Fim do Mundo – Interativa escrita por Sohma


Capítulo 15
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Infelizmente eu tive que fazer algumas alterações na história e ela vai se prolongar mais do que o esperado. Peço desculpa novamente aos personagens que ainda não apareceram.

Enfim,
boa leitura!



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Alan – POV

Eu e Nick estávamos na praça de alimentação, ela procurava em alguma das barracas algo que a pudesse sustentar, por que os salgadinhos e bolachas que estavam nas nossas mochilas não seriam o bastante para saciá-la. E eu sabia muito bem o quanto Nick gostava de comer.

Encontramos um estande do Divino Fogão, olhamos algumas prateleiras e achamos massas e carnes para fazer. Resolvi cozinhar alguma coisa. Assim que retirei um pedaço de carne do congelador vi alguém se aproximando.

— Hey! O que pensa que está fazendo? – o ruivo que deu em cima de Melody apareceu, ele se apresentou alguns minutos atrás como Ronald. – Nós combinamos de pegarmos as carnes e comidas e manter para alguns dias. E vocês já estão aí passando a mão?

Ele me lançou um olhar severo e eu acabei respondendo o mesmo olhar. Ouvi um bufo alto e vi Nick se aproximando dele.

— Só estou procurando algo para eu comer! Faz horas que eu não como algo decente. – Nick colocou as mãos na cintura, num gesto que demonstrava que ela estava nervosa.

— Que seja! Aqui não é "cada um por si". A gente tem regras aqui, sacou? – Ele cruzou os braços, aproveitando sua altura para encarar Nick de cima.

Andei até ele, mas antes de dizer alguma coisa eu fui interrompido:

— Senhor Santana! – Bernardo apareceu atrás de Ronald, com os braços também cruzados. – Esses jovens chegaram aqui há algumas horas. É óbvio que eles não conhecem nossas regras.

Ronald pareceu respirar fundo, e bufou se retirando da praça e descendo as escadas. Bernardo pareceu relaxar os ombros e se aproximou de nós.

— Desculpe! É que eles não queriam que aceitássemos vocês no nosso grupo. – Ele falou soltando um sorriso amarelo. – Acontece que estamos aqui aguardando reforço.

— Reforço? – perguntei alto.

— Afirmativo! – ele era assim, sempre tão... policial? – Meu superior Fernando depois de abrigar três civis se retirou daqui até a delegacia mais próxima buscar reforço para que conseguirmos sair.

— E quando foi isso? – Nick perguntou ajeitando o cabelo num coque.

— Na tarde anterior... – a voz de Bernardo saiu baixa. Eu e Nick nos entreolhamos.

— Você disse que abrigou três civis, mas tem quatro...

— Ah! – ele me interrompeu. – O Miller chegou aqui na noite anterior, ele estava numa moto que acabou quebrando nas proximidades do shopping. Ele estava com um tiro de raspão no braço e acabamos o ajudando.

Moto? Toquei levemente no ombro de Nick que me olhou com um olhar perdido. As vezes eu esqueço que minha irmã tem déficit de atenção e não compreende certas coisas na hora.

— Bom! Preciso fazer uma reunião com os outros sobreviventes. Estaremos na loja de colchões. Qualquer coisa, podem ir até lá. – Bernardo soltou um sorriso e deu as costas, se retirando do nosso campo de visão.

Nick me olhou com aquele olhar confuso, eu passei a mão na cabeça dela e me dirigi de volta ao Divino Fogão, vou cozinhar algo antes que mais alguém interrompa.

~~~

Alguns longos minutos depois, as meninas haviam subido para a praça de alimentação. Todas se sentaram numa grande mesa redonda e ficaram se encarando em silêncio. Nicole se sentou com o prato de espaguete com molho vermelho e carnes e se pôs a comer. Eu peguei uma cadeira de uma mesa alheia e me sentei.

— E aí? – perguntei alto. Todas resmungaram alguma coisa e se entreolharam.

— Eu dei uma olhada nas portas, eles fecharam tudo com barras de ferro e alguns móveis pesados. – Ana se pronunciou apoiando a cabeça sobre as mãos.

— O Bernardo falou que um policial experiente abrigou três civis aqui e foi buscar reforços. – Contei o oficial tinha me falado.

— Três civis? Mas tem quatro! – Bella cruzou os braços e ficou me encarando. Soltei um pequeno sorriso pra ela, que me respondeu da mesma forma.

— É isso que eu queria comentar com vocês! O oficial disse que o Miller chegou na noite anterior com um machucado no braço...

— Não vejo nada de errado nisso. – Ana falou. – Ele estava machucado, ajudaram ele.

— Na verdade, ele também disse que Miller estava numa moto que quebrou aqui perto.

— Moto? – Melody que estava quieta se pronunciou. – Então você acha que...

— Que Miller possa ser o motoqueiro que atirou na gente! – Nick falou alto, como se tivesse chegado a essa conclusão apenas nesse momento.

Fiz um sinal para que ela falasse baixo. Ela gesticulou as mãos como num gesto de desculpas. Voltei meu olhar para Melody que ficou pensativa.

— Mas eles nos revistaram, pediram para olhar nossas mochilas, fomos espertos em esconder as armas antes. – a mão de Melody brincava com uma mecha perdida de seu cabelo. – Se Miller tivesse armas ele não seria uma pessoa confiável pra eles.

— Mas nós escondemos nossas armas, talvez ele tenha feito o mesmo. – Ana disse se levantando da cadeira. Ela tinha razão se nós pensamos nisso, talvez ele também tenha pensado.

Um silêncio perturbador ficou no ambiente.

— O que vamos fazer agora? – Bella quebrou o silêncio, ela estava brincando com o pingente de seu colar, ela sempre fazia isso quando estava apreensiva.

— Não podemos partir agora, daqui há duas horas vai escurecer. – Ana olhou para seu pulso, observando as horas.

— Vamos fazer o seguinte. – Melody se levantou da cadeira e olhou para todos nós. – Alan e Bella, peguem comidas, mas evitem de irritar o pessoal daqui. Pra eles esse território é deles e nós somos ladrões. Nicole, você e Ana vão...

— Nós vamos procurar roupas! – Nick falou colocando as mãos na cintura.

Oi?

— Oi? – perguntei confuso.

— Estamos num shopping! Aqui tem roupas pra todos os gostos e estilos, podemos pegar as roupas que quisermos e o melhor! Não precisamos pagar! – o sorriso de Nick era contagiante, eu juro que vi até Melody esboçar um sorriso.

— Ok! – Melody pareceu ignorar o comentário de Nick. – Eu vou pro terraço, mas antes vou passar na loja de câmeras e na livraria. Vou atrás de um mapa e um binóculo. Nos encontramos aqui em uma hora.

— Fechado! – todos nós falamos em uníssono.

Levantei e me aproximei de Bella, ela colocou uma mecha de cabelo atrás da cabeça e me lançou um sorriso.

~~~

Melody – POV

Eu estava com o binóculo e um mapa atualizado da cidade. Cruzei minhas pernas e fiquei a observar o colapso que a cidade estava se tornando. Eu podia observar do alto do shopping vários pontos de incêndio na cidade, a área florestal estava em pura fumaça.

Balancei a cabeça em negativa e soltei um suspiro de desilusão.

Abri o mapa e fiquei analisando o local. Depois de alguns minutos eu percebi que o caminho que seguia pela faculdade era o único sem uma grande quantidade "deles". Ouvi um barulho atrás de mim e virei o rosto bruscamente, pude sentir até meu pescoço estalar. A porta de ferro abriu e... Miller apareceu.

— Olá! – ele fez um leve gesto com a mão. Eu o ignorei e revirei meu rosto, voltando o que eu tinha que fazer. – O que veio fazer aqui em cima?

— Checar a área. Pretendo ir embora amanhã cedo! – minha voz soou curta e grossa. Depois da "reunião" de algumas horas, onde os rapazes disseram em alto e bom
tom que nós não éramos confiáveis eu estava incomodada com eles.

— Por que pretende ir embora tão rápido? – Miller tinha um sorriso misterioso, e isso me incomodava. Eu não conseguia distinguir aquele sorriso.

— Eu já tinha planejado com meus companheiros mais cedo, temos planos pra cumprir. – ele colocou as mãos no bolso e me rodopiou, me analisando. – O que foi? – eu estava incomodada.

— Nada. Você me parece familiar...

— Talvez seja por que você causou esse pequeno curativo aqui no meu rosto... motoqueiro... – Analisei o rosto de Miller, ele não esboçou nenhuma reação. Nem susto. Nem surpresa. Nada.

— Desculpe! – ele falou baixo me encarando nos olhos.

— C-como? – eu não tinha compreendido muito bem.

— Quando eu atirei no seu carro eu estava perdido, não sabia como seguir, estava desesperado. – ele falava sincero, não encontrava expressão de mentira em seu rosto – E aliás, onde estão aquelas armas enormes que você estava usando, e onde está aquele seu mini tanque de guerra?

Arregalei os olhos. Eu não pensei nisso.

— Que tal fazer o seguinte acordo comigo? – ele me sorriu mais amplo, um sorriso malicioso. Eu fiquei esperando uma resposta. – Eu vou com vocês, preciso achar alguém que mora mais para o centro.

— Sua namorada? – cruzei meus braços, irritada. Eu estava sendo chantageada.

— Sem mais perguntas. – Miller voltou a ter a expressão usual. Eu me senti muito incomodada com isso.

— Socorro! – um grito foi ouvido. Eu me dirigi até mais próximo da beirada do terraço e vi alguém se aproximando. Um rapaz estava correndo, e havia alguns "deles" atrás dele.

— Alguém precisa ajudá-lo! – desviei meu olhar para Miller que estava com uma expressão apavorada. Uma mistura de raiva e surpresa. Me afastei alguns passos dele, que continuava com a mesma expressão.

~~~

Ana Lúcia – POV

Confesso que de início a ideia de Nicole me pareceu besta, mas eu estava adorando experimentar as roupas das lojas. Era uma sensação ótima mudar meu look pela primeira vez.

Eu havia colocado um cropped médio com a frase "sugar be like" e uma calça preta jeans com uns rasgos na perna, eu nunca tive oportunidade de usar essas roupas, apesar de serem bonitas, não eram muito confortáveis. E pra atual situação que estávamos eu precisava usar roupas que me permitissem me mover livremente e pra correr caso algum desses monstros aparecessem.

Nicole apareceu usando um shorts jeans, uma camiseta xadrez amarrada no quadril, uma camiseta preta justa ao corpo e tênis de cano médio preto. Eu já havia percebido que o tênis de cano alto era o estilo dela.

— Espera até as outras meninas escolherem as roupas que quiserem! – ela comentou toda animada segurando uma mochila, onde havia colocado algumas roupas que levaria.

Eu esbocei um sorriso. Logo vi o oficial Bernardo e Ronald passando em frente a loja de roupa, onde estávamos, correndo. Eu e Nicole nos entreolhamos e seguimos eles.

Bernardo, junto de Ronald estavam retirando alguns móveis da entrada principal. Eles quebraram um vidro após terem feito isso. Um rapaz negro de cabelos raspados entrou desesperado pela parte quebrada.

— Feche isso antes que eles entrem! – ele gritou.

Alan e Bella apareceram atrás de nós com algumas mochilas. Logo o senhor Manuel e o empresário Hernandez também chegaram. Os dois rapazes mais jovens ajudaram a colocar os móveis pesados sobre a porta quebrada. E assim que colocaram um grande armário de mogno. Vimos algo tentando passar pela grande barreira. Os móveis tremiam sobre o baque que "eles" estavam fazendo. Todos recuamos até ficarmos uma distância aparentemente segura.

Um barulho alto foi ouvido.

Logo um silêncio imperou no ambiente.

Nenhum de nós falou nada. Nem os móveis se mexiam mais. Parece que eles haviam ido embora, ou foram distraídos por alguma coisa.

— Mas que merda foi essa? – Ronald falou alto.

— Está bem, senhor? – Bernardo se aproximou do rapaz jogado no chão. Ele estava com respingos de sangue na roupa, e estava com uma cara de puro medo.

— Estou... – a voz dele soou baixa. Ele respirou fundo mais algumas vezes e se levantou.

Escutei passos e vi Melody se aproximando acompanhada de Miller. Ela assim que chegou colocou as mãos no joelho, recuperando o fôlego pela corrida.

— Você tem alguma coisa relacionada com o barulho lá fora? – falei baixo me aproximando dela.

— Sim, eu vi esse homem lá em cima. Não podia deixá-lo ser morto. – soltei um sorriso, parece que Melody não é tão ruim quanto aparentava.

Desviei meu olhar para Miller, ele tinha um olhar irritado. Não. Irado, ele parecia que explodiria de raiva a qualquer momento. Segui até onde ele mirava, ele observava o rapaz que havia acabado de chegar. Senti um grande incômodo. Aquele olhar era frio. Me arrepiava toda a espinha.

— Eu sou Hugo! – o rapaz negro se apresentou. Ele nos encarou um por um, seu olhar pendeu um pouco em Miller. – Nós... Nos conhecemos?

— Não! – Miller respondeu rápido e grosso. Levantei uma sobrancelha curiosa.

O sol começou a se pôr. Os meninos se reuniram para uma nova reunião para decidir a estadia de Hugo na resistência. Eu, as meninas, Alan e Miller estávamos no Starbucks Coffee, onde escolhemos como nosso local para reunião.

— O que Miller faz aqui? – Alan perguntou alto. Minha atenção voltou para Miller. Ele estava sentando sobre o balcão, tinha uma expressão séria.

— Ele irá nos acompanhar. – Melody se pronunciou, ela estava com os braços cruzados e sua face mostrava o quanto ela estava incomodada. – Ele precisa achar uma pessoa, e como seguiríamos o mesmo caminho, ele pode ser de grande ajuda.

— E qual é o nosso trajeto? – Nicole se pronunciou, ela brincava com uma mecha de seu cabelo.

— Eu vi pelos arredores, o único caminho possível seria pela faculdade, que fica mais ao leste daqui. E eu vi no mapa que tem uma loja de armas um pouco mais distante, se tivermos sorte ela não foi saqueada. – Melody soltou o rabo-de-cavalo e passava a mão delicadamente pelo cabelo.

— Vamos partir de manhã? – Bella perguntou se aproximando de nós e nos entregando copos.

— O que é isso? – perguntei curiosa.

— É um cappuccino gelado. Trabalhei aqui alguns meses atrás. – Bella lançou um sorriso animado.

— Eu tenho algumas armas que podem ajudar! – Miller finalmente falou. Arregalei meus olhos e percebi que todos também estavam surpresos. – Sei que você esconderam suas armas. Eu também fiz isso antes deles revistarem minhas mochilas.

Melody o fuzilou com os olhos. Ela pareceu incomodada com algo. Ela puxou uma cadeira e sentou próxima a mim. Colocou o rosto sobre as mãos e ficou quieta.

— Quando partirmos? – perguntei cruzando os braços.

— Amanhã de manhã! – Melody me respondeu com um olhar de cansaço.


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Notas finais do capítulo

A Débora Santana – dona da personagem Bellatrix –, me deu liberdade para desenhar a personagem dela e eis aqui o desenho:
http://i.imgur.com/zNTCQyI.jpg
Peço que não deixem que o desenho afetem a maneira que vocês imaginaram as personagens, eu nem uso imagens de referência por que acho legal que cada um imagine de sua forma, não usando outras pessoas de referência.
Caso vocês queiram seus personagens no meu estilo de desenho, me avisem, eu adoraria compartilhar com vocês a minha visão deles. :)