Iminente destino escrita por AsgardianSoul


Capítulo 6
Capítulo 5 — Maré crescente


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores, tudo joínha? (Nofa, parece aqueles tiozinho) XD
O capítulo de hoje será mais "pessoal", do ponto de vista de um novo personagem na história. Aposto que vocês estavam loucos para vê-lo!
And I can't wait to show you him!



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As it all comes down again, to the sound
The sound of the wind is whispering in your ear
Can you feel it coming back?

https://youtu.be/w2ZB7WF_Hko

O mundo tornou-se um lugar diferente. Não há mais barreiras. Os muros caíram e as classes se misturaram. Qualquer tentativa de individualismo vai por água abaixo. ONGs de direitos civis e humanos agora detêm a palavra. Nenhum cidadão fala mais por si próprio. A voz é coletiva e sem distinção. Ódio é um conceito onde não se pode haver preceitos. Ensina-se a amar desde o berço, ser igual desde criança, compartilhar quando adulto, porém, quando a balança pende, eles correm até nós com as mãos levantadas em prece.

Johann Schmidt gostava assim. As reuniões eram cada vez mais frequentadas e as queixas mais severas. Todos os “sem-vez” tinham lugar no novo perfil da sua organização. O pai de família que perdeu o emprego para um imigrante; o presidiário que não é aceito pela sociedade; o jovem que não entra no ensino superior por não ter dinheiro suficiente... E como eles vinham! E com que devoção erguiam os braços em saudação!

— Obrigado pelo número crescente de interessados em nossa causa, amigos — discursava Schmidt, sobre um palanque de madeira improvisado, numa sala de reuniões também improvisada. — Acabei de voltar da minha terra natal e lá vi com meus olhos estupefatos um exército invasor invadir o solo de meus ancestrais. E o que nossos líderes estão fazendo com relação a isso?

A plateia manteve-se em silêncio, vidrados no poder de persuasão que aquele homem vestido formalmente emitia.

— Estão infiltrando-os em nosso lar — respondeu, com desprezo. — Eles dizem, “Aqui, tome nossa comida. Tome nosso abrigo. Tome nosso estilo de vida. E então tome nossas vidas."

Todos reclamaram, usando de xingamentos e palavras de ódio. Quando a reação agressiva cessou, ele continuou:

— É bom estar aqui, onde alguns homens ainda sabem como lutar. Antes, sabíamos como proteger o que é nosso. Houve guerras, sim, mas ainda sabíamos, senhores. Hoje, desfrutamos da casca podre que restou dos Estados Unidos, tomados por gente que não merecem uma centelha do que vocês construíram.

Gritos de ovação foram emitidos.

— A tolerância foi uma desculpa criada para parar bravos homens como nós. Afinal, o que fizemos de errado, a não ser defender o que é nosso, senhores? Governantes, líderes mundiais, eles não conseguem mais enxergar o que está diante de seus próprios olhos. — Tomou fôlego para chegar no ponto alto do discurso. — Eles enxergam vocês como intolerantes... Deixem eles! O que eu vejo aqui é o início da revolução. — Olhou nos olhos famintos de cada um, sentindo paixão fervente neles. — A estrada para algo glorioso está sendo trilhada, senhores. A glória da Hidra!

As palavras finais do discursista fizeram o coração dos ouvintes pulsar em suas gargantas. Eles nunca tinham visto nada igual. O sentimento era intoxicante. Quando o chamado veio, todos arremessaram os braços para o alto e gritaram o canto várias e várias vezes. Eles agora podiam pertencer a algo, depois de tudo.

* * *

Quando o último dos seguidores cumprimentou Schmidt, ele trancou as portas e janelas do cômodo e adentrou pela porta lateral, que dava acessou a outro cômodo escuro, menor do que o anterior. Nele havia apenas uma pequena mesa redonda e duas cadeiras. Ele acendeu as luzes e revelou uma presença feminina ocupando o ambiente. A mulher de trajes incomuns e cabelos curtos de cor acaju encarou-o friamente, frangindo o rosto, o que evidenciava ainda mais as sardas abaixo dos olhos e pelo nariz.

— Muita conversa para pouca ação, pai — resmungou. — Quando vamos trazer o mundo aos nossos joelhos?

— Paciência, Synthia — pediu Schmidt, desabotoando as abotoaduras do terno. — Grandes revoluções começam com pequenos passos, não consegue entender?

— O que não consigo entender é por que ainda se esconde atrás dessa máscara. O mundo já ficou tempo demais sem o Caveira Vermelha.

O vilão massageou as têmporas. Sin era jovem demais para compreender. Às vezes sua rebeldia o preocupava, por isso evitava envolve-la em assuntos de alta periculosidade, além do mais quando tais assuntos envolviam a Hidra. Discrição era tudo, e ela nunca foi de manter-se em segredo por muito tempo. Mas admirava isso na filha. Ela era uma mulher de ação e, embora não fosse um membro importante na Hidra, quando chegasse a hora, ela agiria com todos as forças.

* * *

As pessoas estavam ocupadas demais para reparar umas nas outras, todo o tempo, em todos os lugares. Steve quase podia tocar a volatilidade enquanto fazia seu caminho até Washington D.C., com a mente ocupada demais para focar em apenas um assunto. Pensava em tudo tentando não pensar em nada. Queria poder dormir como antes. Antes de tudo mesmo, quando ainda um garoto sonhador do Brooklin, fantasiando socar a cara de Hitler. As coisas eram tão simples naquela época...

O metro parou na estação próxima ao local de encontro marcado previamente com Sharon. Os dois quase nunca mais se viram depois do primeiro beijo. Os raros encontros que tiveram foram breves e sempre envolviam discussões sobre como ele e seus companheiros estavam agindo secretamente. Só que o de hoje parecia diferente. Sharon disse poucas palavras e um nome ao telefone. Precisamos falar sobre Laura Hunter.

O apartamento ainda era o mesmo, vizinho ao seu antigo, onde Nick Fury fora quase morto pelo Soldado Invernal. Ao caminhar pelos corredores, Steve quase pôde jurar ouvir as paredes emitirem um som de déjà-vu ou saudação por receber seu velho morador. Ele entrou sem bater. Sabia que ela estaria lá, com sua habitual expressão concentrada, como se com isso pudesse afastar as nuvens escuras que rondavam sua cabeça.

No momento que os dois olhares cansados se encontraram, não houve mais mundo exterior. Eles pensaram em como iniciar a conversa, porém nenhuma palavra veio à boca. Caminharam até estar próximo o suficiente para se envolverem em um abraço apertado, seguido de um beijo longo e quente. Ficaram selados por um longo momento, até se encararem.

— Sharon — começou Steve, sendo interrompido pelos dedos delicados dela pousados sobre seus lábios.

— Hoje não — disse ela, com o sorriso torto de quem joga tudo para o alto por um segundo, o puxando para o quarto.

* * *

As madrugadas eram mais longas para Steve devido à sua insônia. Toda vez que fechava os olhos a atual situação de sua equipe voltava à tona, como um aviso de que a qualquer momento a guerra retornaria. As trincheiras haviam acabado; hoje, a guerra se tornou mais sutil e mortífera. O mundo ainda era novo para ele. Sentou-se na cama e encarou os prédios através da janela embaçada. A luz opaca de um avião passou piscando no horizonte. Seu olhar melancólico o acompanhou até sumir atrás de um arranha-céu. A mão macia de Sharon deslizou por suas costas nuas, em seguida o corpo feminino encostou-se nele, separados por um fino lençol.

— Não consegue dormir? — perguntou ela.

— O que você queria falar sobre Laura Hunter? — desconversou. Se fosse entrar em detalhes sobre sua insônia, não falariam de mais nada.

Ela logo entendeu que ele se fechou em copas para o assunto. Não conhecia o namorado totalmente, se é que podiam se chamar de namorados, mas sabia quando ele não queria mais falar.

— Nós encontramos apenas informações básicas sobre ela, nenhuma passagem pela polícia, só que fugiu da casa do tio na adolescência — começou ela. — Pensei que pudesse me falar mais sobre ela.

Steve se afastou e virou-se para encará-la, atônito.

— Então foi para isso que me chamou? — Levantou-se, exasperado, buscando por suas roupas. — Para obter informações?

— Não, Steve — atalhou, segurando-o pela mão. — Desculpe, eu me atrapalhei... Acho que é força do hábito. — Respirou pela boca, buscando organizar as palavras. — Eu só estou tentando dizer que ela é uma desconhecida, até mesmo para nós.

— Se depender de mim, vai continuar sendo, Sharon — afirmou, de um jeito que soou quase rude. — Laura está conosco e isso é tudo que precisam saber.

Sharon franziu o cenho. Steve estava demonstrando muito apego para com uma pessoa que acabou de conhecer. Em seu íntimo, sentia que ele estava escondendo algo. Ela largou a mão dele e desviou o olhar. Ele começou a vestir-se, tenso.

— Sabe como as pessoas estão chamando vocês? — Encarou as costas dele. Silêncio. — Vingadores Secretos.

Num breve movimento, o super-soldado inclinou o rosto, observando-a pelo canto dos olhos. Ainda estava magoado por pensar que ela poderia tê-lo chamado para obter informações. Justo ela, uma das pessoas que integravam a luz no fim do seu túnel.

— As pessoas estão com medo de nós — declarou amargamente. — Eu posso ver nos olhos delas toda vez que saio em missão. Mesmo dando meu sangue em campo, elas ainda temem.

— É natural, Steve — tentou confortá-lo.

— Natural? — Bufou. Virou-se inteiramente para ela. — O que eu sou agora? Um monstro? — Ela tentou interrompê-lo, sem sucesso. — O que me difere dos outros heróis? Não. Eu sou do tempo em que a virtude era mais importante do que um pedaço de papel.

— Ninguém está discutindo virtude aqui — retrucou Sharon, também de pé, enrolada no lençol. Respirou fundo para manter o tom de voz baixo. — Mas você tem que perceber que ninguém está acima da lei.

Depois da sentença da loira, ele soprou um riso irônico e olhou para o lado, maneando a cabeça. Mordeu os lábios. Toda esta reação não era de seu feitio, assim como muitas outras que estava tendo ultimamente.

— Foi um erro ter vindo aqui, agente Carter — dirigiu-se a ela como um coronel fala com seu recruta.

— Concordo, Capitão Rogers — retrucou, utilizando do mesmo tom. — Só para constar, isso é tudo que eu tinha para dizer.

— Pois bem — treplicou. — Adeus.

O homem fora de seu tempo acenou com a cabeça e começou a caminhar em direção à porta. Ao passar por ela, ouviu uma última farpa:

— Boa sorte tentando passar por cima de tudo pelo qual sempre lutou.

Steve não demostrou qualquer reação e continuou andando. Bateu a porta ao sair. Mais tarde, naquela mesma noite, quando esfriasse a cabeça e estudasse seu tabuleiro, veria que não tinha perdido apenas um peão.


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Notas finais do capítulo

Como prometido, as referências do capítulo anterior foram:
* Quando Steve fala "Super-humanos que leem mentes" estava se referindo ao Professor Xavier, líder telepata dos X-Men.
* Novamente, Steve diz à Lea que ela tem um "coração cheio de coragem". É uma referência ao filme Guerra Civil, da cena em que o Cap diz ao Homem-Aranha que ele tem um bom coração.
* Descrevendo um dos pensamentos da Natasha Romanoff, digo que ela "tem muito vermelho em sua trajetória". Isso foi tirado de uma das cenas do filme Os Vingadores, onde ela é questionada por Loki, preso, e responde "I've got red on my ledger", original em inglês.
Gostaram das referências? *w*
Mas e quanto a este, você pegou alguma referência? Então não hesite em deixar o Cap orgulhoso e deixe nos comentários.
Beijinhos bandeirosos! ♥



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