Gilbert Grissom

Tudo acontecera tão rápido. Em um momento estava desesperado por meu filho e em outro momento havia um anjo de cabelos negros e olhos castanhos me trazendo do inferno aos céus. Sabia que algo de muito errado havia acontecido com Arthur e nunca me perdoaria se deixasse qualquer coisa acontecer com ele por conta de meu orgulho. Mas algo me incomodava. Por que ela me ajudara? Por que se importara comigo? O que ela iria querer em troca? Será que poderia dar-lhe aquilo que me pedir.

Não importa. O que importava era somente meu filho, e sabia que minha esposa de onde estivesse aprovaria qualquer sacrifício que eu fizesse se fosse para o bem dos nossos dois anjinhos. Assim que ela se referia a eles.

Fiquei preso nestes pensamentos enquanto Sara havia ido ver Arthur e resolver os problemas que havia dito. Também percebi o modo que o Doutor que atendeu meu filho a olhava, ele a cobiçava com os olhos o tempo todo e de algum modo ela parecia não ligar ou não perceber que isso ocorria. Pareceu muito incomodada com sua presença.

Quando finalmente apareceu, já tinha minha decisão em mente. Iria para minha casa, tomaria um banho e daria um em Alicia e depois que ela jantasse voltaria para ver Arthur. Deixaria Alicia com Milena, com certeza ela não se importaria de cuidar de Alicia para mim esta noite.

Porém os planos de Sara eram outros.

— Olha como está o pequeno. – Sara me mostrou fotos de Arthur e meus olhos marearam, estava tão contente de ele estar bem e estar vivo que nada poderia ser melhor. – Agora vamos. Vocês precisam descansar um pouco.

Fitei Alicia e ela ainda dormia. Ela devia ter cansado muito no trajeto.

Levantei pegando Alicia que ainda dormia nos braços.

— Pode levar-me para casa? – Eu não sabia o caminho, dependeria dela.

— De maneira nenhuma, vocês vão para a minha casa.

— Me desculpe senhorita. Não te quero ofender, mas realmente preciso ir para minha casa. E não quero incomodar mais do que já fiz hoje.

— Não foi incomodo algum.

— E... – Continuei a protestar. – Minha casa ficou aberta, a pouca comida que consegui comprar está fora da geladeira, tenho que deixar tudo organizado, pois se não os ratos levarão tudo embora a noite. Isso se já não tiverem levado.

— Vamos fazer assim. Levo-te a minha casa, você toma um banho e dá um banho em Alicia, a coloca para dormir, pois ela parece estar exausta. E depois vamos até sua casa e você a organiza, em seguida voltamos ao hospital para ver Arthur.

— Mas... – Tentei argumentar.

— Sem “mas” nem “mais”. Vamos. – Ordenou. Como a morena era autoritária, não pude esconder um sorriso no canto do lábio, gostava.