Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 8
Capítulo 05


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo pra apresentar dois novos personagens!

Esse capítulo vai ser mais diálogo e no próximo eu prometo que vai ter mais ação.

Boa leitura!



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Bellatrix – POV

Já devia ser aproximadamente umas 5h da madrugada quando chegamos no Jardim das Tulipas. O céu ainda estava escuro, faltava alguns minutos pra ele começar a iluminar toda a cidade. Suspirei pesadamente. Eu estava morrendo de sono, mas minha cabeça pensava em milhares de coisas que me impediam de dormir. Olhei para a direita e vi Ana Lúcia, ela estava dormindo já fazia alguns minutos. Sua respiração era leve e ruidosa. Olhei para a esquerda e vi Melody no volante. Depois que Ana pediu que mudássemos o caminho desejado por Melody, não trocamos nenhuma palavra. Meus olhos estavam pesando demais. Eu os fechei por alguns minutos e sentia que estava quase adormecendo até um barulho, mais parecido como um som de telefone nos assustou. O corpo de Melody virou para a parte traseira do carro soltando o volante.

— Segura! – Ana Lúcia gritou! Eu segurei o volante mas não tinha a mínima ideia de como dirigir.

Ana Lúcia passou por mim e tomou o controle do carro. Mantendo-o reto na pista!

Olhei para trás e vi Melody remexendo em sua mochila até que de lá ela retirou um aparelho celular.

— Um celular? – gritou Ana Lúcia demonstrando toda sua raiva. – Você tinha um celular esse tempo todo e não avisou?

Melody ignorou completamente a raiva de Ana e atendeu o celular.

— Alô! Papai? Papai é você? Alô? – Melody falou histérica. Grossas lágrimas desciam de seus olhos. Eu não estava próxima, então não conseguia ouvir o que falavam do outro lado da linha. – Não. Sai de lá faz tempo... – Melody soluçava, eu nunca a vi dessa maneira. Toda aquela imagem antipática que eu tinha dela desapareceu naquele momento. – Peguei algumas. Onde você está? Quando o senhor volta? – ela escutou o que pai dela dizia. E os soluços começaram a ficar mais altos. – Não! – ela gritou. – Não diga isso! Papai? Alô? Papai? – o olhar de Melody estava sobre o celular que estava na sua mão. Ela não parava de chorar.

Eu e a Ana Lúcia estávamos apenas ouvindo a emoção de Melody conversando com seu pai do outro lado da linha. Ela parecia totalmente diferente da pessoa que eu imaginei. Ela parecia... uma menina perdida com saudades do pai.

Estendi meu braço, queria tocar no ombro dela para reconforta-la. Mas um tapa impediu que minha mão chegasse ao destino.

— Não me toque! – o olhar escuro de Melody estava numa mistura de raiva e tristeza. Ela se encolheu em posição fetal e ficou sentada no banco traseiro.

Voltei meu corpo pra frente e a ignorei.

Ana Lúcia – POV

Já haviam se passado 20 minutos desde que peguei a direção do mini tanque de guerra, e o silêncio imperava outra vez dentre todas nós. Eu podia ouvir os soluços de Melody no banco de trás. Não sei o que ela conversou com seu pai. Mas no momento em que a vi chorando, toda a raiva que eu tinha sentido quando ela soltou o volante e escondeu o celular desapareceu. Eu queria muito pedir que ela me emprestasse o celular, pra pelo menos tentar ligar pra minha mãe. Mas não queria ser insensível.

— Ana... – a voz de Bella me acordou de meus pensamentos, soltei um pequeno resmungo e ela continuou – Você sabe mesmo andar por aqui?

— Sei sim. Minha mãe e eu trabalhamos por esse bairro. – falei calma.

Bella ficou alguns minutos quieta, encostou sua mão no apoio da janela, abriu um pouco a mesma, e pela primeira vez naquela viagem toda, eu senti um pouco do vento fresco entrar naquele carro.

— Você também não fala com sua mãe há dias, não é? – Bella virou o rosto em minha direção.

— Sim. Eu não consegui encontrá-la antes de sair pedalando por aí. Estava desesperada pra fugir antes que a cidade ficasse repleta desses zumbis, por que eu assisti esses filmes. Melhor fugir antes do que ficar esperando em casa.

— Então... Em outras palavras você deixou sua mãe e foi garantir sua sobrevivência. – pisei no freio com toda a força, fazendo o corpo de Bella e de Melody irem para a frente. Agora eu entendia o por quê Melody fazia isso do nada.

— Hey! – Melody reclamou, mas logo foi interrompida por mim.

— Você não pode falar assim! Não sabe o que eu fiz pra tentar ajudar a minha mãe! – sentia o ar faltando de meus pulmões.

— Desculpa... Mas do jeito que você falou foi o que pareceu... – Bella estava com as mãos na frente de seu corpo, como se estivesse tentando manter uma distância segura entre nós.

— Mas saiba que eu não fugi dessa maneira, eu tentei procurar minha mãe antes, mas... – desta vez era eu que estava chorando. Merda! Eu sou forte, mas falar da única pessoa que me criou me deixa assim. Eu tentei ir salvar minha mãe. Eu juro que tentei.

Meus olhos arregalaram quando eu foquei para o lado de Bella, mas não estava prestando atenção nela e sim no que estava atrás dela. Tinha um carro. Era um Uno prata. Fazia dias que eu não via um carro andando na rua.

— Olhem! – apontei para nossa direita. Todas as outras garotas também desviaram seu olhar.

— Um carro... – Melody sussurrou.

— Buzina! – insistiu Bella.

— Você é maluca? – Melody gritou. – Não sabemos quem eles são e se eles quiserem roubar nossas coisas? Eu não quero ser quase roubada novamente!

O outro carro buzinou. Parece que eles tiveram a mesma ideia de Bella.

— E aí, o que vamos fazer? – perguntei.

— Pare e vamos ver o que eles querem!

— Nem pensar! Pisa no acelerador e vamos!

Eu estava em dúvida, eu também queria ajudar. Apesar de detestar ser mandada, o carro era de Melody, e eu tenho que encarar a escolha dela como prioridade. Eu estava prestes a pisar no acelerador quando o outro carro abriu a janela do motorista. Um rapaz estava dirigindo, ele chacoalhava o braço e gritava alguma coisa que eu não conseguia entender.

Melody pulou para o banco da frente e pisou com tudo no freio. Ela tem sérios problemas em parar o carro no meio do nada. O outro carro também parou. Melody remexeu algumas coisas e retirou de lá uma arma pequena.

— O que você pensa que está fazendo? – repreendi Melody. – Pra quê uma arma?

— Não confio mais em qualquer um que eu achar por aí. Depois do que eu passei com vocês duas, não quero ser pega desprevenida.

Melody colocou a arma no bolso traseiro do shorts que usava e abaixou a regata para tentar esconder a volumosa arma. Abriu a porta e desceu do carro.

O que essa louca pensa que está fazendo?

Melody – POV

Desci do carro e andei lentamente até o Uno que estava parado um pouco a frente da Humvee. A Kiku me incomodava na parte traseira do meu pequeno shorts de dormir, mas se eu me aproximasse com alguma das minhas armas grandes eu não saberia o que ele queria.

A porta do Uno abriu e um garoto desceu do carro, e quando eu falei garoto, era garoto mesmo. Ele pela distância parecia ter a mesma idade de Bellatrix. Ele era alto, não sou boa com alturas, mas se desse um chute eu daria 1,73m. Ele era moreno de sol, tinha olhos castanhos e cabelos tão escuros quanto os meus.

— Precisamos de ajuda! – ele falou se aproximando de mim mostrando um sorriso aberto. – Minha gasolina está acabando, e eu não encontro um carro na pista a dias, e tenho quase certeza que o carro não aguentaria até o posto mais próximo.

Mantinha meu olhar sério. Eu tive que me organizar pra ter gasolina no carro até o próximo posto. Eu não ia simplesmente "emprestar" minha gasolina pra um estranho.

— Devia ter se programado antes, não é? – minha voz soou alta e irritada.

— É que... Eu fui pego de surpresa, não sabia o que podia acontecer. – outra vez ele estava com um sorriso aberto. Como ele é bobo!

— Melody! – a voz de Bellatrix me chamou a atenção, meu olhar se encontrou com ela saindo da humvee e se aproximando. – O que aconteceu?

— Eu só queria saber se podia nos ajudar! Estamos quase sem gasolina. E sabemos que tem um posto daqui há 4km. Queríamos um pouco pra poder chegarmos até lá! – ele não tirava aquele sorriso alegre do rosto. Eu estava começando a me incomodar com essa alegria toda.

— Alan! – uma voz feminina desviou minha atenção do garoto. Tinha uma menina do outro lado do carro. Ela tinha feições joviais também, tão joviais quando Bellatrix. Ótimo, outra pirralha. Ela tinha as mesmas feições do garoto, seus cabelos longos iam até o fim de sua cintura. Era óbvio que eles eram irmãos. – Elas vão nos ajudar?

— Então?

Fiquei em silêncio. Estava prestes a dizer não quando uma voz gritou.

— Vamos ajudar vocês!

Olhei para trás. Era Ana Lúcia. Como ela ousa se intrometer. Andei de costas (para evitar que eles vissem a arma que estava atrás de mim) e me aproximei até Ana.

— Como você sai por aí "emprestando" minha gasolina como se fosse sua? – apontei meu dedo para o peito dela.

— Quer parar de ser egoísta por um momento? Ele mesmo disse que tem um posto daqui a 4km, qual é o problema de emprestar um pouco?

— Quais são as possibilidades de ter mesmo um posto de gasolina em frente?

— Eu sou a confirmação. Conheço esse bairro como minha mão. Tem mesmo.

Ponderei por um tempo. Eu estava começando a ficar estressada com tudo aquilo. E ainda não tinha engolido a conversa que tive com meu pai. Peguei a arma e a joguei discretamente para dentro do humvee.

— Façam o que quiser! – gritei sentando na porta da humvee que estava aberta.

~~~

Depois de algum tempo, Ana Lúcia tinha conseguido emprestar um pouco de nossa gasolina para o casal de irmãos. Eles se apresentaram como Alan e Nicole.

— Então para onde vocês estão indo? – Bellatrix perguntou.

— Honestamente. Nós não sabemos! – Alan respondeu sem tirar aquele sorriso bobo do rosto.

— Não sabe que é perigoso ficar andando por aí sem rumo? – me intrometi na conversa, estava com os braços cruzados sobre o peito, demonstrando toda a minha impaciência. – Já lhe ajudamos com sua gasolina. Podem seguir seu caminho.

Vi Nicole se aproximando de seu irmão e cochichando algo no ouvido dele. Levantei uma sobrancelha curiosa.

— Podemos acompanhar vocês! – a voz de Bellatrix não soava como uma pergunta e sim como uma afirmação.

— Adoraríamos que viessem. – desta vez foi Nicole que se pronunciou.

Meu olhar encarou o dela e senti um pequeno desconforto. Mas o meu maior desconforto foram essas meninas estarem tramando as coisas sem me perguntar antes. Elas estão no meu carro!

— Vamos acompanhar vocês até o posto. Depois disso é cada um pro seu lado! – concretizei. Apontando o dedo para todos os presentes para que entendessem.

Antes de ouvir qualquer resposta dei as costas e entrei na humvee.

Minha paciência estava no limite.


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Notas finais do capítulo

Primeiro garoto na história, amém irmãos?

Eu senti um pequeno clima entre o Alan e a Bella, e vocês? -v-