Sara Sidle

Quando Grissom chegou a sala vestido com a roupa que Fábio havia lhe emprestado eu quase não o reconheci. A calça jeans tinha um belo corte e a camisa social branca lhe caiu perfeitamente bem. Aqueles cabelos ainda molhados e aqueles olhos azuis cintilantes. Imaginei-o alguns segundos com um corte de cabelo novo e a barba feita, não totalmente sem, mas cerrada, algo estranho aconteceu comigo.

Não podia ser. Eu estava úmida somente em vê-lo.

Desviei meu olhar, provavelmente viu que eu estava o comendo pelos olhos. Aqueles olhos eram desafiadores e ao mesmo tempo sofridos. Logo veio Alicia correndo atrás, Ana Paula estava em meu quarto se arrumando, estava louca para conhecer a amiguinha.

— Alicia, você está linda. – Não era só ela, mas tive de me conter.

— Obrigado Senhorita Sara. – Alicia disse completamente educada.

— Por favor, pequena, sem essa coisa de senhorita. Apenas Sar, certo? – A menina assentiu com a cabeça. – Venha, vamos conhecer Ana Paula, minha sobrinha, ela está louca para te conhecer. Ela tem mais ou menos a sua idade, e eu pedi pizza para vocês, como estava no banho acabei escolhendo um sabor para ti, aposto que vai gostar.

— Pizza? Sério? De verdade mesmo.

— Sim, por quê?

— Comi pizza uma vez na escola a um tempão atrás, depois nunca mais. É muito bom sabia? – Ela sorriu infantil.  – Geralmente como pão com alguma coisa, as vezes papai consegue comprar arroz e feijão, mas como não temos como cozinhar a tia Milena faz para nós. É muito bom.

— É ótimo. – Senti-me mal de novo.

Entramos em meu quarto e Ana Paula estava sentada na minha cama penteando o cabelo e cantarolando.

— Ei, Aninha. Essa é a Alicia.

Aninha veio correndo, fora da escolinha ela não tinha quase amigos para brincar.

— Oi Alicia, eu sou Ana.

— Oi Ana, eu sou Alicia.

— Vem, deixa eu te mostrar os brinquedos que tenho aqui na casa da tia Sar, vamos poder brincar muito juntas.

Logo as duas foram e eu voltei para sala. Havia pedido anteriormente para Linda fazer um lanche para comermos no caminho, provavelmente Grissom não iria querer parar para comer. Como Fabio estava jantando, decidi por bem – e contra a vontade de Fábio – que iriamos somente Grissom e eu. Depois de alguma insistência Grissom comeu algo, tudo era novo para ele e eu tinha a impressão que ele não parava de pensar em Arthur. Eu também estava preocupada.

Entrei no carro, coloquei a chave na ignição e o motor pegou. Fui dirigindo conforme ele ia me mostrando, segundo ele não era muito longe.