Falling apart escrita por mlleariane


Capítulo 2
It must have been love


Notas iniciais do capítulo

Eu fico um tempo sem escrever e esqueço o quanto é bom ler esses comentários lindos de vocês!
Estou muito, muito feliz que vieram mais uma vez :)
Depois de alguma insistência, decidi esticar um pouquinho a história. Espero que gostem ;)
O nyah cortou minhas notas iniciais no capítulo passado, já consertei, mas vou deixar essa obs. sobre o nome da fic aqui também. “Falling apart – despedaçando, rompendo, desmoronando.”

Já vi que a maioria gostou de um Castle mais enérgico. Confesso que isso me deixa aliviada, é muito bom quando os leitores “compram” a ideia da gente.
E, bem, não tenho nada a dizer sobre o capítulo de hoje. Aguardo as reações de vocês.

Beijo, Ari ;)

It must have been love – deve ter sido amor.



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Martha: Você enlouqueceu?

Martha cruzou o escritório, se aproximando do filho.

Martha: Divórcio, Richard?

Castle desviava da mãe, remexendo em alguns papéis.

Martha: Richard! – Martha parou em frente ao filho, que a olhou contrariado.

Castle: Sim, eu pedi o divórcio. Qual a novidade nisso?

Martha: O que você bebeu? – Martha tentou cheirar o hálito do filho.

Castle: Eu estou sóbrio – ele desviou – Finalmente sóbrio. Consigo ver claramente o que Kate tem feito comigo, com nosso casamento.

Martha: Você não pode estar falando sério...

Castle: Ela me deixou, mãe! – o grito de Castle saiu abafado pela decepção que aquela verdade lhe causava.

Martha: Ela só precisa de um momento...

Castle: Um momento que ela está usando para se encontrar com o ex.

Martha: O que??              

Castle: Exatamente isso que você ouviu.

Castle passou por Martha, deixando o escritório. A senhora ruiva ainda ficou ali um pouco absorvendo a informação. Era difícil acreditar que Kate houvesse trocado Castle pelo ex. Na verdade era difícil acreditar que Kate trocasse Castle por quem quer que fosse.

Quando conseguiu sair, encontrou o filho preparando algo na cozinha.

Martha: Você parece bem... – Martha o olhou de canto de olho – Até demais... Qual o seu plano?

Castle: Não existe plano nenhum.

Martha: Aham. Sabe o que mais me impressiona? – Martha se aproximou – Que você ainda acredite que possa mentir para mim! Eu te conheço, Richard. Conheço seu jeito. Por que você não está correndo atrás dela?

Castle: Porque eu fiz isso ontem à noite, e a realidade veio bem de frente ao meu encontro.

Martha: Não consigo acreditar que Kate tenha outro.

Castle: Nem eu... – o olhar de Castle ganhou um quê de esperteza – É por isso que eu sei que ela está tramando algo.

Martha: Espera, então você sabe que ela não está te traindo?

Castle: Sim, ela está me traindo.

Martha: Agora eu estou confusa...

Castle: Kate está me traindo por mentir para mim. Ela esconde algo, eu sei. Só não sei o que é. Mas é algo sério, porque envolve o FBI.

Martha: Hum... e onde é que o divórcio entra nessa história toda?

O olhar esperto de Castle de repente perdeu um pouco o brilho.

Castle: É um teste... – ele disse meio cabisbaixo.

Martha: Um teste?

Castle: Se ela assinar é porque realmente me quer fora da vida dela.

Martha: Richard... não é assim que as coisas funcionam. Se vocês tomarem decisões no calor do momento podem se arrepender pelo resto da vida!

Castle: Eu preciso saber, mãe. Eu preciso saber se ela sente algo! Eu preciso saber se ainda tenho importância para ela...

Martha balançou a cabeça negativamente, enquanto Castle voltava às panelas. De alguma forma ela tinha certeza que aquilo acabaria mal. 

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Ryan: O que está acontecendo?

Espo: Eu não sei. Só sei que ela está desse jeito desde que o advogado saiu.

Pela janela da sala da capitã, a visão que se tinha era de uma Kate pensativa que, recostada na cadeira, girava de um lado para o outro, com o olhar longe. Quando o telefone insistia em tocar, era retirado do gancho e devolvido imediatamente, sem nem ao menos fazer menção de atendê-lo.

Ryan: Você ligou para Lanie? – os dois detetives viraram-se de costas para cochichar.  

Espo: Sim, e ela também não sabe de nada.

Ryan: Você acha que devíamos ir até lá?

Espo: Olha bro, não sei se é uma boa ideia...

Kate: Guys...

Os detetives viraram-se assustados, como se tivessem visto um fantasma. Kate simplesmente aparecera atrás deles do nada. A tonalidade séria da voz impressionou os amigos.

Kate: Eu vou me ausentar por um tempo. Cuidem de tudo por aqui.

Kate deu as costas e começou a caminhar para o elevador.

Ryan: Kate... está tudo bem?

A capitã fez um sinal com a mão, que não queria dizer absolutamente nada. Na outra, carregava um envelope pardo, que os rapazes não faziam ideia do que era.

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Só quando fechou a porta do apartamento Kate sentiu os olhos ardendo, o gosto salgado das lágrimas descendo por seu rosto. Escorregou para o chão, rente à porta, tentando extirpar a dor que sentia em seu coração. Tentativa inútil. Quanto mais chorava, mais doía. Jogou o envelope longe, para ao meio da sala, e ali ficou, chorando encolhida.

Sim, ela o havia deixado, mas tinha esperança de que ele compreendesse. Ele poderia compreender, não poderia? Kate, pela primeira vez, se colocou no lugar de Castle. Se fosse ele a deixando, ela compreenderia? Claro que não. A conclusão a fez chorar mais ainda.

Se ao menos pudesse dizer o motivo, se pudesse deixar Castle saber, mas impedi-lo de se envolver... Kate sabia bem que isso era impossível. Uma vez a par dos acontecimentos, Castle entraria de cabeça no caso. Ela não poderia arriscar a vida do homem que amava desse jeito. Ele já havia feito tanto por ela, não era justo voltar àquela era de medo e perigo iminente.

Mas... e para ela, era justo?

Kate pensou no último ano. A vida construída diariamente, os pequenos momentos vividos com Castle. As invenções na cozinha misturando vinho, risos e muita bagunça. Os cafés que preparavam para agradar o outro, os encontros surpresas durante a semana e as noites... As noites quentes, frias, chuvosas, calmas... De tudo que viviam, dormir e acordar ao lado de seu homem era o que Kate mais amava. Os braços dele a apertando, a respiração quente, sempre ofegante quando faziam amor. O amor...  

Onde teria ido parar o amor?

Kate olhou novamente para os papéis. Arrastou-se até chegar a eles, e abriu o envelope mais uma vez. Estava ali, em termos frios e legais. Não havia mais sr. e sra. Castle. Ou não haveria num futuro próximo, caso assinassem. Seus olhos se fixaram num ponto específico do papel. “Richard Edgar Castle”. Por que ele ainda não havia assinado? Teria deixado aquela decisão nas mãos dela?

Eu odeio você, Castle! – Kate atirou os papéis longe. Levantou-se, pegou uma garrafa de vinho e bebeu.

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Castle não dormiu naquela noite. Seu advogado deveria retornar com os papéis na manhã seguinte, e sua ansiedade estava a mil. Ansiedade? Não, era medo. Medo de Kate tirá-lo de uma vez por todas de sua vida. Medo de perder a única mulher que amara, a mulher pela qual fizera e faria muitas loucuras mais. Medo de nunca mais sentir o que só ela o fazia sentir. Castle tinha medo. Muito medo.

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Kate acordou com muita dor de cabeça. Quantas garrafas bebera? Duas? Três? Não se lembrava. Caminhou até a cozinha e fez um café forte, o mais forte possível. Tomou de uma vez, e repetiu a dose. O estômago logo reclamou. Procurou algo para comer, mas não tinha nada. Droga, esquecera de fazer compras! Lembrou-se de Castle, que sempre cuidara disso. “Eu vou cobrar com juros”, ele dizia com o olhar safado. E ela pagava. Quantas vezes ele quisesse.

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Adv.: Ela não apareceu no trabalho hoje.

Castle ouviu as palavras do advogado já no meio da tarde.

Castle: Alguém disse o porquê? – a curiosidade de Castle ia muito além do interesse nos papéis.

Adv.: A equipe não soube, ou não quis, informar. Mas se você quiser posso procurá-la em casa e...

Castle: Não há pressa – Castle interrompeu o advogado rapidamente.

Adv.: Estou às ordens – o homem entendeu, e, depois de um uísque, deixou o loft tranquilamente. A mente de Castle, ao contrário, era tudo menos tranquila. Não conseguia deixar de imaginar como Kate havia reagido, o que estava pensando, se já havia assinado ou se não iria assinar. Seu coração, que já vinha confuso, agora parecia rebuliçar.

Tomou um copo de uísque, e mais um, e mais outro. A calma, porém, não vinha. Só havia então um jeito...

Sentou-se e começou a escrever.

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A noite caiu e com ela a lucidez de Kate. Depois de um banho demorado, visualizou uma mensagem recém recebida de Vikram. Ele havia feito uma nova descoberta sobre o caso, e queria se encontrar. Kate respondeu afirmativamente, e marcaram para o dia seguinte.

Abriu, então, o arquivo em seu computador, onde o caso vinha sendo esquematizado. Era certo que ainda havia muito a ser descoberto, mas a capitã sentia que estavam no caminho certo. Naquela noite, porém, Kate parecia não conseguir absorver ou detalhar nenhuma nova informação. Seu único pensamento era Castle e seu casamento, agora por um fio. O que ela faria?

Puxou novamente o envelope e retirou os papéis. Por sorte não derrubara vinho na noite anterior. Finalmente leu tudo, letra por letra, cada linha daquelas páginas. Como Castle podia falar de bens? Carro? Apartamento? Não, ela não queria nada dele, nunca quisera. Teve vontade de dizer isso a ele, de jogar em sua cara que seu amor não era interesseiro.

Afastou rapidamente esse pensamento. Castle estava apenas sendo justo, legalmente falando, e ela sabia disso. Por que agora tinha sentimentos de raiva para com ele? Não era ela a errada ali? Fora ela quem dera o primeiro passo. Kate se odiou, mais uma vez, por isso.

Segurando a caneta na mão, seus olhos iam e vinham entre o computador, que mostrava detalhes do caso, e um porta-retrato na estante, com uma foto antiga, do começo do namoro. Castle e seu sorriso lindo contrastando com o senso de justiça de Kate, que piscava na tela.

Se demorou ainda alguns minutos nesse jogo, até tomar uma decisão.

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Era quase meia-noite quando Castle escutou a campainha. Quem seria a essa hora? Fechou o computador e caminhou até a sala. Quando abriu a porta...

Castle: Kate? – os olhos de Castle, cautelosos, correram pela face de seu amor, visivelmente abatida, e foram parar nas mãos, que carregavam apenas um envelope.

Kate: Posso entrar? – o tom era baixo.

Castle: Claro – ele deu passagem, e Kate entrou. O clima era estranho e o silêncio ensurdecedor. Foi Kate quem o quebrou.

Kate: Me desculpa pela demora – ela esticou a mão, o envelope em direção a Castle. Ele, porém, não o pegou. Ficou estático pensando que ela provavelmente tinha assinado.

Castle: Sem problema... – foi o que conseguiu dizer, e se sentiu inútil por isso. Deu finalmente um passo em direção a ela, os olhares sofridos se encarando. Kate abriu a boca para tentar dizer algo, mas nada saiu. Mas também, o que ela poderia dizer? Ele não a queria mais. Não teria mais seus beijos, seus braços fortes a apertando, sua voz dizendo que a amava e seu corpo comprimindo-se contra o dela. Não teria mais os olhos azuis para admirar depois de fazerem amor, quando sorria sem motivo, pela simples sensação de ser a mulher mais amada do mundo.

Castle: Kate...? – Castle a despertou dos pensamentos. Bem próximo, ele a olhava preocupado – Você está bem?  

Kate balançou a cabeça devagar, sem em nenhum momento desgrudar os olhos dele – Não... – ela sussurrou, e sem pensar em mais nada, jogou seus lábios nos dele, as mãos contornando as largas costas.

Com a mesma intensidade, Castle a enlaçou, empurrando-a com seu corpo em direção ao quarto. Com a experiência de quem conhecia cada canto daquela casa, o único obstáculo que os dois encontraram fora a porta do quarto que, uma vez aberta, deu espaço para a paixão acontecer. Sentindo o corpo de Castle comprimindo-a na cama, Kate abriu a mão e finalmente soltou o envelope, que escorregou para algum lugar do quarto.  Fechou os olhos e apenas sentiu...

Sentiu as mãos de Castle percorrendo seu corpo, que ficava cada vez mais exposto. Sentiu os lábios dele umedecendo cada parte em que tocavam. Sentiu a vibração que ele lhe causou quando afastou seus cabelos e beijou o pescoço. Sentiu os pelos arrepiados quando ele roçou a barba por fazer em seus seios. Sentiu espasmos, delírios, prazer...profundamente, cada vez que ele a preenchia com tamanha força e vontade que os corpos pareciam lutar entre si, a luta pelo prazer de se pertencerem.

Não existia força que os separassem agora. Grudados, foram até o fim. Grudados, permaneceram, ele sobre ela, respirando ofegante em seu pescoço. Ela, com os braços entrelaçados, impedindo-o de deixá-la. Grudados, até as respirações quase sumirem no imenso silêncio que se fez no quarto.

Quando não se ouvia mais nada, ela sussurrou um “Eu te amo, Rick...”, que o fez se mover e a olhar. Afastou os cabelos de sua testa, os olhos intensos pareciam agora sorrir, e assim a boca o fez. Castle sorriu também, e a beijou, soltando os lábios para dizer “Eu sabia que você não assinaria...”.

O sorriso de Kate automaticamente se desfez, e ele percebeu. Soltou-se do corpo dela, ainda a encarando. Ela não ousou falar o óbvio. Ele parecia não acreditar.

Castle: Você...

Kate: Rick...

Castle deu as costas, e, procurando a boxe, encontrou juntamente o envelope no chão. Vestiu-se e o abriu, levantando os olhos incrédulos para Kate, que, sentada na cama, enrolada na coberta, tentou justificar o injustificável.

Kate: Eu posso explicar...

Castle: Você disse que me amava! Você acabou de dizer que me ama!

Kate: Porque eu te amo, Castle! Eu te amo mais do que tudo!

Castle virou para o lado incrédulo.

Kate: Castle, eu preciso desse tempo. Eu... – Kate oscilava confusa – Eu não estou te traindo...

Castle: Sim, você está. Mentindo para mim, me escondendo coisas...

Kate: Eu estou tentando te proteger...

Castle: Eu não preciso de sua proteção! – a voz de Castle saiu alta e rude, e, da mesma forma, ele vestiu uma bermuda e saiu do quarto.

Kate: Rick...

Kate saiu procurando por suas roupas, as pernas tentando se equilibrar. Castle não havia assinado o papel, ele ainda a amava, não? Era o que ela pensara no exato minuto após assinar o maldito divórcio, e era esse o motivo que a tinha feito ir até ele. Mas agora tudo parecia desmoronar mais uma vez...

Quando conseguiu se recompor, Kate chegou ao escritório, onde Castle, segurando um copo de uísque, olhava sério para a parede.  

Kate: Isso é tudo um mal entendido, Rick... eu... eu queria poder te explicar mas... – Kate deu a volta na mesa e se aproximou dele – Eu estou fazendo isso por você... por nós. Para que possamos ter um futuro juntos...

Castle: Nós? Futuro? Juntos? – Castle a encarou – Você acabou de destruir nosso futuro, Kate.

Kate: Por que eu? Foi você quem me mandou esses papéis em primeiro lugar!

Castle: Porque você me deixou! Eu venho há dias repassando todas as minhas atitudes, minhas palavras, tentando encontrar qualquer coisa que possa justificar você desistindo do nosso casamento, e... eu não consigo encontrar nada, Kate. Eu só vejo você me afastando, desistindo de mim como parceiro, no crime e na vida.

A menção aos votos fez Kate estremecer.

Kate: Eu nunca desisti de você... – a voz dela saiu abafada.

Castle: Você desistiu, Kate. Bem aqui – ele apontou o divórcio assinado por ela, que repousava sobre a mesa. Você quer espaço, você quer um tempo... – Castle foi rápido no movimento ao alcançar uma caneta – Esse sou eu te dando o espaço que você quer.

“Não...” – Kate sussurrou ao vê-lo assinando. Seu coração parecia parar de bater, aos poucos desfalecendo.

Quando Castle se levantou, encontrou os olhos dela cheios de lágrimas. Um súbito arrependimento o arrebatou, o mesmo arrependimento que dominara Kate, quando ela assinara mais cedo.

Os corpos ainda quentes do amor tinham olhares magoados. Kate não disse nada. Tirou a aliança e depositou em cima do papel, dando as costas e saindo devagar. Antes, porém, de deixar o cômodo completamente, parou na porta sem se virar.

Kate: Eu não quero nada de você – foram suas últimas palavras, antes de prosseguir.

Assim que escutou a porta da sala se fechar, Castle arremessou o copo contra a parede. Ele queria muito dela, mas não teria mais. Tudo havia acabado.


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Notas finais do capítulo

It must have been love but it's over now...