Billdip - De novo, Bill. escrita por LeaDoll


Capítulo 2
Resfriado




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O demônio acordou em uma superfície macia, que não se lembrava estar antes. Se sentou na cama, olhando para o garoto que estava literalmente dormindo no tapete. Se o objetivo de Dipper era ficar de olho em Bill, não estava dando muito certo.
Antes que o loiro pudesse fazer alguma coisa, teve uma sensação estranha em seus pulmões. Ergueu uma sobrancelha, tentando entender o que estava acontecendo, até que deixou um espirro escapar.
Dipper acordou imediatamente, se levantando e olhando confuso para Bill.
— Wow, Pinheirinho, não vai nem me dar bom dia. — disse sarcasticamente, com a voz pior do que antes.
Ignorando o comentário do outro, o moreno se aproximou do loiro e colocou uma de suas mãos na testa dele, fazendo com que Bill o encarasse confuso.
— Acho que você tem um resfriado.
Os dois se encararam por um tempo.
— O quê?
— Um resfriado, Bill. Por quanto tempo você ficou na chuva?
— Desde que a tempestade começou.
— E por quanto tempo você nos procurou? Desde quando tem essa "forma humana"?
— Não acha que são muitas perguntas para quem acabou de acordar, Pinheirinho? — tentou rir, mas a sua voz ainda estava muito rouca para isso. Ele olhou para as próprias mãos, como se estivesse contando o tempo que passou desde que assumiu essa forma — 4 dias, eu acho! Ou 5, não tenho certeza.
— Você sequer comeu alguma coisa nesse tempo? — Dipper olhou pra ele, cruzando os braços, e colocou uma mão sobre o rosto quando percebeu que Bill o olhava confuso. É óbvio que ele não comeu, não é como se esse dorito soubesse se cuidar direito (e muito menos tomar refrigerante, lembrou Dipper) — Ugh, certo, vem comigo.
O loiro se levantou da cama, levemente fungando o nariz, e seguiu o outro até a cozinha.
— Eu não tô com fome. — Bill disse, enquanto o garoto de cabelos castanhos abria a geladeira a procura de algo.
— É normal, já que você está resfriado. Mas você precisa comer pelo menos alguma coisa, olha pro seu estado. — falou, pegando algumas coisas na geladeira e os pães que estavam em cima da mesa. — Fique feliz que eu resolvi fazer um lanche pra você, é só dessa vez.
— Ei, Pinheirinho, você não tem refrigerante?
— Bill, são seis da manhã.
— Mas eu queria tomar refrigerante como um humano de novo! Sinto falta de fazer isso, sabe.
— Você nem sabe como— Dipper interrompeu a si mesmo, revirando os olhos e suspirando — Não é uma boa ideia, isso vai fazer mal se tomar a essa hora. Você é um demônio que sabe de tudo, não é? Devia saber disso.
E assim Bill ficou estranhamente quieto, o que fez Dipper se virar para ele, confuso.
— Eu era. — colocou ênfase na palavra era, cruzando os braços e desviando o olhar.
— O quê foi agora? Não é como se fosse culpa minha!
— É claro que foi! — Bill se virou para ele, claramente irritado.
— Você que quis causar o apocalipse! Só teve o que mereceu!
O loiro puxou o outro pela camisa, o encarando — Você não sabe pelo o que eu passei pra finalmente conseguir uma forma.
— Pois deveria-
— E você não sabe com quem está se metendo, Pines. Eu sou um ser de pura energia que-
— Agora você é um humano qualquer. — disse Dipper, e o outro só o encarou por alguns momentos até o soltar. Eles passaram alguns poucos segundos em silêncio, mas parecia uma eternidade.
— Você está certo. — Bill murmurou, olhando para baixo.
— Huh?
— Agora eu só sou mais um humano inútil, e não sei nem se meus poderes vão voltar algum dia.
— Mas você tinha me dito que...
— Eu sei! Eu sei o que eu disse, mas... — a voz dele estava trêmula, como se fosse chorar a qualquer momento — Eu usei tudo o que sobrou dos meus poderes para fazer esse corpo, e ainda demorei anos. Não sei se esses poderes vão voltar.
— Oh. — Ao perceber que o outro estava quase chorando, Dipper pensou em dizer algo. Mesmo sabendo do que Bill é capaz, não podia deixar de se sentir um pouco mal por ele, e se o demônio fosse chorar Dipper tinha certeza que iria se sentir pior ainda. Seus pensamentos foram interrompidos por um segundo espirro do loiro, e aproveitou isso para mudar de assunto — Você tem sorte
de que esse resfriado não é muito forte. Se descansar, acho que amanhã mesmo deve estar melhor.
Bill concordou com a cabeça, mas ainda sem olhar para o outro.
— Agora seja um bom garoto e espere eu terminar o lanche na mesa.
— Não me trate como uma criança, Pinheirinho. — O garoto de cabelos castanhos riu e Bill abriu um pequeno sorriso, o que fez Dipper se sentir um pouco melhor.
Quando os dois terminaram os lanches era apenas sete da manhã, então não tinham muito o que fazer;
— Eu ia sugerir para irmos em algum lugar, mas eu não confio em você o suficiente pra sair contigo pela cidade. — Dipper comentou, ligando a televisão e se sentando no sofá.
— Por que? Você sabe que eu não faria nada de errado! — disse o garoto de cabelos dourados, com um sorriso irritante, que se desmanchou assim que ele começou a tossir.
— Bill. — começou, analisando o outro — Se você não quiser piorar, é melhor ir trocar essas roupas. E tomar um banho, de preferência. Eu deixei umas roupas separadas pra você lá no quarto.
Bill o olhou por alguns momentos e subiu as escadas para o quarto. Dipper não podia deixar de ponderar sobre como aquilo era estranho, estar em uma situação cotidiana com um demônio. Tudo que ele esperava era que Bill recuperasse seus poderes logo e o deixasse em paz.
Já eram oito horas e o outro ainda não havia voltado, então resolveu subir para o quarto apenas para ter certeza de que Bill não estava tramando algo. Estranhou a falta do barulho do chuveiro, e quando abriu a porta do quarto Bill estava sentado em sua cama, com as roupas de Dipper e secando o cabelo com uma toalha.
— Oh, hey, Pinheirinho! — Bill sorriu, cruzando as pernas na cama.
— Bill, de quem é essa toalha..? Pensei que tinha deixado uma separada pra você.
— Provavelmente sua! Eu precisava de algo para secar meus cabelos.
— Ugh. — Dipper murmurou, mas não pode parar de observar como a forma humana de Bill era atraente, desde o tom de sua pele até o dourado de seus cabelos. As sardas no rosto dele só colaboravam naquele corpo de adolescente, era impossível não reparar nos dentes branquinhos e brilhantes como pérolas, e seu olho visível tinha um tom misterioso entre ocre e mel. As vezes Dipper se perguntava porque o garoto tampava seu outro olho.
— Ei, Bill? — se sentou do lado dele — Como você conseguiu essa forma? Você que a fez? — ergueu uma sobrancelha.
— De certa forma, sim! Eu que a criei, mas não sei de onde essa aparência surgiu. — deu de ombros. — Por que a pergunta?
— Achei que você tinha possuído alguém.
— Mesmo se eu quisesse, não poderia. Exige muito poder e só duraria algumas horas, sem contar que eu não estava em condições de selar um contrato. — Bill fungou o nariz mais uma vez, esse resfriado já estava o irritando.
— Oh. Certo. E... seu outro olho? — o moreno usou uma das mãos para tirar a franja do rosto do outro sem pensar duas vezes, e, então, ficou sem palavras para descrever o que viu.


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