Os Mistérios da Mansão escrita por Hana
Notas iniciais do capítulo
"Chapter VIII - Peur"
"Medo"
Presa naquele lugar horrível, Melisse apenas suspirava, pois nada podia fazer. Tinha medo, agora - mais que nunca - de seu pai. Ou melhor, do monstro que ele era. Estava encolhida, sob as correntes presas na parede. Era realmente inacreditável que ele fosse seu pai. Ao vê-lo entrar no quarto que a partir daquele momento seria seu, tentou chegar ainda mais para trás. Era impressionante como o vampiro percebeu rapidamente.
- Está com medo de mim? – ele indagou, com um sorriso malicioso nos lábios – Ora ora, eu sou seu pai... filhinha. – Hydan falava com um tom de voz debochado, e com as pálpebras levantadas.
Ela não respondeu.
- Me responde, desgraçada! – ele puxou suas mãos acorrentadas com força, conseguindo assim, arrebentá-las facilmente, enquanto a garota foi puxada para frente violentamente. Seu pulso começava a sangrar. É, um vampiro em frenesi geralmente não segura seus instintos selvagens. A garota gritou. E, como se tivessem ouvido, na casa, pressentimentos ruins... de novo.
- Ela precisa de ajuda! – Erik disse.
- Não tem como chegar lá! Não tem como... – era Joanne que falava.
Melisse estava caída ao chão, sob os olhares torturantes de Lino Hydan. Como sua mãe podia ter tido um caso com esse vampiro insensível? Provavelmente ele a torturou, obrigando-a a entregar-se a ele. Mas... se fosse mesmo isso... ela não teria nascido de um verdadeiro amor. E isso a entristecia. Não, ela não poderia se abater. Enfrentaria de cabeça erguida.
Hydan, então, começou a olhar insistentemente para a garota, e seu sorriso indicava o que ele pretendia com aquela encenação. Olhava-a tão frágil, ao mesmo tempo em que sentia tanto ódio. Era sua filha. Era sua. Ele riu.
Em seguida, tentou beijar-lhe as testas, mas esta, esquivou-se. Irritado, ele começou a violentá-la, de todas as formas possíveis. E a menina cada vez com mais medo, rezava.
- Solte-a, Lino! – era uma voz conhecida. – Meu filho... – ele pronunciou tais palavras desviando o olhar do vampiro.
- Papai? – pela primeira vez não escondeu o quão surpreso estava ao ver aquele vampiro que se entregara ao mundo dos humanos após o assassinato do antigo morador da mansão. Enxugou uma lágrima que caía, afinal, ele era forte, não podia emocionar-se por alguém tão certinho e inútil como Marcio Hydan, era.
O professor de Melisse, então, lançou-lhe um olhar de desgosto ao filho, que retribuiu.
- Se você veio aqui tentar me convencer a soltar a minha filha, perdeu o seu tempo papai. Você não tem direitos nenhum sobre ela.
Isso era o que ele pensava. Márcio era avô, tinha direito. Mas deixou estar. Queria ver até aonde ele seria capaz de torturá-la e violentá-la. Foi embora, sob os gritos aterrorizados de Mel. Ele tentara. Se tentasse mais uma vez, estava certo de que não iria convencê-lo, e só o deixaria ainda mais violento.
Esperar, esperar, esperar. Mais uma vez.
Márcio voltou à mansão, decepcionado consigo mesmo. Pediu sinceras desculpas aos presentes, e retirou-se. Pensaria em algo para ajudar a todos. Hydan era perigoso, violento. Podia deixá-la viva por um tempo indeterminado, porém, sofrido. E eles não queriam nada disso a ela. E fariam o que fosse preciso para tirá-la das mãos daquele... insignificante vampiro.
- Obrigada por tentar. – Erik disse, não conseguindo esconder a tristeza.
- Vamos esperar.
Enquanto isso, Hydan ainda tentava obrigá-la a entregar-se a ele. Dane-se que era sua filha. Ele queria machucá-la, provocá-la. Queria torturá-la para depois a matar.
“Nós nos lembraremos o que fizemos de errado?”
Lino tentava de todas as formas entretê-la com algo, mas ela não queria. Só queria sair daquele lugar horrível. O que, no ponto de vista dele, era impossível.
A escuridão permanecia, e Melisse continuava encolhida no chão do quarto. Chorava, irritada e ao mesmo tempo triste com tudo o que estava acontecendo. Sendo quem ela era, não podia ficar presa. Tinha de haver um jeito de sair dali.
De qualquer forma, sozinha ela não estava. Joanne, Márcio e Erik iriam buscá-la.
Abriram o portal e adentraram nele. Caminharam vagarosamente, procurando sempre olhar nos mínimos detalhes as paisagens, vendo se não havia ninguém observando ou seguindo.
- Erik! – Joanne sussurrou para o vampiro, que a seguia. – Ela está ali!
Melisse estava deitada na cama, com os pés e as mãos machucados, novamente acorrentados, e com a respiração fraca. Erik, olhando-a, sentiu vontade de correr até lá e pegá-la, dizendo que ficaria tudo bem. Mas conteve-se. Hydan poderia aparecer a qualquer momento. Afinal, ele era bastante imprevisível.
Erik, não conseguindo agüentar mais, correu até lá. Porém, como era perigoso, Joanne acabou gritando, e Lino escutou.
- Mel! Mel! Acorda! – ele gritou, em sussurro. A garota levantou-se, viu que estava em braços seguros, e deixou que estes a carregassem. A fuga estava fácil demais para ser verdade. Ele devia estar olhando. Ou planejando alguma coisa.
Como preveram. Na saída, começaram a deparar com diversas armadilhas, desvencilhando facilmente delas. Até que, antes de abrir o portal, Erik sentiu alguém tocar-lhe os ombros.
- Hydan. – foi o que ele pronunciou, ainda segurando a garota no colo. – Não a machuque mais do que você a machucou... ela é sua filha...seu sangue.
Aquelas palavras pareciam não comover-lhe nem um pouco. Lino apenas ignorou, enquanto Marcio olhava-o com apreensão.
- Esqueça. – ele disse, sorrindo cinicamente. – Você não sairá daqui com ela.
- E quem vai impedir? Você? – Erik estava provocando-o. Ouviu Joanne sussurrar, e logo parou de tentar convencer-lhe a deixá-lo levar a garota. Apenas saiu com ela. Não dando tempo de Hydan se mexer.
Ele gritou.
- Irão pagar muito caro por isso. – cerrou os punhos.
Melisse acordou, rodeada por forças do bem. Sentiu-se novamente segura. Hydan já tentara mata-la várias vezes, mas ela sempre saía viva. Talvez no fundo ele gostasse um pouco dela como filha.
Olharam uma a uma as cicatrizes, até que Joanne, notando algo diferente, indagou.
- Ele... tentou?
Cabisbaixa, e lutando contra a verdade, revelou.
- Sim.
Com dificuldades aquela família estava por ter de ficar talvez para sempre naquela escuridão sem fim. Era agonizante. Realmente agonizante.
“Nós nos lembraremos o que fizemos de errado?”
Difícil era suportar passar por tantas coisas em tão pouco tempo. E agora, por mais que saísse da casa, estava ligada mortalmente e para sempre à ela. Fazia parte de uma geração de vampiros, mesmo não sendo totalmente uma. Era de fato, filha de uma anja, com um vampiro. Um vampiro mal. E nada poderia mudar isso.
Sua missão, agora mais do que nunca, teria de ser cumprida. Só assim voltaria para o reino de Deus. Só assim poderia, enfim, voltar pra casa. Voltar para sua casa.
Sabia que no fim, teria de transformar-se totalmente em vampira. Sabia quem teria de transformá-la. Sabia que seria Erik. Sabia, também, que ele lutara com todas as suas forças contra seus instintos para não machucá-la. Mas deveria ser ele.
- Augusto... – ela suspirou, lutando contra ter de chamar-lhe pelo nome. Engoli em seco. – Pai... quero falar com você.
Ele assentiu. Joanne, Erik e Marck saíram do quarto.
- Desculpe... papai. Desculpe-me. – ela estava sendo sincera.
- Eu é que devo desculpar-me. Não deveria tê-la privado de saber a verdade.
- oui. (“sim”, em francês).
Barulhos na sala. Um som lúgubre e assustador começou a passar pela mente de Melisse. Eram sons que apareciam em seu subconsciente quando algo ruim estava para acontecer. E ela sentia que estava.
- Rurik.
Sabia que era ele. Capacho de Hydan. Fazia tudo que ele mandava. Como um cachorrinho obedecendo o dono. Tolo. Lino queria sempre estar em primeiro, em tudo. Estava usando Rurik, para depois jogá-lo fora, como um papel que não servia mais para nada. Baka. (“Idiota”, em japonês).
- O que quer aqui? – Joanne perguntava para Rurik, afinal, Erik, Márcio e, principalmente, Melisse, não podiam saber.
- Se não fizer exatamente o que eu mandar, contarei a todos que você não está do lado deles. E que foi por causa de VOCÊ... que Hydan seqüestrou a garota!
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reviiiiiiews? =3