Twin Beach escrita por Metal_Will
Capítulo 125 - Outra visita inesperada
Thiago e Renata voltavam para casa após mais um dia cansativo de trabalho. Por incrível que pareça, um quiosque dentro de um hotel tinha tanto movimento quanto na praia. O serviço estava cada vez mais puxado.
- Nossa...como a Katia consegue tantos hóspedes? - perguntou Thiago, enquanto se espreguiçava de cansaço.
- É o melhor hotel da região. Natural que tenha tanta gente - respondeu Renata.
- Bom, pelo menos nosso pagamento aumentou um pouco - disse o rapaz - Ainda sobra um pouco além do aluguel da pensão e dos gastos com a faculdade.
- Sua vida é bem apertada, né, Thiago? - disse Renata.
- Bem, eu sempre quis ser independente dos meus pais - falou ele - Embora de vez em quando eles me mandam alguma ajuda.
- Você não costuma falar muito deles.
- Ah, até que eles são pessoas normais - disse Thiago - São donos de uma fábrica de colchões.
- Colchões? Bem, certamente é algo que sempre vamos precisar. Mas espera...se são donos de fábrica, então...seus pais são ricos, não?
- Nem tanto - disse Thiago - E mesmo que fossem...prefiro ganhar meu próprio dinheiro do que depender deles.
- Legal - elogiou Renata - Queria conhecê-los.
- Quem sabe um dia você e a Mariana não vem comigo para São Paulo? - disse Thiago - Seria mesmo legal vocês conhecê-los.
- Ou eles poderiam vir para cá - disse Renata.
- Ah, difícil - disse Thiago, abrindo a porta da pensão (os dois já estavam chegando) - Meus pais quase nunca arranjam tempo para viajar. Seria complicado eles virem para cá.
Ao entrar na pensão, Renata percebe que a sala central estava ocupada por duas pessoas além de seu Joaquim (embora Thiago não tenha reparado muito bem nisso).
- Boa noite, seu Joaquim. Boa noite, mãe. Boa noite, pai - disse ele, totalmente distraído, até que finalmente se tocou - Hã?! Mãe?! Pai?! São vocês?!
Sim. A mãe de Thiago, Telma, de óculos e cabelos negros não muito longos, por volta de seus cinquenta e poucos anos. O pai de Thiago, Carlos, versão mais velha do próprio, sorrindo simpaticamente.
- Fala, filhão! Há quanto tempo, heim? - disse o pai dele, muito alegre.
- Cacetada! Vocês por aqui? - disse Thiago, num misto de surpresa e alegria - O que estão fazendo por essas bandas?
- É o que eu queria saber - disse seu Joaquim - Eles chegaram aqui há umas três horas procurando um tal de Thiago...e ficaram aí na sala conversando.
- Thiago sou eu, seu Joaquim - disse Thiago.
- Claro que é você, acha que eu me esqueceria de meus próprios hóspedes, Timóteo?
- Seja como for - disse a mãe dele - Resolvemos aproveitar a véspera de feriado para vir visitá-lo, já que você disse que iria trabalhar, não é?
- É. Eu trampo até nos feriados - disse ele.
- Daí como resolvemos tirar umas férias do trabalho, aproveitamos para finalmente conhecer a cidade onde nosso filhão tá estudando. Aí no dia da formatura a gente não se perde - continuou o animado pai dele.
- Já estão contando com a formatura? - falou Thiago.
- Claro. Uma menina super simpática aqui da pensão estava contando que você planeja fazer uma grande festa de formatura - disse Telma.
- Menina..super simpática? - perguntou Thiago.
- Tia Telma! Tia Telma! - disse Stephany, chegando com vários pedaços de papel - Achei aqui as provas do Thiago. Vê se ele não é um cara super inteligente que vai se formar em menos de quatro anos e fazer uma super festa?
- Oh, e não é que é? Ele é mesmo um garoto esforçado!
- Stephany! - gritou Thiago - O que andou falando para meus pais?
- Thiago! Você já chegou? Ah, só tava falando bem. Principalmente o quanto você é gentil com todo mundo! - disse ela, abraçando Thiago de forma totalmente "sincera" ao estilo Stephany de ser.
- Vai cobrar quanto para não falar nenhuma besteira sobre mim para eles? - perguntou Thiago baixinho.
- Vintinho já tá mais que bom - respondeu ela no mesmo tom.
- Mercenária...
- Essa garota é um doce de pessoa, não é, Thiago? - disse Telma.
- Uh! A senhora nem imagina o quanto - respondeu o rapaz. Nisso, Telma reparou em Renata ao lado de Thiago, que sorria simpaticamente.
- Ah, então essa é a Mariana, sua namorada? - disse ela - É muito linda! Tanto quanto nas fotos!
- Obrigada, mas eu não sou a Mariana.
- Não?
- Sou irmã gêmea dela.
- Ah, é verdade - disse Carlos - O Thiago falou que eram duas irmãs gêmeas.
- Mas ele não está namorando as duas está? - estranhou Telma.
- Não, não. Acontece que a Renata trabalha comigo. A Mariana arranjou um estágio em uma fábrica e deve chegar daqui a pouco.
- Numa fábrica? Se for de colchões ela pode ajudar na nossa
- Não, é uma indústria de cosméticos - respondeu Thiago.
- Boa noite, gente - disse Raquel, chegando na pensão de repente.
- Raquel? Você não tinha aula hoje? - perguntou Thiago.
- Ah, não, o professor da matéria de hoje disse que iria faltar e resolvi vir para casa. Vou aproveitar e treinar um pouco de violino.
Thiago e Renata se entreolham preocupados. Telma e Carlos sorriem cordialmente.
- Err...boa noite - cumprimentou ela - Acho que não conheço vocês...
- São os pais do Thiago - falou Renata.
- Sério? Nossa, o senhor é muito parecido com ele!
- É. Ele puxou o charme de família e.. - mas Carlos acabou tropeçando enquanto se aproximava de Raquel e acaba por cair com as mãos no peito dela.
- Pai!! - gritou Thiago.
- Oh, desculpe, desculpe, foi sem querer! - Carlos se afastou bruscamente.
- A-Acidentes acontecem - gaguejou Raquel, vermelha de vergonha.
- Carlos, tome cuidado! - bronqueou Telma - Você é mesmo distraído!
- Parece que eles não são parecidos só na aparência - disse Renata.
- Boa noite - disse a outra hóspede da pensão, Fabíola, também chegando cansada do serviço.
- Ah, Fabíola - cumprimentou Renata.
- Nossa...hoje aquele posto médico estava cheio, heim? - disse ela, jogando-se no sofá sem a menor cerimônia - Preciso sentar um pouco antes de tomar banho.
- Essa é a Fabíola, a médica da casa - disse Thiago - Err...Fabíola, esses são meus pais.
- Oh, prazer - cumprimentou ela - Desculpem, tô tão cansada que nem reparei.
- Imagine. Fique à vontade. Imagino que a sua profissão exige bastante, não?
- Ah, verdade - disse ela - Mas é o que eu gosto. Fiquem á vontade vocês...comprei várias latas de cerveja. É só ir lá na geladeira e pegar.
- Obrigado - falou Carlos - Ainda vamos ficar aqui um tempinho.
- Mais café, gente? - disse tia Joana, que já vinha conversando e fazendo sala aos pais de Thiago desde que chegaram - Ah, Thiago, você já chegou? Seus pais são uns amores, viu?
- Valeu - disse o rapaz, ainda tentando digerir a situação.
- O pessoal dessa pensão também parece ser bem hospitaleiro. Você escolheu bem onde queria ficar, heim, Thiago? - disse Telma.
- Na verdade você tinha escolhido o último lugar possível não foi, Thiago? - perguntou Renata.
- B-Bem, sim, mas valeu a pena. Eu até arranjei uma namorada aqui. Hehe.
- Não se preocupem, eles não fazem nada, apesar de morarem sob o mesmo teto - disse Raquel.
- Raquel! - gritou Thiago - Não precisa entrar nesses detalhes
- Ops, desculpe, não quis ser indiscreta..
- Mas é verdade - falou Renata - A Mariana dorme comigo e o Thiago tem um quarto separado. Nossa pensão respeita os bons costumes.
- Vai lá, gente. Pode pegar a cerveja. Tá geladinha - disse Fabíola, indo na direção da cozinha só de toalha. Carlos ficou vermelho e Thiago mais ainda.
- Fabíola! Os meus pais! - gritou ele.
- Ops, é verdade. Esqueci - disse ela - É que eu comigo é assim: primeiro uma breja, depois o banho.
- Desculpa, gente, isso não acontece sempre - falou Thiago.
- Verdade - comentou Raquel - Normalmente ela fica de calcinha e camiseta, mas não só de toalha.
- Não tá ajudando, Raquel - reclamou Thiago.
- Desculpe.
- Parece ser um lugar bem divertido, né? - falou Carlos.
- Nosso filho é crescido, ele sabe agir de forma madura - disse Telma.
- Ah, queria muito que a Mariana estivesse aqui para ouvir isso. Hehe - falou Thiago.
- Boa noite - falando na Mariana, era a própria, chegando na casa também com ar cansado.
- Ah, essa sim é a Mariana, não é? - disse Telma.
- Sou eu, vocês seriam? - perguntou ela.
- Prazer. Sou Carlos, o pai de Thiago e ela é a Telma, a mãe dele.
- Seus pais? - perguntou Mariana.
- Sim. Eles mesmos.
- Por que não avisou que eles viriam? - disse a garota, estapeando o braço de Thiago (para variar) - Eu teria me preparado melhor se soubesse que iria conhecer seus pais.
- Mas nem eu sabia que eles viriam! - retrucou Thiago - E que tipo de namorada bate no namorado antes de dar um beijinho nele?
- O que é isso, Thiago? Mais respeito...estamos na frente dos seus pais.
- Eles já viram a Fabíola quase pelada. Um beijinho não vai matar - disse Renata, intrometendo-se na conversa.
- Renata! Não fale assim! O que a família do Thiago vai pensar de nós? - disse Stephany, praticamente com uma aura de anjo na cabeça.
- Nossa, ela é um anjinho mesmo, heim? - disse Telma, fazendo um cafuné em Stephany.
- Tá, eu te ajudo nos vinte que ela cobrou para não falar besteira - disse Mariana baixinho para o namorado.
- De qualquer forma, é um prazer conhecer as pessoas que acolheram o Thiago por esses dois anos - falou Carlos - Espero que ele não tenha dado muito trabalho.
- Bem, se eu for contar os problemas que tivemos por causa - mas Mariana interrompeu seu Joaquim imediatamente.
- Nós é que agradecemos ter uma pessoa tão boa como o Thiago com a gente. Ele é mesmo um amor - falou Mariana - Deve ter sido isso que me conquistou. Hehe.
- Puxa, faz muito tempo que você não me elogia, Mari - disse Thiago com lágrimas nos olhos - Eu também te adoro.
- Como podem ver, somos um casal feliz - disse Mariana.
- Que bom - falou Telma - Fico feliz que estejam se dando tão bem. Não é, amor?
- É. É sim - falou Carlos - Espero que tenha sorte com ela assim como eu tive com sua mãe. Se bem que ter uma namorada bonita como essa mesmo sendo tão cdf já é um grande avanço.
- Pai!
- Mas você não é muito diferente de mim - disse Carlos - Também era o tipo de cara que me dedicava mais aos estudos. Graças a isso cheguei onde cheguei.
- O senhor faz o quê? - perguntou Mariana.
- Sou dono de uma fábrica de colchões...a "Durma Bem" - disse ele - Quando precisarem de um colchão, é só ligar para a gente.
- Acho que esses dois não vão precisar de um colchão tão cedo - disse Stephany, em tom malicioso, mas que só Thiago e Mariana perceberam.
- O quê?! - exclamaram os dois.
- Porque os colchões da pensão são todos novos - disse a menina - O que vocês pensaram?
- De qualquer maneira, pai...err...onde vocês vão ficar? - perguntou Thiago - É que a pensão está meio cheia e...
- Relaxe - disse Carlos - Estamos no melhor hotel da cidade.
- Era um nome meio japonês ou algo assim - disse Telma.
- O hotel Himura? Sério? É onde eu trabalho! - disse Thiago.
- É verdade! Você trabalha lá - disse Carlos - Sabia que estava esquecendo de uma coisa importante...
- Chegamos lá hoje à tarde. Se tivéssemos lembrado disso, teríamos passado para fazer uma visitinha - completou Telma.
- Seus pais não lembram do emprego do próprio filho? - estranhou Mariana.
- Eles são meio distraídos - disse Thiago.
- Mas tudo bem - falou Carlos - Amanhã a gente vai conhecer seu serviço.
- Sim. Aproveitem e almocem lá - falou Thiago - Mas hoje..hoje vocês podem comer aqui.
- É verdade - disse tia Joana - Vou caprichar na comida. Sentem aí.
- Obrigado. Vocês são mesmo muito gentis - falou Carlos, ainda sorridente e confiante demais em suas próprias memórias para tentar acertar o lugar do sofá sem olhar. Resultado: ele praticamente cai para trás, se não fossem as pernas de Mariana bem atrás dele.
- D-Desculpe - falou ele - Não foi de propósito.
- Tudo bem, isso explica muita coisa - falou Mariana. É, parece que as formas de agir também são genéticas.
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