A Redenção do Tordo escrita por IsabelaThorntonDarcyMellark


Capítulo 11
11. O que restou pra mim




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Por Peeta

Entro em casa apenas quando não escuto mais a voz e o choro de Katniss. Acho que finalmente dormiu, depois de um dia exaustivo pra ela, que está tão debilitada.

Espero que Katniss tenha um sono tranquilo, se é que isso ainda é possível para qualquer um de nós.

Antes de me recolher, o telefone toca. Vejo no visor que é um número da Capital.

— Alô? — atendo depressa.

— Alô, Peeta? Aqui é a Annie. — Seu tom doce dissipa um pouco minha tristeza.

— Olá! Que bom ouvir sua voz! Como estão todos aí? E o bebê? — pergunto.

— Estamos bem, preparando tudo para voltar ao Distrito 4 amanhã! — Annie comenta animada.

— Isso é ótimo. Johanna vai com você amanhã mesmo ou depois?

— Vamos juntas. Max vai também. Ele conseguiu uma transferência para o hospital de lá — informa.

— Provavelmente, ele vai trabalhar com a Sra. Everdeen. São duas pessoas de confiança que poderão dar assistência a você no parto... Fico mais tranquilo assim — reconheço. — E como estão Max e Johanna?

— Eles estão muito felizes... Do jeito deles! — Annie confessa e ambos rimos.

— Você vai ficar bem convivendo com esses dois, não vai? Agora, mais do que nunca, você precisa de tranquilidade — afirmo.

— Não se preocupe. Acho que não encontraria duas pessoas tão destrambelhadas, mas também tão cuidadosas — admite ela.

— Adorei a definição que você deu para os dois. Eles estão por aí?

— Não. Foram jantar com a família do Max. Agora, conte-me você. Como está sendo a volta ao 12?

— O lugar está irreconhecível, ao menos a parte que já revisitei. Apenas a Aldeia dos Vitoriosos escapou do bombardeio — digo com pesar.

— Você já encontrou alguém? Haymitch e... — Ela demora em completar a frase, porém essa é uma lacuna fácil de ser preenchida.

— Você quer dizer Katniss? Eu a encontrei pela manhã, mas não conversamos muito. A notícia que tive quando cheguei é a de que estava apática e desmotivada, mas hoje ela até saiu de casa para ir à floresta, embora tenha voltado de lá bem abatida. Quanto ao Haymitch, passei a tarde com ele.

— Nenhum flashback? — questiona ela.

— Não. Nenhum — falo e, logo em seguida, escuto Annie suspirar aliviada.

— Estou longe, mas torcendo por você! — Ela me encoraja.

— Sei disso. Também estou na torcida por vocês. Mande notícias da mudança!

— Peeta... Antes de me despedir... Bem, gostaria de saber... Queria ver se... — Annie se enrola com as palavras.

— Pode me perguntar, Annie! — Eu a incentivo e ela dispara a falar:

— Você poderia ir ao Distrito 4 quando o bebê estiver próximo de nascer? Minha casa é grande e posso reservar um quarto pra você. Não precisa se preocupar com nada, apenas em levar roupas e seus objetos pessoais. O bebê vai nascer no verão, é uma época ótima para passear na praia. Quando você esteve lá, não teve muito tempo pra ver todo o litoral. Só me diga que você estará lá comigo e com o meu filho, por favor! — Annie despeja tudo de uma vez só, sem parar nem para respirar.

— Calma, inspire fundo... expire. — Aguardo para ouvir sua respiração se estabilizar. — Dá pra perceber o quanto você está ansiosa.

— É que estou com tanto medo, Peeta. Queria muito o Finnick aqui comigo... — Sua voz sai como um sussurro.

O que dizer numa hora dessas? Como substituir os gestos de quem é insubstituível? Não existe palavra de conforto que atenue a aflição que Annie deve estar sentindo. Só posso lhe garantir o pouco que tenho para oferecer, que é justamente o que ela me pede: a minha presença.

— Estarei com vocês, Annie. Estaria de qualquer modo, mesmo que você não pedisse — asseguro a ela.

Escuto algo parecido a um riso entre lágrimas e me despeço antes que eu também comece a derramar algumas.

— Boa noite, Annie, e... Bom retorno ao Distrito 4 amanhã. Vejo vocês em breve.

— Adeus, Peeta. É sempre bom falar com você.

Ao final do telefonema, estou esgotado, em razão da falta de descanso da noite anterior e também devido à carga de emoções vividas desde o início da manhã. Adormeço rapidamente.

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Acordo ciente da promessa que fiz a mim mesmo ontem. Preciso levar adiante o plano de tentar fortalecer Katniss física e emocionalmente.

É muita pretensão da minha parte querer ser um suporte emocional para quem quer que seja, quebrado como estou também.

Então, vou me focar na parte do plano em que posso ter algum sucesso, que é ser um esteio para a recuperação da saúde dela.

Pães de queijo. Espero que não esteja enganado e que esses continuem sendo os seus preferidos. Junto com eles, preparo também alguns pães doces, salpicados com açúcar e canela.

Acabo de tirar os pães do forno, quando ouço batidas na porta. Não imagino quem possa ser a essa hora da manhã. Abro e me deparo com Greasy Sae.

— Bom dia, Peeta! — Sua saudação é acompanhada de um sorriso tímido. — Percebi alguma movimentação aqui, por isso bati à porta. Não faria isso assim tão cedo, se você ainda estivesse dormindo.

— Bom dia! Não há problema. Queria mesmo lhe pedir um favor antes de a senhora ir para a casa de Katniss — digo.

— Então, somos dois querendo pedir um favor — afirma ela. — O que quer que eu faça, Peeta?

— Preparei uns pães e gostaria que levasse para Katniss. E pegue uns pra senhora e sua neta também — ofereço. — A senhora prefere pão doce ou salgado?

— Esse é o tipo de pergunta que uma pessoa que viveu na Costura a vida inteira e que passou pelas restrições do Distrito 13 nunca ouviu. Nós simplesmente gostamos de ter o que comer — murmura ela honestamente.

— De qualquer modo, a senhora pode ficar à vontade e escolher os pães que quiser. — Meu constrangimento é perceptível.

— Peço desculpas se fui grosseira. Você é um menino bom — elogia ela, enquanto separa um pouco de cada tipo de pão para levar consigo.

— A senhora não foi rude. Apenas disse a verdade — eu a tranquilizo.

— Minhas desculpas não foram só pelo que eu disse agora. Nunca fui muito simpática com você, não é? — Greasy Sae recorda.

— Nosso relacionamento não era dos melhores mesmo. — Sorrio, envergonhado.

— Não por sua culpa. Eu é que não fazia questão de ser agradável. Acho que transferia pra você e seus irmãos toda a mágoa que sentia da sua mãe, que tratava as pessoas da Costura como... — Ela interrompe o que estava dizendo. — Eu não deveria falar essas coisas. A Sra. Mellark nem está mais aqui entre nós. Sinto muito.

— Tudo bem. Esse tempo já passou. — Balanço a cabeça para afastar a lembrança de que minha mãe não maltratava apenas os habitantes da Costura. — Qual é o favor que a senhora quer me pedir?

— Queria saber se você não gostaria de me acompanhar até a casa de Katniss. Leve pessoalmente o pão que você fez! — sugere a velha senhora.

— Não sei se é uma boa ideia. Ontem, quando Katniss me viu plantando as prímulas, conversamos rapidamente, mas logo depois ela me deu as costas e se trancou em casa. Não sei se ela não gostou de me rever ou se ficou aborrecida com o que fiz — explico, um pouco frustrado.

— Isso só ela pode responder. No entanto, o que sei é que, até você aparecer, desde que Katniss voltou com Haymitch ao Distrito 12, ela não havia demonstrado energia pra nada. Nada mesmo. Foi só você chegar para ela recuperar o ânimo pra sair de casa e ir à floresta caçar — constata ela.

— Deve ter sido coincidência — menciono num tom de voz baixo, esforçando-me para não demonstrar a ela o quanto seus comentários mexem comigo.

— Coincidência ou não, tenho certeza de que você quer ajudar à Katniss. Ou estou enganada?

— Quero muito. Só tenho medo de me precipitar, como acho que já fiz, e piorar tudo — desabafo.

— Acho que você poderia tentar. Estou indo para a casa dela agora. Se quiser vir comigo... — Greasy Sae me lança um último olhar antes de iniciar a caminhada em direção ao outro lado da rua.

Avalio se não seria melhor adotar uma abordagem mais sutil, depois da resposta — ou da falta de resposta — às prímulas que plantei para Katniss ontem. No entanto, pondero as minhas opções e concluo que, de fato, seria mais fácil me encontrar novamente com Katniss acompanhado de alguém.

— Greasy Sae, espere, por favor! — peço. — Preciso embalar o pão que vou levar pra ela.

A mulher sorri de modo complacente e me aguarda. Então, não demora muito, estou indo até a casa de Katniss, carregando um pedaço de pão quente, ao lado de Greasy Sae.

Apesar de ter a chave, a senhora dá uma batida na porta e Katniss vem abri-la, carregando em seus braços Buttercup, o gatinho de Prim.

Ela aparenta estar bem melhor do que quando a vi ontem pela manhã. Katniss arrumou os cabelos em sua característica trança lateral, realçando seus olhos cor de lua e tão misteriosos quanto ela.

Olhos que subitamente captam os meus e fazem com que pareça que o inverno voltou, em razão do arrepio que se alastra sobre a minha pele com esse simples contato visual. Passo as mãos por meus braços e vejo que Katniss percebe esse movimento. Esse meu gesto, a princípio, indicaria que estou com frio, porém ela deve saber que isso é pouco provável, tendo em vista o sol primaveril que brilha no céu claro.

Katniss alterna seu olhar entre mim e Greasy Sae e sua expressão é de perplexidade. Ao menos, não demonstra total desagrado em me ver. No entanto, ela não é a única que está surpresa. Greasy Sae parece não acreditar que está revendo o velho gato.

— Ele não estava no Distrito 13? Onde você o encontrou? — pergunta ela.

— Não fui que o encontrei. Buttercup que me achou. — Katniss aponta para o bichano em seu colo. — Ele apareceu aqui todo machucado ontem. Você já deve imaginar atrás de quem ele veio... Não me espanta. Até eu percorreria toda essa distância, se soubesse que Prim estaria aqui.

A tristeza rapidamente se espalha em seu rosto e é difícil disfarçar o aperto que sinto no peito, porém Katniss volta a falar:

— Hoje de manhã, limpei os cortes dele e tirei um espinho de sua pata. Nós dois acabamos chorando e confortando um ao outro pela falta de Prim. Acho que somos amigos agora — confessa ela.

— Ao menos, é uma companhia pra você! Agora, vou adiantar minhas tarefas! — Greasy Sae pede licença e passa por Katniss, deixando-me a sós com ela.

Katniss hesita em me convidar para entrar. Ela nem mesmo falou comigo durante o diálogo anterior, pois as palavras que proferiu foram todas dirigidas a Greasy Sae.

Fito o chão, simplesmente detestando esse silêncio embaraçoso, que é quebrado após alguns segundos infinitamente longos, mas não por Katniss:

— O que significa isso? É o que estou pensando, Katniss? — Greasy Sae pergunta, balançando no ar um envelope aberto. — Desculpe a intromissão, mas estava monitorando essa carta todos os dias, para ver se você ia abri-la.

Katniss lança um olhar nada amistoso para a mulher, depois vira-se para mim, como se estivesse analisando se eu poderia ouvir o que ela tinha para dizer sobre aquela correspondência.

Nesse momento, Greasy Sae pisca pra mim, mostrando que esse envelope aberto é mais uma evidência de que Katniss está saindo do seu torpor inicial. Katniss não percebe esse gesto e continua me avaliando.

— Se quiser conversar a sós com Greasy Sae, volto aqui mais tarde. Só pegue esse pão que fiz. Está fresco. — Oferto-lhe o pequeno pacote, porém ela não o segura.

Pela primeira vez no dia, então, ela dirige a palavra a mim:

— Não precisa ir, Peeta. A resposta à pergunta dela não é nenhum segredo — diz ela, num tom audível apenas para mim. Depois, fala alto para Greasy Sae ouvir lá da cozinha, onde está agora preparando o café da manhã. — Não só abri a carta da minha mãe, como também telefonei para ela. Satisfeita?

Greasy Sae resmunga algo ininteligível de dentro de casa.

— Você quer entrar? — Katniss finalmente convida.

— Sim — concordo.

Katniss chega para o lado e permite que eu atravesse a soleira da porta. Ela passa por mim e caminha até a cozinha. Sigo atrás.

Greasy Sae frita bacon e ovos mexidos. Nós nos sentamos à mesa e Katniss põe Buttercup no chão. Novamente ergo o embrulho com o pão para ela, que logo o abre.

— Pão de queijo... Meu favorito. Obrigada. — Ela corta um pedaço e o aproxima do seu rosto para inalar o aroma. — Parece que se passaram anos desde você trouxe alguns para mim aqui nessa casa.

— Espero que isso signifique que você vai tentar comer mais um pouquinho no café da manhã — imploro com a voz e os olhos.

— Talvez. — Como sempre, Katniss resiste a dar o braço a torcer. — O pão provavelmente será um pouco mais fácil de digerir do que o bacon.

No entanto, ela cede e dá a primeira mordida. A expressão prazerosa que surge em sua face faz com que uma sensação de calor inunde meu corpo. Ponto pra mim!

Greasy Sae se afasta do fogão e deposita dois pratos na frente de cada um de nós, servindo-nos com o que acabou de preparar, e fala em minha direção:

— Tenho que ir agora, mas certifique-se de que esta menina coma pelo menos a metade do que está no prato — recomenda ela, enquanto provo o que me ofereceu.

— Não preciso de ninguém tomando conta de mim — protesta Katniss.

— Não é o que parece. Olhe pra você! Magra como um palito! — Greasy Sae continua e Katniss fica emburrada. — E sei que este rapaz se preocupa muito com você. — completa a senhora e sai em seguida.

Não tiro os olhos do meu prato. Sinto como se meu coração estivesse pulsando em minhas bochechas.

— Eu posso ir, se você não quiser que fique — deixo bem claro.

— Não precisa — resmunga Katniss, também curvada sobre a mesa.

No entanto, não demora muito, ela desfaz a cara amarrada de antes e se põe ereta na cadeira.

— Você pode ficar, desde que não me force a comer nada — exige.

— Tudo bem, mas ao menos experimente alguma coisa. Está tudo uma delícia! — incentivo.

Katniss atende à minha solicitação. Abro um sorriso de triunfo, o que faz com que ela revire os olhos.

Finjo não perceber que Katniss alimenta Buttercup com todo o seu bacon, jogando fatia por fatia para debaixo da mesa.

— Você parece melhor do que quando nos falamos ontem — comento.

— Eu tinha que me livrar do cheiro daquela rosa, que estava entranhado nessa casa — afirma ela e começo a entender o que aconteceu ontem. — Eu finalmente a queimei, quebrei o vaso em que ela estava, mas ainda sentia o cheiro de sangue e rosas em toda a parte, principalmente em mim.

Não ouso atrapalhar sua confissão e ela prossegue.

— Eu me esfreguei até que minha pele estivesse quase ferida, queimei minhas roupas e levei meia hora para desfazer os nós do meu cabelo.

— Isso soa como uma experiência libertadora — reconheço. — Você conseguiu finalmente deixar a cadeira de balanço.

— Como você sabe sobre isso? — Katniss pergunta, mostrando certa irritação.

— Haymitch me disse — respondo.

— Ele tem que aprender a tomar conta da própria vida e não da vida dos outros — reclama ela e solta seu garfo sobre a mesa, levantando-se.

Imito seu gesto, porém antes verifico que seu prato está vazio.

Buttercup se enrosca em suas pernas, impedindo-a de andar. Katniss agacha-se para pegar o gato e alguns fios de cabelo soltos da trança ficam em seu rosto quando ela novamente fica de pé. Estico meu braço para colocá-los atrás de sua orelha delicadamente.

Katniss me olha fixamente, porém meus olhos estão presos onde meus dedos tateiam sua pele. Demoro um pouco, acariciando de leve sua bochecha, quando ela me surpreende segurando firmemente minha mão e mantendo-a presa à sua face.

Se seu olhar é capaz de me arrepiar, seu toque me faz perder o chão. Katniss vira seu rosto de lado e, de olhos fechados, inspira profundamente.

— Aneto e canela. Exatamente como me recordava — confessa, num suspiro, erguendo seus olhos para mim. Eu agora os encaro.

— São os temperos que usei para fazer os pães. Não sabia que você algum dia havia notado — digo com carinho.

Algo em minha voz e em meu jeito de falar despertam um brusco arrependimento em Katniss, que parece se dar conta de quão longe foi a nossa proximidade.

Ela solta a minha mão rapidamente e, num movimento repentino, Buttercup salta do colo de Katniss e se lança sobre a mesinha onde fica o telefone, fazendo com que o aparelho e alguns papéis caiam no chão.

No entanto, não é apenas isso que o gato derruba. Um pequeno objeto iridescente também rola mesa abaixo e vem parar aos meus pés.

— Buttercup, comporte-se! — Katniss ralha com o bichano.

Por estar mais próxima da bagunça com a papelada e o telefone, ela mesma abaixa-se para pegar tudo e não vê que alcanço também o que caiu perto de mim.

Quando sinto a superfície lisa da pérola na palma da minha mão, a lembrança surge como um raio em minha mente.

A pérola que dei a ela na praia da arena-relógio! Não é possível que seja a mesma. Deve ser outra. Só pode ser outra! De qualquer modo, foi útil para me fazer recordar aquele momento.

Estendo-a para ela:

— Para você — ofereço, tal como fiz da primeira vez.

Katniss a recebe em sua mão, fechando imediatamente seus dedos sobre a delicada esfera.

— Dei uma pérola igual a essa a você na arena-relógio. Verdadeiro ou falso? — indago.

— Verdadeiro e falso. — Ela me observa atentamente.

Olho para ela bastante desconcertado.

— Assim o jogo não funciona. — Levo minha mão à nuca, como sinal da minha confusão.

Katniss sorri discretamente, atentando-se para o meu gesto. O primeiro sorriso dela que vejo depois de meses.

— Eu explico — começa ela. — É verdadeiro, porque você me deu uma pérola na segunda arena, e é falso, pois não era igual a essa.

— Eu me confundi, então. Ainda não posso confiar inteiramente em minha memória — afirmo sem muita convicção, pois a recordação surgiu nítida em meus pensamentos.

A pérola tinha a mesma coloração e tamanho.

— Calma. Você vai entender agora... Não era igual a essa. Você me deu exatamente essa pérola! — Katniss enfatiza as últimas palavras.

— Não sabia que você a tinha guardado por tanto tempo, depois de tudo! — exclamo quase sem acreditar.

— Quando você me deu a pérola, pensei em deixá-la grudada em mim, pelas poucas horas de vida que achava que me restavam na arena-relógio. Seu último presente pra mim. O único que poderia aceitar, pois você me deu aquele medalhão com a sua própria vida, mas meu objetivo era manter você vivo. Pensei que ela me daria forças nos meus momentos finais naqueles Jogos, só que ela fez mais que isso, por muito mais tempo. Tudo mudou, nós dois sobrevivemos. Perdi você, quando foi capturado pela Capital, e perdi de novo, quando foi resgatado. A pérola foi o que sobrou pra mim do Peeta que deixei naquela arena.

— Eu... Não tenho palavras — balbucio.

— Não creio que deixei Peeta Mellark sem ter o que dizer! — Katniss sorri mais uma vez, agora abertamente.

— O que a pérola estava fazendo aqui sobre a mesa? — pergunto.

— Não a via desde o dia em que Prim morreu. Hoje, quando abri a carta da minha mãe, ela estava dentro do envelope. — Katniss fala devagar. — Eu a recuperei praticamente no mesmo dia em que reencontrei você.

Pouco depois, ela cerra os olhos e põe a mão na própria testa. Katniss não parece bem e isso se confirma quando ela quase tomba pra frente, mas eu a amparo a tempo. Pego-a no colo e carrego para o seu quarto.

Seu corpo leve se aninha ao meu, uma de suas mãos em volta do meu pescoço, a outra apoiada em meu peito, segurando com firmeza a pérola.

Katniss deve estar ouvindo o ritmo acelerado do meu coração. Sento–me sobre o seu colchão e deito Katniss cuidadosamente em sua cama. Paro por alguns segundos para admirar seu rosto quase sereno, prestes a se entregar ao descanso, do qual não desfruta há tanto tempo.

Afago seus cabelos e desço meus dedos por sua trança. Estou quase levantando, quando ela suplica:

— Fica comigo?

— Sempre. — É a única resposta que existe para o seu pedido.


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Notas finais do capítulo

Olá, pessoal!

Alguns momentos fofos para compensar os dramas que vêm pela frente. Afinal, nosso casal principal é formado por Katniss e Peeta. Nada pode ser tão fácil...

Quem deve aparecer nos próximos capítulos é a Delly. Sei que ela não é uma unanimidade entre os fãs de Jogos Vorazes, mas eu gosto dela.

Quem leu minha primeira fic sabe que, pra mim, o que existe entre Delly e Peeta é só amizade mesmo. Pena que Katniss não tem certeza disso!

Ainda não leu minha outra fic? Confere lá no meu perfil! Ela é curtinha e fofinha... meu xodó literário: "O presente de Peeta para Prim"

Grata por acompanharem e especialmente pelos comentários! É um carinho que faz toda a diferença.

Beijos!



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