Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 14
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Saiu mais rápido do que eu esperava, é pra compensar mesmo o atraso.

Boa leitura!



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Bellatrix – POV

Não fazia muito tempo que havíamos passado do grande posto de gasolina. Como estávamos nos aproximando do centro da cidade parecia que "eles" estavam em maior quantidade. Ana estava no volante, ela desviava das hordas ou atropelava as poucas quantidades de zumbis que estavam na rua. Melody nos recomendou não usarmos as armas, por que nossa munição estava acabando, e até acharmos uma loja de armas não deveríamos gastar sem necessidade.

— Qual o plano, na realidade? – Nicole perguntou alto. – Quer dizer, vamos pro shopping, arranjar algumas coisas e depois?

— A minha ideia principal era sobrevivermos indo em lugares específicos... – Melody começou a explicar. – Mas, nas atuais condições, quero que vocês encontrem suas famílias. Saibam se elas estão bem ou não.

Ao ouvir isso me senti incomodada. Ana nos contou mais cedo que viu sua mãe virar um desses monstros bem diante de seus olhos. Alan tinha me contado que o pai dele e de Nicole não estava no Brasil, então eles não teriam como entrar em contato com eles por enquanto. Mas, e eu...? Minha família estaria bem? Teriam eles virado esses zumbis como a mãe de Ana?

— Então... Nossa rota agora é? – Alan perguntou, as mãos estavam dobradas sobre o peito.

— Vamos primeiro para o shopping, veremos de lá como prosseguir. Não é bom tramar um caminho agora. – a voz de Melody era firme, mas totalmente diferente do que eu estava acostumada a ouvir. Parecia mais temerosa.

Olhei para a janela esquerda e observei as ruas passando. Passamos da periferia, agora estávamos na parte alta da Lapa. O shopping ficava na divisa entre a Lapa e a Bela Cintra. A minha casa seria a mais próxima...

BANG!

Um tiro foi ouvido e por puro instinto, todos nós nos abaixamos e Ana perdeu um pouco o controle da humvee. O lado esquerdo do carro raspou sobre uma parede, mas logo retornou a estrada.

Melody pulou para trás e pegou uma das grandes armas, a que estava com a faca na ponta. Subiu pelo teto solar quebrado. Só que ao contrário da outra vez, ela não disparou. Em menos de dois minutos ela desceu.

— O que houve? – indaguei, minha curiosidade estava apurada.

— Não tinha ninguém. – Melody falou pulando pra frente, ainda segurando a arma.

Estranhei. Os tiros foram muito perto. Pareciam que eram justamente direcionados a nós.

— Falta muito pro shopping? – Nicole perguntou, ela estava com a mão apoiada sobre a janela e parecia pensativa.

— Alguns quilômetros. – Ana respondeu com um semblante sério.

— Ah! Uma coisa! – Melody virou o rosto, chamando a atenção de todos nós. – Assim que entrarmos no shopping, escondam as armas. Não sabemos se tem pessoas lá dentro.

— Mas qual seria o problema? – perguntei, eu não tinha compreendido muito bem.

— Imagina um bando de pessoas desconhecidas chegarem armados até os dentes, como você reagiria? – isso me fez pensar. Melody realmente estava certa. – E também, se eles tentarem pegar as armas de nós, teríamos que atirar. E isso seria um desperdício total de munição.

Senti um arrepio correr pela minha espinha. Eu não via problemas em atirar nesses monstros. Mas atirar em pessoas? Isso me incomodou muito. E a maneira que Melody falava, tão natural, é o que mais me soava estranho.

~~~

Estacionamos algumas quadras distante do shopping. Perto de uma grande reserva de árvores, onde a humvee poderia ser ocultada. Ela era de um modelo militar, então ela se camuflava em meio as árvores.

Haviam poucos zumbis na nossa frente, então apenas desviamos e seguimos até a uma porta que ficava na parte de trás do shopping. Ana estava na dianteira e tentou abrir.

Trancada.

— Tem uma outra entrada. Um pouco mais pra esquerda. – falei baixo. Eu vinha muito nesse shopping, desde criança. Tanto que trabalhei durante alguns dias numa loja.

Andamos na direção dela, tinha uma grande porta, protegida por um cadeado de código. Eu remexi cuidadosamente nos códigos e coloquei "1978", ouvi um estalo. O cadeado abriu.

— Como você sabia? – Nicole me perguntou tocando delicadamente no meu ombro.

— Trabalhei aqui alguns meses atrás, usávamos essa entrada para irmos para a loja mais cedo. Descobri a senha com um dos seguranças.

Andamos por um estreito corredor, e logo chegamos no térreo do shopping. Olhamos ao redor. Nada.

— Ok. Bellatrix e Ana, vocês conhecem mais esse shopping. Onde será nosso ponto de encontro? – Melody falou retirando a arma de seus ombros.

— Tem um Starbucks Coffee no terceiro andar. Podemos nos encontrar lá. – Ana se pronunciou, abaixando a arma que carregava.

— Ok. – Melody me entregou a sua grande arma, eu fiquei totalmente perdida. – Você e Alan encontrem um lugar para esconder as armas. Eu e as meninas vamos dar uma conferida no shopping. Ver se tem alguém.

Minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu e Alan? Desde a tarde do dia anterior, eu e Alan não ficamos mais sozinhos. Assenti com a cabeça e desviei meu olhar para Alan, que apenas me sorriu em resposta.

~~~

Nicole – POV

Eu, Ana e Melody estávamos andando no primeiro andar. Fazendo um reconhecimento de área. Não encontramos ninguém. E isso estava me incomodando.

Eu não queria admitir, mas Melody estava certa. Pessoas se abrigaram nesse shopping. Aqui tem coisas o suficiente pra sobreviver por muitos dias, até meses.

— Nada por aqui. – Ana suspirou. – Não seria melhor nos separarmos?

— Não acho que seja uma boa ideia. – Melody se pronunciou. – Seria arriscado estarmos sozinhas e alguém aparecer.

— Eu sei me defender muito bem. – bufei colocando os braços sobre o peito. Melody se achava a líder do grupo, e isso estava me incomodando muito.

— Fofa. – o tom esnobe voltou a voz dela. – Se algum brutamonte te pegar, e você estiver sozinha, duvido que você consiga se soltar.

Coloquei as mãos na minha cintura. Encarei com fúria os olhos também castanhos de Melody. Eu era muito grata por tudo o que ela fez comigo até agora, mas eu detesto pessoas arrogantes.

— Meninas, por favor. – Ana se intrometeu entre a gente. Tentando nos afastar.

— Vamos para o ponto de encontro logo. Alan e Bellatrix já devem estar nos esperando. – Melody jogou os cabelos para trás, num belo gesto de deboche.

Comecei a seguir as meninas. Senti meu estômago roncar, eu precisava comer alguma coi...

— AAAAAAAAAAAAAAAAAH! – um grito ecoou alto.

Era a voz de Bella?

~~~

Alan – POV

Desviei meu olhar para Bella, ela estava com as bochechas coradas. Não pela minha presença, ela estava corada pelo esconderijo que eu encontrei pras armas. Admito que foi um tanto pervertido de minha parte, mas era um esconderijo e tanto. Ninguém acharia lá.

— Alan... – Bella falou baixo. Virei meu corpo e fiquei de frente para ela. – Sobre ontem... No carro...

— Não precisa falar nada. – soltei um pequeno sorriso. – Desculpa por ter partido pra cima de você. Não queria ser aproveitador.

Eu virei meu corpo pra frente e comecei a andar. Acontece que, Bella tinha me rejeitado de uma maneira tão surpreendente que eu fiquei totalmente sem graça. Não tinha mais coragem pra me aproximar dela, como ontem.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAH!

— Bella!? – virei meu corpo e vi um cara agarrando Bella. Ele segurava os ombros dela com força. Impedindo-a de se mover. Minha respiração assim como a dela estavam ofegantes.

Bella levou sua mão direita ao ombro do cara, e o puxou com toda a força para baixo. O corpo dele caiu no chão. Bella levou o braço esquerdo dele para trás e colocou um pé sobre as costas. Imobilizando-o.

— Hey! Hey! Pára! Ta doendo! Desculpa! Desculpa! – o cara gritava, sua voz era de puro desespero. Mas o meu susto maior foi ver Bella dando um golpe desses. Onde ela aprendeu a lutar assim?

— Quem é você? – Bella perguntou segurando o braço dele com mais força.

— Sou Bernardo! Oficial Bernardo Alvez! Por favor me solta! – depois que ele disse isso eu percebi que ele usava um uniforme da polícia. Uma camiseta azul céu, uma calça comprida de brim azul turquesa e os sapatos pretos lustrados.

Bella soltou seu braço e ele se recompôs em pé. Remexendo o braço, tentando amenizar a dor.

— Me desculpe... – Bella falou abaixando um pouco o olhar pela vergonha.

— Está tudo bem, senhorita! A propósito, foi um belo golpe. – ele lançou um sorriso amarelo para Bella. Passei por ele e fui até Bella, tocando delicadamente em seu ombro.

— Oficial? – perguntei lhe lançando um olhar sério.

— Sim. – ele fez um gesto de continência. – Oficial Junior Bernardo Alves. Sou recente na 15ª delegacia da Bela Cintra.

— E o que o senhor faz aqui? – eu estava curioso, ele chegou assim
no meio do nada. Não fui com a cara desse rapaz.

— Meu oficial instrutor Fernando Gonzales, ele abrigou uma quantidade de civis nesse shopping, estamos todos no andar superior. Gostariam de se juntar a nós?

Eu e Bella trocamos olhares, eu não estava gostando disso. E pelo o que aparentava, ela também não.

— O que aconteceu? – ouvi a voz de Nick. Desviei meu olhar dele. Ana e Melody também se aproximavam. – Ouvimos o grito de Bella.

— Ah, mais civis? – Bernardo falou desviando seu olhar de nós para as três meninas. – É um prazer conhecê-las. – ele estendeu a mão e cumprimentou todas.

Melody não fez uma cara muito boa. E eu sei o quanto ela era desconfiada com pessoas novas.

— Por favor, nos sigam até os outros. – Bernardo falou indo na nossa frente. Todos nós nos entreolhamos e seguimos o oficial.

Algo nele estava me incomodando.

~~~

Melody – POV

Chegamos numa loja de colchões, onde haviam quatro pessoas sentadas. Eles pareciam estar bem irritados quando nos viram se aproximando. Eu confesso que minha cara também não era uma das melhores.

— Encontrei esses jovens andando por aqui! – o oficial falou assim que ficou no meio de todos os presentes.

— O que vocês são exatamente, uma resistência? – perguntei colocando as mãos na cintura e dirigindo meu olhar para todos.

— Nada disso, gata! – um rapaz alto, com cabelos ruivos bagunçados se dirigiu a mim. Ele tinha um sorriso nos lábios. – Estamos aqui apenas por coincidência. E acho que o destino acabou de nos unir.

Minha expressão continuava séria. Aquele cara estava me cantando? Escolheu a menina errada pra isso. Coloquei minha mão sobre o peito dele e o empurrei, fazendo-o cair em cima de um colchão grande.

— Desculpe esse jovem! – um senhor de idade se aproximou de mim, ele estava apoiado sobre uma bengala de madeira, ele tinha olhos verdes sobre o rosto envelhecido e algumas manchas na pele. – Estamos presos nesse shopping há dias, fazia tempo que não víamos uma moça bonita como você. – senti minhas bochechas corarem levemente. Ele era um senhor de idade e estava me cantando. Confesso que não gostei, mas não consegui retrucar.

— Seu Manuel, por favor... – um outro rapaz se aproximou, tocando no ombro do idoso fazendo-o se sentar. Ele tinha cabelos pretos repicados, tinha uma grande franja que cobria um pouco de seus olhos azuis, um azul tão escuro que beirava ao cobalto. Mas ele tinha um olhar indecifrável, e ao mesmo tempo... bonito. – Desculpe! Seu nome?

— Melody... Melody Hope Cuiamá... – minha voz saiu num fio. O que estava acontecendo comigo?

— Prazer Melody, eu me chamo Miller.

Meu rosto esquentou e eu virei meu olhar para encarar os outros atrás de mim. Ana tinha um sorriso malicioso nos lábios assim como Bellatrix e Nicole. Alan continuava me sorrindo do jeito bobo dele.

— Miller sempre tão galanteador! – um senhor um pouco mais velho se aproximou de mim, ele usava um terno preto, Hugo Boss, se meu gosto pra moda ainda estava apurado. Parecia ter uns 40 anos. – Eu me chamo Hernandez! É um prazer conhecer todos vocês.

Ele abriu seu braços num gesto de "bem-vindos". Eu me afastei deles e observei um pouco cada um.

Onde havíamos nos metido?


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Notas finais do capítulo

Cinco homens, e apenas um deles fará parte da história além desse (e do próximo) capítulo.
Eu infelizmente tive que cortar uma parte desse capítulo, por que se eu fosse seguir o que eu gostaria ele ficaria muito extenso e chato.
Espero que tenham curtido e inté!