Make Your Choice escrita por Elvish Song, SraFantasma


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Oláááááá! Surpresinhas felizes para quem está acompanhando a fic! Esse cap é pra fazer vocês chorarem, ficarem com raiva, gritarem, ficarem felizes e soltarem muitos OWNTS, certo?
Beijões a todas que acompanham a fic!



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Confuso, Erik viu a moça desaparecer escadas acima; fez menção de segui-la mas, Louise, que vira a cena, o impediu:

— Não, Monsieur. Se ela estiver com medo, ou envergonhada, o senhor ir até lá só vai piorar tudo. Deixe-me falar com ela, por favor.

— Faça isso, Louise, por favor – pediu o Anjo, ainda espantado, sem entender a reação da soprano.

Enquanto seu patrão ficava no andar inferior, Louise subiu as escadas atrás da cantora, a qual já começava a considerar como amiga, apesar do persistente laconismo da outra. Chegou à porta do quarto, mas não ouviu os soluços que esperava escutar; abriu devagar a porta, e viu Christine, sentada na cama, as mãos entrelaçadas diante do rosto, como se estivesse rezando... Estava pálida, mas não chorava. Aproximando-se da cama, Louise perguntou:

— Christine, o que houve? – a moça morena a fitou, e havia confusão e perplexidade em seu olhar – o que aconteceu, lá em baixo? Você beijou Erik, e depois correu.

Christine pousou as mãos sobre as pernas cruzadas, e baixou a cabeça: estava triste, ou preocupada? Enfim sua voz saiu, apenas um murmúrio:

— Ele está zangado comigo, não está? Não fui uma boa menina.

A moça ruiva meneou a cabeça e foi se sentar junto à outra, segurando-lhe as mãos:

— Não, ele não está. Você não fez nada de errado. Por que ele ficaria zangado por você o beijar?

— Porque estou suja. – respondeu a outra, tristemente – não o mereço. Não tinha o direito de beijá-lo.

— Suja? – Louise se espantou – Christine, que absurdo é este? De onde tirou esta ideia?

— “Ele” me usou, Louise... – a menina escondeu o rosto. Parecia que suas amarras se haviam soltado, e ela se curvou sobre as próprias pernas, envergonhada – Ele me usou como queria, e me deixou suja! – Soluços agitaram seu corpo, e um terror paralisante a tomava, enquanto mergulhava nas lembranças – Ainda sinto seu corpo em cima de mim... Dentro de mim... Ainda sinto-o apertando minha garganta, e me surrando... Tento fugir, tento esquecer, e ainda assim ele está lá, me assombrando. – ela ergueu os olhos desesperados para a outra mulher – por favor, ajude-me! Eu não aguento mais! Por favor, Louise, Raoul está me matando cada dia mais! – e enterrando a cabeça nas mãos – por que ainda sinto a dor? Sinto tanta dor, como se ele estivesse aqui, agora, repetindo tudo o que me fez!

— Calma, Christine – disse a moça mais velha – acalme-se. Tudo vai ficar bem...

— Não, não vai! – insistiu a soprano – não vai, Louise. Meu corpo saiu daquele porão, mas eu nunca o deixei! Ainda estou lá e, a cada vez que me viro, vejo Raoul! Sinto seu toque, sinto dor... Tanta dor! Em minha mente, ele continua a me usar, a me sujar... Ele tirou tudo de mim!

— Não, não tirou! Você tem sua vida, sua voz, e seu Anjo.

— Não posso tê-lo, Louise... Porque não o mereço. Estou imunda. E não só pelo que Raoul fez comigo, mas pelas coisas que eu mesma fiz... – ela parecia ter recobrado a lucidez, e num momento bem ruim para fazê-lo – não o mereço. Não... Eu merecia estar de volta àquele porão. Eu merecia estar morta... – ela estava tão pálida, que chegava a dar medo!

— Se estivesse, Monsieur a seguiria para a sepultura. – disse a ruiva, e segurou o rosto da Srta. Daae – agora ouça-me: não importa o que lhe fizeram, nem as coisas que você tenha feito, no passado. Eu vi o desespero de Monsieur quando a trouxe para cá, vi o modo como se desesperava, ao pensar que a perderia, e todo o cuidado que lhe dispensou. Ele a ama incondicionalmente e, se quer merecê-lo, então precisa fazer digna. Disse que Raoul continua em sua mente, a apavorá-la? Então por que beijou Monsieur Destler? Certamente não era em Raoul que pensava. Por que, então?

— Não... – suspirou a moça – não era. – era difícil se expressar, então ela fez o que sabia fazer melhor, o único modo pelo qual suas emoções se materializavam de fato... Cantou:

— ‘Cause his voice filled my spirit (porque a voz dele preencheu meu espírito)

With a strange, sweet song (Com uma estranha e doce canção)

In that room there was music in my mind (naquela sala havia música em minha mente)

And through music my soul begun to soar! (E através da música, minha alma se elevou)

Ela fechou os olhos, como se revivendo o momento tão recente, e completou:

— And i felt like I used to be, before (e eu me senti como costumava ser, antes)

And in his eyes, all the love of the world... (e em seus olhos, todo o amor do mundo)

Those brighting eyes (aqueles olhos brilhantes)

Which both argue and adore (que tanto indagam quanto adoram) – ela fechou as mãos diante do rosto, e sussurrou – eu o amo tanto...

Louise estava emocionada, e foi até Christine, pousando as mãos em seus ombros; compreensiva, falou:

— Christine, eu nem imagino como seja passar pelo horror que você viveu... Mas acabou. Está no passado. Erik é real, é o seu presente, e a ama, assim como você o ama. Sei que não conseguirá esquecer o que se passou, tão cedo, mas, se realmente o ama... Precisa voltar a ser você mesma. Precisa se lembrar de quem costumava ser. De quem ainda é, por baixo da crisálida que formou para se proteger.

— Faria o impossível por ele... – respondeu a moça.

— Então comece agora. Pare de fugir, de se esconder sob essa apatia, sob essa letargia. Viva! Sinta intensamente as coisas! Se for preciso, reviva seus terrores, se for este o preço para poder viver, também, as boas coisas! Erik está esperando por você, mas cada dia que se passa é um dia perdido, e nunca sabemos quanto tempo teremos junto àqueles a quem amamos! – a mulher ruiva baixou os olhos – acredite em mim. Eu sei.

Christine ergueu o rosto, e era possível ver que ainda estava com medo, quando perguntou:

— O que faço, Louise? Por onde começar? Sinto como se tudo o que restasse de mim fossem os farrapos da pessoa que fui... E não sei nem por onde começar a reparar os cacos que sobraram de minha alma...

— A mulher que eu ouvi cantar, lá em baixo, não tinha a alma fragmentada. Ela estava inteira, pois nenhuma alma partida poderia criar aqueles sons. Então, se música é a única coisa que a reconstrói, apoie-se nisso. Apoie-se na música, em Monsieur Destler, em memórias felizes, mas, pelo amor de Deus, Christine, é hora de sair daquele porão. – ela abraçou a jovem morena – é hora de sair do escuro.

A soprano retribuiu o abraço da outra jovem, e secou as próprias lágrimas. Sim, precisava sair daquele porão, de uma vez por todas e, embora não soubesse exatamente como, havia uma coisa que precisava fazer, e agora mesmo.

*

Erik estava sentando ao piano; apenas sentado, pois não tocava nada. Sua mente se ocupava da lembrança do beijo de Christine, tentando compreender o que a levara àquilo. Distraído, só percebeu a presença da moça quando esta se pôs bem ao seu lado, as mãos cruzadas diante do corpo, parecendo tímida. Ele a fitou, e dessa vez ela não desviou o olhar, mas o encarou de volta.

— Anjo... – Ela se corrigiu – Erik. Há algo que preciso lhe dizer.

Ele se levantou, extremamente surpreso: da sala saíra uma moça confusa e assustada, e agora, ainda que o olhar dela fosse apreensivo, ela parecia perfeitamente lúcida! Mas o que Louise fizera com ela? Alguma feitiçaria?

— Christine... – como ela descobrira seu nome? Decerto através de Louise, só podia. Mas o que a soprano poderia ter de tão sério a lhe dizer? Ele lhe segurou uma das mãos e a conduziu até o sofá junto à janela, sentando-se ao lado dela – o que foi?

Ela mordeu os lábios, e era evidente que precisava força as palavras a saírem quando começou a falar:

— Eu... Eu preciso lhe pedir perdão.

— Perdão? – espantou-se ele – perdão pelo que?!

— Por tudo o que fiz. Por ter me afastado de você. Por ter sido ingrata, por ter... Por ter sido tola a ponto de pensar que, algum dia, você poderia me matar. – ela ergueu os olhos – preciso pedir perdão por tê-lo julgado mal, por ter duvidado de você, a única pessoa que sempre esteve ao meu lado, mesmo quando meus atos o feriam terrivelmente. – ela encolheu as pernas e as abraçou – não sei se há perdão para todo o mal que lhe fiz, mas eu queria que soubesse... – sua voz se embargou, e ela ficou alguns segundos em silêncio, antes de prosseguir – que eu lamento muito, e que, se isso fosse possível, voltaria no tempo e desfaria minhas ações, desde o momento em que deixei a Casa do Lago pela primeira vez.

Erik sentiu um nó na garganta, ante as palavras de sua amada. Via todo o esforço que expressar-se daquele modo, expondo-se completamente, exigira dela, e isso o comovia ainda mais do que as palavras em si. Ele acariciou o rosto dela, e falou:

— O que passou, fica no passado. Só me importa o presente, agora, Christine.

— Mesmo assim, eu precisava lhe falar isso.

— Por quê? – perguntou ele, mirando fixamente os olhos dela. A jovem suspirou, e soltou de uma só vez:

— Porque eu te amo. – e então baixou o rosto, corando muito. As palavras dela acertaram o Fantasma como um murro no peito, e por um instante ele achou que seu coração pararia de bater! Sim, ele cuidara dela, velara pela moça, trouxera-a para seu lar... Mas não esperava ouvir aquelas palavras! E certamente, não com toda a sinceridade nelas estampada, naquele instante! Emocionado, ergueu o rosto da dama delicadamente, e perguntou:

— Você me ama? – e tocou a própria máscara – mesmo com... Isto? Com todas as coisas terríveis que fiz?

— Sim. – respondeu ela – e nada me apavorou mais do que esse amor, porque eu sabia que amava um assassino, e mesmo assim não podia fugir do que sentia. Tentei... Tentei como pude – ela tremeu ao lembrar como depositara toda a sua fé em Raoul, para fugir de seu amor por Erik – e só machuquei a nós dois... Perdoe-me, meu Anjo. Perdoe-me por tudo o que fiz.

O Fantasma a fitava, maravilhado, encantado, sentindo uma alegria que palavra alguma poderia descrever! Entrelaçou uma das mãos aos cabelos cacheados de sua amada e, toando suavemente o rosto delicado, perguntou:

— Christine, eu posso te beijar? – em resposta, ela aproximou o rosto do dele, e seus lábios se tocaram. Erik sentia o cheiro de Christine, seu corpo pequeno e delicado ao seu lado, os cabelos macios em suas mãos, os lábios macios se movendo timidamente contra os seus... Apaixonado, aprofundou um pouco mais o beijo, mas isto foi mais do que a moça podia suportar, e ela se afastou abruptamente, parecendo desapontada consigo mesma.

— Sinto muito... – sussurrou ela, ruborizada – as lembranças...

— Eu é que peço perdão – disse o Anjo, abraçando ternamente sua musa, deitando a cabeça dela em seu colo – não devia ter avançado tão rápido. – ele sorriu, penteando os cabelos dela com os dedos – não se sinta frustrada, minha Christine... Temos tempo. Todo o tempo que quiser esperar. E eu estarei aqui, ao seu lado.

— Promete? – perguntou a soprano, com olhos repletos de tímida esperança. Erik sorriu e, deslizando os dedos pelo rosto da moça, começou a cantar:

— Tu lugar es a mi lado, (seu lugar é ao meu lado)
Hasta que lo quiera Dios, (Enquanto Deus quiser assim)
Hoy sabrán cuanto te amo (hoje saberão quanto te amo)
Cuando por fin seamos dos (quando, por fim, sejamos nós dois) – ela suspirou e, afastando o medo de si, aninhou-se no colo de Erik, sentindo a música preenche-la e envolve-la tanto quanto os braços quentes que a rodearam. Ele a fez erguer o rosto e fitar seus olhos, e continuou:

— Y nunca estuve tan seguro (nunca estive tão seguro)
De amar así sin condición (de amar assim, incondicionalmente)
Mirándote mi amor te juro, (e olhando em seus olhos, meu amor, te juro)
Cuidar por siempre nuestra unión (Manter para sempre nossa união) – uma pequena lágrima de felicidade escapou do canto dos olhos da moça, que sorria, mal crendo no que ouvia. Mas ele não terminara.

— Hoy te prometo amor eterno (Hoje te prometo amor eterno)
Ser para siempre, tuyo en el bien y en el mal (Ser para sempre seu, no bem e no mal)
Hoy te demuestro cuanto te quiero (Hoje demonstro quanto te quero)
Amándote hasta mi final (Amando-te até meu fim) – Erik entrelaçou seus dedos aos da jovem em seus braços, sentindo uma inexplicável alegria quando ela tombou o rosto contra seu peito, e continuou:

— Lo mejor que me ha passado (O melhor que me aconteceu)
Fue verte por primera vez (Foi vê-la pela primeira vez)
Y estar así de mano en mano (E estar assim, de mãos dadas)
Es lo que amor, siempre soñe (É o que, meu amor, sempre sonhei)
Hoy te prometo amor eterno (Hoje te prometo amor eterno)
Amándote hasta mi final (Amando-te até meu fim)

Ao fim da canção, ela ergueu os olhos emocionados e, aproximando seu rosto do de seu Anjo, murmurou:

— Eu te amo, Erik. – e tocou os lábios dele com os seus, suavemente, com uma sensação maravilhosa a preenche-la: a sensação de, pela primeira vez desde que seu pai morrera, perceber-se em casa. Aquele era seu lugar.

Do topo das escadas, Louise sorria. Parecia que Christine acabara de dar vários passos para "fora do porão".


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Notas finais do capítulo

E entãããão? Louise é muito fofa, e muito sensata, não acham? Parece que essa sacudida ajudou Christine a voltar. No final, tratar uma pessoa como vítima pra sempre não e solução... Precisamos de alguém que nos lembre que há algo pelo qual lutar, que nos diga que somos fortes e podemos nos reconstruir, não é?
E Erik... Sou apaixonada por esse homem, e isso já é de conhecimento popular. rsrsrs.
Espero mesmo que tenham gostado, e estou louca pra saber o que acharam!
kisses!