Flor da meia-noite escrita por Tha


Capítulo 14
XIV – David Barney e Jason, um anjo da guarda?


Notas iniciais do capítulo

OPAAAAA



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/689331/chapter/14

— Ok, e como vamos saber que é ele? – Pergunto fechando o armário e me virando para os três – São as últimas semanas de aula, ele nem deve vir.

— Vamos seguir o plano original – Jason resmunga – E dessa vez, Allyson, fico feliz que tenha pensado nos imprevistos.

Dei um sorrisinho debochado e tentei não pensar muito no que aconteceu com a gente alguns dias atrás. Jason se recusava a falar disso e eu já estava mais do que irritada. Não perguntei diretamente, mas até um tapado teria percebido as dicas.

— Adam, você joga charme pra Clove e tenta descobrir alguma coisa. Ela sempre te achou um gatinho esquisito.

— Obrigada, amiga.

— Disponha. Hazel, joga charme pro Zack e pergunta tudo o que puder sobre aquele dia ao time de lacrosse, quem mais estava lá, coisas assim, eles tem uma lista dos rejeitados de Lincoln High.

— Tudo bem.

— Jason e eu vamos checar nos laboratórios, ouvi dizer que a troca de drogas dele é lá. E por favor, tenham cuidado. A gente se encontra aqui quando as aulas acabarem pra começar os treinos da tarde.

— Sim senhora – Hazel e Adam disseram em uníssono e eu ri. Cada um foi pra um canto e me virei pro Jason.

— O que você acha?

— Tem que ser ele, o que Hazel descobriu não pode ser coincidência.

— Então vamos lá.

"Compulsivamente atraído por loiras meio narcisistas."

Eu não conseguia acreditar que o mesmo cara que estava me secando há algumas semanas queria me matar, ou pior, me transformar em outra pessoa, sem motivo aparente. Cometi muitos erros ao longo desses três anos de ensino médio, mas alguns xingamentos e rejeições na hora do almoço não era justificativa nenhuma. E outra, eu tinha mudado né? Quer dizer, nunca fui essa pessoa de verdade. Mas o que quer que aconteça, eu não vou deixa-lo fazer isso comigo, ou matar mais alguém que eu ame.

Estrategicamente me coloquei junto com Jason na nossa super missão especial, ele precisava me dar umas respostas. Então chequei se teria alguma aula no laboratório de biologia no próximo horário e tranquei a porta assim que entramos. Ele deu uma olhada atrás das bancadas e abriu os armários das cobras, sapos e substâncias químicas. Nada. Ótimo.

— Ele não tá aqui, vamos ao de física.

— Espera – Coloquei a mão em seu peito e ele parou de andar – Você vai me contar tudo, e vai contar agora.

P.O.V. Hazel

Encontrei Zack sentado com os amigos nos bancos da grama perto do refeitório. Ele sorriu assim que me viu e fiz o possível pra sentar em seu colo da forma mais provocadora. Passei os dedos pelos fios de seu cabelo e cheguei bem perto de seu ouvido. Os meninos entenderam a deixa e saíram. Tá, posso ter usado um pouco de Persuasão com eles.

— Preciso de um favor.

— Tudo o que você quiser – Zack diz abobado pra mim e eu sorrio.

— Me conte tudo o que você sabe sobre David Barney.

— O maconheiro? Sei que ele vende drogas por aí, tem uns problemas na cabeça, mas nunca fez mal a ninguém. A gente vive zoando ele, mas a verdade é que ele tá sempre sozinho, parece até um pássaro observador, nunca fala nada.

— Onde ele estava no dia do assassinato do Jake? – Percebi que toquei em uma ferida assim que senti suas mãos se afrouxaram um pouco da minha cintura.

— Não sei, David estava mais que estranho aquele dia, inquieto. Ele faz uma aula comigo e não parava de suar. Uma vez vi ele secando a Allyson, não contei pro Jake porque sabia o que ele faria, mas o cara é sinistro.

— Secando a Ally?

— É, olhava compulsivamente. Uns dias depois vi ele de papo com a Clove. Mas nem dei muita bola.

— Preciso do livro do time, saber onde ele mora.

— O que quer com ele, baby?

— Assunto meu e da Ally. Um dia eu vou te contar tudo, mas por enquanto vamos manter assim.

— Ah, eu nem te contei. Acharam um pouco de sangue na toalha do Jake, do dia do assassinato, e não era dele.

— De quem era? – Pergunto com a respiração entre cortada, falhando em esconder minhas sensações.

— Ainda estão analisando, mas pode ser do assassino. Pode dizer isso à Allyson? Acho que ela vai ficar mais aliviada.

— Claro, falo sim.

♕♕

— Jason! – Grito assim que vejo ele saindo do laboratório de biologia com uma expressão nada agradável – Acharam sangue nas coisas do Jake, você precisa impedir.

— E se for de...

— Rápido, antes que eles descubram.

Jason pegou as chaves da moto no bolso da calça jeans e voou até o estacionamento. Eu estava aflita, nervosa e não parava de roer as unhas. O pessoal da forense não podia descobrir de quem era o sangue. Tudo ainda era muito incerto, e se fosse alguém que a gente conhecia? David era capaz de manipular qualquer pessoa, se ele mandou alguém fazer isso, a única pessoa culpada era ele. Era ele quem deveria ir pra cadeia pelo assassinato do Jake.

— O que aconteceu? – Allyson surge no corredor e eu forço um sorriso.

— Nada, vamos continuar procurando. Nada no de biologia?

— Não, absolutamente nada – Ela diz franzindo as sobrancelhas e eu prefiro não perguntar.

P.O.V. Allyson

— Olha Allyson, entendo que queria conversar sobre tudo, mas acho que tem que lidar com o Peter do jeito que achar...

— Eu não quero falar sobre o Peter. Quero falar sobre a gente.

— Como assim?

— Sei que tenho tido dificuldade de tomar decisões, mas você também. Quando se trata de mim, têm ficado em cima do muro desde que chegou.

— Já falamos disso. Tem coisas que...

— Não, Jason, para com isso. Entendo que no começo tinha o Jake, mas... para. Não tem nada que impeça qualquer coisa agora, não quando toco você ou quando fico perto de você. Não tenho controle. Então o que você quer?

Ele demora um pouco pra responder, olha pra todos os lados, menos pra mim. Tem a expressão de quem quer fugir.

— Eu não sei. O tempo que passei longe de você, sem ir atrás de você, me fez questionar muitas coisas. Não sou mais a mesma pessoa nessa sua vida. Descobri coisas sobre mim, sobre você, sobre os arcanjos, e... sobre o mundo. Não vejo mais o que eu via antes da maldição ser quebrada.

— Você me vê?

— É claro, sempre.

— Então talvez devemos começar por aí.

Pego sua mão e sinto suaves formigamentos de energia na pele, que me deixavam arrepiada. Será que ele fazia aquilo de propósito? Será que percebia que seu toque era quase elétrico quando estava comigo? Claro que ele sabia. E estava me enlouquecendo.

Os olhos de Jason ficam escuros e ele me empurra pela cintura até uma bancada, me sentando em cima dela.

— Me conta.

— Eu amo você – Jason diz com a voz abafada e eu agarro sua camisa – Eu amo.

Ele se aproxima um pouco mais e quase toca seus lábios nos meus. Mas o sino pra trocar de sala toca e nos afastamos com o susto. Sou puxada pra fora daquele turbilhão de sentimentos e me sinto estranha.

— Que merda, Allyson, quase me fez estragar tudo – Ele diz andando até a porta.

— Jason, espera! – Mas ele tinha saído.

Droga! Porcaria de coisa nephilim, porcaria de personalidade dupla. É hoje, hoje vou encontrar o Peter e acabar logo com isso.

— O que aconteceu? – Pergunto pra Hazel quando a encontro fora do laboratório. Jason tinha corrido pra porta da escola e eu tinha quase certeza que era por causa do meu repentino ataque.

— Nada – Ela sorri, mas pareceu forçado de mais. Agora até mesmo Hazel escondia coisas de mim? – Vamos continuar procurando. Nada no de biologia?

— Não, absolutamente nada – Digo franzindo as sobrancelhas tentando não pensar muito no quanto pareci patética e vulnerável.

P.O.V. Adam

Clove estava no vestiário feminino, ela arrumava alguma coisa no seu armário. Parecia ter acabado de sair de um treino pesado, pois a pele estava vermelha e suada. Aproximei-me e puxei seu rabo de cavalo, deixando os cabelos soltos, e de lá tirei uma moeda, como um truque de mágica.

— Lindo, Adam, mas não vai conquistar uma garota transformando ela em um caixa eletrônico – Ela disse se virando pra mim.

— E se eu já tiver conquistado?

— Ainda não.

Me aproximei e toquei seus lábios com suavidade.

— O que veio fazer aqui?

— Allyson me mandou.

— O que ela quer?

— O de sempre.

— Não suporto mais a Allyson, ela me sufocou por três anos debaixo da saia de princesa dela e agora quer dar uma de coitada pro resto da escola toda porque eu peguei o Jake – Clove bate a porta do armário com força e segue pro banho – Quer dizer, eu tenho que ficar treinando sozinha e isso é um saco.

— Eu sei, mas vai passar, eu te prometi, não foi?

— Prometeu – Ela tira a roupa e liga o chuveiro.

— Seus olhos estão estranhos pra caramba.

— Eu sei, tá todo mundo falando isso. Adam, eu tô sentindo tanta raiva, às vezes nem sei porque sinto, mas sinto, e isso tá acabando comigo.

— Ei – Me aproximo e pego suas mãos molhadas – Vai dar tudo certo.

— Te amo.

— Eu também – Sorrio, lhe dou um beijo na testa e saio de lá com as mãos no bolso da calça jeans.

Hoje tudo vai mudar.

P.O.V. Allyson

— Champerlain aplicou uma política de concessões com o objetivo de evitar a guerra. Quem pode me dizer se essa política realmente funcionou? Ninguém? Enfim, não funcionou. Quando o território foi anexado, a agressão de Hitler aumentou. Então, Senhorita Hale, por que essa política não funcionou? – Peter pergunta pra mim de novo.

Suspiro e procuro um lugar pra enfiar a cabeça, mas não dá pra fugir dessa.

— Porque compactuar com uma ameaça nunca funciona.

— Pode explicar melhor?

— Porque mesmo que você dê tudo o que pedem, nunca será o bastante. A única alternativa é enfrentar a ameaça, mesmo que custe um preço.

Ele volta a dar a aula e eu penso sobre a resposta que acabei de dar. É essa a solução, tem que ser.

— Peter – Chamo assim que todo mundo sai – Tomei uma decisão, vou com você, quero me transforme.

— Isso é sério?

— Sim, cansei de esperar.

— Ally! – Hazel grita entrando na sala e eu me assusto – É o Jason, aconteceu alguma coisa.

Corro pelos corredores de novo, lotados de gente, todos sem ter ideia do que está acontecendo. Sinto falta de ser assim, uma adolescente normal com preocupações normais.

— Assassino! – Jason diz para David no chão. As mãos fechadas do colarinho da camiseta.

— Ei, o que foi? – Fecho a porta do laboratório pra abafar os gritos.

— O resultado da biopsia saiu, o sangue era dele, ele matou o Jake, Ally.

Jason estava estranho, nunca me chamava de Ally, nunca se exaltava, e nunca deixava seus olhos dourados à mostra. As asas estavam saindo de suas costas, mas a cor não estava mais deslumbrante como antes, as pontas estavam negras, e o bambolê em volta dele estava escuro. Tive um medo avassalador de Jason Benacci pela primeira vez.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flor da meia-noite" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.