“Por que se sente presa em nosso casamento? ”

“Não me sinto. ”

“Então por que foi embora? ”

“É... complicado.”

Se havia uma palavra para definir o mundo de Kate Beckett, essa palavra era “complicado”. Sua história de vida, seus sentimentos, suas ações, e mesmo seu modo de amar Castle eram complicados.

Se Kate amava Castle, se afirmava não se sentir presa ao casamento deles, por que precisava de espaço? Por que dar um tempo em algo que dava tão certo? Castle não conseguia entender. Não havia explicação lógica para aquilo. Pelo menos não no mundo dele. No mundo complicado de Kate Beckett, talvez.

“O que aconteceu, Kate? O que eu fiz de errado?”

“Castle, não é você. É coisa minha. Eu te amo, sempre te amarei.”

A proximidade com a boca dela. O cheiro que ele tanto amava sentir inundando a cela. O momento entre os dois injustamente quebrado por uma pista...

Resolver o caso juntos tinha sido uma boa ideia de Castle, apesar de um passo muito pequeno para a reconciliação. Castle queria mais. Ele precisava de mais. Não, ele não desistiria de seu amor.

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Kate alisava a aliança enquanto pensava em Castle. A sincronia em resolver mais um caso juntos, os questionamentos dele sobre os dois e a proximidade de suas bocas a desestabilizou. Ela o amava tanto que não poderia quantificar. Limpou rapidamente uma lágrima que não conseguiu conter, enquanto Vikram lhe mostrava o esquema que tinha montado. O novo parceiro percebeu, e a questionou sobre reconsiderar. Mas Kate Beckett não era mulher de reconsiderar. Sabia que, se não vingasse sua antiga equipe, ninguém mais o faria. O preço era alto, mas Kate confiava em si. Estaria de volta aos braços de Castle o mais rápido possível. Explicaria tudo, e ele entenderia. Ele era a única pessoa no mundo que a entendia.

Deletar? – Vikram olhou para Kate.

Não – ela clicou. Mais um passo para a investigação estava dado.

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“Obrigada por vir”

“Eu nunca recusaria um pedido de Kate Beckett”

Kate deu espaço, e Will Sorenson entrou.

Sorenson: Onde está o seu super ajudante? – Will correu os olhos pela sala.

Kate: Isso é só entre nós dois.

Sorenson: Hum... evitando problemas no casamento?

Casamento... Kate sentiu um arrepio com a palavra. Não respondeu.

Kate: Será rápido. Eu só preciso saber se você investigou.

Sorenson: Como eu disse, nunca recuso um pedido de Kate Beckett.

Will entregou um envelope a ex namorada. Ela abriu e começou a ler. Nele continha um relatório completo sobre Vikram. Kate ainda não confiava no novo parceiro, e precisava de uma fonte segura. Ela confiava em Sorenson, sempre confiara.

Kate: Bom trabalho.

O ex sorriu. Kate se aproximou.

Kate: Obrigada.

Sorenson: O que está acontecendo, Kate? Você não se afastaria de Castle à toa.

Kate: Quem disse que estamos afastados? – a capitã disfarçou, abrindo uma garrafa de uísque.

Sorenson: Por que você está em seu antigo apartamento? Sei que moram juntos antes mesmo de se casarem.

Kate: Você anda sabendo demais da minha vida... – Kate entregou um copo a Will.

Sorenson: Eu sou um cara do FBI, lembra?

Kate tomou um gole o encarando.

Sorenson: E aparentemente você casou com uma “estrela” – Will revirou os olhos, e Kate sorriu.

Kate: Não sabia que lia revistas de fofoca.

Sorenson: É o que se tem em consultórios médicos.

Os dois riram.

Sorenson: Você não devia excluí-lo, seja lá o que esteja planejando.

Kate: Ele é civil, não carrega uma arma.

Sorenson: Ele é o cara que te ajudou a prender o assassino de sua mãe. E seu marido.

Kate: Eu sei o que estou fazendo.

Sorenson: Sabe?

Kate não respondeu. Apenas encheu o copo de Will mais uma vez.

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Alexis: Algum progresso com Beckett?” – Alexis serviu o uísque caro, que, obviamente, era Castle quem tinha pago.

Castle: Sabe, hoje na prisão nós tivemos um momento...

Alexis: Sério?

Castle: Sim. Acho que meu plano está funcionando... Precisa funcionar, não é? – a expressão preocupada de Castle partiu o coração da filha – Eu só não entendo... por que ela precisa de espaço?

Alexis: Não sei pai... mas Beckett é meio...

Castle: Complicada.

Alexis: Isso, complicada.

Castle: Mas eu a entendo, eu sempre a entendi. Eu faria qualquer coisa por ela, eu... eu entraria num tornado por ela. É isso! Eu preciso dizer isso a ela!

Alexis: Pai, ela sabe...

Castle: Saber e ouvir não é a mesma coisa! Eu vou até lá. E eu vou trazer minha mulher de volta!

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Kate: Castle? O que você está fazendo aqui?

Kate estava realmente surpresa ao abrir a porta. Castle falou ansiosamente.  

Castle: Kate, eu sei que você me pediu espaço, um tempo, seja lá como você quer chamar. Mas eu também sei que você está escondendo algo, e eu preciso dizer que...

Sorenson: Kate, você viu onde deixei meu casaco? – a voz de Sorenson fez Castle parar de falar. Por uma fresta da porta entreaberta, o escritor avistou o agente dentro do apartamento. Voltou os olhos para Kate.

Castle: O que... – ele tentou formular uma pergunta, inconformado.

Kate: Cas...

Kate não terminou a frase. Balançando a cabeça negativamente, Castle a encarou mais uma vez, antes de virar-se.

Kate: Castle! – Kate correu atrás dele. O escritor, a passos rápidos, entrou no elevador. A porta, porém, fora impedida de fechar pelas mãos de Kate – Não é o que você está pensando.

Castle: Parece exatamente o que eu estou pensando.

Kate: Ele está me ajudando com um caso...

Castle: Em seu apartamento, a essa hora da noite?

Kate: Castle, você sabe que eu nunca faria isso...

Castle: O que eu sei é que você me deixou, e sem nenhuma explicação.

Kate: Eu disse que precisava de um tempo... Eu nunca quis te deixar, Rick. Eu... eu queria poder te explicar.

Castle: Então explique, Kate. Eu estou te dando a chance.

Kate: Eu não posso...

Castle a encarou.

Kate: Eu sinto muito, Rick...

Castle: Não, você não sente, Kate. Eu sinto. Você não. – ele apertou o botão novamente, mas Kate ainda impedia a porta de se fechar.

Kate: Por que você não pode confiar em mim?

Castle: E por que VOCÊ não pode confiar em mim?

Os dois se olharam profundamente. Aqueles olhares que conversavam entre si, se desejam e se entendiam, agora cheios de segredos e mágoas.

Castle: Volte para casa comigo agora... – Castle cedeu, pedindo baixo – Eu apoio sua decisão, seja ela qual for...

Kate: Rick...

Castle: Por favor, Kate... – ele segurou nos braços dela, e, diante de um quase beijo, Kate recuou. Se cedesse, colocaria Castle e toda sua família em perigo. E não, ela não poderia suportar isso. Perdê-lo era o preço a se pagar.

Kate: Eu não vou voltar para casa com você, Castle. Me dê o espaço que te pedi. Por favor... – Kate se soltou dele.  

Castle a olhou desolado. Ela, enfim, recuou. A porta, livre, finalmente poderia ser fechada.

Castle: Eu darei, Kate. Todo o espaço que você quiser.

Enquanto a porta se fechava, Kate sentia o peso do olhar de Castle sobre si. Sério. Triste. Decepcionado. Um outro Castle.

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Sorenson: Sinto muito pelo desentendimento, posso procurá-lo e explicar tudo – Will falou assim que a porta do elevador se abriu, com Kate retornando ao andar de seu apartamento.

Kate: Foi melhor assim...

Sorenson: Como? – dessa vez, Will realmente não entendeu.

Kate: Eu e Castle estamos separados. Eu preciso que acreditem nisso.

Sorenson: “Acreditem”? Kate, no que você está se metendo?

Kate: Will, você já me ajudou bastante. Eu assumo daqui.

Sorenson não discutiu. Se despediu de Kate, entrou no elevador e desceu.

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Kate fazia círculos no papel, enquanto fingia ler um relatório. Não pregara o olho a noite toda, pensando em Castle. Não era possível que ele acreditasse que ela fosse capaz de traí-lo com quem quer que fosse. Se ela ao menos pudesse explicar, se pudesse...

Espo: Capitã? Capitã? Kate! – Espo apelara para o lado pessoal. Kate enfim notou o detetive em sua sala – Está tudo bem?

Kate: Sim, por que não estaria? – Kate puxou a caneca de café, mas acabou derrubando tudo em cima dos relatórios – Droga!

Espo: Kate, o que está acontecendo?

Kate: Nada, Espo. É só café derrubado.

Espo: Não estou falando de agora. Você e Castle...

Kate: Não quero falar sobre isso.

Espo: Então é verdade? Vocês estão mesmo separados?

Kate: Sim, nós estamos.

Espo: Mas é algo passageiro, não é?

“Eu espero que sim” – Kate pensou, mas antes de dizer algo, seus olhos cruzaram com um conhecido parado à porta.

Adv.: Com licença, capitã.

Kate: Dr. Longst, é... entre... por favor – Kate falou entrecortado. O que o advogado de Castle estaria fazendo ali?

Adv.: Bom dia – o advogado estendeu a mão para cumprimentar a capitã – Se estiver ocupada posso voltar outra hora.

Kate: Não, não estou. A que devo a visita? – ela fez sinal para que o senhor se sentasse.

Adv.: Sra. Cas... Capitã Beckett – ele olhou para a placa em cima da mesa – Castle me mandou com os papéis... – enquanto falava, o advogado fitava a expressão de Kate. Era impressão dele ou ela não fazia ideia do que o advogado pretendia ali? – Bem, aqui estão... – ele entregou logo o envelope. Dr. Longst, advogado de Castle de longa data, já havia jantado com o casal não poucas vezes. Era uma situação estranha estar ali, porém não inédita. Ele já havia feito isso para Castle duas vezes antes. Diante do silêncio de Kate, que folheava com olhos fixos, ele resolveu falar – Se tiver alguma objeção quanto aos termos, a questão dos bens pode ser discutida. Castle deixou claro que está aberto a negociações, ele não quer ser injusto de forma alguma com você.

Dr. Longst calou-se novamente. Kate depositou os papéis em cima da mesa, num silêncio fúnebre.

Adv.: Algum problema?

Kate não respondeu. Sua expressão era estática.

Adv.: Me desculpe, mas... você parece um tanto quanto surpresa...

Kate: Não, eu... já esperava por isso... – Kate mentiu. Ela jamais esperara por aquilo.

Adv.: Kate... – o advogado deixou as formalidades de lado e falou em tom baixo – Se quiser eu posso deixá-los com você e buscar no final do dia... – diante de reação nenhuma de Kate, ele continuou – Ou amanhã...

A capitã fez que sim, e viu o homem deixar sua sala. Kate não precisava de um dia, ela precisava de mais. Um dia não seria suficiente para absorver aquilo. Uma vida toda não seria. Castle havia lhe mandado os papéis do divórcio.