— É que se esse pé rapado estiver te importunando, posso pedir para que ele seja levado daqui agora. – Ele disse duro fitando Gil, porém gentil comigo. – Gente assim, - fitou novamente Gil com asco no olhar – não faz bem a boa visibilidade do Shopping a senhorita não concorda?

Meu sangue subiu, queria voar no pescoço deste segurança. Sem dar-lhe muita explicação, pedi para que chamassem o seu supervisor, e lhe contei tudo sobre o preconceito e o tipo de gente que trabalhava naquele shopping. Mesmo Gil praticamente implorando para que eu esquecesse isso e nós fossemos embora, eu registrei uma queixa formal no centro administrativo, e em seguida voltamos às compras.

— Já sabemos que não sou bem vindo.

— Foda-se Gil. – Falei firme. – Vamos! Você não vai escapar.

Entramos na primeira loja. Sim, primeira por que iriamos em muitas. Ele querendo ou não teria roupa para renovar o guarda roupas, se é que tinha um. E não aceitaria não como resposta.

— Sar você não deveria...

— Gil, eu tenho dinheiro e modéstia a parte eu gosto de gastar. Só que já tenho tudo, então me deixe gastar com você e sentir-me útil. – Disse quando entramos na loja.

A discussão cessou quando vimos o atendente ou a atendente – depende do ponto de vista – se aproximar.

— Sara, meu amor. – Flayer, como seu nome artístico aproximou-se e me depositou dois beijos no ar, mas talvez fosse para ser nas bochechas.

— Oi querida, tudo bem?

— Tudo. – Então Flayer fitou Gil. – Que bofe é esse?

— Então, hoje as compras são para ele. – Pisquei e vi Gil totalmente encolhido, quase gargalhei. – Preciso de uma roupa para um evento social.

— Hm...

Flayer passou por ele, fazendo a volta, e analisando tudo, absolutamente tudo. Gil chegou a se esconder e se remexer um pouco, principalmente quando lambeu o lábio fitando sua bunda. Confesso que quase gargalhei na hora, mas não queria deixar Gil ainda mais constrangido.

— Sara minha flor, - Flayer disse batendo as palmas das mãos de modo extravagante – já disse que adoro tudo que é rustico? Onde conseguiu essa peça maravilhosa? – Sabia que se referia a Gil.

— Flayer, por favor, vamos ao que interessa?

— Ai Sar. – Flayer então se voltou as araras procurando alguma roupa que servisse em Gil. – Você sempre acabando com a felicidade das amigas. – Fitou Gil mais uma vez. – Olhar não arranca pedaço sabia?

— Eu tenho minhas dúvidas. – Fora a primeira vez desde então que ouvi Gil falar algo, seu tom de voz encabulado, quase me fizera gargalhar, sabia que não conseguiria segurar por muito tempo.