Iminente destino escrita por AsgardianSoul


Capítulo 5
Capítulo 4 — Legados e trajetórias


Notas iniciais do capítulo

Oieeee, pessoas lindas, tudo bem? Não, eu não morri, apesar de estar soterrada de trabalhos na faculdade. Mas é a vida, neh? Ehehehe
Hoje trago mais um capítulo fresquinho, onde conheceremos um pouco mais da Lea, exploraremos mais a relação entre Tony e Sharon e teremos a aparição de uma outra personagem que amo muito. Espero que gostem, assim como eu gostei de escrever este capítulo.
Boa leitura!



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They say it's what you make
I say it's up to fate
It's woven in my soul
I need to let you go

https://youtu.be/mWRsgZuwf_8

A sensação de solidão arrebatou Lea novamente, assim como após a morte dos pais. Lembrou-se do dia como se tivesse retornado no tempo. Na época, ainda não tinha plena consciência de seus poderes, apenas apresentava visões corriqueiras, como quais carros passariam em frente à sua casa ou quando receberia visitas. Chegou a comentar com os pais, mas eles disseram que isso era fruto da imaginação fértil de criança. Numa noite teve um pesadelo em que eles sofriam um acidente de carro. Foi tão real que não pôde esquecer; acordou em pânico e alertou seus pais. Eles ficaram tão preocupados com o estado dela que cancelarem a viagem.

O perigo havia passado, porém, o destino mostrou-se iminente e ensinou a primeira lição a pequena Laura Hunter.

Na semana seguinte, enquanto estava na casa de uma amiguinha da escola, sua mãe foi eletrocutada em casa; na tentativa de ajudar, o pai acabou sendo vítima também. O curto-circuito gerou um incêndio, que também vitimou seu irmão de dois anos de idade. Em estado de choque, Lea acompanhou a família sendo enterrada e o tio assumindo sua guarda. Gradativamente, o tio deixou ser tragado pela bebida e a relação familiar tornou-se impossível, então ela teve que fugir na adolescência.

Perambulou por muitas cidades, evitando policiais e assistentes sociais, até que chegou na maioridade. Mesmo legalmente responsável por si, ainda não se sentia segura. Tinha a sensação de ver o tio em cada esquina, espreitando, tentando trazê-la de volta para o passado. Felizmente, nunca mais o viu. Além do medo de ser encontrada, convivia com os poderes em desenvolvimento e os perigos da vida real. Perdeu as contas de quantas vezes fugiu de drogados e se virou com uma porção diária de batatas fritas.

Foram tempos difíceis de sua trajetória, até encontrar Bob. O gesto de caridade dele renovou sua esperança de dias melhores. Mesmo separados, nutria um grande carinho por ele. Só que a relação entre Bob e o nome Stark abriu uma rachadura nesta relação. Tal rachadura contribuiu para o afastamento deles, além do que, ela não queria que Bob se envolvesse num caminho que ela buscou.

Agora, sentada numa cama de campanha, rodeada de heróis, Lea analisava a própria vida de um ponto distante. Sabia que tentar mudar o futuro traria consequências. Mas sabia também que não alcançaria paz se simplesmente deixasse acontecer. Algo a chamava para a ação e não conseguia ignorar. Levantou a cabeça para respirar melhor e vislumbrou Steve parado na soleira da porta, à observando de braços cruzados.

— Precisamos conversar — começou. Ela se afastou para o lado, dando espaço para que ele se sentasse. Steve assim o fez, cruzando as mãos. — Como isso funciona?

— Não sei muito bem, elas vêm sem nenhum aviso — explicou, coçando a palma da mão. — Há dois dias não sabia que podia provocar uma. Previ onde encontraria você.

— Isso explica como nos achou — comentou. — Por que disse aquilo sobre eu me juntar à Hidra?

— Eu vi você... — interrompeu-se. Escolheu melhor as palavras. — Eu tive uma visão com você se juntando à Hidra. Não foi imaginação, porque não faz nenhum sentido imaginar isso. Eu simplesmente vi.

Steve franziu o cenho. Parecia impossível até mesmo para ele imaginar esse cenário.

— Você pode me mostrar?

Lea o encarou para ter certeza se ouviu corretamente. Nunca pensou na possibilidade de fazer outra pessoa ver o que via. Pela expressão dele, estava mesmo falando sério.

— Poderosos estão surgindo — falou ele, enquanto ela o analisava. — Ouvi rumores sobre super-humanos que leem mentes, criam ilusões, inclusive temos uma que pode distorcer a realidade. Talvez o que viu foi uma ilusão que sua mente criou.

— Não, tenho certeza de que não foi — afirmou Lea. — Eu vi a luta entre você, Barnes e Stark. Posso não saber a extensão dos meus poderes, mas não crio ilusões.

— Então, consegue me mostrar? — Era inconcebível para ele sequer imaginar tendo qualquer aliança com a Hidra.

— Não posso fazer isso.

— Tente — insistiu.

— Capitão, já estou arriscando muito te contando essas coisas. Quando se tenta mudar o futuro, há consequências. — Lembrou-se dos pais. — Não quero piorar as coisas, então, não me peça para dizer mais nada sobre o que virá. Terá que confiar em mim de agora em diante.

Os dois se estudaram por um instante. Steve descruzou as mãos e levantou-se. Passou a mão pelos cabelos loiros, de costas para ela, que continuava imóvel. Ele respirou profundamente. Não precisava de seu instinto de soldado para saber que ela não representava perigo. Mal a conhecia, mas sabia... sentia que ela o conhecia. E o mais assustador e que quase o fazia teme-la era que Lea conseguia enxergar um lugar de seu inconsciente tão obscuro que ele próprio temia encarar.

— Por que está fazendo isso? Você poderia ignorar tudo, mas está aqui, se arriscando... Não é uma atitude muito comum.

Lea sorriu torto, com simplicidade.

— Meu pai era católico — começou, como quem conta uma anedota. — Ele gostava de me levar à Igreja aos domingos. Eu ainda era criança para compreender o significado do discurso religioso, mas quando chegava em casa e ele me explicava, eu sabia que era real.

— O que ele dizia? — perguntou, interessado, virando-se para ela.

— Todos temos uma missão aqui e, quando o momento chega, só resta pedir coragem ao Criador e fazer o que precisa ser feito — repetiu as palavras tal qual seu pai lhe dizia.

Steve pareceu pasmo com o que ela acabou de contar. Foram poucas palavras, porém ditas com um espírito de determinação que o instigava a continuar lutando, algo que não sentia há bastante tempo.

— Você tem um coração cheio de coragem, filha. — Estendeu a mão e se cumprimentaram. — Eu confio em você.

* * *

A lateral da cabeça de Tony Stark latejava sob a bolsa de gelo. Dois agentes conversavam perto dos estilhaços da vidraça, um deles apontou de onde possivelmente o garoto veio. O vidro estralava ao mínimo movimento das botas deles, desencadeando pontadas de dor em seu cérebro. Ele piscava vagarosamente ao tentar se concentrar na voz aborrecida de Sharon Carter.

— Inacreditável, Stark — resmungava. Nesse momento ela se assemelhava a Ross. — Quando penso que as coisas não podem piorar...

— Eu não sou especialista em vidraças, Carter — interrompeu-a, cabisbaixo. — Muito menos psicólogo para saber que o garoto era louco.

— Pelo menos consegue rastrear o equipamento roubado? — questionou, ignorando os comentários ineficientes.

— Rastreei por um tempo. Repassei as coordenadas para a polícia. — Ela crispou os lábios e desviou o olhar. — Ele não irá muito longe.

— Ross irá fazer sua cabeça na agência, está ciente disso, não está? — Emitiu a voz mais cortante que pôde. Puxou uma cadeira e sentou-se de frente para ele. — Você poderia ter deixado passar, Stark. Está na hora de deixar o passado no passado. — Ele a ignorou, submerso em conflitos internos, então ela o sacudiu. — Tony!

— Eu só queria ajudar, Sharon — confessou, esgotado, olhando-a de esguelha.

Ela não se deixou comover pelo raro momento onde o homem baixou sua guarda de ferro.

— E agora ele é um fugitivo e você pode ser acusado de cúmplice, na melhor das hipóteses — afirmou, ainda áspera. — Ross está possesso de fúria, porque seus superiores podem realocá-lo para o baixo escalão.

Houve um silêncio constrangedor entre os dois. Carter o encarava, esperando respostas ou uma solução. Já Stark parecia mais concentrado em não perder o ritmo enquanto passava a bolsa de gelo de uma mão para outra. A falsa concentração tentava disfarçar o quão exausto estava. Pensou em Pepper. Ela poderia acalmá-lo com um abraço ou apenas ditando sua agenda de compromissos; não fazia diferença, só a presença dela seria suficiente.

— Sinto muito por sua tia. — A declaração a pegou de surpresa.

— Obrigada. — Sua atitude ofensiva abrandou-se.

— Ela estava presente no funeral dos meus pais, me segurou pelos ombros, desejou força. Você também estava lá, eu acho. Éramos tão jovens e tão às margens deles.

— Acho que nunca deixaremos de ser — confessou ela, num misto de responsabilidade e gratidão. — Está no nosso sangue nunca esquecer.

Ambos trocaram olhares por tempo suficiente para resumirem ambas trajetórias, tentando se inspirar e ao mesmo tempo fugir de seus mártires. Mesmo separados por áreas e responsabilidades diferentes, eles carregariam esse legado para sempre.

* * *

Sujeira em atrito com sua pele; jatos de água fria atingindo o corpo; uma toalha o secando; roupas sendo vestidas; consciência se apagando novamente, até que despertou. Bob estava amarrado em um cubículo tragado pela escuridão. Respirava com dificuldade, como se a escuridão sugasse todo oxigênio para si. Estava atordoado e faminto, além de antessentir outra presença na sala. Sentiu-se observado por um fantasma.

— Apareça — exigiu, num fio de voz quase ridículo.

Num passe de mágica, se fez a luz, aí a lembrança o atingiu como um raio. A cabeleira ruiva que cintilava sob o luar em sua última memória antes de apagar ganhou um rosto alvo e olhos azulados. Ela estala lá, encostada de maneira negligente na porta, tão friamente russa, e Bob não acreditou.

— Natasha Romanoff — balbuciou, sentindo-se perder a consciência novamente.

A ruiva moveu-se como se executasse uma coreografia, pegou uma seringa pela metade com um líquido laranja e aplicou no peito dele. A dor e a energia que percorreu suas veias o fez despertar como nunca. Sentiu-se pronto para mover o mundo com as próprias mãos.

— Que diabo foi isso? — perguntou ele, gritando.

— Adrenalina — respondeu. Completamente consciente, ele pôde reparar no sotaque russo. — Pode ser que eu tenha errado na dose, não sabia do seu peso, mas não é nada que possa matar.

— Isso me deixa deveras aliviado, vindo de você — retrucou. Ela o dirigiu um olhar gélido, fazendo com que se arrependesse imediatamente.

— Vejo que já ouviu falar de mim — comentou ela. — Ótimo, assim dispensa apresentações.

— Claro, não é como se eu tivesse visto todos os vídeos sobre você no YouTube. — Ela levantou uma sobrancelha. Ele sorriu. — Grande fã!

— Isso explica sua péssimas escolhas e toda encrenca que se meteu.

— Qual é?! Você é uma Vingadora — exclamou. Ela engoliu em seco, como quem engole fel. — Você teve tudo para estar do outro lado, mas enfrentou seu passado e conseguiu se tornar uma heroína.

O argumento de Bob pareceu tão claro que Natasha não conseguia aceitar. Era tudo tão simples como nada foi em sua vida. Havia muito vermelho em sua trajetória para se perdoar tão facilmente.

— Chega de conversa, Huggins — reclamou. — Você andou bisbilhotando no que não devia.

— Eu bisbilhoto em muita coisa. Seja mais específica.

— Groto — limitou-se. Ele traiu-se pela reação apreensiva. — Sim, vocês são o centro das atenções no mundo do crime agora. Ou pelo menos um era.

— Não estou entendendo, desde o princípio. O que Groto fez? Explique melhor. — Remexeu-se na cadeira, inquieto.

— A conta que vocês dois acessaram pertencia a um figurão do crime, que respondia a outro, que por sua vez tinha vínculo com outro maior... Você sabe, mundo do crime... — Bufou, recostando-se na porta novamente. — O fato é que estão querendo sua cabeça.

— O quê? Eu não fiz nada! — defendeu-se, entrando em desespero. — Eu só quebrei os códigos de acesso da conta, Groto cuidou do resto. Não tenho nada a ver com o que foi feito depois, ele pode confirmar isso.

— Claro, ele poderia — frisou a última palavra. Bob transpirou. — O corpo dele foi encontrado em casa há poucas horas. Pelo que vi, ele deve ter irritado muita gente.

O mundo de Bob virou de ponta cabeça. Suspeito de envolvimento com terrorismo, foragido da polícia e ainda procurado pela máfia. Nem em seus piores pesadelos imaginou tal situação. Sentia dificuldade para respirar e não conseguia apagar por causa da adrenalina. Todos tinham razão, ele estava realmente encrencado, no pior sentido possível. Lágrimas de desespero rolaram por sua face. Mais do que nunca sentiu saudade do pai, de um norte para se orientar, de qualquer coisa que o trouxesse de volta a sua antiga vida.

— Você veio me matar? — perguntou, com o pouco de controle que restou.

Natasha não expressou reação perante o descontrole emocional dele. Foi treinada para se manter indiferente diante de qualquer situação. Caminhou até ele e tirou um microchip do cinto.

— Quero que quebre a criptografia desses arquivos — solicitou. Ele levantou uma sobrancelha, quase escandalizado.

— Eu estou nessa confusão por me meter onde não devia e você me pede para fazer exatamente o mesmo?

— Você não tem saída, Huggins — sentenciou calmamente.

Uma frágil linha de raciocínio foi se formando na mente de Bob e o deixando mais apreensivo. Não conhecia tão bem o mundo do crime, mas sabia que eles não mediriam esforços até chegar nele. Logo lembrou-se da mãe. Em sua falta, ela seria o elo mais próximo. Subitamente encarou a ruiva petrificado de terror.

— Minha mãe está em perigo. — Ela estremeceu por um segundo, porém não deixou transparecer. — Coloque ela em segurança e eu faço o que você quiser.

O lado altruísta da antiga espiã russa contorceu-se. Ele não estava exagerando. Os caras que estavam atrás de Bob fariam de tudo para pôr as mãos nele. Sua mãe seria presa fácil e ninguém poderia defende-la daqueles monstros. Mas conheço alguém que pode tentar.

— Temos um acordo? — inquiriu ele, com a voz vacilando de tensão.

Ela acenou positivamente com a cabeça, apagou as luzes e saiu. Envolto no silêncio, permitiu-se imaginar ainda levando a vidinha de antes, que julgava tediosa ao extremo. Ninguém podia imaginar o quão arrependido estava de ter um dia desejado sair dela.


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Notas finais do capítulo

Quem mais ama Imagine Dragons do fundo do ♥?
I wanna play a game! *w* Neste capítulo (assim como nos anteriores) inseri algumas referências do Universo Marvel (quadrinhos ou cinema) e quero ver se vocês estão ligados. Quem adivinhar alguma delas deixa nos comentários e eu digo se acertou. Essa é pra quem entende a referência!
Ps.: No próximo capítulo posto as referências do anterior e assim sucessivamente.
Outra cosinha que quero comentar. O número de acompanhamentos está crescendo, porém poucos aparecem publicamente. Então, peço por favor que quem estiver acompanhando deixe o acompanhamento como público. Pode parecer bobagem, mas isso ajuda muito a divulgar nosso trabalho.
E por último, o capítulo anterior foi o maior da fanfic e ninguém comentou. Acho que a leitura ficou pesada de alguma forma, logo diminuí o ritmo nesse, só que nada que prejudicasse a história. Comentários são o norte para um ficwriter. Favoritamentos e acompanhamentos são sinais positivos, mas a peça mais importante é a sua opinião, leitor. Faça ser ouvido, faça-se presente. Mesmo que ache sua opinião irrelevante ou esteja tímido, comente. Nada alegra mais um escritor do que ouvir a opinião de quem realmente o faz continuar.
Ufa, acho que escrevi demais, sorry.
Bom, isso é tudo, queridos.
May the Force be with you!



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