, lá no Distrito 12 — admito.

— Adoro a ideia de ser uma figura materna pra você. — Ela acaricia o meu rosto ternamente, porém logo volta a ficar agitada ao olhar o relógio. — Vamos? Não podemos nos atrasar para o próximo trem com destino ao Distrito 12!

Dou uma última olhada em volta e inspiro profundamente.

— Mais uma etapa vencida... Distrito 12, aqui vou eu — murmuro para mim mesmo.

Até chegarmos à saída, cumprimento algumas pessoas e recebo votos de felicidade.

Na porta do hospital, há um carro nos esperando para nos levar à estação ferroviária. Já dentro do veículo, Effie me explica:

— O governo tem por você uma grande consideração. Fui enviada nesse carro para buscá-lo e já foi comprada a sua passagem de trem num dos vagões mais luxuosos. Basta solicitar o bilhete no guichê.

— Que bom! Estou aqui a caminho da estação, sem nem saber como pagaria minha passagem — observo.

— Ah, mas é claro! Tenho ainda algo importante pra você. — Effie retira um envelope que estava num compartimento do carro e me entrega.

A carta está lacrada com algo que reconheço como o símbolo da nova Panem. Dentro dela, há um comunicado da Presidente Paylor, informando que os tributos continuarão recebendo uma indenização mensal do governo e que, pelo tempo que estou sem utilizar esses valores — desde o início do Massacre Quaternário —, acabei acumulando uma pequena fortuna. No envelope, havia também uma quantia em dinheiro.

— Essa notícia não poderia vir em melhor hora! — exclamo. — Estava bastante preocupado em como obter recursos para a reconstrução da padaria.

— Isso é realmente maravilhoso! — Effie se anima.

Chegando à estação, tudo à minha volta me traz lembranças dos Jogos, da Turnê da Vitória e, consequentemente, de Katniss, ainda que algumas dessas recordações sejam bem vagas.

Dentre as memórias que são claras em minha cabeça, inclui-se o fato de que sempre estávamos cercados de câmeras, tendo que ficar de pé por alguns minutos antes de entrarmos no trem, diante de fotógrafos e cinegrafistas, enquanto capturavam as nossas imagens para alimentar a ideia de um romance de faz de conta.

O telessequestro fez ficar bem vívida em minha mente a parte do fingimento de Katniss. Se isso me magoa agora, imagino o quanto eu sofria naquela época, em que tinha certeza de que a amava.

Fico um pouco tenso ao revolver tantos fatos em minha cabeça. Effie percebe a minha apreensão e segura em minha mão.

— Estou quase levando você comigo, Effie! Tenho tanto medo do que vou enfrentar. Não queria estar sozinho. — Minha voz denuncia meu crescente nervosismo.

— Essa sua escolha não é irrevogável, Peeta. Você tem o direito de tentar, ainda que venha a se arrepender depois! — Effie me encoraja. — Se não der certo, estarei pronta para recebê-lo aqui na Capital ou para ajudá-lo a se estabelecer em qualquer outro Distrito. Embora tenha certeza de que você saberá reconstruir sua vida no lugar em que você nasceu.

As palavras de Effie me confortam. Ela vai até a bilheteria retirar o tíquete e volta depressa.

— O trem já está vindo. Chegou a hora de ir. — Aponto na direção dos trilhos, cabisbaixo.

— Tudo está se encaminhando bem para todos, meu querido! Não será diferente com você. — Ela segura meu queixo e ergue minha cabeça.

Nosso abraço só não é mais demorado, porque o trem deve partir. Dirijo-me à porta e aceno para Effie, o coração inundado de incertezas e esperança. O funcionário que recolhe os bilhetes logo me reconhece:

— Sr. Peeta Mellark, indo de volta para casa?

— Finalmente — digo educadamente, porém logo fito o chão, com a intenção de não dar mais chances de outras perguntas, para as quais talvez eu tenha dificuldade de responder.

Logo encontro meu compartimento e me instalo. O trem começa a se mover. Como nas outras viagens que fiz, a alta velocidade inicialmente tira meu fôlego. No entanto, isso é bom. Afinal, minha jornada até o Distrito 12 levará menos que um dia.

Vou até um vagão onde funciona uma loja e compro diversas bebidas para Haymitch. No entanto, não acho nada que sirva como presente para Katniss. Na hora de pagar, a vendedora comenta de modo indiscreto:

— Esse é o triste destino dos Vitoriosos do Distrito 12. A embriaguez. Você é tão novo, menino!

Eu me assusto com suas palavras e esclareço:

— As garrafas não são pra mim. Tenho que me redimir com o Haymitch, pois joguei fora todo o seu estoque de bebidas, assim que fiquei sabendo que um de nós seria um tributo no Massacre Quaternário.

Ela respira aliviada e me sinto mal, pois não sou alcoólatra, mas Haymitch sofre com esse problema.

O resto da viagem segue tranquilamente. São poucos os passageiros indo para o Distrito 12.

No vagão-restaurante, alguns deles conversam comigo sobre o fechamento das minas de carvão e a promessa de que, depois de aradas as cinzas, a terra servirá para o plantio de alimentos.

Outros me contam sobre a construção de uma nova fábrica de medicamentos, que gerará muitos empregos, durante e depois da obra.

Enfim, é bom saber que as pessoas estão indo para o Distrito 12 em busca de uma nova vida, cheios de disposição e boas expectativas.

Recolho-me ao meu quarto e, após dormir, as lembranças das noites no trem durante a Turnê da Vitória, frescas em minha mente, fazem com que acorde num sobressalto, como se eu pudesse ouvir os gritos de Katniss quando tinha pesadelos.

Fico desperto e não consigo mais adormecer. Tomo um banho e vou me servir do café da manhã. Depois, sigo até o último vagão, onde as grandes janelas permitem ver a paisagem pelo percurso restante. Nem sinto o tempo passar.

Quando me dou conta, uma garçonete está diante de mim, perguntando se prefiro que meu almoço seja servido ali mesmo. Assinto e ela me informa que não vai demorar, pois a viagem está chegando ao fim.

Não há como descrever o que sinto quando distinguo os contornos da minha cidade natal no horizonte. Pego minha bagagem e saio do trem.

Caminho pela velha conhecida plataforma da estação e não vejo nenhuma face familiar. De cabeça baixa, prefiro não ser reconhecido. Quero evitar que as pessoas venham falar comigo e acabem tocando no nome de Katniss, o que pode desencadear um flashback.

Cubro minha cabeça com o capuz do casaco, pois, ainda que o inverno tenha terminado, foi há pouco tempo e sinto um vento frio e cortante atingir meu rosto. Essa também é uma forma de caminhar pela cidade sem ser notado.

No entanto, percebo que andar com uma mala enorme nas mãos não me ajuda em nada, muito menos a passar despercebido.

Também não é minha intenção ver o estrago feito pelo bombardeio no Distrito 12, especialmente na área comercial, onde vivi com minha família até a colheita da 74ª edição dos Jogos Vorazes. Pelo menos, não ainda. Preciso enfrentar uma coisa de cada vez.

Decido, então, traçar uma rota diferente até a minha casa na Aldeia dos Vitoriosos. Assim, sigo andando ao lado dos trilhos, onde não há nenhuma construção, até o lugar onde eles se cruzam com a cerca que delimita o Distrito. A partir dali, vou margeando a floresta até chegar à Campina, ou ao que sobrou dela.

As ruas próximas estão cheias de carroças, guiadas por pessoas que recolhem os destroços que ficaram cobertos pela neve do inverno que passou. Elas coletam também os restos mortais dos habitantes do Distrito 12, para que sejam depositados no fosso profundo que foi escavado na Campina, uma vala comum para o meu povo. Algumas pessoas notam minha presença e, por respeito aos mortos, retiro o capuz que me oculta parcialmente.

Não importa quantas imagens horríveis eu já tenha presenciado ao longo da minha vida, principalmente nos últimos dois anos, nada me preparou para a cena desoladora que está diante dos meus olhos. Ali naquele buraco podem estar meus pais, meus irmãos, meus amigos.

Resolvo fazer uma caminhada na floresta, para tentar limpar a minha cabeça.

A cerca não é mais eletrificada e está apoiada em longos galhos de árvores, servindo apenas para continuar mantendo os predadores fora da cidade. Deixo a mala apoiada em uma árvore próxima ao aramado e adentro a floresta.

O local é extremamente intimidante. Se bem me lembro, Katniss começou se aventurar aqui sozinha quando tinha apenas onze anos e estou aqui amedrontado, mesmo já sendo bem mais velho.

No entanto, ao mesmo tempo, tudo à minha volta é realmente encantador. A beleza está em toda a parte. É início da primavera e a floresta está despertando após o longo inverno.

Noto algo ao longo da trilha que estou percorrendo. São arbustos com pequenos cachos de flores amarelas. Prímulas noturnas, que balançam delicadamente ao soprar da brisa.

É então que a ideia surge em minha cabeça.

Este é o presente que vou levar para Katniss!

Vou me programar para, amanhã bem cedo, trazer as ferramentas para retirar as mudas e plantá-las ao redor de sua casa.

Está quase anoitecendo quando chego ao verde da Aldeia dos Vitoriosos. Metade das casas têm luzes nas janelas, incluindo a de Haymitch e a de Katniss.

A minha casa está com a porta aberta. Lá dentro, encontro Haymitch terminando de acender a lareira. Paro sob o batente da entrada e o saúdo:

— Bela recepção para o morador da casa! Effie avisou que eu vinha? — Eu o cumprimento e ele se vira para mim.

— Sim! Você aparenta estar melhor, garoto — repara ele. — Como estão as alucinações?

— Elas têm sido menos frequentes e não tão violentas, mas não posso descuidar dos medicamentos — explico. — Também não posso prever como será quando eu me reencontrar com Katniss.

— Você está com receio de revê-la? — indaga.

— Sim, tenho medo, mas voltei por causa da Katniss — confesso. — O problema é que, nos meus surtos, o veneno provoca o terror em minha cabeça. Nessas horas, ainda duvido dela e tenho dificuldade de distinguir o que é real ou não. Agora, nesse momento em que estou tranquilo, sei com toda certeza que Katniss não tem culpa de nada. No entanto, durante as crises, quando perco a consciência, ela sempre surge em minhas lembranças como a causadora de todo o mal.

— Serão muitos os desafios pela frente, isso é óbvio, mas é bom tê-lo de volta! — Haymitch me puxa para um abraço.

— É bom estar em casa. — Retribuo o gesto de afeto.

Em seguida, olho para o outro lado da rua, porém não encontro quem estou ansiosamente esperando ver, quem tem as respostas de que preciso para fazer valer o meu retorno ao Distrito 12.

Haymitch franze o cenho ligeiramente ao notar meu olhar perdido na direção da casa de Katniss.

— Ela não sabe que você voltou. Não lhe contei — comenta. — Não que eu pense que ela vá dar ouvidos a qualquer coisa que alguém diga.

— Katniss está tão mal assim? — questiono preocupado.

— Ela não sai de casa. Pra você ter uma ideia, ela não sai nem da cozinha, exceto para ir ao banheiro, e está com a mesma roupa com que saiu da Capital. Enfim, ela mal se moveu desde que voltamos. Greasy Sae vai até a casa dela preparar o café da manhã e o jantar, mas ela tem sorte se consegue persuadir Katniss a comer alguma coisa. Na maior parte do tempo, ela fica sentada perto do fogo, naquela velha cadeira de balanço, com os olhos vidrados... Não imaginava que ela poderia ficar pior do que quando foi resgatada do Massacre Quaternário sem você, porém estava enganado.

— E ninguém mais a procura? Ninguém se dispõe a conversar com ela ou tentar animá-la? — Minha indignação é evidente.

— Gale está trabalhando no Distrito 2 e a mãe dela mudou-se para o Distrito 4. E, pra ser sincero com você, nunca a visito. — Ele ao menos tem a dignidade de parecer envergonhado por sua negligência.

— Como não, Haymitch? Você não poderia abandoná-la! — reclamo.

— Katniss está fechada em seu mundo. Como disse, não sei se ela presta atenção ao que qualquer pessoa lhe diz.

— Ela tem tido pesadelos? — pergunto, quando vem à minha mente a lembrança de tê-la confortado em ocasiões assim, deixando-a dormir em meus braços.

— Katniss muitas vezes acorda em desespero, pois escuto seus gritos — admite ele. — Em poucas palavras, Peeta, ela precisa de ajuda. De muita ajuda. E acredito que esse auxílio ela provavelmente só vai querer receber de você. Seja forte, por vocês dois.

— Mas ainda estou confuso sobre tantas coisas. Não sei definir como me sinto em relação a ela. É tudo tão obscuro — reconheço.

— Entendo — concorda Haymitch. — Só acho justo que saiba o que espera por você, se quiser mesmo tentar falar com ela. Em minha opinião, você deveria fazer isso e logo. Está na cara que é isso o que você mais quer.

— Se ela não se abre com você e com mais ninguém, o que faz você pensar que ela vai falar comigo? — questiono e Haymitch acha graça.

— Porque não importa o quanto ela tente negar, ela ama você — afirma o meu mentor com convicção. — Talvez mais do que você possa imaginar, garoto.

Haymitch sai, deixando-me sozinho, dentro de uma casa que nem reconheço direito como sendo minha.

Quando me dirijo até a porta para fechá-la, vejo Greasy Sae saindo da casa de Katniss. Mesmo sem eu perguntar nada, ela se aproxima de onde estou e comenta:

— Disse à Katniss que a primavera está no ar e que ela deveria sair, ir caçar. Esse sempre foi o tipo de dia preferido da menina que conheço desde que ela era uma criança. Só que Katniss está tão mudada.

— E ela ouviu o seu conselho? — indago interessado.

— Primeiro, ela me respondeu que não tinha um arco para caçar. Foi quando avisei pra ela conferir no fim do corredor se realmente não tinha, pois lá ela encontraria arcos, flechas, entre outras coisas. Mas, até eu sair, Katniss não havia se movido da cadeira de balanço na cozinha. Vamos ver se ela muda de ideia mais tarde.

— Espero que sim — balbucio.

— Você quer uma ajuda na arrumação da casa? — Greasy Sae oferece de bom grado.

— Eu agradeço, mas preciso me ocupar um pouquinho.

— Adeus, então. Seja bem-vindo de volta. É possível que, com você aqui, ela se anime mais — diz ela.

— Adeus! — Eu me despeço da velha moradora da antiga Costura.

Dou início à limpeza da casa e à organização dos meus objetos pessoais. Quando já estou exausto, vou até o meu estúdio de pintura e me deparo com diversos quadros em que Katniss é a principal figura retratada. Sempre tão linda e fascinante.

Já é madrugada, mas resolvo tentar vê-la pessoalmente. Atravesso a rua e olho através do vidro da janela da cozinha, porém a cadeira de balanço está vazia e o fogo arde sozinho. Ela não está diante dele, como Haymitch e Greasy Sae disseram que ela costuma ficar.

Eu caminho um pouco mais, até alcançar a outra janela. Katniss está adormecida no sofá da sala de estar, vestida com a jaqueta de caça de seu pai. Ela está muito magra e abatida. Seu cabelo escuro, que sempre foi tão bonito, está emaranhado e opaco.

No entanto, observando suas feições, que não deixaram de ser belas aos meus olhos, ainda tenho motivos para repetir a frase que pronunciei mais de uma vez para Katniss escutar: "Ela não faz ideia do efeito que causa".

Apesar de a simples visão de Katniss me fazer estremecer e o coração palpitar, ainda não posso realmente definir como me sinto a respeito dela.

A única certeza que tenho é a de que não posso deixá-la assim e preciso ajudá-la. Eu só queria saber como.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Olá, pessoal!

Peeta está de volta! Finalmente!

P.S. Eu me arrependi tanto de ter tirado a peruca da Effie num dos capítulos anteriores que não resisti e coloquei-a de volta! XD

Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Redenção do Tordo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.