Twin Beach escrita por Metal_Will


Capítulo 126
Capítulo 126




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Capítulo 126 - Pais, trabalho e sungas

  Os pais de Thiago ainda ficariam em Marinário até o fim do feriado e, coincidentemente, os dois estavam hospedados no hotel Himura, local de trabalho do esforçado Thiago (e propriedade das irmãs Himura, depois de Katia ter acertado na loteria). O rapaz estava contente por ter a família por perto, embora não soubesse se eles iriam gostar do restaurante.

- Vai trazer seus pais para comer aqui, Thiago? - perguntou Renata, enquanto os dois limpavam as mesas.

- Falei para eles que trabalho aqui - disse o garoto - Eles devem almoçar aqui hoje.

- Estou curioso para conhecer seus pais - falou tio Natan, trazendo um grande barril de cerveja junto com Júlio (que também carregava um com grande esforço) - São parecidos com você?

- Ah, nem tanto - disse Thiago. 

- Do que está falando? Seu pai é a sua cara - falou Renata.

- Coitado - comentou Júlio.

- Ei, também não avacalha! - reclamou Thiago - Tá..reconheço que meu pai e eu somos um pouquinho descuidados, mas nada de exagerado.

- Nada de exagerado? - repetiu Júlio.

- Claro. Eu me concentro no que estou fazendo. Meu trabalho agora é limpar direitinho todas as mesas e cadeiras.

- Thiago - chamou Renata.

- Sim?

- Está passando pano na minha mão - comentou ela, sem nunca se irritar (como de costume).

- Ops, desculpe.

- Quer saber? Eu também tô curioso - disse Júlio - Só espero que o restaurante aguente.

- Ouvi dizer que eles são donos de uma fábrica de colchões - falou Natan - Então espero que peçam pratos mais caros.

- Bom, eles não são ricos, ricos também - falou Thiago - Tanto que eu prefiro trabalhar para pagar meus estudos do que depender deles.

- Sério mesmo? Por que alguém faria isso tendo pais com dinheiro? - perguntou Júlio.

- Ué? Achei que você estivesse fazendo justamente isso - observou Renata.

- Hã? Ah, mas é que..meus pais também não são ricos, ricos - disse ele.

- Júlio, seus pais te compraram um iate quando você fez dezesseis anos - lembrou ela.

- Mas isso foi antes..hehe - riu ele, tentando logo mudar de assunto - Mas então...vamos levar logo essa cerveja para dentro? Hehe!

- Acho bom - disse Natan - Porque esse barril de cerveja pesado em cima da mesa não é uma boa ideia.

- Já levo pra dentro. Já levo.

 Natan e Júlio vão para dentro, enquanto Thiago e Renata continuam arrumando o saguão.

- O Júlio ainda tem um espírito de playboy, mas devo admitir que está se esforçando - comentou Renata.

- Apesar de ainda ser meio folgado, né? Vai querer dar uma chance para ele? - perguntou Thiago.

- Nem ferrando - respondeu Renata, sem tirar o sorriso do rosto. Difícil imaginá-la furiosa. De qualquer forma, o tempo passa e logo é hora do almoço. Thiago olhava para o relógio do celular esperando seus pais aparecerem. 

- Eles estão demorando...já é meio-dia e meio - comentou Thiago.

- Não são eles ali? - falou Renata, apontando para um casal se aproximando do restaurante.

- Pai! Mãe! Aqui! - chamou Thiago, acenando para os dois, que também balançam os braços de forma sorridente.

- Ah, Thiago! Finalmente achamos o restaurante - disse o pai dele, Carlos, com um olhar simpático, mas com um visual um tanto diferente.

- Eu disse que era aqui perto - falou Telma, a mãe.

- Err...pai...não esqueceu alguma coisa? - perguntou Thiago, ao olhar seu pai usando apenas regata e sunga.

- O quê? - perguntou ele.

- Sua calça, pai! Não acha que deveria colocar uma?

- Ah, achei que era um restaurante de frutos do mar e não se importassem com isso. Estávamos na piscina agora pouco.

- Sim. Demoramos porque estávamos nos entendendo com os pais de uma menina que seu pai jogou na água sem querer - falou Telma.

- É. Eu fui me espreguiçar sem querer e a garota estava passando perto. Daí ela deu um passo em falso para trás, escorregou e caiu na piscina.

- Ainda bem que ela não se machucou - completou a mãe.

- É. E ainda bem que ela sabia nadar - disse o pai.

- Ah, seus pais chegaram - disse Natan, se aproximando do grupo - Por favor, entrem, fiquem à vontade.

- Não tem problema entrar de roupas de banho aqui, tem? - perguntou Carlos.

- O senhor vai pagar a conta, não vai? - perguntou Natan.

- Bem, sim.

- Então pode entrar como quiser. Hehe - disse o proprietário, feliz por ter donos de fábrica em seu estabelecimento.

- Vai com calma, tio - falou Renata - Ou todo mundo vai começar a vir aqui com roupa de banho.

- Todo mundo...vir aqui com roupa de banho - repetiu Thiago, deixando sua imaginação voar novamente.

* Imaginação de Thiago *

- Sejam bem-vindos ao quiosque da sereia e...uau! - exclamou Thiago, ao ver três lindas clientes entrando no restaurante apenas de biquini.

- Oi, tem um lugar para a gente? - falou a morena com os grandes seios que praticamente saltavam aos olhos de Thiago que mal podia disfarçar sua emoção.

- C-Claro. Para vocês sempre tem lugar!

- Obrigada - disseram elas, entrando com toda a glória de seus biquinis fio dental.

- Thiago..Thiago! - disse uma voz.

* Fim da imaginação *

- Thiago! -  chamou Renata - Não vai atender seus pais?

- Ah, sim, claro - disse ele - Por favor, o que vão querer?

- Ora, ora,  vamos ver as habilidades de garçom do nosso filhão, heim? - falou Carlos.

- Fica muito bem trabalhando assim, filho - disse Telma.

- O-Obrigado.

- Quem diria, nosso bebê agora já é um homem ganhando seu dinheiro com o próprio trabalho - disse Telma, praticamente apertando as bochechas de Thiago.

- Oh, bebê - repetiu Júlio, que passava ali por perto.

- T-Tudo bem...e o que vão querer? - insistiu Thiago, já vermelho com a situação.

- Acho que essas ostras aqui parecem boas - disse Carlos - Manda uma porção pra gente?

- Tá. Tudo bem.

 E assim foi feito o pedido. Claro que Thiago não ficaria conversando com os pais em horário de trabalho. O problema é que justamente naquele dia, a chefinha resolveu fazer uma visita ao estabelecimento.

- Thiago Correios - disse Katia, chegando ao local sem avisar.

- Ka-Ka-Katia! Você por aqui? Que surpresa..hehe - disse ele com um sorriso amarelo e rezando para que a dona do hotel não queimasse o filme dele.

- Vim aqui perguntar se vocês sabem de um maluco que começou a andar por aí só de sunga e camiseta - disse ela - Alguns clientes do meu restaurante acharam que podem fazer isso e começaram a entrar lá assim também.

- S-Sério? - gaguejou Thiago, tentando tapar a visão de Katia para que ela não visse seu pai (que era o tal maluco de sunga e camiseta).

- Sim. A minha irmã e a Raquel estão tendo dificuldades para repreender aqueles caras de sunga e aquelas mulheres de biquini.

- M-mulheres de biquini?! - exclamou Thiago, tentando olhar para o local. Mas isso fez Katia ver o pai de Thiago logo ali.

- Aqui também estão entrando pessoas assim? - perguntou Katia.

- Ah, são só os primeiros clientes - disse Thiago.

- Aí, filhão! Sua amiga? - perguntou Carlos.

- Filhão? - estranhou Katia - Então o seu pai é que está andando por aí de sunga?

- Olá - cumprimentaram os dois de forma simpática.

- Boa tarde - cumprimentou Katia - Desculpe, mas não permitimos roupa de banho fora da área da piscina. Deve ter havido algum engano por parte dos funcionários para permitirem o senhor andar assim. Por favor, vista alguma bermuda ou algo mais discreto.

- Sério? Tudo bem. Assim que terminar de almoçar eu me troco. Mas essa ostra tá muito boa.

 No que Carlos foi garfar outro pedaço da porção, o prato acabou escapando, caindo justamente no cabelo de Katia. Uma notícia nada boa para Thiago.

- Desculpe - falou Carlos - Eu já tiro.

- Não tem problema - falou Katia - Isso acontece. Não é, Thiago Correios?

- S-Sim - concordou ele.

- E imagino que como um bom filho, Thiago está se responsabilizando por vocês, não é?

- Estou? - perguntou Thiago.

- Sim. É o que os filhos devem fazer, não é? E você vai começar jogando fora essa ostra no meu cabelo.

- Claro - Thiago rapidamente tirou a ostra do cabelo de sua chefe, jogando-a para trás, onde ele tinha certeza de que havia uma cesta de lixo. Ele teria acertado, se Renata não tivesse passado na frente com uma bandeja e a ostra caísse exatamente no decote dela.

- Ah! Alguma coisa caiu no meu peito! - gritou ela.

 O susto fez Renata derrubar a bandeja, que acabou caindo no pé de Júlio. Ele levava uma bandeja com suco de tamarindo e a dor também o fez derrubar essa bandeja, que, por sua vez, cai bem em cima de Katia. Desnecessário dizer que ela ficou furiosa.

- A-Acidentes acontecem - disse Thiago.

- Grrrrrrr! - Katia já estava fazendo o suco evaporar só com o calor da raiva - Thiago Correios!

- S-Sim?

- Ela sempre fala o nome dele inteiro assim? - Telma perguntou à Renata.

- Principalmente quando está furiosa - respondeu a loirinha.

- Isso tudo é culpa sua! Descontarei do seu salário!

- Mais ainda?

- Calma, calma - Carlos interveio - Eu pago o suco e a lavanderia da sua roupa, moça.

- Pai. Obrigado. O senhor é mesmo demais!

- Não é nada. É uma forma de compensar o esforço do meu filho. Hehe. Além disso, esses acidentes acontecem, não é? 

- Bem, é verdade, mas...

 Katia não conseguiu terminar de falar, já que o chão ainda estava meio molhado de suco e o pé de Carlos escorregou o suficiente para praticamente cair de cara nos peitos da garota.

- P-Perdão..eu..

 Katia tirou Carlos bruscamente da frente e olhou ainda mais séria para Thiago.

- Agora eu realmente não tenho dúvidas de que é o seu pai! - retrucou a japonesinha, saindo do restaurante logo em seguida sem perder a fleuma. Thiago sorriu amarelo. É, nesse caso a máxima tal pai, tal filho valia mesmo.

 E assim terminou o feriado dos pais de Thiago em Marinário. Eles ainda jantaram na pensão antes de partirem e dão algumas últimas instruções ao jovem casal Thiago e Mariana.

- Levem uns bolinhos pra viagem - ofereceu dona Joana, quando o casal Correios já estava de saída.

- Ah, obrigada. Vocês são mesmo muito gentis! - agradeceu Telma - Bem, é isso, Thiago. Cuide bem dessa garota, ouviu? - disse Telma.

- Ah, sim, pode deixar - falou ele.

- E eu também vou tomar conta dele - disse Mariana, agarrando firme no braço do namorado - Ele já melhorou bastante, não acham?

- Oh, sim. A conta do hotel nem foi muito alta. Quando esses dois se juntam, parece que o azar multiplica - comentou Telma - Parece que a onda de azar está sumindo.

- Assim você não ajuda, mãe - reclamou Thiago.

- Tchau, tio Carlos. Tchau, tia Telma - disse Stephany, abraçando os dois.

- Ownnn! Cuidem também desse amor de menina - falou Telma.

- C-Claro - gaguejou Thiago, ainda vendo um sorriso maldoso da garota. Certas coisa nunca mudam.

- Até mais, gente - despediu-se Raquel.

- Espero que a gente tome uns gorós na próxima - disse Fabíola.

- Até mais - disse Telma - Tchau, seu Joaquim.

- Hã? Ah, tchau...seja lá quem vocês forem - disse o mal-humorado ancião sem tirar os olhos do jornal.

- Até mais - disse Carlos, entrando no carro e ligando. Por alguma razão, o automóvel não saía.

- O que foi? Quebrou? - perguntou Thiago.

- Ah, não, eu estava esquecendo de soltar o freio de mão. Sempre esqueço - disse Carlos. Realmente, distração pode ser genética...


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