San

A pessoa que San mais gostava, depois de seus pais e irmãos, era Jeyne Poole. A menina era a sua melhor amiga e uma das poucas pessoas que realmente o entendia. O menino preferia a companhia dela do que dos outros meninos de sua idade.

San achava mais divertido conversar com a menina enquanto ambos comem bolos de limão do que praticar com a espada. O menino sabia que esse comportamento dele causa estranhamento. Seu pai já falou com ele sobre isso, mas mesmo com a conversa San não conseguiu mudar. Mas ele sabia que teria que mudar. Ele era o herdeiro e tinha que se tornar forte como um devia ser.

Muitas vezes San desejou que seu irmão Artys fosse o mais velho. O seu irmão seria o herdeiro perfeito.  Artys, apesar de mais novo, tinha mais habilidade do que ele. Artys conseguiu a sua primeira espada, que recebeu o nome de Agulha, quando tinha apenas nove anos. E com essa pouca idade já a sabia manejar.

San e o irmão eram muito diferentes. Eram tão diferentes como a noite é do dia. Mas apesar das diferenças eles se amavam. San sabia que precisava do irmão, assim como a noite precisa da lua.

Joanne

Joanne nunca soube quem era a sua mãe. Já havia questionado seu pai sobre isso várias vezes, mas ele sempre fugia do assunto. Sempre dizia que ela ainda não estava pronta para saber. Que ele falaria quando ela estivesse pronta. E com essa desculpa o tempo foi passando e Joanne nunca soube nada sobre a sua mãe.

No dia em que completou dezesseis dias do seu nome. Em que já era uma mulher feita. Joanne resolveu questionar seu pai novamente sobre quem seria a sua mãe. Ele teria que lhe dizer. Não poderia mais usar a desculpa dela ainda não ter maturidade. A menina já se considerava bem madura. Na verdade ela já havia amadurecido há muito tempo. Como dizem, crianças bastardas amadurecem mais rápido.

Ela aproveitou de perguntar em um momento que pegou o pai sozinho. Não queria perguntar sobre a mãe na frente de ninguém. Isso era uma coisa particular.

Lorde Ned Stark fugiu do assunto como das outras vezes. Joanne sentiu uma tristeza muito grande e sem que percebesse acabou chorando.

—Não posso dizer quem é a sua mãe... Sinto muito.-disse seu pai tentando a consolar, estendendo um lenço para ela secar as lágrimas-  Mas posso dizer que vejo muito de sua mãe em você. A cada dia. Nos seus cabelos e nos seus olhos principalmente.

Depois disso um silêncio se instalou no ambiente. Depois de um tempo, nesse silencio, Joanne tomou coragem e perguntou:

—Apenas me diga se ela está viva ou morta.

—Ela morreu...- falou seu pai com um pesar na voz. Com muita dor. Como se dizer essas palavras tivesse aberto uma ferida antiga e mal curada.

A menina se espantou muito quando viu lágrimas nos olhos do pai. Ele era um homem forte. Ela nunca havia a visto chorar. Lorde Ned devia ter amado muito a sua mãe. Joanne também sentiu uma dor profunda, pois a mãe que ela nunca conheceu estava morta. Ela nunca teria o carinho dela.

—Uma parte dela vive em você.- disse seu pai secando as lágrimas.

Depois desse dia Joanne resolveu nunca mais perguntar sobre a mãe. Depois de saber que ela havia morrido o vazio que sempre sentiu apenas aumentou. Além disso, a menina reparou que seu pai também sofria assim como ela. As coisas relacionadas a sua mãe machucavam a alma de seu pai, talvez por isso ele nunca tocasse no assunto.