p.o.v Killian

         Eu não posso acreditar na sorte que tenho. Estou a uma semana na delegacia, com o estágio dos meus sonhos, aprendiz de Delegado. E de quebra, conheci a mulher mais linda que já havia visto em toda a minha vida. Emma Swan tinha longos cabelos loiros, olhos verdes e um sorriso encantador. Nunca havia sentido isso por ninguém antes. Já tive várias namoradas, tantas, que até perco a conta. Mas nenhuma delas realmente mudou algo em minha vida, e eu nunca havia entendido porque nenhuma das vezes que namorei, deu certo.
          Agora tudo fazia sentido. Não havia dado certo, pois eu não me sentia completo quando estava com elas. Eu namorava, muitas vezes por puro status, não me preocupava em ama-las, prometia a mim mesmo que isso viria com o tempo. E bom, não veio. Belle então me encarou, e disse:
          - O que achou de Emma?
          Pensei em dizer, ' você quer mesmo que eu diga, todos os pensamentos impuros que tive, ao ver o rosto daquela mulher? ' mas me contentei com :
          - Ela me parece incrível, mas acredito que não queira minha presença.
          - Como assim, Killian? Você é tão maravilhoso quanto ela, não nos conhecemos a muito tempo, mas você sabe que nossa ligação fora instantânea. Pude perceber o quanto seu coração é bom, desde o início.
             Havia algo que eu nunca tinha dito a Belle, essa era a hora de dizer. Meus pais se conheceram na Inglaterra, em uma época, que o uso de drogas estava em alta em todo o mundo. Meu pai fumava muito cigarro, antes de conhecer minha mãe. Quando eu nasci, meu pai mudou. Ele parou de fumar e se curou de seus vícios. Tive a melhor infância que uma criança poderia ter, meu pai me ensinou tudo o que sei sobre navegação. E essa, é até hoje, a minha maior paixão.
               Infelizmente, ele morreu alguns anos depois, de câncer no pulmão. Eu tinha seis anos. Devido aos seus anos anteriores de fumo, seu pulmão já havia sido atacado, ele não teve chances de sobreviver. Minha mãe, Milah, ficou arrasada, de luto. Esse luto causou uma depressão profunda em minha mãe. Pouco tempo após a morte de meu pai, e minha mãe com sua depressão piorada, ela descobriu que estava grávida. Ela nunca quis abortar, mas estava determinada a colocar a criança em um orfanato. Eu compactuei com o abandono de minha irmã e nunca me perdoara por isso. Contei toda a história a Belle, como uma espécie de justificativa por não querer ninguém envolvido nessa história. Muito menos Belle ou Emma, não conhecia Emma muito bem, mas sabia que ela era especial. Não queria envolve-la na bagunça da minha vida, ela não merecia isso.

Belle escutou tudo atentamente, e disse finalmente:

— Killian, você não deveria pensar dessa maneira. Você não está incomodando com nada, eu quero te ajudar e vou, mesmo que não queira isso. E você quer um conselho? Me parece ter gostado de Emma, de uma outra maneira. Ela não tem muita sorte no amor, e ela nunca julgaria você sem te conhecer. Você devia tentar conversar com ela.

— Eu não consegui proteger minha mãe de se tornar depressiva, e nem minha irmã. Belle eu me sinto muito culpado, não quero errar com a pessoa certa. 

— Eu sei que não, mas você não vai errar, Killian. Eu posso te fazer uma pergunta? Essa sua irmã, qual o nome que vocês escolheram para ela?

— Elsa, o nome dela é Elsa.

Depois de conversar com Belle, decidi continuar até tarde no trabalho, isso sempre deixava focado nas coisas certas. De repente, escuto uma voz, a poucos passos de mim.

— Está aqui até agora? Pensava que estavam exagerando, mas nós estagiários realmente somos escravos.

Era Emma, sorri ao vê-la, mas o sorriso despareceu no instante que lembrei de tudo que havia conversado com Belle.

— Estou, infelizmente. Quer que eu tranque a delegacia?

Ela me encarou, sabia que algo estava errado. Droga, Belle havia me contado sobre esse ''superpoder'' de Swan, ela sempre sabia distinguir as emoções de pessoas próximas.

— Você parece triste Killian, e o mais importante, parece com medo. Você tem medo de mim?

Droga, ela estava com um tom triste na voz. Idiota, eu era mil vezes idiota. Esqueci que Emma tinha sérios problemas com relacionamentos, ela achava que ninguém, jamais iria ser recíproco de seus sentimentos. 

— Eu não tenho medo de você Swan, me desculpe. Eu só não estou muito bem hoje, espero que entenda.

— Eu entendo, tanto entendo, que vou te levar a um lugar onde eu sempre curo todas as minhas tristezas. Pelo menos temporariamente.

— E onde seria esse lugar?

— Um bar, perto da minha casa. Você pode dormir lá, vamos no seu carro e você dorme no quarto de hóspedes do meu mais novo apartamento.

— A proposta é boa, admito. Mas não acho que isso vá acabar bem, Swan. - disse, arqueando minhas sobrancelhas.

— Pare com isso Killian, vai dar tudo certo.

— Tá ok, eu cedo.

Emma pegou as chaves do carro em minha mão e dirigiu até o bar que havia comentado. Era um lugar animado, com muita gente. Teria gostado muito disso a algumas semanas atrás, mas depois de tudo o que contei para Belle, não faria nem sentido estar tão animado assim. Emma sentou em uma mesa, pediu para que me sentasse junto com ela. Chamou o garçom e foi logo dizendo:

— Nos arranje a maior quantidade de tequila que você tiver, por favor.

— Você quer me matar com cirrose, Swan? Mal nos conhecemos e você já quer me envenenar. - eu disse, em tom de brincadeira.

— Talvez eu queira, você só vai saber se tentar. Hoje vamos brincar de qual vida é pior? E o prêmio vai para TANANANANA, que rufem os tambores. Emma Swan, senhoras e senhores.

Cai na gargalhada, aquela mulher realmente tinha o poder de me fazer esquecer de todo e qualquer problema.

— Não teve nem a competição ainda, e já está achando que é a vencedora?

— Eu vou ser justa com você, não se preocupe. As regras são claras, cada um bebe uma dose de tequila, e depois tem que contar algo sobre relacionamentos que você ocultaria em ocasiões normais.

— Justo. Quem (você), começa? 

— Nossa que engraçadinho, engoliu o palhacito. A senhora Emma Swan não vai começar nada, quem está com problemas é você. 

Nisso ela tinha razão. O garçom havia voltado com as doses de tequila e algumas balas. Curioso, eu perguntei:

— Por que as balas? Quer me deixar diabético e me fazer entrar em coma alcoólico, to achando que você é má influência já.

— As balinhas são somente para não nos deixar de buchos vazios enquanto fazemos essa loucura, justamente porque eu não quero que você morra de cirrose.

Dito isso, eu comecei a falar sobre todas as minhas EX namoradas.

— Teve uma vez, que uma das minhas ex, disse " eu te amo " para o ex dela, enquanto estava namorando comigo. - tomei uma dose e disse a ela - Um brinde a minha trouxilidade. É a sua vez.

— Eu já chamei um menino que era obcecada para conversar, aqueles amores platônicos. E depois pedi desculpas a ele, por ter chamado ele no chat. - tomei a dose e falei - Um brinde ao meu tão querido e amado retardo mental.  

Não pude deixar de rir de todas as histórias de Emma, em pouco tempo ela havia me feito rir como não ria desde a infância. Estávamos muito bêbados, e então e ela chegamos aos últimos shots, as últimas confissões. Eu comecei.

— Eu havia acabado de ter a minha primeira noite de amor com a minha namorada, eu disse que a amava. Ela não me respondeu, pediu dinheiro emprestado e nunca mais a vi. Um brinde a minha imbecilidade.

— Agora eu preciso compartilhar o meu segredo mais sombrio com você, a revelação mais tenebrosa.

Ela disse isso, eu fiquei preocupado, o que de tão grave havia acontecido?

— Um pombo já cagou em mim, na frente de um garoto que eu gostava. Um brinde a minha nojeira.

Quando ela terminou a frase, eu caí da cadeira de tanto rir. Nunca havia me divertido tanto como naquela noite, com Emma Swan. Estávamos ali a 3 horas e o tempo não havia passado. Ela simplesmente havia me feito esquecer de todo e qualquer vestígio de tristeza. Naquela hora, eu só tinha certeza de uma coisa, eu queria estar ao lado de Swan. Ela me fazia um bem, que mulher nenhuma jamais havia feito o mesmo comigo. Swan foi a única pessoa que me fez sentir a vontade de falar dos meus casos de amor, e leva-los na brincadeira. Nunca tinha me dado conta, até aquele dia, o quanto eu levava certas coisas pouco importantes a sério. Queria levar a vida com leveza a muito tempo, Emma havia me feito enxergar isso. E eu quera estar ao seu lado. Um brinde a Emma Swan, e a pessoa extraordinária que ela era.