》Por favor, antes de lerem o capítulo a seguir leiam as notas iniciais acima, é importante. Obrigada.

—Katniss...

Katniss olhou até a direção de onde vinha a voz e se assustou ao ver Peeta parado na porta. Seus olhos se arregalada e ela apenas se escondeu atrás da penteadeira. Seu rosto adquiriu um tom extremamente rosado, culpa da vergonha. Peeta a tinha visto somente trajando as roupas de baixo, algo totalmente vergonhoso. Ele poderia ser seu marido, mas não em todos os momentos, ela o classificaria melhor como um amigo do que como um marido de fato.

Próximo a porta Peeta tentava se recompor. Seu corpo estava extremamente quente e sua cabeça parecia passar diversas vezes a imagine de Katniss apenas com as roupas de baixo. Ele sabia que a esposa era bonita, mas ele não  imagina o quanto ela  era.

O Senhor  sabia que a única coisa que ele mais desejava no momento era tomá-la nos braços e fazê-la de fato sua esposa, entretanto aquele casamento não era algo comum e ele imaginava que sua esposa somente iria entregar-se a alguém que realmente ama. Isso no final era o mais doloroso, a ideia de nunca ser o motivo do desejo de Katniss. Apesar de tudo se confirmava de tê-la como amiga.

— Katniss peço que me desculpe pelo inconveniente – pediu tentando reunir suas melhores palavras – Eu estava passando e resolvi chamá-la para dar uma volta a cavalo, não tinha a intenção de invadir sua privacidade.

— Tudo bem, apenas bata na porta na próxima vez - disse. Sua voz estava um pouco mais baixa que de costume. Katniss gaguejou um pouco enquanto falava.

— Eu bati, duas vezes para ser exata - afirmou. A morena não havia escutado nada, talvez estivesse destraida demais com seus pensamentos que não ouviu as batidas de Peeta na porta.

— Eu estava destruída, certamente não devo ter ouvido. O senhor poderia sair para que eu possa me trocar? - perguntou um pouco tímida. Tudo que ela desejava era sair dessa situação constrangedora que havia entrado.

— Claro, mais uma vez desculpe-me. Prefiro que me chame apenas de Peeta, Katniss. Pensei que tínhamos entrado em um acordo de sermos amigos.

— Tudo bem, Peeta.

Peeta fecha a porta e encosta as costas na mesma. Respira fundo tentando acalmar-se, alguma coisa Katniss despertava nele, algo desconhecido mais com uma grande intensidade. Ele necessitava descobrir que feitiço havia sido lançado sobre ele.

Katniss saiu de trás da penteadeira, com o rosto ainda em chamas e a respiração um pouco ofegante. Em sua mente tentava entender o que havia acontecido minutos atrás e como conseguiria encarar Peeta novamente após esse pequeno incidente. Ela ainda estava indecisa se aceitava ou não seu convite para uma cavalgada. Teria de reunir toda a sua coragem para olhar para Peeta sem cotar ou sem se lembrar do que acabou de acontecer.

Logo tratou de terminar de se vestir e de arrumar seu cabelo. Tocou o rosto com uma das mãos nuas, havia decidido que não usaria luvas naquela manhã, ainda mais com um clima tão agradável. Respirou fundo antes de arriscar abrir a porta.

O corredor estava vazio e silencioso, ela imaginou que Peeta estivesse  no andar inferior a sua espera e esse pensamento a deixou ainda mais nervosa do que antes. Os dois eram casados, na visão de todos isso era extremamente normal, mas os dois não se consideravam de fato casados. Ambos tinham um acordo, onde manteria uma boa relação para o bem de ambos, com isso resolveram que a melhor solução eram se tornarem amigos. Entretanto, Katniss havia sentido estranhas sensações. O olhar fixo de Peeta sobre si havia a esquentando de uma maneira desconhecido. Era como se os olhos dele fossem puro fogo e que esse fogo fosse transmitido para dentro de si mesma. Seu coração havia acelerado, as pernas se tornaram bambas e ela desejava ter um contato físico, por mais errado que fosse.

A morena desviou seus pensamentos e desceu as escadas olhando para seus próprios pés. Peeta estava parado em frente a escadas e sua atenção foi completamente tomada quando a esposa entrou em seu campo de visão. Katniss estava linda, como na maioria das vezes em que ele a viu, suas bochechas estavam mais coradas do que de costume. O tom azul celeste se destaca sobre a pele clara. Os fios escuros e longos estavam presos em uma trança que se apoiava sobre os ombros. Então um pequeno objeto que lhe chamou a atenção, pequeno e delicado, em um lugar extremamente convidativo, mas proibido para ele. O pingente de rubi, vermelho como sangue, pousava delicadamente sobre o vale entre o início dos seios de Katniss, traçando um caminho do que Peeta desejava, mas não podia desvendar.

Peeta balançou rapidamente a cabeça, tentando desviar os caminhos por onde seus pensamentos estavam tomando. Sorriu e ofereceu sua mão assim que Katniss pisou no último degrau. Relutante, ela aceitou. Sua mão estava fria, seu toque era delicado como uma pena e sua mão  macia como seda.

— Resolveu aceita meu convite? - questiono

— Estava indo  cavalgar antes de me fazer o convite, Peeta. A única diferenca será sua presença, meus planos permanecem os mesmos - responde um pouco na defensiva, não tinha a menor ideia de como se portar após o episódio anterior.

— Claro, óbvio que você não iria me previligiar com a sua presença se tivesse planos já feitos - brincou

— Não fale desta maneira, apenas fui a mais sincera possível.

— Estou a brincar contigo. Pedi para que Rue ficasse em casa desta vez, espero que não se importe em ter somente minha companhia.

— Acredito que não haverá problema.

— Soube que seu irmão chegou a cidade, tenho a impressão que ele virá visitá-la.

— Sério? Cato estava viajando, tenho quase certeza de que ele nem deve saber sobre nosso casamento.

— Saberá, com toda certeza. Nenhum grande acontecimento permanece em segredo na cidade.

— Ele odeia ser o último a saber das novidades, ficará chateado comigo e, muito provavelmente, ele seja um pouco grosso com você.

— Estou acostumado com grosserias, entretanto quero que saiba que irei rebater se me sentir ofendido.

— Não haverá problema, às vezes Cato costuma passar dos limites do bom senso.

— Fico feliz em saber que minha esposa está ao meu lado.

Katniss sorriu e abaixou a cabeça, era estranho ouvir Peeta a chamando de esposa, entretanto, ao mesmo tempo parecia ser familiar. Seu casamento não estava sendo a tortura que acreditava que seria, aos poucos ela esperava construir uma amizade verdadeira com Peeta, uma convivência mais amena e alegre. Porém, a ideia de nunca ter a liberdade de amar alguém e ser amada ainda lhe martelava a cabeça.

Os dois saíram da propriedade e os cavalos já estavam a sua espera. Katniss montou Linda, sua fiel companheira de cavalaria, enquanto Peeta montou Zeus, um cavalo de pelagem negra como a noite e olhos num profundo tom castanho. Os dois saíram em paralelo, permanecendo em silêncio e apreciando a paisagem que a própria natureza os propõe.

...

Clara Everdeen estava sentindo mais dores de cabeça do que de costume durante a semana. Às vezes ficava tonta e as dores eram fortes a ponto de fazê-la chorar. Apesar de estar sentindo estranhos sintomas, ela não quis preocupar o marido ou os filhos. Todos estavam tomando seus rumos, saindo de baixo das asas protetoras da mãe e formando, enfim, sua própria família. Annie estava esperando seu primogênito e logo Katniss, que estava recém casada, também estará esperando o seu. O único que ainda faltava tomar o rumo certo era seu filho do meio, Cato.

Clara às vezes se perguntava se o pai se orgulharia da mulher que havia se tornado, dos netos que teria, mas isso era algo que nunca  saberia ao certo. As areias do tempo levaram a mágoa que ela sentia dele, agora senti apenas jma profunda saudade. Apesar de tudo que teve de abrir mão, Clara não se arrepende. Apesar de ter tido uma única filha biológica, Clara sempre amou os demais como seus filhos, filhos do quais nunca poderia ter.

Quando deitou-se na cama, Clara gritou por um dos empregados, que logo estava parado em sua frente. Mags era mais do que uma empregada de sua casa, Mags era uma amiga fiel e de extrema confiança. Clara sabia que Mags era a única que nunca contaria seu segredo para ninguém, nem a julgaria por escondê-lo durante todos esses anos, então apenas pediu para a amiga sentar-se ao seu lado.

— O minha amiga, deixe-me contar uma história, mas não pode contá-la a mais ninguém - pediu enquanto segurava a mão de Mags - É o maior segredo de minha vida.