— Estacione aqui. – Disse ele.

— É por aqui sua casa?

— É lá para dentro. – Apontou em um beco. – Mas não é seguro entrar de carro lá. Eu vou entrar e organizar tudo, logo volto.

— Eu vou contigo.

— Não vai não. É muito perigoso.

— Eu não tenho medo.

Grissom bufou, mas eu estava decidida. Não sei como nem por que, mas iria entrar junto. Estacionei o carro e assim que descemos o tranquei e ativei o alarme com o controle.

— Fique junto de mim. – Falou incisivo.

Caminhando praticamente colada nele, fomos adentrando aquele beco, e vi coisas que só havia visto na televisão. Pessoas dormindo na rua, outras caindo de bêbado, outros com armas na mão ou na cintura e crianças extremamente magras, algumas até se drogando.

— A regra aqui é simples. Ninguém mexe com eles, ninguém vê nada, e todos estamos protegidos. – Murmurou. – É mais seguro que polícia.

Andamos mais um pouco. Não podia conter, meus olhos estavam arregalados diante de tanta coisa. Logo ele me apontou qual era a casa dele, e estávamos quase chegando quando fomos abordados.

— Qualé que é dessa madame aí mermão? – O homem que aproximou não era alto nem forte, de pele branca e até um pouco mirrado o que me assustava nele era sua expressão, não pude me conter de esconder-me sutilmente atrás de Grissom.

— Não me incomoda Piolho. – Grissom disse com desdém. – E não te mete com a moça.

— Tá certo. – Respondeu insatisfeito e pude ver ele se afastar.

Grissom entrou em sua casa me puxando para dentro.

— Te disse que aqui não era lugar de moças como você. – Bufou.

Não respondi. Abracei meus próprios braços como se estivesse com frio, mas eu estava tremendo de medo mesmo.

Grissom começara a guardar meia dúzia de sacolas que havia comprado de comida em um armário. E eu pude reparar na casa, era pequena, de madeira. Não era suja, porém tudo nela era velho.

A casa era pequena, e a única porta que havia era a da rua. Entendi por que não havia costume de fechar portas. Então fitei novamente Grissom com aquelas roupas e em seguida, veio em minha mente o que havia visto no banheiro. E cheguei somente a uma conclusão:

Eu estava enlouquecendo.