Sara Sidle

Quando chegamos à minha casa, pedi para Linda arrumar o quarto de hóspedes. Em seguida eu guiei Grissom e Alicia, já acordada, até o mesmo. Peguei algumas roupas de Ana Paula, com certeza caberia em Alicia já que ambas eram quase do mesmo tamanho.

— Agora vá tomar um banho quente. – Falei para Alicia, fitando Grissom.

— Banho quente? Isso existe de verdade? – Alicia sorriu pelos olhos.

— Como? – Não havia entendido a pergunta.

— Na escola a gente sempre se perguntava se essa história de banho quente era coisa de rico, ou se eles inventavam isso para fazer inveja. – Explicou a menina inocente, e eu me senti meio desconcertada com a colocação, porém pude ver um largo sorriso em seu rosto. – Amanhã vou poder contar aos meus coleguinhas que banho quente existe e que eu tomei um. – Então a pequena virou-se até Grissom. – Vem, vamos papai.

Ele a levou sem resistência. E eu me sentei no sofá. Eles eram realmente pobres. Como poderiam viver sem as condições básicas? No inverno aquela cidade era completamente gelada e as crianças eram obrigadas a tomar banho frio? Em que mundo eu vivia que nunca havia visto isso.

— Tititi. – Ana Paula acordou-me de meu devaneio e correu até mim.

— Oi minha princesa. – Beijei-lhe a bochecha.

— É verdade que o mendigo e a filha dele estão aqui?

— É muito feio chamar as pessoas assim Aninha, ele tem nome e se chama Grissom. – Ela falou inocente, mas tive de repreendê-la. – E a filha dele se chama Alicia, ela tem a tua idade e como ela vai dormir aqui hoje, vocês irão poder brincar um pouco essa noite.

— Sério? – Aninha falou empolgada. – Que legal.

Neste momento Linda apareceu na sala.

— Senhorita, o que faremos hoje a noite para a janta?

— Que tal se pedir uma pizza? – Falei. Se Alicia nunca havia tomado um banho quente, quem dirá comer uma pizza? Queria oferecer-lhe isto a ela, e depois ajudar essa família de alguma outra maneira. Precisava fazer algo a mais por eles, tinha a necessidade de ajuda-los.

— Por mim está ótimo senhora.

— Veja quais sabores você, Fábio e os demais irão querer. Vou ver que sabores que Grissom e Alicia gostariam de provar.  – Pensei um pouco mais. – Antes disso, você sabe se Fábio tem alguma roupa que possa caber em Grissom? Creio não ter nada aqui que caiba nele.

— Eu posso perguntar. – Linda se ofereceu.

— Faça isto. – Sorri e vi ela se retirar.

Não demorou muito para que Fábio me trouxesse algumas roupas, inclusive uma roupa intima nova ainda no pacote que ele havia comprado e não tinha estreado. Prometi dar-lhe o valor das roupas no outro dia, mas ele se recusou. De algum modo, todos os funcionários da casa estavam empenhados junto a mim para ajudar Grissom. Sempre foram muito fiéis. Fiquei contente ao perceber isto.

Embora desde o início não fora a reação deles que me preocupou.