Gilbert Grissom

Levei Alicia ao banheiro assim que Sara me indicou o local. Ela também havia me avisado que logo traria algo para me vestir. Já tinha trazido algo para Alicia.

Tudo era ainda muito confuso.

Não havia por que fazer tudo aquilo por nós. E quem fazia coisas de graça nesse mundo? Nem todas as pessoas eram tão bondosas como minha mulher.

Judy era uma mulher única. Não era tão bonita se comparada com Sara, mas tinha seu jeito sexy e sedutor, uma autoconfiança invejável e o pensamento de que tudo daria certo. Na realidade tudo dava certo quando ela estava conosco. Parecia que ela conseguia fazer as coisas funcionarem direito.

Alicia me lembrava muito Judy. Ela, assim como a mãe, sempre fora corajosa e enfrentava tudo, com autoconfiança sempre passava por cima dos problemas com um sorriso nos lábios e mesmo que ainda uma criança, as vezes tinha mais maturidade do que eu. Não reclamava por não ter brinquedos novos, por sua única diversão ser uma boneca velha e por às vezes nem ter o que comer. Se precisasse abria mão de sua comida para Arthur.

Arthur, meu pequeno. Estava tão preocupado com ele. Precisava que logo ele ficasse bem para voltarmos a nossa vida ao normal. Não que estivesse reclamando, mesmo que Sara cobrasse um preço caro, tudo sairia barato se Arthur estivesse bem. Não reclamava da sorte, mas nada era melhor que minha própria rotina. Seria extremamente e eternamente agradecido a essa mulher, mas não queria depender dela mais que o necessário.

Quando Alicia tomou banho quente, ela sorria feliz. Parecia que esta era a coisa mais interessante que havia acontecido em sua vida. Ela pulou, riu e brincou na água.

— Papai, isso é tão bom. – Ela disse enquanto se ensaboava e ficava cheirosinha.

Alicia era muito independente, mas de qualquer forma eu sempre a ajudava e inspecionava a limpeza. Fiz algumas cocegas e ela riu. Assim que terminou o banho, foi minha vez. Alicia saiu e deixou a porta aberta. No banheiro da nossa casa não havia porta e então nem eu prestei atenção neste detalhe. Tirei minhas roupas e entrei em baixo do chuveiro enquanto Alicia ia para o quarto se secar e se vestir.

Foi quando Sara entrou no quarto: - Grissom eu trouxe umas roupas e... - E sem perceber incialmente que a porta estava aberta, pude a ver corar e virar-se de costas como um vento. – Me desculpe eu devia ter batido e... – Ela largou as roupa sobre a cama. – Estou indo. – Ela saiu na mesma rapidez que havia entrado.

Assim que terminei o banho, vi a roupa sobre a cama. Havia até uma cueca. E então comecei a vestir-me.

Sentia-me estranho naquelas roupas, mas não podia negar que eram elegantes. Geralmente andava com roupas largas, manchadas e rasgadas. Às vezes tinha sorte quando vinha alguma coisa boa de doação.

Olhei-me no espelho antes de ir ao encontro de Sara e não me reconheci. Fitei Alicia com um lindo vestido rosa, e ela parecia uma princesa.

— Você está linda meu anjo. – Disse por fim.