Tokyo Ink escrita por Nayara, Ro_Matheus


Capítulo 3
Capítulo Dois


Notas iniciais do capítulo

Ohayo ^^
Sejam bem-vindos a mais um capítulo.
Espero que gostem. *-*



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*

Hinata tinha certeza de que aquele era Naruto Uzumaki antes que Kurenai o apresentasse.
Ele era mais bonito pessoalmente, ela tinha certeza disso. Hinata já ouvira falar de Naruto por bocas alheias, mas ele sempre estava presente nas revistas da galeria estadual de Arte. Mesmo sempre tendo uma ou duas folhas de matéria. Nunca entrevista. Aparentemente ele se recusava a ter qualquer tipo de contato com os repórteres a não ser de longe para as fotos.

Ele era bem mais ensolarado de perto, apesar de que suas fotos mostravam claramente que a alegria o rodeava.

Seu cabelo loiro espetado e os olhos azuis vívidos eram bem mais encantadores de perto do que ela imaginava. Ele em si possuía uma aura clara de alegria a sua volta.

Mas Hinata desconfiava que ele não sentira a mesma alegria ao conhecê-la. Aparentemente ele preferia se livrar dela o mais rápido possível a julgar por sua pressa. Ele descia as escadas em longos passos e a cada lance esperava impacientemente por ela, batendo os pés no longo piso de mármore. Hinata ia o mais rápido que podia, no entanto as pernas dele eram bem mais longas e ele talvez tinha um incentivo maior para ficar longe dela do que ela para ficar perto dele.

Quando saíram ele manteve o mesmo ritmo de seus passos.

Hinata sentia os olhares intercalados que ele lhe lançava. O olhar de Naruto era acolhedor e tinha algo de intrigante. Toda vez que Hinata o notava sobre si voltava a ficar vermelha.

Odiava isso com todas as forças. Gostaria que pudessem conversar normalmente, como ela geralmente fazia com todos os outros, no entanto Naruto tinha algo de pessoal. Como se apenas olhar para ele já fosse suficientemente íntimo.

Ele abriu a porta de seu Chrysler 300C e Hinata deslizou para o banco do passageiro rapidamente. Quando ele a fechou lá dentro, a Hyuuga avaliou o interior rapidamente.

Era um bom e bonito carro.

O painel era luz negra, com o volante bem personalizado e os bancos com capas pintadas a mão. Os bancos traseiros continham sacolas e bolsas empilhadas. Hinata deduziu que eram materiais. O interior cheirava a tinta e hortelã. O retrovisor tinha um agradável sapo empoleirado e os vidros eram escuros o suficiente para ninguém vê-los.

Naruto entrou em seguida e Hinata voltou a abaixar a cabeça.

—Então… -começou ele enquanto dava a partida. Hinata se sentiu na obrigação de dizer algo. Ele estava se esforçando afinal.

—B-bonito carro.

Ele parou por um instante, parecendo assimilar a frase de Hinata. Ou talvez apenas debatendo que tivesse sido a própria imaginação.

—Ah, é mesmo não é? -ele pareceu animado de repente. -Comprei com o dinheiro da minha primeira exposição, dattebayo. Foi uma boa coisa que tenha dado tanto dinheiro afinal. -ele encolheu os ombros, mas tinha um largo sorriso.

Hinata queria comentar mais. Queria realmente puxar e manter uma boa e agradável conversa com ele. Que ele tinha bom gosto para carros, que o Chrysler 300C era campeão de vendas por conta de sua praticidade, que sabia quantos cavalos ele tinha. Queria dizer a ele que entendia de carros para manter uma boa conversa e principalmente para mostrar que não era tão fútil quanto ele sem dúvida pensava que era.

Hinata nunca se interessara realmente em saber a opinião pessoal das pessoas sobre si, mas por algum motivo se incomodava com a dele em especial.

Porém por mais que Hinata tentasse desesperadamente desobstruir a garganta para ser capaz de conversar com ele, isso não aconteceu.

Permaneceram num silêncio carregado até chegarem no orfanato. Naruto pegou o caminho mais curto, cortando caminho e poupando-se dos semáforos e avenidas movimentadas. Assim que ele estacionou Hinata saiu do carro depressa tomando cuidado ao fechar a porta para não dar a impressão que queria fugir dele, afinal ainda tinham toda uma tarde juntos.

—Oe, preciso perguntar se possui um carro. -questionou ele surgindo na traseira.

—N-não.

Ele hesitou, como se avaliando sua resposta. Ela sabia exatamente o que estava passando em sua mente.

Como ela pode não ter um carro?

Todos se perguntavam exatamente isso.

—Certo. -disse ele após apenas alguns segundos e então indicou o prédio com um aceno de cabeça. -Era só para o caso de precisarmos reservar uma vaga para você. Agora podemos ir?

Hinata assentiu e rapidamente se colocou ao lado dele. Queria acabar logo com aquilo já que a situação não estava se desenrolando da forma que ela pretendia. Apostava que nem mesmo da que ele havia planejado.

Hinata fitou o centro por um momento antes de seguir Naruto na caminhada para dentro.

Naruto havia escolhido os fundos para entrarem. Ou talvez apenas não houvesse estacionamento na parte da frente, no entanto a parte traseira era tão bonita quanto deveria ser a frente. O prédio era alto porém possuía apenas um andar, talvez pela segurança das crianças.

O lugar era enorme. As paredes eram pintadas de vermelho e enfeitadas até a metade com mãos pequeninas coloridas. Hinata sorriu para aquilo, era uma ótima ideia colocar as crianças para participarem da fachada de sua casa.

Hinata olhou então por cima do ombro e viu então que não só o prédio era todo colorido como também o estacionamento era bem bagunçado. Cores para todos os lados.

Hinata acabou rindo com aquela visão.

—Ah, isso é das nossas aulas práticas. -Naruto gargalhou.

Hinata assentiu e eles entraram. Os corredores era igualmente colorido só que esta vez mais bem organizados. E a pergunta escapou por seus lábios antes que pudesse contê-la.

—Você quem pintou?

—O que? -disse Naruto como se retirado de uma profunda reflexão e então olhou ao redor, assuntado. -Ah, isso? Foi sim. Eu e o ero-sennin. -ele sorriu e soltou uma gargalhada da piada interna. -Jiraya sensei. Marido da Tsunade baa-chan.

Hinata assentiu olhando para cima com o cenho franzido e então seu lábios se abriram em choque e ela rodou sobre os tornozelos olhando para cima com admiração. Ouviu uma sonora risada ao seu lado.

—É incrível. -ecoou baixinho fitando o teto com os olhos arregalados.

—Foi uma coisinha que fiz quando tinha o tempo livre. -esclareceu Naruto também fitando sua obra de arte no teto.

Naruto havia feito uma perfeita reprodução do teto da capela sistina em uma versão um pouco mais extensa por todo o teto do corredor. Aquilo era impressionante de se ver em grafite. Hinata andou em passos lentos admirando cada detalhe, boquiaberta que Naruto pudesse ter feito aquilo em um espaço tão limitado quanto um teto de um corredor e com um material tão pouco maleável como grafite.

—Continua até o refeitório. Lá eu fiz o juízo final em uma versão mais gorda, colorida e alegre.

—Porque então decidiu fazer a versão clássica aqui? -questionou Hinata sem se conter também. Naruto deu de ombros quando ela finalmente baixou o olhar para ele.

—Eu meio que acreditei que nada é melhor que o original. Há histórias meio sofridas aqui e muitos deles se apegam á fé. É um sinônimo de esperança para eles. -então ele encolheu os ombros. -E para mim também de certa forma.

Hinata se calou novamente, ciente da dor que inundou os olhos vivos de Naruto. Desviou o olhar e continuou a andar.

Naruto não a levou para ver Tsunade como ela pensou que faria, em fez disso eles cruzaram o corredor com a obra dele e dobraram para um enorme pátio só para entrar em outro corredor, com uma dúzia de portas. Naruto sorriu e parou em frente a primeira.

—Estamos atrasados para a aula. -disse simplesmente ante de abrir a porta e a algazarra se infiltrar no corredor. -Eai galera?

Foi o suficiente para a sala explodir em vivas. Naruto foi cercado por crianças assim que passou pela porta e cumprimentou a todos com um sorriso no rosto e nomes memorizados. Era uma sala consideravelmente cheia. E Naruto aparentemente conhecia pessoas por pessoa.

—Hey, pessoal. -disse ele abaixando as mãos e dando batidinhas confortante em ombros ao seu alcance. -Hey, gente. Eu quero apresentar a nova professora de Arte de vocês.

Mais de trinta cabeças se viraram para Hinata que imediatamente corou.

—Essa é Hinata Hyuuga. Sejam legais com ela, é a primeira vez que ela dá aula.

—Olá, Hina-chan. -cumprimentou uma menina com os cabelos loiros numa maria chiquinha mal feita. Ela tinha os dentes da frente pronunciados e os olhos grandes. -Eu sou Moegi e é um prazer tê-la na nossa sala.

Hinata se surpreendeu com a cortesia, mas logo abandonou o choque e sorriu afavelmente para Moegi.

—Olá.

Naruto soltou uma gargalhada e aumentou a voz para todos ouvi-lo.

—Todos ao seus lugares. Nós vamos começar.

E para ainda mais espanto de Hinata, todos eles atenderam Naruto na mesma hora. Cada um sentando-se nas carteiras mal alinhadas. Naruto fez um gesto com a cabeça e Hinata entrou na sala se colocando em frente ao quadro negro enquanto ele fechava a porta e se escorava na mesa do professor cruzando os braços e encarando-a, assim como os outros trinta pares de olhos ansiosos a frente.

Acho que essa é minha deixa. , pensou e suspirou baixinho uma vez. Deveria ter se preparado melhor para esse tipo de coisa.

—Bem, eu sou a Hinata. -disse alto para todos com as mãos cruzadas em frente ao corpo numa posição recatada. -Eu curso Arte na universidade de Konoha...

—A mesma do Naruto senpai? -disse um garoto com cachecol azul.

—Sim. -ela sorriu. -Como se chama?

—Sarutobi Konohamaru. -o orgulho com que disse seu sobrenome provocou um sorriso ainda mais forte nos lábios de Hinata.

—Bem, Konohamaru-san você acabou de me dar uma ótima ideia. -ele pareceu ainda mais orgulhoso que antes, se fosse possível. -Porque todos não fazem como Konohamaru e digam-me seus nomes?

A sala implodiu em vozes ao mesmo tempo, surpreendendo Hinata que arregalou os olhos.

—Silêncio. -gritou Naruto da sua posição e a sala se calou no mesmo instante. -Qual é pessoal? O que eu disse sobre cooperação? Não vamos assustar a Hina-chan no primeiro dia não é mesmo?

Ele fitou-a de modo brincalhão e sem malicia.

Hinata suspirou.

—Porque não começamos por aqui? -ela apontou para o lado direito da sala, bem atrás de Konohamaru.

*

Naruto subestimou a garota.

Era ela boa com crianças, percebeu isso rápido. No entanto havia algumas coisas que ela precisava aprender também. Mas Naruto não tinha nada a ver com isso.

Eles passaram quase toda a aula conhecendo os alunos e Hinata. Naruto nunca fizera tal aula parecida pois conhecia todos eles muito antes de começar a dar aula. Ela foi inteligente, se desviando de perguntas desnecessárias com habilidade.

Como as do tipo Naruto é seu namorado? Por isso que está aqui?

Essa especialmente veio de Moegui. Ela tinha se interessado bastante na relação dele e de Hinata e pareceu terrivelmente decepcionada quando descobriu que eles sequer eram amigos. Ainda destacou com malícia que eles tinham algum tipo de química. O que fez Hinata ficar rubra e gaguejar na hora. Já Naruto riu baixo com uma sobrancelha arqueada.

Moegui era uma menina de imaginação fértil.

Logo Hinata também notaria isso.

A aula foi breve, pois eles já haviam se atrasado para ela. Hinata prometeu que a próxima iniciariam o conteúdo. Todos concordaram e Naruto a levou de volta para o estacionamento.

—Precisa que eu a leve para a casa? -questionou Naruto quando entraram no estacionamento. Ainda era de manhã, umas dez horas. Hinata negou na hora.

—N-não é preciso. S-só me diga onde fica o metrô mais próximo.

Naruto sorriu.

—É meio longe. Vamos. Te levo até lá.

—N-não precisa. M-mesmo, Naruto-kun. -quando ele se surpreendeu com o prefixo ela logo se retratou. -N-Naruto-san.

Ele não pode dizer mais nada em resposta. Apenas apontou o carro, resistente em sua fala. Hinata suspirou, mas obedeceu.

Ele a levou até a entrada do metrô mais próxima, que nem era tão longe assim. Um quilômetro e meio apenas. Seria uma caminhada bastante agradável de se fazer após cada aula se ela gostasse de caminhar para começar.

Ainda assim Naruto a deixou na entrada do metrô e ela agradeceu rapidamente enquanto saia do carro.

O loiro a viu desaparecer nas escadas abaixo.

Duvidando seriamente que ela ia de metrô para casa.

Conhecia Hyuugas o suficiente para saber que eles não eram o tipo de família que não tinha dinheiro. Eles tinham. Eram um clã milenar com características marcantes e grandes históricos de boas profissões -e boas remunerações.

O que levantava outra questão, o que uma mulher da família Hyuuga fazia andando de metrô e estudando Arte?

Eles eram bons em tudo o que faziam, Naruto sabia disso.

Mas Arte era uma escolha um tanto… diferente. Neji dizia que a maior parte dos Hyuugas eram Deputados, Advogados, etc.

Certamente Hinata era a primeira Hyuuga que Naruto encontrava que não tinha um bom carro e que se sujeitava ao metrô.

Naruto afastou tais pensamento e voltou para o orfanato.

—Naruto! -Tsunade o recebeu na porta com um olhar macabro. -Porque não avisou que Hinata Hyuuga estava no prédio?

Ele apenas revirou os olhos e se jogou na cadeira em frente a mesa dela.

—Eu estava atrasado para a aula. Levei ela para a sala.

—Eu não acredito nisso, Naruto! -explodiu a loira levantando-se e batendo na mesa com a palma da mão aberta. Os papéis pularam, mas Naruto nem se moveu. Em outros tempos aquela reação o teria assustado para valer, mas atualmente ele só encarou Tsunade. -Ela não estava preparada para entrar em sala tão rápido assim.

—Eu notei. -retrucou agora dobrando-se novamente nos joelhos. -Mas se ela é uma artista, ela tem que aprender a improvisar. -ele arqueou uma sobrancelha. -Foi isso que Hashirama-sama nos ensinou, não foi, Tsunade baa-chan?

Então Naruto soube que havia atingido uma ferida antiga, pois Tsunade desviou os olhos e caiu na cadeira suspirando pesadamente.

Tocar no nome de Hashirama Senju era incrivelmente efetivo quando se tratava da fúria de Tsunade. Naruto não fazia aquilo por maldade, muito pelo contrário, ele só queria mostrar a Tsunade o seu ponto de vista -coisa que ela quase nunca levava em conta se ele não se fizesse ouvido.

—Você tem razão. -concordou ela por fim. -Sabe o que está fazendo, mas a pressionou-a demais, Naruto.

—Eu não diria isso. -retrucou em seguida. -Ela é uma Hyuuga e muita coisa ficou solta no que ela disse.

—Você está para orientá-la, não investigá-la, Naruto! -repreendeu com uma cortante Tsunade.

—Essas crianças são minha família, obaa-chan. Eu não deixarei ninguém prejudicá-las.

Após isso Tsunade se silenciou absorvendo as palavras do outro lentamente. Naruto se levantou e saiu, sem nenhuma outra palavra. Tsunade suspirou quando a porta se fechou atrás dele. O garoto continuava a surpreendê-la.

Naruto saiu do orfanato e entrou no carro encostando a cabeça no banco e fechando os olhos. As coisas estavam indo bem, por enquanto.


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Notas finais do capítulo

Comentários? XD



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